sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

No fear, no pain- sem medo/ sem dor

Serve meditar? Meditar é refletir? Meditar é esvaziar? Meditar olhando para parede? Meditar andando? Meditar nos mantras? Meditar deitado? Meditar sozinho? Em grupo? Com Mestre/ sem Mestre? Meditar para melhores resultados, para acalmar, para relaxar dores. A lista é extensa. Meditar no cristianismo, no budismo , na yoga, no reiki etc etc As escolhas são muitas. Medito para clarear a compreensão da realidade, ou melhor, para tentar clarear a compreensão. Porque a compreensão dissolve o medo, dissolve as dores – dores de vários tipos: do corpo, das emoções, das perdas, dos sustos. Na tradição do Budismo Tibetano seguimos um formato já testado por centenas de anos: 1-Motivação 2-Visão 3-Meditação com um foco 4-Dedicação 5-Ação no mundo 1- Parar e pensar que meditamos para estabilizar, clarear a mente e beneficiar os seres= motivação 2- Estudar, aprender sobre os processos de como nos relacionamos com a vida Tentar olhar a realidade sem adjetivos = visão 3- Assumir uma postura confortável e tentar manter a imobilidade temporária Focar principalmente na respiração ; na planta dos pés, nas narinas, no centro do peito; ou em outros estímulos dos sentidos; som, odores, visões, no vento, no calor, no contato do corpo. Até sentir o espaço livre da mente, livre de histórias, de expectativas. Meditar pode ser também nos mantras. 4- Dedicar a estabilidade obtida, a calma em todas as direções como uma estrela que brilha sem condições. 5- Levantar e agir no mundo tentando compreender o outro no mundo dele, se alegrar pelas conquistas dos outros, acolher a realidade sem julgamentos, evitar ações que prejudiquem outros e liberar a mente das fixações/ condicionamentos. Meditação é um lindo caminho, nem sempre fácil. É aconselhável no início permanecer de 8 a 15 minutos nesse exercício. Muitas vezes surgem sensações desagradáveis durante a meditação: Raiva, medo, duvida, inveja, descrença, preguiça, negação. Muita coisa pode acontecer porque quando a mente é acalmada aparecem os aspectos que estão roubando a liberdade e o sossego, aspectos que precisam ser transformados – essa é uma ótima oportunidade para auto-conhecimento. E o que fazer com isso? É mergulhar dentro de nós e para esse processo muitas vezes é preciso uma ajuda externa porque são hábitos cristalizados que precisam ser substituídos. São condicionamentos ( fixações) que criamos para nos defender da nossa vulnerabilidade frente ao sofrimento, nos defender dos nossos medos. Mas o Ego vai resistir! O Ego quer se defender; resista ! Meditar é encontrar um refúgio! O resultado é libertador!

sábado, 24 de janeiro de 2015

Je suis Charlie e outros sustos

Vez por outra levamos sustos: torres são destruídas, 47 adolescentes são mortos por protestar, pessoas são mortas por divergir, pessoas emblemáticas se suicidam, crianças são atiradas ..... Quantas contradições cabem dentro de nossas vidas!!!!! O que fazer com tudo isso? Essa seria uma boa pergunta para fazer ao Buda. Não é nem o caso de tomar posições. É como não deixar colar essas intoleráveis cenas em nós para que a esperança pela paz não se dissolva? Também não é ficar indiferente. Como conviver com as contradições e continuar sorrindo no dia seguinte? Porque... apesar de tudo ainda podemos ser fonte de alívio para varias pessoas; apesar desses momentos de perplexidades provocados por mentes tão confusas, ainda podemos ser úteis a muitos seres. Encontrei uma sugestão entre os textos que compartilhei vários anos atrás : " se a felicidade vier, não fique excitado demais; se a tristeza vier, não fique deprimido demais. Encare as coisas com leveza. A felicidade e a tristeza estão separadas de você; permaneça incógnito...como se elas não estivessem acontecendo com você, mas acontecendo a outra pessoa. Torne-se um observador: isto é visão interior, quando não nos identificamos com o que acontece. Assim não deixamos as coisas grudarem em nós, não tomamos a vida como pessoal, mas como uma sala de aula. Entramos num determinado horário e vamos sair quando sinal bater.”... E frente a tanta ignorância... façamos a prece de compaixão lúcida tão querida no Budismo OM MANI PEME HUM por todos que sofrem, agredidos e agressores.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O peso da opinião dos outros

