terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O tempo é o senhor da razão

Este início de ano está oferecendo varias mudanças na minha vida e na vida de varias pessoas que conheço: novos endereços, decisões,
novas aquisições, viagens, projetos-surpresa.....ou seja, novas oportunidades.
Mas....mudanças são transformações que implicam em novas relações, despedidas, recomeços, sustos... isso nem sempre é indolor.
Indolor por que?
Porque para mudar com responsabilidade é necessário reconhecer nossas capacidades, enfrentar inseguranças, magoas,
vergonhas, solidão, duvidas e enganos, principalmente, como somos traídos pela carência e a necessidade de se sentir querido.
Reconhecer nossas humanidades é um passo importante para ultrapassar as dificuldades; reconhecer sem pressa.
Reconhecer é o primeiro passo da transformação;um passo feito com calma, mas com persistência, sem desistência.

A curiosidade pelo que vai acontecer me ajuda nessas horas porque até dá um certo bom humor e me devolve sorrisos.

A movimento que inicia o ato da compaixão é o acolhimento sem julgamento.
Auto-rejeição é um veneno e uma companhia de caminhada fraudulenta.

Todos nós precisamos nos sentir acolhidos por alguém mas
em algum momento vamos precisar acolher a nós mesmos com ternura, com nossas bagagens leves e pesadas,
construindo um refúgio interno quentinho para chorar, sonhar e decidir.
Fazer silêncio interno, confiar na sabedoria do tempo que tudo muda e se perguntar o que preciso agora?

Aproveito para compartilhar o pensamento do astrólogo Ivan Freitas:

“Se existe algo que cura qualquer problema é o tempo. Essa afirmação você já ouviu inúmeras vezes.
Dizem que só o tempo é capaz de transformar coisas, pessoas ou situações.
Um exemplo claro é o grau de importância que acreditamos que determinado tipo de problema possui em nossas vidas.
Esse incômodo permanece por períodos curtos ou longos, até que se tenha a oportunidade de observar a mesma situação por outro ângulo.
É exatamente aí que reside o mistério da transformação dos fatos. O que antes era quase insuportável passa como uma brisa de verão
Quando observada ao longo dos dias. Portanto, não há situação ruim que perdure. O tempo é o senhor da razão."

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pra que nos deixamos manipular?

Um tema que aparece sempre nos encontros é sobre as situações que nos manipulam; ou melhor, como nos deixamos manipular por determinadas situações e/ou pessoas:

*favores que não conseguimos negar
*preocupações inúteis que roubam nosso tempo
*medos com que os sabotadores nos engessam
*pequenos tiranos que alimentamos
*relembranças nas reuniões familiares
*controladores a quem damos explicações demais
*cenas repletas de hipocrisia a que nos submetemos
*mentiras em que caímos ou nos deixamos enganar
*mentiras que fingimos acreditar
*ameaças
*segredos
*falta de capacidade para suportar criticas
...e por aí continua....

Resumindo:
Prisões com grades ilusórias.

Não é nem “por que” é para que nos deixamos prender assim?
O que acreditamos que estamos devendo? que culpa é essa que precisamos expiar nessas prisões?
Qual o lucro que pensamos que vamos ter quando deixamos os agentes manipuladores decidirem o rumo da nossa vida?

Será que nos deixamos manipular para agradar?
Para não ficar só?
Para não perder a importância? o elogio?
Pela Vergonha? Vaidade?
ou por dívidas conscientes ou inconscientes?
Ou ainda....para abrir mais espaço para aparecer ou parecer “ser do bem”....
Onde nasce a ardente necessidade de explicar e justificar para determinadas pessoas?
Pra que permitimos a passagem na nossa vida de quem tem prazer de se intrometer e nos controlar?

Quando atender um pedido dá um desconforto, duvidas, ansiedade, arrependimento, estamos com medo de perder algo; e esse medo não é um bom guia.
E quando respondemos automaticamente, parece que não conseguimos ter outra escolha; e pior: nos acostumamos até com o ruim....temos medo de ter um olhar mais amplo.

A questão é:
Quando fazemos as coisas com medo das perdas, num determinado momento vamos nos atrapalhar ou não conseguir se livrar da conta assumida ou criar um problema ainda maior para quem estamos prestando ajuda – quanto sofrimento!

Somos livres.Todos somos livres; cada um escolhe o que quer viver, e pode escolher fazer diferente – acredite: PODE SIM!
Quando aceitamos a manipulação estamos escolhendo nos deixar prender.
Nada é fixo, podemos mudar e nos libertar a qualquer momento.

