quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Onde você c oloca o perfuminho????

Num dos incríveis encontros com Bel César ela contou uma história tipo – seria cômico se não fosse triste....viajando com uma amiga de avião ela contou que tinha feito uma grande descoberta; há tempos sentia enjôo com o cheiro do marido e isto estava ficando insustentável. Quando....teve uma “grande idéia”: deixar um perfume forte destampado na mesinha de cabeceira !!!!!

Frente a essa descoberta Bel retrucou espantada:
_ “e você acredita mesmo que resolveu o problema????? Quando faltar perfume o que você vai fazer com o teu marido??????”

Nesse momento da história todos nós rimos bastante e a Bel perguntou:
“ e vocês, em que situações da vida colocam o perfuminho ?”

Aí a graça diminuiu.

E aí eu pergunto:” onde você põe o perfuminho?”

Na verdade em vários momentos da vida precisamos usar perfuminhos, cultivar a paciência para suportar as diferenças e desafios; mas.... como o Budismo estimula: é preciso renunciar aos sofrimentos, e uma das formas é planejar mudanças. Não só planejar, agir também.

Brincadeiras de faz-de-conta precisam ter hora de terminar.


O primeiro passo é se perguntar qual a tua responsabilidade na situação? É realmente uma dificuldade, ou é um capricho, uma preferência pessoal, uma mania, uma crença pessoal?
Você já tentou acordos com as pessoas envolvidas e com você mesmo(a)?


Em seguida, então é hora de traçar um plano de mudança, colocar prazos (nem que seja para fazer alterações futuras) e pensar que cada dia é um dia mais perto da solução.

É bem provável que essa aventura de mudanças da rotina ofereça oportunidades interessantes para expandir a lucidez e a compreensão da vida; mais uma forma para superar a insatisfação.

Deixo para você,neste final de ano, uma frase interessante:

as faltas nos movem

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

As 5 Sabedorias por Lama Padma Samten

5 Sabedorias Budicas

Assim ouvi as idéias de Lama Padma Samten em 29 de 11 de 2011:

****Na galeria de fotos do site www.centrobudista.com.br você poderá ver alguns momentos desse encontro.

O raciocínio sobre as 5 Sabedorias cabe em qualquer procedimento, seja na visão pedagógica, nas situações pessoais ou outras relações da vida.

Essas sabedorias são representadas por Budas que são emanações de Sakyamuni Buda; a meditação Shamata, tem como função através de focos claros tirar a agitação da mente, estabilizá-la penetrando em seus conteúdos e acessar o silêncio e a clareza mental. Todos os Budas residem nesse silêncio; o silêncio da sabedoria primordial.
Samantabadra é o início de tudo, a sabedoria primordial.
1ºDa mente agitada para a mente lúcida de Samantabadra é o caminho rumo à visão = olhar com clareza.
2ºestabilização da visão para não perder a clareza, ligar-se a ela sempre que pecisar, não precisar se desligar, não se perder mesmo em condições desafiantes.
3ºagir no cotidiano com essa lucidez – com as 5 sabedorias; esse procedimento são os métodos hábeis para lidar com as situações com o benefício de todos os seres.

A metodologia é ensinar “ ensinar pelas costas”, isto é, ensinar pelos exemplos, pelos comportamentos não pelos discursos, simplesmente usando as sabedorias.

Somos todos alunos; no processo da sangha, o programa de ensino é o de Tchenrezig ( Avaloktishevara ou Mãe Kua Nyn) = aquele que ouve os sons do mundo, ou seja encontrar as pessoas onde elas estão, cada um no seu ritmo. É um programa para ajudar o outro a reconhecer suas contradições, na transformação do olhar pelo método experimental, sem cobrar o que falta, fazer no mundo através das 5 sabedorias nas suas atividades no mundo = ação dharmata.

É importante encontrar-se com nossas contradições internas.Contradições são impulsos carmicos e aprender usar as 5 sabedorias é útil para qualquer situação nas aflições do mundo interno. Essas sabedorias podem estruturar nossas ações no mundo.

O método de aprendizado é em espiral e circular – o fim é um reinicio até quando se desvanecer no espaço.
Buda está por trás dos 5 Diani Budas(suas emanações) irradiando a energia de lucidez, semelhante ao sol que irradia seu calor incondicionalmente para todos constantemente, sempre disponível, nessa visão “ medite junto com Buda sentindo o brilho de seus olhos aparecer”.

O projeto pedagógico da escola Caminho do meio de Viamão está baseado na sabedorias dos 5 Diani Budas dividido em 5 módulos:

1º - Buda Akshobia, azul (vajra)– o tema é acolhimento, receber os outros no seu mundo baseado na sabedoria de espelho , com a lucidez da inseparatividade e coemergência, acolher as pessoas do jeito que são sem julgamento, colocar-se numa posição de compreender a mente do outro

2º - Buda Ratnasambaba, dourado (guru) – capacidade de se alegrar por proporcionar algo para o outro, desenvolver o contentamento pelo progresso do outro é fofoca budista....Depressão é falta de ratnasambaba nas veias, seja um aliado do outro. Este Buda é a essência da humanidade, trabalhar pelos outros através de sua sabedoria da igualdade dá sentido à vida; dar proteção ao outro trás felicidade = dimensão afetiva de proteção. Todos têm ratnasambaba em algum lugar, algo para dar contra as carências.

3ºBuda Amithaba, vermelho(pema) – trabalha a impermanência, a morte, os apegos sem procurar culpados; com sua sabedoria discriminativa até a sabedoria primordial, promovendo o entendimento dos outros, dos objetos das emoções, dos pensamentos, do Eu etc.

4º - Buda Amogasidi, verde(sidhi) – trabalha resultados, avaliações finais através da sabedoria da causalidade, o que se faz resulta em algo, positivo = positivo, negativo = negativo e transformar o negativo em positivo. As coisas negativas não devem ser desperdiçadas, nem rejeitadas, aproveite para gira-las do negativo para o positivo = pegar obstáculos e transformar em vantagens. É possível aproveitar favoravelmente os acordos para resolver ações negativas e criar novos vínculos.

5º - Buda Vairochana, branco(hum) – oferece a fluidez, as férias, a liberdade através da sabedoria da transcendência, a natureza livre da mente de poder surgir através de vários personagens.

Estas sabedorias estão resumidas no mantra:
OM AH HUM vajra(ou benza) guru padma( ou pema) sidhi hum,Chamando em cada cor a sabedoria do Buda correspondente
No youtube é possível ouvir esse mantra pesquisando por Padmasambaba.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

No caminho do perdão

Encontrei na psicologia budista praticas que incentivam o desenvolvimento do perdão.
Perdoar não é para os fracos, é para os corajosos porque requer humildade para reconhecer qual a responsabilidade pessoal
em tudo que nos acontece, de bom ou ruim.

Todos nós já magoamos e fomos magoados de forma grave ou pequena; todos nós já traímos e fomos traídos e todos nós
já separamos e fomos excluídos.

Por que ?????????????

Porque todos nós somos humanos, simplesmente humanos.....

Perdoar não significa fechar os olhos, nem se omitir; mas sem o perdão não nos desligamos do passado para caminhar livres para o futuro.

Resistir a perdoar é resistir a sentir-se livre.
Resistir a perdoar é insistir na vingança – insistir em manter o(s) outro(s) preso(s) a nossa história, como se fosse uma punição
pelo sofrimento que nos causaram.

mas.......
quem vai carregando essa mala pesada e mal cheirosa somos nós mesmos.....enquanto os outros se divertem.....

Por outro lado enquanto não encontramos uma forma de nos sentirmos perdoados por nossos enganos, encurtamos nossa liberdade e agravamos a dependência aos nossos pequenos tiranos como uma forma de expiação de culpas.

As experiências do passado – de sucesso ou decepção - só deveriam servir como aprendizados, não como bolas de aço presas aos pés.

Buda dizia que a vingança é uma pedra incandescente que seguramos na mão, mas que antes de atingir o inimigo, nos queima.

Perdoar é dizer adeus ao sofrimento.
Perdoar é desistir de sentir raiva.

A pratica do perdão não é assim tão simples.

Primeiro: é preciso reconhecer quanto tempo perdemos na lembrança e nas recordações
de fatos do passado para alimentar as contrariedade que sofremos.
Segundo: no cultivo das mágoas passamos poder demais a esses momentos e às pessoas envolvidas, deixamos de usufruir o presente e de construir o futuro.
Terceiro e mais difícil:reconhecer o quanto de apego às crenças pessoais há nesses sofrimentos - “tinha que ter sido do meu jeito, na minha vontade”
Quarto: volte a mente para o presente e futuro, não olhe para trás – é inútil, totalmente inútil.
Quinto :perdoar não é esquecer; perdoar é suavizar a memória das encrencas se entretendo com os projetos pessoais do presente, já que não é possível compreender totalmente porque fizeram isso conosco ou porque agimos de uma tal forma.
Sexto : desista de fazer justiça, deixe isso para a própria natureza.

