quinta-feira, 28 de maio de 2020

Sono como meditação





Como já anunciado, SS Dalai Lama vai proporcionar iniciação e ensinamentos sobre Chenrezi (Tibet) ou Avalokitsvara (India) ou mãe Kuan Yin (China); estas são a mesma figura símbolo da compaixão.
Seu mantra é o mais conhecido do Budismo, OM MANI PEME HUM.
Sua motivação é agir para aliviar o sofrimento dos seres seja físico, mental ou emocional.
Se diz que é o Buda dos terapeutas, porque a explicação da simbologia desse Buda é que ele ouve os sons do mundo, ou seja; entender o mundo da Outra Pessoa.
Essa figura é retratada de várias formas; com vários braços, vários olhos ou cabeças simbolizando que ele tem muitas habilidades.,
Entre suas mãos em prece na altura do coração, ele leva uma pedra preciosa azul escuro capaz de curar todas as dores.
Já que os sonhos são uma forma de conhecer nosso Ego e suas armadilhas, Dilgo Kyentse Rinpoche deixou um ensinamento interessante para a hora de dormir:
“transforme seu dormir diário em uma prática espiritual.
Antes de ir dormir reflita sobre o que fez durante o dia. Confesse alguma ação que foi negativa e decida firmemente não repeti-la.
Relembre o que você tenha feito de positivo, dedique todos os méritos que você tenha acumulado durante o dia para dar liberação rápida a todos os seres.
Então, deite-se e tome a “postura d leão”, virando para teu lado direito com a mão embaixo do rosto e seu outro braço  sobre o lado esquerdo do corpo ; essa foi a posição que o Senhor Buda ficou na hora de seu paranirvana ( passagem de sua morte).
A seguir visualize no centro do teu coração a figura de Chenrezi no tamanho de teu polegar sentado sobre um lotus vermelho de 4 pétalas.
Raios de luz emanam dessa figura preenchendo teu corpo, o quarto e, gradualmente, todo o Universo, transformando tudo numa massa radiante de luz.
Caia no sono enquanto você mantem essa visualização.”
~ Dilgo Khyentse Rinpoche - The heart treasure of the enlightened ones - Shambhala Publications




quinta-feira, 21 de maio de 2020

Live com SS Dalai Lama



Good morning cumprimentava ele quando aqui ainda era Boa noite.
No último final de semana que passou em 2 dias junto com budistas e não budistas participei da experiência de uma Live com SS Dalai Lama; algo impensável..... assistir ao Mestre maior do Budismo falando para uma máquina...sozinho.
Ele estava na sua casa que apareceu toda decorada com flores, o mundo compartilhando da sua intimidade neste tempo de isolamento mundial. Todos comentando o mesmo assunto, passando muito rapidamente frente às perdas, pelo mesmo espanto do imponderável, da impermanência causados por um vírus ameaçador.
Esse vírus tão invisível e invasivo está simplesmente cumprindo sua missão: procurar um hospedeiro, encontrar acolhimento e reproduzir-se, lei da vida no planeta.
O XIV Dalai Lama falava sozinho sobre o texto “Preciosa Guirlanda” de Nagarjuna escrito no sec. II d.C.  sobre o que fazer para um bom renascimento .....neste tempo de tantas mortes através dos “16 fatores” (colocados abaixo) que é o tema que estudamos atualmente sobre as “10 Ações negativas”.
Ele estava na sua casa em - Dharmarasala – norte da Índia aos pés do Himalaia - com janelões na varanda e, do lado de fora, sentadas em almofadas em cada janela, tradutoras simultâneas. O ensinamento foi repassado em 13 idiomas. Todos ouvindo, pensando e refletindo juntos.
Pela maravilha da internet tudo continua gravado em www.dalailama.com  e/ou Tibet House do Brasil pelo Facebook.
Ele terminou sugerindo a repetição de 6 mantras e com a promessa de empowerments (iniciações) on line dia 30 e 31 de Maio sobre o Buda da Compaixão, o Buda que ouve os sons do mundo:  Tchenrezig (no Tibet) ou Avaloktsvara ( na Índia) , o Buda a quem os terapeutas, médicos e pessoas solidarias recorrem.
Mantra de Buddha Shakyamuni
OM MUNI MUNI MAHA MUNIYE SWAHA

