domingo, 14 de novembro de 2010

PARA ENTENDER A MENTE

Nesta última semana, Sogyal Rinpoche, esteve com sua simpatia e bom humor em varias comunidades que estudam a Filosofia Budista na tradição Tibetana.
Em São Paulo reviu o texto de seu livro “O Livro do viver e morrer” e mais uma vez falou, entre outros temas, sobre a natureza da mente.
O texto desta semana parte de suas considerações.

Se felicidade e sofrimento, conforto e desconforto, passa pelas percepções da mente o mais interessante é compreender como ela se comporta.
As preferências , antipatias, desejos, simpatias, bom e ruim, correto e incorreto, quente e frio, longe e perto, rápido e devagar etc– tudo está na mente de cada um,
as sensações acontecem internamente, individualmente.
Às vezes nossas escolhas coincidem com outras pessoas, às vezes não. Cada cultura tem suas crenças, cada família pensa do seu jeito.

Então.....os atributos não pertencem à realidade externa; cada um tem seu filtro e através dele julga a os acontecimentos da vida.

Entre os tibetanos a mente ordinária, chamada SEM, é aquela que sofre, que discrimina, que sente a vida como separada do observador.
Essa é a mente que quer vingança, justiça, que sente raiva, cheia de pressa e urgências, que é refém da força dos medos, que quer ser importante, que tem medo da solidão,
que fica aprisionada pelo horror da pobreza, que se esconde pela vergonha, que se submete aos caprichos dos vícios e dos pequenos tiranos.
A mente ordinária é a dona da tua autoestima, ela dita como você vai se sentir – amada ou desamada, manipulação que é conseguida
porque SEM se nutre das ondas das emoções e é presa aos condicionamentos.

“os mestre comparam SEM à chama de uma vela diante de uma porta aberta, vulnerável a todos os ventos circunstanciais.
SEM é vacilante, instável, ávida, e se envolve infinitamente com as coisas dos outros; sua energia se consome projetando-se para o exteriro...
Sua estabilidade é falsa..,. SEM é desconfiada, especialista em truques e em jogos de engano”.

E existe a mente RIGPA , oculta dentro da mente ordinária. É uma consciência primordial, pura, é o conhecimento do conhecimento.
Sabemos de sua existência pelos momentos de paz, liberdade infinita, estabilidade e lucidez que à vezes tocamos.

Aparentemente é impossível alcançar e viver nesse estado. Esse estado de contato com RIGPA é chamado de mente de Buda.

Um exemplo dado por Sogyal Rinpoche :

Imagine uma jarra vazia. O espaço de dentro é o mesmo que o espaço fora; apenas frágeis paredes da jarra separam um do outro.
Nossa mente búdica está encerrada dentro das paredes da mente comum. Quando nos tornamos iluminados,
é como se a jarra se quebrasse em pedaços. O espaço interno se funde imediatamente com o espaço externo.
Eles de tornam um só: neste momento percebemos que nunca estiveram separados, nem foram diferentes: na verdade, foram sempre o mesmo.
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Nossa verdadeira natureza pode ser comparada ao céu, e a confusão, a mente ordinária às nuvens. Alguns dias o céu está obscurecido
por elas: quando estamos no chão olhando para o alto, é muito difícil acreditar que haja alguma coisa além de nuvens. Mas é só estarmos num
avião para descobrir lá em cima. A extensão ilimitada do límpido céu azul. E, vistas de lá, as nuvens que pensávamos ser tudo parecem tão
pequenas e longínquas lá embaixo.....

Devemos sempre nos lembrar: as nuvens não são o céu, e não “pertencem” a ele...nem muito menos o maculam.
Nossa natureza búdica é semelhante ao céu – aberta, livre de limites, natural, simples, longe até do conceito de pureza e impureza.
Essa natureza tem ainda uma qualidade que o céu não poderia ter, a radiante clareza da consciência – presente, sensível e vazia,
desnuda e desperta.”

Nossa mente búdica, nossa consciência absoluta, está vivendo temporariamente dentro da nossa mente ordinária,
que está usando um corpo e vivendo a história desta vida.

Ouvir o tocar de sinos e sentir seu eco, se perder no azul de um céu sem nuvens, é um exercício de liberdade
para tocar nossa mente búdica, e perceber sua presença em nós.


Somos os autores da nossa vida

Como sempre, depende principalmente do nosso esforço pessoal fazer acontecer as mudanças na vida

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