Jack Kornfield conta num dos seus livros:
“Dois idosos prisioneiros de guerra se reencontram anos mais tarde; o primeiro pergunta ao segundo se ele já perdoou seus carcereiros.
_não, jamais!!! responde ele.
_então...ele continuam a te manter prisioneiro!”

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Natal e o FIB


A cidade já está agitada: musicas ecoando, pessoas buzinando mais do que o habitual, flocos de “neve” nas calçadas, programação de comidas e aproveitando a chuva dos feriados as compras já estavam a mil.

Paralelamente ouço comentários sobre essa sensação de estranhamento que antecede as festas de fim de ano.
Será que é a lembrança do que não foi realizado? das expectativas que não aconteceram ou aconteceram de outra forma ?

A palavra sofrimento citada no Budismo, na nossa cultura vem carregada de um certo drama de novela; o termo insatisfação traduz melhor essa sensação.

A insatisfação está diretamente ligada às nossas expectativas.... irreais.

Quanto menos expectativa, menos insatisfação.

E quem coloca a medida da expectativa é você mesmo(a) !!!!!!!

Por outro lado, a felicidade mais genuína é a satisfação.
Os vários prazeres, comidas, sexo, compras, viagens etc. são bons mas são somente uma parcela da satisfação.

Então...... se depende de você determinar o nível das expectativas, é você quem determina o teu FIB, teu índice de felicidade interna bruta!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Meditação para o amanhecer e anoitecer

Divirto-me com tantas listas que aparecem nos estudos do Budismo:
6 paramitas( perfeições), 5 delusões, 10 ações negativas. 5 preceitos, 5 poderes espirituais, 3 canais, 33 chacras, 10 terras dos Bodisatvas, 37 fatores da iluminação etc.etc.

Uma das explicações é que, numa tradição oral como foi o Budismo nos 5 primeiros séculos, a enumeração dos temas evitou a deformação dos ensinamentos e a perda dos conteúdos – era uma forma de controle e verificação de qualidade.

A prece das 4 meditações ilimitadas é umaforma simples e ao mesmo tempo profunda de resumir os objetivos da filosofia budista.

Essas 4 idéias resumem as qualidades de uma mente amiga, afetuosa, alegre e livre de preconceitos.
Ou seja, correspondem às idéias de amor, compaixão, alegria e igualdade.

Verifique:
as pessoas que você ama oferecem uma ou mais dessas qualidades - Não é ?!

Sabemos que nada é garantido; que no final da novela da vida todos vamos morrer.
Sabemos que a vida obriga a nos despedirmos do que e de quem mais gostamos.
Sabemos da necessidade de procurar sentido para a vida para não esmorecer.
Somos cobertos por uma pele de medos que nos deixa vulneráveis e frágeis.
Mas tudo isso não faz parte da nossa verdadeira natureza; tudo isso é apenas um capítulo da nossa existência, ainda haverá muita história em outras existências – pelo menos essa é a hipótese budista....

Entrar em contato com essas 4 qualidades nas 4 meditações ilimitadas deixadas por Buda nos transforma e transforma os ambientes porque fazem parte da nossa verdadeira natureza.

As 4 qualidades se completam, elas se equilibram mutuamente. Esse equilíbrio é fundamental na psicologia budista:
O amor, a compaixão e a alegria podem se transformar numa fonte de apego e desejo; então é a equanimidade ( igualdade) – nem atração, nem aversão – que dá o equilíbrio.
Já a equanimidade por si só pode se transformar num estado distante e frio, então as outras 3 qualidades a compensam.

O Budismo é caracterizado por uma psicologia positiva e o cultivo dessas 4 qualidades garantem uma mente otimista sem alienação e a paz interior.

Encontro nos ensinamentos do monge budista J. Kornfield:

“quando a consciência é pacífica e aberta demonstramos equanimidade.
Assim que nosso coração sereno reencontra outros seres, ele se enche de amor.
Quando esse amor reencontra a dor, ele se transforma naturalmente em compaixão.
E quando esse mesmo amor sincero reencontra a felicidade, ele se transforma em alegria.”

Interpretando a forma tradicional de recitar as 4 qualidades incomensuráveis, podemos começar
(e terminar ) nossos dias assim :

Que todos nós possamos viver em amizade.
Que todos nós possamos com compaixão.
Que todos nós possamos conviver com alegria.
Que todos nós possamos conviver em equanimidade, livres da atração por uns e aversão por outros.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O ótimo é inimigo do bom

Rolando, meu marido, é engenheiro e sempre que insisto em melhorar muito as coisas repete esse ditado que ouvia de um companheiro de profissão.
Quando teimamos em alcançar a perfeição ( ou o que pensamos ser a perfeição) a insatisfação torna-se nossa fiel escudeira, e...não conseguimos terminar as tarefas e, permanentemente , nos distanciamos das zonas de conforto.

Cada tempo de vida que vivemos é precioso.
O Budismo sugere que abandonemos o ideal da perfeição para conseguir realizar o possível desta experiência = simplesmente viver a vida.

Querer a perfeição pode ser até um mecanismo de defesa para não concluir etapas e não precisar encarar novos desafios.
Também pode ser uma forma de cultivar o stress para mostrar que somos super ocupados.
Além disso, e um pouco mais grave, pode ser preguiça disfarçada – porque, enquanto estamos otimizando os projetos, outros estão resolvendo o que sobrou para resolver.
O medo das avaliações negativas, baixa auto-estima, complexos de inferioridade também são motivações para o exagero na conquista da qualidade.

Você já descobriu onde exagera nessa busca do ótimo?
Limpezas profundas, modernizações, expectativas exageradas, cursos infinitos, salários inalcançáveis, ambição desmedida, roteiros lineares etc etc

A amiga Maria Elisa enviou o texto abaixo com sugestões para usarmos como espelho e .....simplesmente aprender a relaxar no bom.

Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em Comunicação, em Londres.

Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte...
(Leila Ferreira)
Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas
hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor
operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os
outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça -
e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor,
de repente, nos parece superado, modesto, aquém
do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor,
é que passamos a viver inquietos, numa espécie
de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos,
porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos
ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os
outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor,
comprando melhor, amando melhor, ganhando
melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás,
de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que
subir na empresa e assumir o cargo de chefia que
vai me matar de estresse porque é o melhor cargo
da empresa?

E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de
casa e vou porque tem o "melhor chef"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado
porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem
mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca
permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o
"bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.

A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos
faz mais felizes do que os homens "perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu,
mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...

O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas
das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e
sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?

Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" a gente nem percebeu?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quatro fases para viver

Os seres humanos como todos os seres mamíferos vivem durante a vida 4 estágios:

Criança – não auto-suficiente, com medos, necessidade de proteção e dependência dos genitores

Adulto – auto-suficiente, capaz de bancar sua sobrevivência, autonomia de escolhas, capacidade de lidar com medos de forma independente.

e genitor- dedicação às crianças e aos outros, cuidados para continuidade da espécie.



Giulio Giacobbe costuma dizer:

A criança pede

O adulto pega

O genitor dá



A personalidade criança sempre precisa de aconchego( cudiados) dos outros

A personalidade adulto sabe se dar aconchego, cuidar-se sozinho

A personalidade genitor tem a capacidade de dar aconchego, cuidar dos outros





As fases vividas corretamente em cada etapa e amadurecidas são parte da evolução dos seres; são também modelos de comportamento.

Todos temos as 3 fases embutidas na personalidade.



A personalidade criança deveria se despedir na puberdade.

A personalidade adulta deveria se despedir lá pelos 30 anos.

A personalidade genitor deveria chegar lá pelos 30 anos prontos para procriar e/ou cuidar de outros.



Porém.............

Muitas vezes não seguimos as leis da natureza e

Somos adultos-crianças mimadas nas relações

Genitores de pais e companheiros

Crianças apressadas mini-adultos



E vários outros,

Tipo:

Crianças de 27 anos, morando com os pais

Adultos com mais de 20 como aos 14 anos, namorando mocinhos

Genitores de 30 como aos 10 anos, exigindo atenção



Enfim: cada “estado neurótico”, quando o comportamento foge da realidade visível, tem sua fórmula e além disso: procura seus pares fazendo duetos,



Criança –criança

Criança- adulto

Criança-genitor

Adulto-adulto

Adulto-genitor

Genitor-genitor





Em que fase você se encontra neste momento? Qual o papel da pessoa com quem você convive?



Bem..e a quarta personalidade?



É budeidade, o estado de Buda.

Quando, depois de ter vivido a criança, o adulto e o papel de genitor é possível realizar a serenidade.

A serenidade é o estado de Buda através da

Superação dos seus próprios medos e

Do apoio aos outros para superar os seus medos da velhice, da doença, da morte, da pobreza.



