Nestes últimos 40 anos tivemos muitos ganhos e um deles foi
aprender a lidar corajosamente com as diferenças, que sempre existiram, mas
camufladas em sofrimentos.
Perder a vergonha, perder o medo, limpar a hipocrisia e
aprender a admirar formas de se relacionar sem preconceito.
Como é ruim calçar sapatos e roupas apertadas só para ficar
bem por fora...mas por dentro só solidão.
Outro dia um amigo explicou que tirou bigode para uma
reunião com empresários para evitar uma desconfiança na sua capacidade
técnica...depois desse encontro, até chorei....ainda falta uma boa caminhada
para acabar com ignorância; talvez um desses desconfiados possa ser um daqueles
que engrossam a fila dos carros para encontrar travestis, vestem roupas
femininas em casa ou batem sadicamente em suas esposas e filhos.
Entre as mulheres, só fica mais aliviado porque desde pequenas
temos a autorização da sociedade de ficarmos íntimas: ninguém estranha de irmos
juntas ao banheiro, de dormirmos juntas em qualquer fase da vida, nos
acariciarmos em publico etc mas, sempre tem um mas... assumir outra forma de
ter prazer e amar que não seja a hetero...aí vira um outro assunto....temos
mais camuflagens...
Tudo está mudando, não vejo essa estranheza entre a geração
de meus netos. Que alívio.
Os exageros como os das Drags, a festa do orgulho gay, são
depoimentos importantes para que a realidade das incoerências da sociedade
possa ser vista e ouvida e desconstruída.
Viver a sexualidade com liberdade, alegria e respeito em
qualquer formato, com a parceria e como te der mais prazer, é um ato positivo
de rebeldia.
Que diferença faz nas minhas escolhas o que os outros fazem
na intimidade? Que medos são esses incrustados que alimentam as criticas e
segregações.?
As respostas honestas podem surpreender.