Mantra do Buddha da Medicina
TAYATA, OM BEKADZE BEKADZE MAHA BEKADZE BEKADZE,
RADZA SAMUNGATE SWAHA

Mantra de Tara
OM TARE TUTTARE TURE SWAHA

Mantra de Avalokiteshvara (Chenrezig)
OM MANI PADME (PEME) HUM

Mantra de Guru Rinpoche (Padmasambhava)
OM AH HUM BANDZA(VAJRA) GURU PEMA SIDDHI HUM

(Prece a JE TSONGKHAPA) MIGTSEMA
MI MED TSE-WE TER CHEN CHENREZIG
KHYEN-PO WANG PO JAMPEL-YANG
PUNG MA LU JOM DZED SANG WE DAG
GANG-CEN KHE-PE TSUG-GYEN TSONG KHA-PA
LO-ZANG DRAG-PI ZHAB LA SOL WA DEB
Vós Avalokiteshvara, o grande tesouro da compaixão equânime; (não conceitual).
Vós Manjushri, o senhor da sabedoria imaculada;
Vós Vajrapani, o subjugador de todos os demônios sem exceção;
Vós Lobsang Dragpa, ornamento da coroa dos sábios da terra das neves;
Aos Vossos pés, eu suplico, (que todos os seres sencientes alcancem a iluminação).

Pode ser recitado a qualquer hora, em qualquer lugar, o maior número de vezes possível. Quem recita recebe os benefícios das bênçãos de Avalokiteshvara, Manjushri e Vajrapani.
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OS 16 FATORES NECESSÁRIOS PARA TER UM RENASCIMENTO SUPERIOR
- São os versos 8, 9 e 10 do Cap. 1 da Grinalda Preciosa de Nagarjuna –

(São três relacionados às ações do corpo)
1- Não matar;
2- Não roubar;
3- Não cometer conduta sexual errônea (Adultério, traição, incesto etc).

 (Quatro relacionados às ações da fala)
4- Abster-se completamente de mentiras,
5- Falas divisivas (que causam divisões, separações),
6- Falas desagradáveis (Abuso por meio de palavras),
7- Conversas ociosas, conversa fiada.

 (Três relacionados às ações da mente)
8- Abandonar completamente : cobiça,
9- A intenção prejudicial,
10- E as visões dos niilistas (Nagarjuna adiciona mais esses três)
11- Não beber intoxicantes.
12- Ter meios de vida honestos.
13- Não prejudicar.

(ADOTAR as práticas da:)
14- Generosidade;
15- Reverenciar aqueles dignos de reverência;
16- Amor incondicional

Em resumo, esta é a prática.


Aproveite!





