domingo, 26 de maio de 2013

19ºpasso - Coragem para seguir em frente

Coragem: Para viver no mundo a partir da Verdade e de todos os elementos aqui citados. Contemplamos tudo com cuidado, vemos que tudo é verdade, e assumimos com coragem. Tomamos a verdade como ponto principal, e com coragem vamos simplesmente nos movimentar assim. Temos obstáculos e outras situações difíceis, vamos precisar de coragem. Vemos as coisas como elas são e agimos com lucidez. Manifestarmos coragem não é rompermos com as pessoas, etc. Estaremos nos mesmos lugares, só que de outro jeito (Lama Padma Samten) Coragem para se separar, para recomeçar, par soltar, para libertar, par ousar, pra tentar, para experimentar, para investigar, para enfrentar. Coragem no caminho em busca da liberação é atitude ligada à valentia. Essa é uma das inovações que o Buda Sidarta Gautama introduziu na filosofia de sua época – a auto-confiança, o contato com o poder pessoal interno que todos possuem. Auto-confiança é uma atitude que inclui principalmente a humildade para lidar com as decepções e frustrações. Decepções e frustrações fazem parte de nossa humanidade, aceitar o erro nosso de cada dia, acolher o engano dos outros é um dos remédios eficientes para aliviar a boa convivência. Sofremos por nossas dores físicas, pelas perdas inevitáveis – a impermanência - da vida e pelos sustos típicos da sobrevivência. Não existe outra saída a não ser despertar as sementes de valentia que a própria vida implantou no nosso DNA biológico e sutil para que pudesse garantir sua manifestação e permanência. Força faz parte da valentia para lidar com os desafios e está ligada a cuidados físicos – alimentação saudável, sono regular, medicina preventiva, exercícios – cuidados emocionais do auto-conhecimento, cuidados sociais inspirados na solidariedade e cuidados mentais baseados na expansão do conhecimento. Lembrar das vitórias, pequenas e grandes, que tivemos reforça nossa valentia porque demonstra realmente do que somos capazes. Como temos um forte traço negativo lembramos rapidamente dos fracassos, é preciso um certo esforço para reconhecer nossas vitórias : curas, cursos, viagens, encontros, aprendizados, recondicionamentos, superar vícios, separações de situações desrespeitosas, criar filhos, desmistificar sustos, pagar contas, descobrir soluções, desvendar mistérios, cuidar dos pais idosos, descobrir que estou do lado errado...até ter acordado hoje pela manhã é uma vitória. Que mais você poria na lista das tuas vitórias?