O estado de Buda é a sabedoria que compreendeu que

Realidade é somente o ambiente que está a sua volta e consegue captar com os 5 sentidos

A vida é uma eterna mudança,

Aceita essa mudança e

Acolhe a vida como ela é libertando-se das neuroses, dos sofrimentos e dos apegos inúteis.



A seqüência completa da evolução é:

Criança-adulto-genitor-buda



Se você tiver interesse pode ler mais sobre o assunto no livro:

Allá Ricerca delle coccole perdute

una psicologia rivoluzionaria per il single e per la coppia

Giulio Cesare Giacobbe

Ed.Ponte Alle Grazie

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Nunca desista

“Nunca desista , não importa o que aconteça.
Nunca desista, desenvolva seu Coração.
Muita energia no seu país (lugar)
Está sendo gasta para desenvolver a razão ao invés do Coração
Seja compassivo
Não só para seus amigos, mas para todos
Seja compassivo
Trabalhe pela paz no seu coração e no mundo.
Trabalhe pela paz e digo novamente – nunca desista.
Não importa o que esteja acontecendo,
Não importa o que apareça a sua volta,
Nunca desista.”
SS IV Dalai Lama


Os versos acima são tradução do anexo enviado por Doju, monja budista da tradição Soto Zen que mora na Itália e que recentemente compartilhou suas experiências conosco aqui em Santos.

Os versos pertencem a SS IV Dalai Lama, Yontem Gyatso, que viveu por volta de 1590 e bisneto de Althan Khan ( da família de Gengis Khan) , único Dalai Lama nascido fora do Tibet, na Mongólia, entre varias disputas de povos e seitas.
Um de seus Mestres foi I Panchen Lama, grande erudito de seu tempo.
Faleceu ainda jovem aos 25 anos.

Os séculos passam e as guerras continuam; guerras externas e internas.

Na verdade, aprender a desistir faz parte da sabedoria.

Desistir das fixações, das manias, das crenças pessoais, das tentativas de controlar a vida, da necessidade de tornar tudo
seguro e garantido, de agradar, de parecer jovem , de encontrar o romance ideal, de querer justiça a qualquer preço......
bem....a lista vai longe.

Na verdade a sabedoria chega quando decidimos desistir de sofrer.
Todo sofrimento tem um apego do qual não queremos desistir.

Mas, como diz, esse Dalai Lama na sua juventude genial, desistir de tudo mas
nunca desistir de manter o coração compassivo.

Coração compassivo,afasta bondosamente o drama, evita julgar mas mantém a lucidez – o fato como ele é, sem adjetivos.

E lembre-se:

Quando as coisas ficarem muito difíceis, pare, abrace seu coração compassivo, relaxe e pense se não é hora de desistir e encontrar outro caminho.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sincronicidades da bondade amorosa

Na semana que passou durante os encontros de estudos, um dos temas foi “ o que é amar”.
Qual a tua definição para amar?

Para facilitar pense em quem você não se cansa de amar, mesmo com as contrariedades que acompanham todas as relações. Só não vale colocar filhos e netos porque nessas relações a produção do hormônio oxitocina, resultado desses vínculos profundos pode mascarar a definição.

Pensou o que é amar?

Então...

No Tibet no lugar do verbo amar, é usada a expressão bondade amorosa.
Cultivar a bondade amorosa por todos os seres, sem preconceitos, parece mais viável.

Na bondade amorosa o foco está no bem-estar do outro, seja um humano, um animal ou um Buda – mesmo que isso contrarie o nosso ponto-de-vista.

A bondade amorosa é recheada pelas 4 generosidades:

Dar apoio material
Dar proteção
Ensinar o que sabe
Aceitar sem condições

Bem, concordemos, uma super tarefa; mas vale ter esse modelo como objetivo para corrigir as loucuras do amor ignorante a que estamos condicionados.
Amor ignorante é aquele que super protege, compensa com excessos materiais e comestíveis, minimiza a auto-responsabilidade, mascara os enganos, negligencia os limites dos outros e paga para tirar o problema da frente – é um amor egoísta; a bondade amorosa é altruísta e prevê fundamentalmente a responsabilidade dos atos.

Sincronicamente recebi da Bodisatva o importante texto abaixo e compartilho com você; se puder compartilhe essas sabias palavras com seus conhecidos.

A pratica de Methabavana pessoalmente dissolve raivas e outras sensações “estranhas” ao mesmo tempo que reflete um fluxo de bondade e lucidez na direção da pessoa a quem dedicamos a pratica.
Experimente confiantemente com teus Mestres de treinamento, aqueles “pequenos tiranos” com quem você convive e observe os resultados interessantes surgirem.


Bodisatva | Transformação de Dentro para Fora



________________________________________
Transformação de Dentro para Fora

Muitas vezes dizemos que seres humanos são “bichos de relação”. Temos a vida norteada e sustentada por relações de todos os tipos: afetivas, profissionais, familiares, espirituais. Relações do passado, presente e futuro parecem construir nossas histórias. Muitas vezes nos sentimos marcados e até nos definimos a partir das relações. Conversamos sobre elas nas rodas de amigos, consultórios, escolas, no trabalho, na folia… Segredos, momentos de alegria e êxtase, noites insones… Ah, as relações… Como tranformá-las?
Olhando de modo mais honesto, a maioria delas talvez tenha um tom utilitário. Oferecemos uma lista de necessidades a alguém, que nos oferece lista semelhante e negociamos. “Ok, amo você, aceito fazer o que me pede, caso você cumpra isso e mais aquilo…” E seguimos, entre pequenas alegrias e grandes frustrações. Parece um jeito pouco hábil de ser feliz.
S.S. Dalai Lama nos lembra que todos aspiramos encontrar a felicidade e ultrapassar o sofrimento. Será que podemos amar de modo mais profundo, tecer relações mais saudáveis, afinadas com nossas aspirações de felicidade?
Uma das práticas mais comoventes que o budismo nos oferece é Metabhavana – Meditação do Amor Universal. Tal prática tem se mostrado uma preciosa ferramenta que opera em nossos corações e mentes, gerando espaços por vezes inusitados.
A partir dessa prática geramos mundos nos quais as relações saudáveis e lúcidas são possíveis. A partir de ambientes sutis, descobrimos novos caminhos, novos modos de tecer as relações. Focamos cada pessoa, incluindo a nós mesmos, as árvores, os bichos… “Que meu filho seja feliz e ultrapasse o sofrimento. Que encontre as causas da felicidade e ultrapasse as causas do sofrimento. Que seus automatismos se dissolvam e surja nele um olho de lucidez instantânea diante de tudo e de todos. Que ele seja capaz de gerar benefícios aos outros e encontre nisso sua fonte de energia”.
“Que meu filho seja feliz”. Parece incrível, mas raramente temos essa visão. Sentimos que amamos muito nosso filho, mas geralmente aspiramos que ele “se dê bem na vida”, que nos respeite, ou algo semelhante. De modo aparentemente “natural”, surgem em nossa mente algumas – ou muitas – condições que consideramos necessárias para seu bem-estar, vitórias, conquistas, etc. E se tais condições não se manifestam, a relação desanda, a comunicação fica comprometida e a lucidez nos falta. Olhar para o próprio filho a partir de outros referenciais pode transformar por completo uma rede de relações ligadas ao passado, presente e futuro. Descobrimos que nossas necessidades de controle, e todas as negociações e estratégias de controle podem cessar. A vida fica mais simples. As relações saudáveis vão surgindo aqui e ali, e um novo tecido humano se torna possível.
A prática de Metabavana, aparentemente simples, tem restaurado relações de modo surpreendente. Funciona. Não porque usamos palavras mágicas, mas porque nosso olhar constrói. Revela a co-emergência operando. Mas isso já é outra história. Melhor experimentar. E se preparar para amar de modo mais profundo. Que todos sejam felizes!

http://bodisatva.com.br/
Posts relacionados:
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2. A meditação e seus pequenos milagres
3. Conselho precioso de Alan Wallace

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Para resolver a equação, filhos=preocupação

Para pais aflitos e filhos insatisfeitos.....

Na semana passada, durante um programa de TV ouvi a brincadeira:
“ se você morresse e encontrasse com Deus o que você falaria?
_eu diria: Você tem muitas coisas para me explicar...”

Uma dessas coisas é como resolver satisfatoriamente a preocupação com os filhos.
Resolver, ou melhor, transformar positivamente essa sensação de incapacidade frente a tantos desafios e duvidas.

Joan Manuel Serrat na sua música “ Esos locos bajitos” canta algumas dessas sensações:

Nos empenhamos a dirigir suas vidas sem saber a função e sem vocação.
Vamos transmitindo-lhes nossas frustrações através das canções.
(repetimos): para de jogar bola, isso não se fala, isso não se faz, isso não se toca.
Nada nem ninguém pode impedir que sofram,
Que os ponteiros avancem no relógio,
Que decidamos por eles,
Que se enganem,
Que cresçam e que um dia
Nos digam adeus.