A meditação para aprender a direcionar a mente é uma forma eficiente para encorajar, tirar o poder dos medos ilusórios evitando manipulações e descobrir como se libertar.
O caminho da meditação dá a possibilidade de recuperar a nossa condição de liberdade, de olhar com lucidez, de compreender como ajudar positivamente.

Agir por compaixão, amor, alegria e equanimidade é agir pela sabedoria, não pelos medos.
Ajudar verdadeiramente é tentar encontrar e retirar os obstáculos que estão impedindo a pessoa em questão de solucionar sua dificuldade, incentivar suas qualidades e direciona-lo para sua autonomia – sem expectativas, sem preconceitos ( isso é bom, aquilo é ruim).

A verdadeira motivação, a motivação gerada pela compaixão é aquela que surge da vontade de ser útil e, sem precisar aparecer, se alegra em ver o ajudado crescer e ter sucesso.

Afinal, os princípios do Budismo são simples:
Não causar sofrimento, trazer benefícios a todos os seres e aprender a direcionar a mente = sabedoria com bondade.

Então: vamos treinar meditar !

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Como escapar das duvidas?

Durante o curso de meditação que realizei no CEBB SP encontrei uma história curta e simples para ilustrar o comentário desta semana sobre a ambigüidade das nossas vontades:

Uma garrafa cheia de água flutua no mar. Flutuando no mar, a água presente dentro dela se debate com uma dúvida terrível: se o vidro quebrar, eu me dissolvo nesse mar e desapareço; mas ao mesmo tempo sabe que ao se quebrar a garrafa, ela se tornará o mar e irá se ampliar.

Assim também são varias relações que vivemos, nos romances, nas amizades, no trabalho, na família etc: ao mesmo que queremos estar junto dissolvendo incondicionalmente as fronteiras, também tentamos preservar nossos limites na idéia que preservaremos nossa identidade, nossos espaços.

Nas paixões ( sejam elas o que forem), que tanto buscamos, a rigidez se dissolve e surge uma alegria misturada com esperança.
Passada a paixão, ambicionamos remarcar os territórios pessoais.

Somos seres que só nos realizamos nas relações; não existe sobrevivência isolada, dependemos de muiiiiiitas pessoas para garantir que nossas varias necessidades sejam satisfeitas, até mesmo o sentido da vida.

Todos temos o ideal do encontro.

Nascemos e automaticamente nos tornamos parte de uma imensa rede de cooperação e conexões; e....parece que o medo vem junto, as duvidas vêem junto.

Então.... seria o medo de se ampliar , se dissolver no outro, o medo da morte?

A única saída que vejo é perder corajosamente a rigidez e o orgulho e nutrir e “se dissolver” na amizade lúcida com tudo e com todos, experimentando acordos éticos a cada susto, treinando se comunicar sem julgar e “entrar” no mundo dos outros mas....SEM A SENSAÇÃO DA POSSE!

...aí é que mora a dificuldade.....

Afinal estamos todos no mesmo barco e viemos todos e tudo da mesma luminosidade que criou o Universo há 15 bilhões de anos, o sistema solar há 5 bilhões de anos, os homens há 20 000 anos e nossa forma de sociedade há apenas 5 000 anos.....ainda estamos no maternal da escola da convivência pacífica com nossas duvidas; então...vamos treinar com paciência e persistência.

No final tudo vai dar certo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

A arte de receber

Quando foi a última vez que você se sentiu homenageado(a)?
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Você sabe o que é se sentir homenageado?
Não necessariamente é preciso ser uma homenagem com flashes, holofotes e tapete vermelho.
Pode até ser uma atitude simples, uma intenção.

Sentir-se homenageado, é sentir-se amado, reconhecido, valorizado; não é?
E aí? Quando foi?
Receber elogios, presentes, oportunidades, ajuda, homenagens e, também, sugestões, criticas, não é tão fácil.
Nossa cultura ensina que é “divino” doar-se e dar. Mas...........como podemos dar o que não aprendemos a receber?

Nesta minha nova fase, estou sem carro ( coisa rara na minha vida) e o fato de andar de transporte público, táxis, aceitar carona, alugar carro para viajar etc está servindo para “ralar o ego” e aceitar as circunstâncias, as ajudas, as esperas...treinar a naturalidade, a simplicidade etc.etc.etc.

Acredito que seja uma questão de vaidade, de orgulho.
Parece que quando aceitamos algo admitimos que temos faltas , carências, fraquezas.
E aí....precisamos disfarçar; disfarçar que estamos bem, que resolvemos sozinhos, que não precisamos de mais nada, que tudo que temos é espontâneo...e todos os outros truques para enganar os outros, seduzir os outros e também nos enganar.

Temos é pouco espaço para receber com naturalidade; o Ego e sua vaidade ocupa a maior parte do nosso coração – quanta bobagem, quanta energia usada para aparecer que somos melhores do que somos, apenas para seduzir os outros.