domingo, 19 de maio de 2013

18º passo - Verdade

Os próximos 4 passos, verdade, coragem, paciência e perseverança são passos da decisão firme de querer viver e conviver de forma mais positiva ou, como diz a filosofia Budista, são passos que fazem parte da decisão de renunciar verdadeiramente aos medos do sofrimento, da miséria, da morte etc. A VERDADE sobre todos os pontos anteriores. Esta é a abordagem mais sofisticada do Buda. É preciso meditar sobre isto para manter vivos estes princípios. É a culminância dos itens anteriores que contemplamos com todo o cuidado. É como as coisas verdadeiramente são, é o que precisamos ter em mente quando andamos no mundo. É nossa prática, aquilo que vamos fazer no mundo. O poder da verdade significa que não estamos presos, que temos uma Natureza Livre, além de vida e de morte, e que as prisões se constroem de forma artificial. Temos isso vivo dentro de nós.( Lama Padma Samten) No final dos encontros, nos estudos sobre a filosofia budista, tradicionalmente é feita a DEDICAÇÃO para que os méritos surgidos sejam expandidos e aproveitados por todos em todas as direções e não se percam; isto surge a idéia que tudo que é conquistado e não compartilhado, se perde. Uma das preces recitadas é :” PELO PODER DA VERDADE, PAZ E ALEGRIA, AGORA E SEMPRE !!!!” Como diz Bel Cezar, mãe de Lama Michel: “ a verdade organiza”. A verdade pode ser o caminho mais difícil, mas é o único caminho que tem a capacidade de conquistar lucidez; no engano, na “mentira bondosa”, o esforço utilizado é inútil porque o alvo é falso. É aquele dito popular: podemos enganar alguns durante um tempo, mas não podemos enganar todos o tempo todo. Tentar enganar, fugir da verdade, é tentar confundir o outro para nos proteger ou proteger algo nosso. Mentimos para nos proteger do medo da perda do afeto daquela pessoa ( ou do grupo), da importância que aquele ser tem na nossa vida; talvez até seja uma falsa importância, mas...com certeza, é uma sensação de proximidade que, acreditamos, nos fará falta – por isso, mentimos, omitimos, disfarçamos....enganamos enquanto... nos auto-enganamos. Então nesse caminho de reflexão, a pessoa (ou situação) onde colocamos importância nos “obriga” a mentir; assim também na via inversa, as pessoas tentam nos confundir porque fazemos com que se sintam ameaçadas. Mas ...sustentar histórias falsas ou meio falsas(???) rouba a liberdade. Que preço alto a carência nos faz pagar!!!!! Mas e...quando somos nós os enganados; quem, ou o que, está nos confundindo? _nossa ignorância. A ignorância nos faz mentir; a ignorância é a base que sustenta a crença na existência real dos fenômenos como os percebemos. As coisas não são exatamente como as percebemos, sua existência real vai além. Quantas coisas eu acreditava que eram como eu percebia ( tinha até certezas) e com o tempo descobri que eram muito diferentes; do tipo, existe uma tribo de índios no norte do Amazonas que nunca teve contato com nossa civilização e que ao ver aproximar o avião da reportagem, aterrorizada, atirava com seus arcos e flechas para abater a “ave de aço”.... “Quando percebermos que os estágios ignorantes da mente são enganosos e distorcidos, estaremos aptos a nos libertarmos da ignorância, o que possibilitará o alcance do estado de cessação do sofrimento”diz SS Dalai Lama A ignorância de não conseguir ver além das aparências, de não conseguir ver a perfeição por trás da imperfeição. A ignorância de acreditar na percepção dos sentidos, na percepção das funções cerebrais, acreditar nos pensamentos e emoções “barulhentos” e suas distorções – os chamados obscurecimentos mentais- as limitações do conhecimento. O que estamos percebendo é apenas o que estamos conseguindo perceber, provavelmente a verdade seja bem mais ampla. Muitas vezes nossos enganos são resultado da interpretação pessoal que fazemos dos fatos. Somos traídos, na busca pela verdade, por nossos preconceitos pessoais e/ou culturais, visíveis e os invisíveis. Exatamente por isso é bom não levar as coisas com tanto drama, é melhor reconhecer que estamos reconhecendo apenas uma parte da verdade e ceder lugar espaço pra novas descobertas. Certezas são irmãs da ignorância, primas das armadilhas e mães da auto-sabotagem. Como ensina Lama Lhundrub em seu texto “ O Fio Vermelho” inspirado em “Precioso Ornamento de Libertação” do Mestre Gampopa. Estudar o Dharma é estudar a descoberta da verdade em nós. Um dos 10 definições da palavra Dharma em sânscrito é “verdade”. Quando reconhecemos a verdade El se torna um bem nosso para sempre. Cada situação é uma oportunidade de entrar em contato com o Dharma, com a verdade. A realização da verdade é um processo permanente À medida que descobrimos a compreensão do funcionamento da mente, de nossas emoções, relações inter-humanase, paralelamente, do caminho para a liberação. Quando a compreensão cresce, a confiança na base, o objetivo e o caminho se amplificam. Os 21 passos do caminho são uma tentativa de nos conduzir, pela “aquietação” da mente, à percepção da verdadeira natureza das coisas, a luminosidade onde tudo se cria.

domingo, 12 de maio de 2013

17ºpasso - Sabedoria Darmata

Despertar as sementes das sabedorias que existem em nós apóia a cura das confusões do viver. Alcançamos a capacidade, finalmente, da superação dos sofrimentos causados pela ignorância e nos libertamos dos ciclos viciosos da vida. É a possibilidade de se transformar num sol que aquece e vivifica todos e tudo... serenamente, sem pressa, preconceitos e medos. Será????? Isso parece um sonho impossível, mas, com persistência e determinação no passo-a-passo, dá para ter pequenos ganhos até alcançar, finalmente, a capacidade de poder retornar ao estado de serenidade cada vez que for necessário enfrentar os desafios da vida. Cada Sabedoria possui seu movimento e vibra em uma cor: Sabedoria do Espelho(azul) – a capacidade de entender o outro em seu próprio mundo, acolhimento com lucidez na superação do Ego Sabedoria da Igualdade(amarela) – com a superação do Ego surge a possibilidade de igualdade entre os seres e a capacidade de beneficiar com naturalidade Sabedoria Discriminativa(vermelha)- na igualdade aparece o entendimento sobre a coemergência entre o que e como percebemos através dos sentidos e as respostas internas que surgem – tudo está conectado. Sabedoria da Causalidade( verde)– no entendimento da coemergência ( e suas possíveis distorções) as adversidades pontuam as confusões e o caminho para transformá-las pelo recondicionamento positivo e pacífico Sabedoria de Darmata ( branco)- pelo entendimento do surgimento das confusões e pela possibilidade de transformação acontece a pacificação, purificação do “depósito de memórias” responsável pelas respostas automáticas e a LIBERAÇÃO É CONQUISTADA. A Sabedoria da Luminosidade,de Darmata, é a sabedoria do arco-iris como os raios refletidos pelo sol no brilhante. É a luminosidade que surge pela lucidez da percepção sobre a natureza pura de onde nascem, todos os fenômenos que ao passar pela nossa percepção limitada se distorcem. Como perceber o oceano por trás das ondas – as ondas barulhentas surgem na placidez do oceano e são sua verdadeira natureza. Olhar o que surge, sejam as confusões sejam as vitórias, e conseguir perceber além delas a luminosidade onde tudo é criado é a SABEDORIA DA MENTE DIAMANTE, a sabedoria que consegue perceber a perfeição da criação. Os fenômenos, situações, relações, transformações, são puros em sua verdadeira natureza mas nosso reconhecimento através dos sentidos ( tato, audição, paladar, visão, olfato) e mental do corpo, por sua relatividade, individualidade e imperfeição, os disforma e cria tensões. Por exemplo: uma pessoa que tem rebaixamento da visão antes de ter descoberto essa limitação, vai acreditar que o que está vendo é a realidade – mas é apenas a sua realidade, imperfeita e relativa. Por isso as certezas são ignorantes. A natural perfeição de todas as coisas: No surgimento, a liberação! Tudo aquilo que criamos dentro de nós mesmos (sofrimentos, aflições, emoções negativas) reflete uma natureza última, que produz todas estas experiências. Os objetos e os pensamentos são dotados de uma energia dinâmica que, aparentemente, nos exige responsividade. Tudo no mundo externo (imagens, experiências, objetos) transmite energias, lungs, que são naturalmente puros por virem da natureza última. Não importa o conteúdo, pois este somos nós que criamos com nossa mente discriminativa: os fenômenos são puros por manifestarem a natureza última. A Sabedoria de Vajrasatva ( mente diamante) permite trabalhar a natureza última em todos os fenômenos. Olhamos para todas as coisas e vemos a Natural Perfeição ( Lama Padma Samten)