Nos preocupamos por quem não acreditamos competentes.

Sentimos os filhos como extensão da nossa vida e, por isso, nos sentimos responsáveis por suas escolhas.
Até onde entendi, ser mãe, ser pai é apoiar as experiências que os filhos escolhem ou que a vida lhes presenteia.
Tentar não ter expectativas, evitar lutar contra suas certezas,projetar nossos sonhos, medos, sustos e sustentar suas dores ......é uma tarefa bastante dificil.

Mesmo porque , ao mesmo tempo que tentamos fazer isso, o filme da nossa vida continua rolando com os sustos da nova velha idade, os novos medos, os sonhos despedidos e expectativas frustradas.

Mesmo com todo esse trabalho, os momentos de realização e superação nos dão esperança acendem a admiração por nossos
“locos bajitos”.

Tudo isso para concluir com a frase de um Mestre Indiano que li no encontro com SS Dalai Lama, mas que infelizmente não lembro o nome:

“não se preocupem com seus filhos, rezem por eles!”

Para resolver a equação, filhos=preocupação

Para pais aflitos e filhos insatisfeitos.....

Na semana passada, durante um programa de TV ouvi a brincadeira:
“ se você morresse e encontrasse com Deus o que você falaria?
_eu diria: Você tem muitas coisas para me explicar...”

Uma dessas coisas é como resolver satisfatoriamente a preocupação com os filhos.
Resolver, ou melhor, transformar positivamente essa sensação de incapacidade frente a tantos desafios e duvidas.

Joan Manuel Serrat na sua música “ Esos locos bajitos” canta algumas dessas sensações:

Nos empenhamos a dirigir suas vidas sem saber a função e sem vocação.
Vamos transmitindo-lhes nossas frustrações através das canções.
(repetimos): para de jogar bola, isso não se fala, isso não se faz, isso não se toca.
Nada nem ninguém pode impedir que sofram,
Que os ponteiros avancem no relógio,
Que decidamos por eles,
Que se enganem,
Que cresçam e que um dia
Nos digam adeus.

Nos preocupamos por quem não acreditamos competentes.

Sentimos os filhos como extensão da nossa vida e, por isso, nos sentimos responsáveis por suas escolhas.
Até onde entendi, ser mãe, ser pai é apoiar as experiências que os filhos escolhem ou que a vida lhes presenteia.
Tentar não ter expectativas, evitar lutar contra suas certezas,projetar nossos sonhos, medos, sustos e sustentar suas dores ......é uma tarefa bastante dificil.

Mesmo porque , ao mesmo tempo que tentamos fazer isso, o filme da nossa vida continua rolando com os sustos da nova velha idade, os novos medos, os sonhos despedidos e expectativas frustradas.

Mesmo com todo esse trabalho, os momentos de realização e superação nos dão esperança acendem a admiração por nossos
“locos bajitos”.

Tudo isso para concluir com a frase de um Mestre Indiano que li no encontro com SS Dalai Lama, mas que infelizmente não lembro o nome:

“não se preocupem com seus filhos, rezem por eles!”

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs, a gente se vê na Terra Pura!

Nestas últimas noticias desconfiei que ele se inspirava na propostas budistas.
Mas não!!! Ele foi budista e desde muito cedo; até ensaiou ser um monge zen-budista.

Como deve ser reconfortante ir embora embalado pela gratidão de milhões de pessoas!
Gratidão pelo trabalho realizado, pelas frases ditas, pelos pensamentos renovadores, pelas grandes idéias, pelo bom combate !!!

Gratidão pelas ações de corpo, palavra e mente de alguém, pelo menos aparentemente, desprovido da vaidade da celebridade.
Gratidão pelo que S. Jobs facilitou para nos sentirmos interdependentes; ele é um dos personagens do “fenômeno internet” – o aprendizado da vacuidade na pele, nos dedos, nas telas e nos ícones – nas respostas rápidas, na comunicação urgente.
E, palmas, muitas palmas, um personagem que jogou limpo!!!!

S. Jobs foi um dos loucos geniais da nossa era.
Seus rastros serão vistos e sentidos durante bastante tempo.


Ficam pra nós alguns recados que ele deixou para pensar, meditar e usar já que somos responsáveis pela nossa vida.

Num anúncio que vai mostrando imagens de Luter King, Gandhi, Eistein, Callas, Lenon, Picasso, Hitchcock entre outros termina com “pense diferente” enquanto a voz quente de Steve Jobs recita:

Aqui estão alguns loucos. Os deslocados. Os rebeldes. Os criadores de problema. Aqueles que enxergam as coisas de forma diferente. Eles não são reféns das regras. E eles não têm respeito pelo status quo. Você pode citar, discordar, glorificar ou desqualifica-los. A única coisa que não dá para fazer é ignora-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana pra frente. Enquanto alguns os percebem como loucos, nós os vemos como gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo, são aquelas que realmente mudam.

Se quiser você pode ver esse anúncio (que nunca foi veiculado) no blog do Marcelo Tas.

Aproveito este nosso encontro virtual para compartilhar ( para quem ainda não teve a oportunidade de ler) o discurso tocante de S. Jobs como paraninfo intitulado– enviado gentilmente pela Alessandra:

Você tem que encontrar o que você ama.

“Você tem que encontrar o que você ama. Estou honrado de estar aqui, na formatura
de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade.
Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de
formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso.
Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18
meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo
começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira
que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas
com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento
por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam
mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no
meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles
disseram: “É claro.”
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado
na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou
a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais
prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para
a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto
Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora,
estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não
podia ver valor naquilo.
Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a
universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o
dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e
acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores
decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias
obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam
interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e
por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola
para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros
pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna.
Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição,
mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o
Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo
o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de
mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais,
decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa,
sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o
que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma
maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais
tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós
colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu
nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes
múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows
simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia
e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que
era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na
faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os
conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles
vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra,
destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me
decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu
começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos
duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares
e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior
criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem,
quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro
ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir.
Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o
foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem
saber o que fazer por alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha
deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu
encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo
daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do
Silício].
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi
quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da
Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem
sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas
sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da
minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT,
outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se
tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de
animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a
Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos
nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria
acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida
bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única
coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que
descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para
com as pessoas que você ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar
realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única
maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim
como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em
qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos
passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia
como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou,
e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã
e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E
se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei
para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas
externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte,
deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu
coração.
Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a
armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para
não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma
imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um
pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que
eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou
a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar
para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que
você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em
que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu
estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram
algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou
que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era
uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu
operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais
perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer
a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito
apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o
céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca
conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a
principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para
abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito
distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão
dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras
pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição.
Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é
secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog.
Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe
daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes
dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas
de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era
idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram
várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão,
eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele
tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam
as palavras:“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre
desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo,
eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Obrigado.”
Discurso de Steve Jobs na Universidade de Stanford em 2005.
Steve Jobs era zen-budista ele converteu-se ao Budismo quando era jovem e
chegou a pensar em se dedicar totalmente à filosofia, abrindo mão dos
negócios e vivendo como monge em um monastério do Japão. Para a
felicidade de todos nós, Jobs foi dissuadido da ideia e retornou aos Estados
Unidos.

Steve Jobs,
Tashidelê, Boa sorte !

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sobre o renascimento do próximo Dalai Lama

Declaração de SS o Dalai Lama

Posted: 03 Oct 2011 11:39 AM PDT

Logo após a visita ao Brasil, SS o Dalai Lama fez um pronunciamento sobre várias questões importantes. Falou sobre sua próxima encarnação e se a instituição “Dalai Lama” irá continuar, considerando a ocupação chinesa no Tibete e ainda fez um comentário detalhado sobre o processo das encarnações do mestres tibetanos e o fenômeno dos “tulkus”.

A tradução do texto em inglês foi feita por Jeanne Pilli e revisada por Marcelo Nicolodi. O original em inglês pode ser encontrado no site oficial de SS o Dalai Lama. A declaração foi publicada no dia 24 de setembro de 2011.

Introdução

Meus companheiros Tibetanos, tanto dentro como fora do Tibete, todos aqueles que seguem a tradição Budista Tibetana, e todos que têm conexão com o Tibete e com os tibetanos: devido à previdência de nossos antigos reis, ministros e eruditos adeptos, o ensinamento completo do Buda, que compreende as escrituras e os ensinamentos vivenciais dos Três Veículos e dos Quatro Conjuntos de Tantra e os assuntos e disciplinas relacionados, floresceu amplamente na Terra das Neves. O Tibete tem servido ao mundo como fonte de tradições budistas e outras tradições culturais relacionadas. Em particular, tem contribuído significativamente para a felicidade de incontáveis seres ​​na Ásia, incluindo a China, Tibete e Mongólia.