O peso da opinião dos outros está pesado? "O que você pensa de mim, não muda nada o que verdadeiramente sou". Lama Michel OM SHANTI O peso da opinião que os outros nos lançam tem o peso proporcional ao papel que ocupam na nossa vida. Quanto mais importância damos à pessoa mais a opinião dela facilita ou atrapalha nossos passos, decisões e escolhas. Esse peso também está conectado a nossa auto-estima e aos nossos complexos de inferioridade ( disfarçados muitas vezes de complexo de superioridade). Mas a opinião do outro é apenas a opinião dela. Que poder podem ter de nos colocar numa bolha positiva ou negativa????? Que poder é esse se é apenas uma “boca falando”? E se essa mesma opinião fosse emitida em uma língua estranha para nós? Acredito que esse poder surge do condicionamento em que fomos criados de nos motivarmos com recursos externos; um sistema compensatório – a cada frustração, uma recompensa – presente, comida, abraço, elogio etc. Assim crescemos...nos recompensando, esperando que a alegria chegue de fora. Nossa energia ( nossa alegria) está condicionada a se movimentar “ligada” aos recursos externos, não só de opiniões, como também com o que comemos, o que compramos, o reconhecimento que recebemos. Até que por sorte um dia possamos descobrir que a verdadeira alegria surge da autonomia interna, de se alegrar pelas coisas boas que somos capaz de deixar como rastros. E a grande liberdade é que isso depende apenas de nós. Nesse momento percebemos quanto é ilusório o poder que colocamos nas conquistas e nas figuras em que projetamos a expectativa da felicidade. Colocar a responsabilidade por nossa alegria do lado de fora, rouba a liberdade. E voltando ao início da conversa, a opinião do outro é do outro, é um direito dele; todos têm o direito a ter sua opinião. E nós temos a liberdade de não “deixar colar” no coração essa opinião quando ela não combinar com a nossa; apenas isso. Liberdade de recuperar a autonomia de nossa energia, de nossa alegria porque, como dizia Fernanda, a irmã de Lama Michel ainda pequena: “quem sabe de mim sou eu que vivo comigo o tempo todo!!!”

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A morte é minha melhor amiga

Ou.... Estar pronta para partir. BertHellinger, psicanalista criador do Método de Constelações Sistemicas, pergunta a uma paciente sua: A morte para você é uma mulher ou um homem? E para você? Como a morte se apresenta? Diz Hellinger:”os vietnamitas me disseram que durante a longa guerra civil eram frequentemente muito destemidos. Eles diziam : death is a lady; portanto, a morte é uma dama. Nas imagens internas a morte é frequentemente feminina.” O terapeuta que tem medo da morte não pode ajudar. E o medo da morte é o medo mais profundo, é o primeiro medo de todos nós,o que gera todos os outros medos. Portanto e ele que precisa ser melhor cuidado. Em qualquer situação se perguntamos; estou com medo do que, e se continuarmos a perguntar, inevitavelmente chegaremos ao medo de falhar, sucumbir e, sem saída, morrer. O Budismo ensina a encontrar vantagens na negatividade; e, para mim, a morte é minha melhor amiga. Porque sei que ela vai chegar, não sei quando, não sei como; arrumo minha vida, minhas coisas e minhas relações evitando adiar o que quero fazer. Aprendi no Budismo a estar sempre pronta para partir. E quando Ela, a Dama da Morte, chegar gostaria de não ter nada do que sentir remorso e ressentimentos. Apenas...me dissolvendo na luz, como uma gota no oceano. A consciência da minha morte me ajuda a viver melhor e aproveitar minha preciosa vida. Num trecho do livro para terapeutas de Constelações Familiares de Bert Hellinger “ O Essencial é simples”, encontrei o texto a seguir: “de tardinha, eles se sentaram na varanda e a ampla paisagem parecia transfigurada à luz do crepúsculo. Quando escureceu, o estranho começou a contar como o mundo mudou para ele, desde que deu conta de que alguém o acompanhava por toda a parte. De início, não acreditou que alguém constantemente o seguia, parando quando ele parava e levantando-se quando ele se punha novamente a caminho. E precisou de tempo até entender quem o acompanhava. “Minha companheira permanente”, disse ele, “é minha morte. Eu me acostumei tanto a ela que não quero mais sentir sua falta. Ela é minha melhor amiga, a mais fiel. Quando fico em duvida sobre o que é certo fazer e como devo prosseguir, fico um momento em silêncio e lhe peço uma resposta. E me abro totalmente e ela, por assim dizer, com minha máxima superfície; sei que ela está alia e que eu estou aqui. E, sem me apegar a desejo, aguardo até que dela me venha alguma indicação. Quando estou recolhido e a encaro corajosamente, vem-me, depois de algum tempo, uma palavra dela, como um relâmpago que ilumina a escuridão _ e eu ganho clareza.” Por tudo isso, a cada dia, tento aproveitar todas as oportunidades de sorrir e de fazer sorrir.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Estamos todos correndo atrás da felicidade