domingo, 5 de maio de 2013

16ºpasso- Sabedoria de Darmata- branco

Liberdade à vista !!!! Como? A dor que essa sabedoria “cura” é a dor da dúvida. A dúvida destrói projetos, destrói afetos, destrói a sensação de méritos, a dúvida balança e elimina a possibilidade de liberdade. Mas onde é que a dúvida nos “caça”? Nos “caça” quando permitimos a desconsideração, ou melhor ainda, quando nos sentimos desconsiderados, desvalorizados. Essa dor nasce de darmos mais valor à opinião dos outros do que nossa opinião sobre nós mesmos. Certezas não existem, mas para lidar com isso é preciso construir autonomia. Autonomia para poder até voar pelas incertezas. Autonomia para conviver com a falta de garantias. A Sabedoria de Darmata nos ensina a confiar na vida porque nos ensina a sentir a verdadeira natureza da plenitude, além das incertezas, das opiniões, das dificuldades. Como num céu sem nuvens depois de abandonar as confusões da vida: os “ tem que”, as identidades, os rótulos, as funções, os impulsos automáticos, os preconceitos, as invejas, as traições,as raivas, a vaidade, os medos e nos permitimos repousar num espaço sem fronteiras e sereno que é nossa verdadeira natureza. Ou pelo menos, imaginar que isso é possível. Em alguns momentos na vida conseguimos alcançar esse estado; são aqueles momentos que popularmente são comentados como se fosse “a percepção da mão de Deus”: o primeiro choro do filho ao nascer, a descoberta da solução de um questão difícil, a liberdade recuperada, uma paisagem mágica, uma música transcendente, o “ orgulho divino” de uma realização, o encontro de um afeto etc Esse estado é também “nossa capacidade de fazer o outro reconhecer sua Verdadeira Natureza. Proporcionar ao outro a capacidade de ver também com lucidez, de ultrapassar a ignorância do samsara, a visão condicionada” como ensina Lama Samten. Porque fazer realçar a cor dos outros, fazer com que os outros se sintam confiantes é virtude apenas de quem já alcançou autonomia e auto-valorização. Mas a Sabedoria de Darmata vai além; é quando aprendemos a alcançar esse estado e o mantemos. É o estado de transcendência; a sensação do oceano imenso e silencioso atrás das ondas barulhentas. Essa liberdade é conquistada pelo entendimento, pela lucidez e pelo treinamento da meditação. Sentar, calar os pensamentos ou deixá-los voar como balões que se soltam ou bolhas de sabão que estouram. Tente imaginar uma situação confusa dentro de uma bolha transparente; essa bolha está “dançando” no espaço, já já ela vai se dissolver e a ordem, a calma, vai voltar. Ou que essa situação é uma onda que já já vai arrebentar na areia e retornar mansamente ao oceano. Outras bolhas, outras ondas irão surgir, isso é o Samsara, mas elas também vão estourar. Depois da bolhas e ondas existe Shambala, Shangrilá, o Horizonte Perdido, o Paraíso.... um local sereno. Essa é a percepção da transcendência. E esse lugar já existe..... está dentro do teu coração, na tua verdadeira natureza, a natureza última – basta dissolver os 4 véus: das crenças, dos condicionamentos, das aflições e dos automatismos. DEPENDE DE VOCÊ – sente, medite, recupere a confiança em você e na vida.