Na tarefa de defender a tradição budista no Tibete, nós desenvolvemos uma incomparável tradição tibetana de reconhecer as reencarnações de eruditos adeptos que tem sido de grande ajuda, tanto para os seres sencientes quanto para o Darma e, em particular, para a comunidade monástica.

Desde que o onisciente Gedun Gyatso foi reconhecido e confirmado como a reencarnação de Gedun Drub no século XV e a Gaden Phodrang Labrang (instituição do Dalai Lama) foi criada, sucessivas reencarnações foram reconhecidas. O terceiro na linhagem, Sonam Gyatso, recebeu o título de Dalai Lama. O quinto Dalai Lama, Ngawang Lobsang Gyatso, estabeleceu o Governo Gaden Phodrang em 1642, tornando-se o líder espiritual e político do Tibete. Por mais de 600 anos desde Gedun Drub, uma série de reencarnações inequívocas foi reconhecida na linhagem dos Dalai Lamas.

Os Dalai Lamas têm atuado como líderes políticos e espirituais do Tibete por 369 anos, desde 1642. Eu agora conduzi isto voluntariamente ao fim, orgulhoso e satisfeito para que possamos buscar o tipo de sistema democrático de governo que floresce em outras partes do mundo. Na verdade, já em 1969, deixei claro que as pessoas interessadas deveriam decidir se reencarnações do Dalai Lama deveriam continuar no futuro. No entanto, na ausência de diretrizes claras, se o público interessado expressar um forte desejo de que os Dalai Lamas devem continuar, há um risco evidente de que interesses políticos façam mau uso do sistema de reencarnação para cumprir sua própria agenda política. Portanto, enquanto eu permanecer física e mentalmente apto, me parece importante elaborar orientações claras para reconhecer o próximo Dalai Lama, para que não haja margem para dúvida ou engano. Para que estas diretrizes sejam plenamente compreensíveis, é essencial compreender o sistema de reconhecimento dos tulkus e os conceitos básicos por trás dele. Portanto, vou explicá-lo brevemente a seguir.

Vidas Passadas e Futuras

Para aceitar a reencarnação ou a realidade dos tulkus, precisamos aceitar a existência de vidas passadas e futuras. Os seres sencientes vêm para esta vida presente a partir de vidas passadas e têm novamente um renascimento após a morte. Este tipo de renascimento contínuo é aceito por todas as tradições espirituais e escolas filosóficas indianas antigas, com exceção dos Charvakas, que constituem um movimento materialista. Alguns pensadores modernos negam vidas passadas e futuras com a premissa de que não podemos vê-las. Outros não chegam a conclusões tão claras baseados nessa premissa.

Embora muitas tradições religiosas aceitem o renascimento, diferem em suas visões sobre o quê renasce, como renasce, e como é esta passagem pelo período de transição entre duas vidas. Algumas tradições religiosas aceitam a perspectiva de vida futura, mas rejeitam a idéia de vidas passadas.

Em geral, os budistas acreditam que não existe um início para os nascimentos e que uma vez atingida a liberação da existência cíclica pela superação do carma e das emoções destrutivas, nós não renasceremos sob a influência dessas condições. Portanto, os budistas acreditam que há um fim para o renascimento como resultado do carma e de emoções destrutivas, mas a maioria das escolas filosóficas budistas não aceita que o fluxo mental chegue a um fim. Rejeitar renascimentos passados e futuros seria uma contradição ao conceito budista de base, caminho e resultado, que deve ser explicado com base na mente disciplinada ou indisciplinada. Se aceitarmos este argumento, logicamente estaríamos aceitando que o mundo e seus habitantes surgem sem causas e condições. Portanto, para que você seja budista, é necessário que aceite renascimentos passados e futuros.

Para aqueles que se lembram de suas vidas passadas, o renascimento é uma experiência clara. No entanto, a maioria dos seres comuns se esquece de suas vidas passadas durante o processo da morte, estado intermediário e renascimento. Como renascimentos passados e futuros são obscuros para eles, precisamos usar uma lógica baseada em evidências para comprovar renascimentos passados e futuros.

Há muitos diferentes argumentos lógicos oferecidos pelos discursos do Buda e comentários subsequentes para provar a existência de vidas passadas e futuras. Resumidamente, se reduzem a quatro pontos: a lógica de que as coisas são precedidas por coisas similares, a lógica de que as coisas têm uma causa substancial, a lógica de que a mente obteve familiaridade com coisas no passado, e a lógica de ter obtido experiência com as coisas no passado.

Em última análise, todos esses argumentos se baseiam na idéia de que a natureza da mente, sua clareza e consciência, deve ter luminosidade e consciência como causa substancial. Ela não pode ter nenhuma outra entidade, tal como um objeto inanimado, como sua causa substancial. Isto é evidente por si mesmo. Por análise lógica, inferimos que um novo fluxo de luminosidade e consciência não pode surgir sem causas ou a partir de causas não relacionadas. Ao observar que a mente não pode ser produzida em laboratório, também inferimos que nada pode eliminar a continuidade da luminosidade e consciência sutis.

Que eu saiba, nenhum psicólogo, físico ou neurocientista moderno foi capaz de observar ou predizer a produção da mente a partir da matéria ou sem causa.

Há pessoas que podem lembrar suas vidas imediatamente anteriores ou mesmo várias vidas passadas, bem como são capazes de reconhecer lugares e parentes dessas vidas. Isto não é apenas algo que aconteceu no passado. Hoje em dia há pessoas, no oriente e no ocidente, capazes de recordar incidentes e experiências de suas vidas passadas. Negar isto não é uma forma honesta e imparcial de realizar pesquisas, porque vai contra esta evidência. O sistema tibetano de reconhecer reencarnações é um modo autêntico de investigação baseado nas lembranças de vidas passadas das pessoas.

Como o Renascimento Acontece

Existem duas formas pelas quais uma pessoa pode ter um renascimento após a morte: renascer por influência do carma e de emoções destrutivas e renascer pelo poder da compaixão e das preces. Com respeito à primeira, devido à ignorância, são criados carmas negativos e positivos e suas marcas permanecem na consciência. Estas são reativadas pelo desejo e apego, nos lançando para a próxima vida. Assim temos um renascimento involuntário em reinos inferiores ou superiores. Esta é a forma pela qual seres comuns circulam incessantemente pela existência como o girar de uma roda. Mesmo sob tais circunstâncias, seres comuns podem se engajar diligentemente com uma aspiração positiva em práticas virtuosas em suas vidas cotidianas. Eles se familiarizam com a virtude, que é reativada no momento da morte para que tenham um renascimento em reinos de existência superiores. Por outro lado, bodisatvas superiores, que realizaram o caminho da visão, não renascem por força de seus carmas e emoções destrutivas, mas pelo poder da compaixão pelos seres sencientes e com base em suas preces para benefício de outros. Eles são capazes de escolher o local e o momento de seu renascimento bem como seus futuros pais. Tal renascimento, que ocorre apenas para o benefício de outros, é o renascer pelo poder da compaixão e das preces.

O Significado de Tulku

Diz-se que o costume tibetano de usar o epíteto “Tulku” (Emanação do Corpo do Buda) para reencarnações reconhecidas surgiu quando foi utilizado por devotos como um título honorário, mas desde então tornou-se uma expressão comum. Em geral, o termo Tulku se refere a um aspecto particular do Buda, um dos três ou quatro descritos no Veículo dos Sutras. De acordo com esta explicação desses aspectos do Buda, uma pessoa que é totalmente vinculada às emoções destrutivas e ao carma tem o potencial de atingir o Corpo da Verdade (Dharmakaya), que compreende o Corpo da Verdade da Sabedoria e o Corpo da Verdade da Natureza. O primeiro se refere à mente iluminada de um Buda, que enxerga tudo direta e precisamente, assim como é, instantaneamente. Libertou-se de todas as emoções destrutivas, bem como de suas marcas, pela acumulação de mérito e sabedoria por um longo período de tempo. O último, o Corpo da Verdade da Natureza, refere-se à natureza de vacuidade daquela mente iluminada onisciente. Estes dois reunidos são por si mesmos aspectos dos Budas. No entanto, por não serem diretamente acessíveis aos outros, mas apenas pelos próprios Budas, é imperativo que os Budas se manifestem em formas físicas que sejam acessíveis aos seres sencientes para ajudá-los. Por isso, o aspecto físico final de um Buda é o Corpo de Completo Regozijo (Sambhogakaya), acessível aos bodisatvas superiores, e que tem cinco qualificações definidas, tais como residir no Céu de Akanishta. E a partir do Corpo de Completo Regozijo, manifestam-se miríades de Corpos de Emanações ou Tulkus (Nirmanakaya), de Budas, que surgem como deuses ou humanos e são acessíveis até mesmo para seres comuns. Estes dois aspectos físicos do Buda são chamados Corpos da Forma, voltados para os outros.