Quanto auto-engano!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Experimente desenvolver gratidão pelo que recebe; até o fato de receber cada novo dia, com tudo que vai acontecer.

Eu...estou tentando com a determinação de não sofrer; é apenas uma falta de carro – sem drama.

Um dia não acordaremos mais por aqui; então vamos abrir o coração para tudo que for oferecido,

COM NATURALIDADE, SEM PRECISAR JUSTIFICAR, DISFARÇAR E EXPLICAR,
APENAS COM SORRISOS DE GRATIDÃO.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Começar de novo e recomeçar com Maitri.

Retornando....nossas atividades em 2012 recomeçam nesta primeira semana de Janeiro: atendimentos individuais, encontros de quarta 18h30h e quintas 16h30 e uma novidade:

A partir de Fevereiro vamos fazer prática de lua cheia para ajudar a dissolver os obstáculos que impedem nossas realizações.

Estou bastante animada porque neste ano que começa vamos realizar novas experiências: recebemos vários livros de Lama Padma Samten e vamos treinar novas formas de meditação e reflexão a partir do treinamento que já comecei a receber no CEBB SP. Aliás...sua palestra está praticamente acertada para março.

Além disso vamos complementar os tópicos também com explicações do livro de Tich Nhat Hanh
“A essência dos ensinamentos de Buda”
Ed. Rocco




Você cultiva Maitri ?


Este período, do ano que terminou e este que está no comecinho, foi bastante movimentado; realizei mudanças significativas, algumas voluntárias outras impostas. Mas a vida é assim, impermanente: sabemos que tudo muda, tudo termina e outras coisas nascem; mas.............é dificil e ainda tento distrair as dores que os sustos deixaram, com elegância e muita sessões de meditação para serenar a mente ( ou pelo menos, tentar).

Vida nova; vamos aproveitar o que sobrou de bom, agradecer pelas experiências enriquecedoras, respirar fundo, chorar um pouco e olhar para novos projetos.

As escolhas são excludentes – cada vez que escolhemos uma estrada temos que ser valentes para abandonar as outras ......sem certezas confortadoras e assumindo a responsabilidade pelas decisões.
Aprender a lidar com a liberdade livre das amarras dos apegos, com os espaços amplos, com as saudades, requer esforço, bom humor, amigos, confiança no caminho e confiança interna, MUITA CONFIANÇA INTERNA!

Mas, se de uma lado meu coraçãozinho está triste ( como diz meu neto) por outro ele está fortalecido, porque me mantive coerente com os valores que quero compartilhar.
Nas mudanças compulsórias, vem um medo grande de enfrentar sozinha o novo e é nessa hora que vale à pena ter conhecimentos e refúgios para fortalecer o coração e não se deixar engessar pela covardia.

Repito varias vezes todos os dias: tudo está certo , mesmo quando não compreendo. Ajuda um pouco a se despedir dos doces sonhos, dos planos que poderiam ter sido e não serão mais.

Se sentir agredido, fazer outros se sentirem agredidos e agredirem, permitir que o ambiente e as relações agridam....vale à pena? Para que serve, além de envenenar a vida?
Atitude agressivas são o alarme da necessidade de mudanças urgentes.

E é aí que, mais que nunca, é preciso cultivar Maitri; segue abaixo um trecho do livro “Muito além do divã ocidental”, de Chogyam Trungpa :
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“O principal fator para a superação da agressão é desenvolver uma confiança natural em si mesmo e em seu ambiente, em seu mundo. No Budismo, essa confiança em si mesmo é chamada de Maitri. Maitri é a delicadeza e a amizade naturais consigo mesmo, o que sem dúvida inclui a delicadeza e a ausência de agressão nas relações com o mundo. Na verdade é possível cultivar a Maitri em si mesmo e nas outras pessoas: você pode cultivar suavidade e cordialidade. Quando você manifesta bondade para com os outros, eles começam, por sua vez, a descobrir uma cordialidade natural dentro de si mesmo.”
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“Conta-se que certa vez, Ananda, o assistente pessoal de Buda resolveu entrar num longo período de jejum. Começou a emagrecer e a enfraquecer e não conseguia mais se sentar para meditar, até que o Buda lhe disse:”Ananda, se enão há alimento, não há corpo. Se não há corpo,não há dharma. Se não há dharma, não há iluminação. Portanto, volte a comer.”



Aguardo ansiosamente segunda-feira quando recomeço os encontros, porque cuidar das pessoas, se interessar pelos outros, estudar, treinar e descobrir soluções e explicações juntos ajuda a fechar o buraco que os sofrimentos abrem.