Acredito que estas reflexões do psiquiatra Gikovati(que mais uma vez me inspira) merecem ser compartilhadas. São reflexões sobre as nossas fixações que, equivocadamente,“cuidamos com tanto carinho” e causam tantas confusões nos nossos caminhos!!!! Perceber a necessidade de mudança já é importante mas...o que origina esses aspectos tidos como hábitos negativos, impulsos automáticos? Qual é o gatilho que aciona o mal hábito? O hábito fixado e automático é uma forma não muito saudável de relaxamento, uma forma temporária, porém...rouba a liberdade e sempre trás um efeito colateral negativo. Tenho o hábito de comer rápido, meio apressada. E sei como é difícil controlar esse mal hábito. Sei que talvez vá conviver com ele por mais tempo mas, com certeza, posso ter esse mal habito sob controle. Uma das formas é um bilhete na frente do prato:”coma devagar”. O cérebro leva 18 minutos para reconhecer que o corpo foi nutrido e basta! Então comer devagar também ajuda a manter um peso equilibrado. Bilhetes ajudam; relembrar do “lucro” depois de controlar o hábito também ajuda. Mas primeiro é preciso decidir realmente abandonar o comportamento – com firmeza e determinação. É difícil porque o mal hábito, como todas as compulsões, trás um benefício imediato e o malefício aparece só mais tarde. Não nascemos com esses condicionamentos, então podemos nos libertar. A cada sucesso nos fortalecemos. E o que pensar sobre os hábitos ( fixações) que nem percebemos que temos? Gikovate lançou, recentemente, "Mudar – Caminhos para a Transformação Verdadeira" (MG Editores), no qual aborda a dificuldade de abandonar hábitos –entre os quais aqueles que nos impedem de alcançar objetivos– e a importância do autoconhecimento para mudar atitudes e pensamentos. O medo da felicidade é, de fato, o medo de perder a felicidade", diz Gikovate O medo de errar é um dos piores medos? Gikovate: Sim. É muito ruim porque acovarda a pessoa e a impede de experimentar o que é novo. O risco de erro está presente em todo experimento, mas ele corresponde ao mesmo caminho que nos leva a acertar, a avançar e progredir. Aprendemos com os erros e com os acertos. Quem não arrisca, fica estagnado. A boa tolerância a frustrações e contrariedades, a chamada boa resiliência, é condição fundamental para o crescimento pessoal, profissional, sentimental e moral de todos nós. a felicidade pode incomodar a um bom número de pessoas que, por comparação, se sentirão por baixo, revoltadas com a hostilidade sutil típica da inveja. Porém, penso que os atos destrutivos que costumamos praticar são da nossa própria autoria e existiriam da mesma forma se não houvesse a inveja. E como ela coexiste com nossos bons momentos, podemos, facilmente, atribuir a ela um processo que nos pertence. Muitas pessoas não têm essa tolerância. Para elas, mudar é ainda mais difícil. É preciso se empenhar e conhecer o melhor possível a si mesmo, seus sentimentos e emoções, mesmo os nobres, e como funciona sua mente. Convém que saibamos quais os nossos pontos fracos e quais são nossos dons maiores. Depois de tudo, saber muito bem o que se quer mudar, para onde mudar. Aí, se faz um plano, um projeto e, o mais importante: temos que tratar de executá-lo. As mudanças só acontecem quando abandonamos a teoria e partimos para a ação. Ninguém se cura do medo de avião em um consultório; nele se conversa sobre porque ele surgiu e como enfrentá-lo. Mas a pessoa terá que entrar no avião, sofrer os medos correspondentes e, aos poucos, ir se livrando desse tipo de condicionamento psíquico nocivo. Tudo tem que acontecer aos poucos, com firmeza e paciência, porque esses processos podem durar mais do que gostaríamos. É muito raro que uma pessoa consiga mudar de um dia para o outro. UOL: Todo mundo é capaz de mudar? Gikovate: Quase todo mundo. Existem algumas pessoas por demais intolerantes a sofrimento e dor que não conseguem nem se imaginar em situações em que terão de enfrentar adversidades. Essas não mudam A intensidade do medo é, segundo acredito, um atributo inato, variável de pessoa para pessoa. Os pais têm que ajudar as crianças a desenvolver a coragem, ou seja, a força racional necessária para que os medos irracionais sejam enfrentados. Isso se consegue em parte pelo exemplo e, em parte, estimulando as crianças a vivenciarem dificuldades, dores, adversidades inerentes à nossa condição. Nada de superprotegê-las, pois isso as enfraquece. Todos têm de aprender a lidar com docilidade com as contrariedades e frustrações próprias da vida. Isso é mais fácil para os que já nascem mais condescendentes e mais difícil para os mais revoltados. Porém, todos têm de chegar lá, pois a vida não irá poupar uma pessoa apenas porque ela blasfema e grita quando contrariada. http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/12/11/todos-tem-medo-da-felicidade-diz-psiquiatra-flavio-gikovate.htm