O Corpo de Emanação é triplo: a) o Corpo de Emanação Suprema como o Buda Shakyamuni, o Buda histórico, que manifestou as doze ações de um Buda tais como ter nascido em local escolhido por ele e assim por diante; b) o Corpo de Emanação Artística que serve os outros por surgir como artesãos, artistas e assim por diante; e c) Corpo de Emanação Encarnada, de acordo com o qual surgem Budas sob várias formas como seres humanos, deidades, rios, pontes, plantas medicinais, e árvores para auxiliar seres sencientes. Destes três tipos de Corpos de Emanação, as reencarnações de mestres espirituais reconhecidos como “Tulkus” no Tibet estão na terceira categoria. Entre estes Tulkus pode haver muitos que são Corpos de Emanação Encarnados de Budas verdadeiramente qualificados, mas isto não se aplica necessariamente a todos. Entre os Tulkus do Tibet pode haver aqueles que são reencarnações de bodisatvas superiores, bodisatvas que estão nos caminhos de acumulação e preparação, bem como mestres que evidentemente ainda não iniciaram estes caminhos dos bodisatvas. Portanto, o título de Tulku é dado a Lamas reencarnados tanto com base na semelhança com seres iluminados quanto através de sua conexão com certas qualidades de seres iluminados.

Como Jamyang Khyentse Wangpo disse:

“Reencarnação é aquilo que ocorre quando uma pessoa tem um renascimento após a morte de seu predecessor; emanação é quando a manifestação ocorre sem que sua fonte tenha falecido.”

Reconhecimento das Reencarnações

A prática de reconhecer quem é quem pela identificação da vida prévia de uma pessoa ocorreu até mesmo quando o próprio Buda Shakyamuni estava vivo. Muitos relatos se encontram nas quatro Seções Agama do Vinaya Pitaka, nas histórias Jataka, no Sutra do Sábio e do Tolo, no Sutra dos Cem Carmas e assim por diante, nos quais o Tatágata revelou as operações do carma, recontando inúmeras histórias a respeito de como os efeitos de certos carmas criados em vidas passadas são vivenciados por uma pessoa em sua vida presente. Da mesma forma, nas histórias das vidas de mestres indianos, que viveram depois do Buda, muitos revelam seus locais de renascimentos anteriores. Há muitas dessas histórias, mas o sistema de reconhecimento e numeração dessas reencarnações não ocorreu na Índia.

O Sistema de Reconhecimento de Reencarnações no Tibete

Vidas passadas e futuras foram afirmadas pela tradição indígena tibetana Bön antes da chegada do Budismo. E desde que o Budismo se espalhou pelo Tibete, absolutamente todos os tibetanos acreditam em vidas passadas e futuras. As investigações de reencarnações de mestres espirituais que apoiaram o Darma, bem como o costume de rezar devotadamente a eles, floresceram em todos os lugares do Tibete. Muitas escrituras autênticas, livros tibetanos originais como o Mani Kabum e os Ensinamentos Quíntuplos Kathang e outros como Os Livro dos Discípulos Kadam e a Guirlanda de Joias: Respostas a Buscas, que foram recontados pelo glorioso e incomparável mestre indiano Atisha Dipankara no Século XI no Tibet, contam histórias de reencarnações de Arya Avalokiteshvara, o bodisatva da Compaixão. No entanto, a tradição atual de reconhecimento formal de reencarnações de mestres teve início com o reconhecimento do Karmapa Pagshi como reencarnação do Karmapa Dusum Khyenpa por seus discípulos conforme sua previsão. Desde então, existiram dezessete encarnações do Karmapa ao longo de mais de novecentos anos. Da mesma forma, desde o reconhecimento de Kunga Sangmo como reencarnação de Khandro Choekyi Dronme no Século XV existiram mais de dez encarnações de Samding Dorje Phagmo. Então, entre os Tulkus reconhecidos no Tibet há praticantes monásticos e leigos, homens e mulheres. Este sistema de reconhecimento de encarnações se espalhou gradualmente para outras tradições budistas tibetanas, e o Bon, no Tibet. Hoje, há Tulkus reconhecidos em todas as tradições budistas tibetanas, Sakya, Geluk, Kagyu e Nyingma, bem como na Jonang e Bodong, que oferecem o Darma. E também é evidente que entre estes Tulkus alguns são uma vergonha.

O onisciente Gedun Drub, que foi discípulo direto de Je Tsongkhapa, fundou o Monastério Tashi Lhunpo em Tsang e cuidou de seus alunos. Faleceu em 1464 com 84 anos de idade. Embora inicialmente nenhum esforço tenha sido feito para identificar sua reencarnação, as pessoas foram obrigadas a reconhecer uma criança chamada Sangye Chophel, nascida em Tanak, Tsang (1476), devido às surpreendentes e perfeitas recordações de sua vida passada. Desde então, iniciou-se a tradição de buscar e reconhecer as reencarnações sucessivas dos Dalai Lamas pelo Gaden Phodrang Labrang e mais tarde pelo Governo Gaden Phodrang.

As Formas de Reconhecer Reencarnações

Depois que este sistema de reconhecimento de Tulkus passou a existir, vários procedimentos começaram a ser desenvolvidos. Entre estes, alguns dos mais importantes incluem uma carta preditiva do predecessor e outras instruções e indicações que podem ocorrer; observar a reencarnação contando e falando de forma confiável sobre sua vida anterior; identificação de pertences do predecessor e reconhecimento de pessoas que eram próximas a ele. Alem destes, outros métodos incluem solicitar adivinhações de mestres espirituais confiáveis bem como buscar previsões de oráculos mundanos, que se manifestam por meio de médiuns em transe, e observar as visões que se manifestam em lagos sagrados de protetores como Lhamoi Latso, um lago sagrado ao sul de Lhasa.

Quando existe mais de um candidato em potencial a ser reconhecido como um Tulku, e torna-se difícil decidir, há uma prática para a tomada de decisão final por adivinhação que emprega o método da bola de massa de pão (zen tak) diante de uma imagem sagrada enquanto se evoca o poder da verdade.

Emanação Antes do Falecimento do Predecessor (ma-dhey tulku)

Geralmente uma reencarnação deve ser alguém que renasce como um ser humano após seu prévio falecimento. Seres humanos comuns geralmente não são capazes de se manifestar como emanação antes de sua morte (ma-dhey tulku), mas bodisatvas superiores, que podem se manifestar em centenas ou milhares de corpos simultaneamente, podem manifestar-se como emanações antes da morte. No sistema tibetano de reconhecimento de Tulkus há emanações que pertencem ao mesmo fluxo mental do predecessor, emanações conectadas a outras pelo poder do carma e preces, e emanações que surgem como resultado de bênçãos e nomeação.

O propósito principal do surgimento de uma reencarnação é a continuidade do trabalho incompleto do predecessor para servir ao Darma e aos seres. No caso de um Lama que é um ser comum, ao invés de ter uma reencarnação pertencente ao mesmo fluxo mental, uma outra pessoa conectada a este Lama por meio de carma puro e preces pode ser reconhecida como sua emanação. Como alternativa é possível ao Lama apontar um sucessor que seja seu discípulo ou alguém mais jovem para que seja reconhecido como sua emanação. Já que estas opções são possíveis para o caso de um ser comum, é possível uma emanação antes da morte que não pertença ao mesmo fluxo mental. Em alguns casos, um Lama realizado pode ter várias reencarnações simultaneamente, tais como encarnações de corpo, fala e mente e assim por diante. Recentemente, tivemos emanações antes da morte bem conhecidas como Dudjom Jigdral Yeshe Dorje e Chogye Trichen Ngawang Khyenrab.

O Uso da Urna Dourada

À medida que esta era de degeneração avança, e como cada vez mais reencarnações de lamas realizados estão sendo reconhecidas, algumas delas por motivos políticos, um número crescente tem sido reconhecido por meios inapropriados e questionáveis, e como resultado, tem sido causado um enorme prejuízo ao Darma.

Durante o conflito entre o Tibete e os Gurkhas (1791-93) o Governo Tibetano teve que recorrer à ajuda militar da Manchúria. Consequentemente, os militares Gurkha foram expulsos do Tibet, mas mais tarde os oficiais da Manchúria fizeram uma proposta de 29 pontos sob o pretexto de tornar a administração do Governo Tibetano mais eficiente. Esta proposta incluiu a sugestão de sorteio de nomes dos candidatos colocados em uma Urna Dourada para decidir o reconhecimento das reencarnações dos Dalai Lamas, Panchen Lamas e Hutuktus, um título mongol dado a Lamas importantes. Assim, este procedimento foi seguido em casos de reconhecimento das reencarnações dos Dalai Lamas, Panchen Lamas e outros Lamas importantes. O ritual a ser seguido foi escrito pelo Oitavo Dalai Lama Jampel Gyatso. Mesmo depois de tal sistema ter sido introduzido, o procedimento foi dispensado nos casos do Nono, do Décimo-Terceiro e no meu próprio caso, o Décimo-Quarto Dalai Lama.