quinta-feira, 14 de maio de 2020

O poço - o filme




Ou... o fundo do poço, 333 andares abaixo da fartura....
Pediram para assistir ao filme “o Poço” e tentar ver alguma ligação com os ensinamentos budistas.
Superando a estética agressiva do filme, vamos aos comentários:
Um dos temas do Budismo é a Roda da Vida, uma tentativa de explicar os desafios, perdas, dúvidas, acomodações e emoções aflitivas que todos vivemos. Andamos por essa Roda visitando reinos, aflições, obscurecimentos às vezes até num mesmo dia, através de nascimentos e renascimentos. Isto é o Samsara.
Nessa Roda existem 4 círculos.
No terceiro círculo ficam colocados 6 reinos  - 3 superiores, 3 inferiores - de desafios e aprendizados:
Reinos dos “deuses” – do orgulho mas também da possibilidade de compaixão
Reino dos guerreiros – da inveja mas também da possibilidade do regozijo
Reino dos humanos – dos apegos ilimitados mas também da amplidão das fronteiras
Reino dos animais – da acomodação mas também da possibilidade do conhecimento
Reino dos infernos – das raivas mas também da possibilidade da bondade amorosa
Reino dos fantasmas famintos – da avareza mas também da possibilidade da generosidade
É neste último reino que percebo conexões entre o filme e o Budismo.
Resumo do filme: em um mundo distópico, existe uma instituição penal/educativa chamada de O Poço. Em cada nível existem duas pessoas que são alimentadas por uma plataforma/mesa que desce com comida. Os níveis superiores podem comer bem e, à medida que a mesa desce, as celas inferiores recebem pouco ou nada.
O filme trata de uma metáfora óbvia: a sociedade é desigual e os de cima não se preocupam com os de baixo, é “comer ou ser comido”.
É o mesmo tema do Reino dos fantasmas famintos:  lugar dos ciúmes, da avareza e da insatisfação onde os seres nunca se saciam, estão permanentemente insatisfeitos, egoístas, pensando o tempo todo na sua comida, na sua bebida, insaciáveis e sempre nos telhados sem conseguir “entrar numa casa”. Seres de pescoço muito estreito e comprido, barriga bem grande sempre vazia, com pernas e braços flácidos.
Mas os Budas visitam todos os reinos e mesmo no reino dos espíritos famintos quando reconhecidos e ouvidos, são despertadas sementes de generosidade, solidariedade e acontece a liberação dos sofrimentos desse reino.
Em “alguns momentos” visitamos esse reino.... mas lembrar de ser útil aos outros de alguma forma – um sorriso, um telefonema, uma doação, uma visita - ajuda a escapar das armadilhas de escuro lugar interno... egoísta e pobre.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Vesak


Vesak


Este será o VESAK da pandemia, o Vesak 2020.

É uma comemoração realizada na Lua Cheia do mês de maio em que, na tradição do Budismo, Sidarta Gautama, o Buda, nasceu, se iluminou e morreu.
As práticas realizadas nessa Lua são bastante auspiciosas.
 Pensamentos, falas e ações se multiplicam muitas vezes.
Na tradição da escola Nigma do Budismo Tibetano todos os meses na Lua Cheia são feitas práticas de Prajnaparamita.

Prajanparamita quer dizer perfeição da sabedoria.

Assim ouvi e aprendi com Lama Padma Samten:
“Prajnaparamita é um treinamento para olhar de um novo jeito as experiencias que vivemos.
Consideramos as experiências físicas, mentais e emocionais como fixas, sólidas, pois nos relacionamos com as aparências e não com os substratos ( o que existe além das aparências).
Uma mesma experiência adquire muitas formas, por isso forma é vacuidade – não existe de forma independente, não existe por si só.
As Formas são mágicas. Onde quer que olhemos, nos relacionamos com formas, todas elas construídas, impermanentes, em permanente mudança.
Tudo é transitório. TUDO.
Nossa liberação ocorre pelo riso e não pela seriedade, não pela força; nós não temos que destruir o mundo.
Nós sorrimos para ele.
Como alguém que repentinamente se vê de forma mais ampla do que se via.
O Samsara não é negativo, o Samsara é lúdico. Nós sofremos dentro do Samsara como as crianças também sofrem, por coisas muito simples.
Samsara é a experiência circular de nascimentos, mortes e renascimentos dos seres sencientes – seres que migram de um nascimento a outro.
          Nossa dor no Samsara está ligada a energia, aos impulsos; nós não só não vemos essa energia como tomamos obediência a ela como nosso refúgio fundamental.
A única forma de superarmos isso é compreendermos este processo e sorrirmos!
Essa energia é o sangue do Samsara, é o que o movimenta.
Precisamos não só entender o Samsara, mas temos de absolver o Samsara, liberá-lo, iluminá-lo.
 Pensar, contemplar e repousar sobre formas, sensações, percepções, condicionamentos e identidades vendo todos eles como fenômenos sempre em transformação.
Assim geramos o olhar do Prajnaparamita.”