Mesmo no caso do Décimo Dalai Lama, a reencarnação autêntica já tinha sido encontrada, e na realidade este procedimento não foi seguido; mas para agradar os oficiais da Manchúria foi meramente anunciado que o procedimento havia sido observado.

O sistema da Urna Dourada foi realmente usado apenas nos casos do Décimo-Primeiro e do Décimo-Segundo Dalai Lamas. No entanto, o Décimo-Segundo Dalai Lama já havia sido reconhecido antes do procedimento ter sido empregado. Sendo assim, houve apenas uma ocasião em que o Dalai Lama foi reconhecido por esse método. Da mesma forma, entre as reencarnações do Panchen Lama, com exceção do Oitavo e do Nono, este método não foi empregado em nenhum outro caso. Este sistema foi imposto pelos manchurianos, mas os tibetanos não acreditavam nele por ser desprovido de qualquer qualidade espiritual. No entanto, se fosse utilizado de forma honesta, poderíamos considerá-lo um método similar à adivinhação pelas bolas de massa de pão (zen tak).

Em 1880, durante o reconhecimento de Décimo-Terceiro Dalai Lama como a reencarnação do Décimo-Segundo, ainda existiam traços da relação religiosa-temporal entre o Tibet e a Manchúria. Ele foi reconhecido como a reencarnação inequívoca do oitavo Panchen Lama, pelas previsões dos oráculos de Nechung e Samye e pelas visões em Lhamoi Latso, e por isso o procedimento da Urna Dourada não foi seguido. Isto pode ser claramente compreendido por meio do testamento final do Décimo-Terceiro Dalai Lama do Ano do Macaco de Água (1933) no qual ele declara:

“Como vocês sabem, eu não fui escolhido pela forma costumeira de sorteio da Urna Dourada, mas minha escolha foi anunciada e adivinhada. De acordo com essas adivinhações e profecias eu fui reconhecido como a reencarnação do Dalai Lama e entronado.”

Quando eu fui reconhecido como a Décima-Quarta encarnação do Dalai Lama em 1939 a relação religiosa-temporal entre o Tibet e a China já havia chegado ao fim. Portanto, não havia dúvidas sobre qualquer necessidade de confirmar a reencarnação pelo uso da Urna Dourada. Sabe-se bem que o Regente do Tibet e a Assembleia Nacional Tibetana seguiram o procedimento de reconhecimento da reencarnação do Dalai Lama levando em conta as profecias de Lamas realizados, oráculos e de visões no Lhanoi Latso; os Chineses não tiveram absolutamente nenhum envolvimento. No entanto, mais tarde alguns oficiais do Guomintang (Partido Nacionalista Chinês) ardilosamente espalharam mentiras nos jornais alegando que eles haviam concordado em renunciar ao uso da Urna Dourada e que Wu Chung-tsin havia presidido minha entronização, e assim por diante. Esta mentira foi exposta por Ngabo Ngawang Jigme, o Vice-Presidente da Comissão Permanente do Congresso Popular Nacional, a quem a República Popular da China considerou a pessoa mais progressista, na Segunda Sessão do Quinto Congresso Popular da Região Autônoma do Tibet (31 de Julho de 1989). Isto fica claro quando, no final de seu discurso, no qual deu explicações detalhadas dos eventos e apresentou evidências documentadas, ele insistiu:

“Que necessidade há de o Partido Comunista seguir o exemplo e dar continuidade às mentiras do Guomintang?”

Estratégia Enganosa e Falsas Esperanças

No passado recente, existiram casos de gestores irresponsáveis dos espólios de lamas abastados que se entregaram a métodos impróprios para reconhecer reencarnações, os quais têm prejudicado o Darma, a comunidade monástica e nossa sociedade. Além do mais, desde a era manchuriana, autoridades políticas chinesas repetidamente se engajaram em vários meios traiçoeiros utilizando o budismo, mestres budistas e Tulkus como instrumentos para atingir seus objetivos políticos, envolvendo-se em questões mongóis e tibetanas. Atualmente, os governantes autoritários da República Popular da China, que como comunistas rejeitam a religião, mas ainda se envolvem em questões religiosas, impuseram a chamada campanha de reeducação e declararam a chamada Ordem nº Cinco, com respeito ao controle e reconhecimento de reencarnações, que passou a vigorar em 1º de Setembro de 2007. Isto é ultrajante e vergonhoso. A aplicação de vários métodos inapropriados de reconhecimento de reencarnações para erradicar nossas incomparáveis tradições culturais tibetanas está causando danos difíceis de serem reparados.

Além do mais, eles dizem que estão aguardando a minha morte e que reconhecerão o Décimo-Quinto Dalai Lama de sua escolha. É claro que, a partir de suas recentes regras e regulamentos e subsequentes declarações , eles têm uma estratégia detalhada para enganar os tibetanos, seguidores da tradição budista tibetana, e a comunidade mundial. Portanto, como eu tenho a responsabilidade de proteger o Darma e os seres sencientes contra tais regimes prejudiciais, eu faço a seguinte declaração.

A Próxima Encarnação do Dalai Lama

Como mencionei anteriormente, a reencarnação é um fenômeno que pode ocorrer por meio de escolha voluntária da pessoa em questão ou ao menos pela força de seu carma, mérito e preces. Portanto, a pessoa que reencarna tem autoridade legitimada exclusiva sobre onde e como ele ou ela terá renascimento e como a reencarnação será reconhecida. É uma realidade que ninguém mais pode forçar a pessoa em questão, ou manipulá-la. É particularmente inapropriado para os comunistas chineses, que explicitamente rejeitam até mesmo a idéia de vidas passadas e futuras, quanto mais o conceito de Tulkus reencarnados, interferirem no sistema de reencarnação e especialmente de reencarnações dos Dalai Lamas e Panchen Lamas. Tal intromissão descarada contradiz suas próprias ideologias políticas e revela sua duplicidade de parâmetros. Se esta situação continuar no futuro, será impossível para os tibetanos e para aqueles que seguem a tradição budista tibetana reconhecê-la ou aceitá-la.

Quando eu tiver cerca de noventa anos, eu consultarei os lamas realizados das tradições budistas tibetanas, o público tibetano e outras pessoas pertinentes que seguem o budismo tibetano, e reavaliarei se a instituição do Dalai Lama deve continuar ou não. Sobre esta base tomaremos uma decisão. Se for decidido que a reencarnação do Dalai Lama deve continuar e que há a necessidade de que o Décimo-Quinto Dalai Lama seja reconhecido, a responsabilidade por fazê-lo será principalmente dos Oficiais do Gaden Phodrang do Dalai Lama. Eles deverão consultar os vários chefes das tradições budistas tibetanas e os protetores do Darma comprometidos e confiáveis que estão inseparavelmente ligados à linhagem dos Dalai Lamas. Eles deverão buscar aconselhamento e instruções destes seres e conduzir os procedimentos de procura e reconhecimento de acordo com a tradição do passado. Eu deixarei instruções escritas claras sobre isso. Tenham em mente que, com exceção de reencarnações reconhecidas por meio de tais métodos legítimos, nenhum reconhecimento ou aceitação deverão ser concedidos a um candidato escolhido para fins políticos de ninguém, incluindo aqueles da República Popular da China.

O Dalai Lama

Dharamsala

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Os mentirosos que me desculpem...

Existem 5 preceitos no Budismo também chamados votos para leigos; são praticamente uma moldura para uma vida íntegra.
Isto significa a vontade de orientar as ações de corpo, palavra e mente através dos fundamentos budistas.

São metas que nos comprometemos a tentar seguir dia-a-dia; e...quando falhamos, renovamos frente ao nosso Buda interno, a vontade de continuar tentando cumprir a meta – tanto quanto você possa, alerta SS Dalai Lama.

*evitar roubar ( pegar o que não te pertence)
*evitar matar ( descuidar a vida)
*evitar ser infiel ou sexo inadequado ( ferir a confiança do outro)
*evitar mentir ( tentar confundir o outro)
*evitar se intoxicar ( perder o controle da mente através de drogas)

A procura da integridade faz parte da proposta da filosofia budista e é uma parte da cura na psicologia do Budismo.

Mentir é uma pratica que parece até normal, tão comum que se tornou.
Até inventamos a mentira caridosa.
A família Mentir abraça todos os tipos de:
disfarces, vergonhas, manipulações, exageros, bandeiras, personagens, mascaras – todas as tentativas de confundir a opinião do outro
a nosso favor – SEMPRE A MENTIRA É OPORTUNISTA, PARA PROVEITO PRÓPRIO; a mentira é um mecanismo de sedução baseado na falta de auto-confiança.

tanto para o positivo, quanto para o negativo.

A verdade é a única coisa que organiza; pode ser um caminho dificil, mas é o único que dá certo no final.

O cuidado é não confundir ESPONTANEIDADE COM FALTA DE EDUCAÇÃO.

Falar tudo o que se pensa é descontrole e, em boa parte das vezes, é CRUEL e não leva a nada de positivo.

Quando não se pode falar a verdade, é preferível aprender a calar ou adiar.

A filosofia budista é o caminho de tentar evitar o sofrimento e cuidar do outro.

Michael Ventura escreve:

“Aspessoas para quem precisamos mentir, nos possuem. As coisas pelas quais devemos mentir, nos possuem. Quando nossos filhos nos veêm assim possuidos, eles não são mais nossos filhos, são filhos do que nos possui. Se o dinheiro te possui, eles são filhos do dinheiro. Se é o fingimento e o disfarces que te possuem, eles são filhos da pretensão e da ilusão. Se o medo da solidão te possui, eles são filhos do medo da solidão. Se o medo da verdade te possui, eles são filhos do medo da verdade”.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Visita SS Dalai Lama em 2011

Os Mestres incentivam a ouvir ensinamentos, refletir, meditar silenciosamente e praticar.

Durante a 4ª visita de SS Dalai Lama, emoldurados com seu sempre presente bom-humor aconteceram, como sempre acontecem nos encontros importantes que temos na vida, situações de aprendizado pessoal, comunitário e íntimo: surpresas, confusões, reencontros com velhos amigos, desencontros, descobertas e esperanças.



O tempo foi curto para tantas pedidos e expectativas. Mas a vida é assim, o tempo é precioso nessas horas e é preciso, deixar o comodismo de lado e aproveitar o máximo.



Assim este foi mais um momento importante para ouvir e relembrar ensinamentos.

Alguns pontos:



Corrupção foi um o tema que esteve presente nos 4 módulos; corrupção no sentido de falta de transparência.



A convivência pacífica só possível na compaixão.

Compaixão é cuidar dos outros.

A compaixão nasce da amizade.

A amizade se apóia na confiança.

A confiança surge da transparência, da honestidade.



Sentimento de felicidade é um sentimento de comunidade, de não estar só.



Aprendemos a compaixão e ética no cuidado e no afeto que sentimos de quem nos criou nos primeiros anos; por isso a importância de tratar as pequenas crianças com respeito e fazer brotar nelas a afetividade – tratamos os outros como fomos tratados, a vida nos trata como nós a tratamos e morremos como vivemos.



Para essa afetividade por tudo e todos que ainda não brotou em nós, o Budismo ( assim como outras religiões sérias) oferece um treinamento para transformar atitudes egoístas em convivência solidária através do conhecimento da mente.



Em busca da solidariedade é necessário cultivar valores internos. Para isso existem na humanidade 3 caminhos:



1 – religiões teístas (como Cristianismo) que acreditam num Deus criador para transformar o egoísmo

2- religiões não teistas ( como o Budismo), que acreditam na causalidade para entender benefícios e prejuízos

3-secularismo , formas não religiosas de pensar as soluções de convivência baseadas na ciência, no bom senso.

E todas são dignas de respeito

.

A ética secular é necessária em qualquer caso.

É preciso paciência frente à ignorância; por isso a importância de ser realista. Métodos não realistas são os que causam as frustrações e as raivas.

A abordagem realista enxerga o todo – a realidade objetivamente.



Paciência é pratica fundamental no Budismo, principalmente com nossos desafetos; isso não significa se submeter nem ser permissivo. Tolerância é não cultivar a raiva.



Para o Budismo todo o mal vem da ignorância.

A ignorância pode ser de 2 tipos:

*a falta de conhecimento

*a visão distorcida da realidade (a visão da separação das coisas, de ver as experiências como separadas), a causa as aflições, das emoções negativas.

As emoções negativas nos distanciam da realidade; as negatividades não são nossa verdadeira natureza.

A essência pura pode clarificar as negatividades.



A ignorância é responsável pecos apegos.

Os apegos causam a evitação, a não aceitação, provocam sensações perturbadoras e as lutas, além de que o entendimento fica comprometido



O amor e a bondade reduzem as emoções negativas.



A remoção completa da ignorância só no estado de Buda.



Na ausência de um Mestre confiável, procure livros, vários livros; leia, compare, peça sugestões como faz ao fazer compras numa quitanda.



A realidade está em movimento perene; a consciência também está em movimento permanente mas as mudanças

acontecem num nível invisível.

As coisas mudam porque tudo está mudando o tempo todo; assim, tudo é relativo na realidade e não há nenhum fenômeno ( coisas, situações ou seres) com existência independente.



No encontro com médicos do Brasil e de fora do Brasil foram abordados temas e questões sobre meditação que é tratada nos meios médicos como Praticas Contemplativas, responsáveis por efeitos na plasticidade (permanente) e elasticidade (temporária) da mente em diferentes situações.



Meditação basicamente é:

“desenvolver a capacidade de prestar atenção ( concentração) e ficar no momento presente sem julgar”,

Ser “praticante da presença mental”, sentar e observar.



O treinamento da mente é um dos responsáveis pela melhora da saúde.



.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mudanças e impermanência

Relendo mais uma vez o capítulos sobre impermanência de Bel César no seu livro “Emoções”, grifei frases de reflexão sobre as mudanças permanentes.

Existem realidades absolutas, e uma é a Impermanência: tudo muda a cada momento, tudo se transformas, nos despedimos de tudo a cada dia e ainda assim resistimos com a idéia de despedidas, finais e mortes.

Essa resistência brota do medo do desconhecido, da ignorância sobre o futuro e principalmente, da falta de convivência com
a nossa consciência, nossa vida interna.


Algumas idéias importantes que anotei e onde se lê “morte”, é possível colocar “finais” em geral:
• A morte faz parte de um ciclo infindável de mudanças.
• O Budismo nos ensina a viver positivamente a vida e assim, nos prepara para a morte.
• Uma mente luminosa é a que tem ausência de medo e dúvida.
• O futuro é menos assustador quando sentimos a segurança no presente.
• Não estamos familiarizados a contar só com nossa capacidade interna, por isso tememos a morte.
• Quem sou eu, além do corpo?
• Espiritualidade não é pensar em Deus, é sentir Deus interconectando todos os seres.
• Pessoas espiritualizadas, nos momentos finais, são gratas à vida que levaram.
• A gratidão é um antídoto poderoso contra a dor do apego.
• Ser grato pela vida é uma forma de aceitar emocionalmente a morte.
• A importância de dar uma direção À vida: o que quero?
• Morremos como vivemos.
• Somos pobres sentados em cima de barras de ouro, dizem os Lamas.
• O medo da morte está baseado no nosso medo da solidão.
• Não existem separações, apenas um modo diferente de viver cada momento.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Apegos bons existem????

Encontro pessoas que se amedrontam quando digo que sigo a filosofia budista. Dizem que somos seres desapegados e que é temeroso
investir nas relações porque nos desligamos com facilidade.
Quanta informação deformada!!!!

É bem diferente; exatamente porque o Budismo é uma filosofia altruísta, incentiva a atenção e o cuidado generoso com todos os seres.

Tanto que uma das indicações para fazer escolhas é para aquelas que não causem sofrimento; e não é fácil, principalmente
quando a situação envolve relações pessoais.

Somos seres de apego porque somos vulneráveis e sabemos que estamos por um fio...desde que fomos concebidos; um dia chegará a hora da despedida e isso provoca que nos apeguemos às pessoas, as coisas, às religiões,aos rótulos, aos títulos etc porque é uma forma de nos sentirmos mais protegidos.

A psicologia budista nos ensina a estabelecer a diferença entre o desejo doloroso das dependências, da ambição urgente e as energias sãs da dedicação e dos vínculos.

É possível seguir um sonho ou um objetivo ambicioso ou ainda, montar um negócio próspero sem ter a necessidade de provar nosso
valor, mascarar nossas inseguranças ou seduzir outras pessoas.

O sofrimento é resultado de desejos doentios, de compulsões etc

O apego saudável conduz à liberdade.

Buda teceu elogios ao desejo são estimulando os pais a ter cuidado com seus filhos, dar-lhes educação ética, os instruir, sustentá-los
e alimenta-los. Ele ensinava aos casais “ se honrar, respeitar, ser fieis um ao outro, cuidar um do outro e trabalhar pelo bem mútuo.” Ele dizia também aos empregadores de dar “ um trabalho conveniente, salários justos, subvencionar as necessidades e os períodos de doença e respeitar o repouso apropriado;” aos empregados, recomendava de “ serem dedicados, honestos, trabalhadores sérios e de grande confiança”.

O estereótipo do budista impassível, desapegado e sem desejos é um equívoco lamentável.

Para viver com sabedoria, alegria e liberdade uma das dicas é aprender a cultivar com leveza transformar as dependências a que estamos viciados em desejos bons, ou seja, altruístas e solidários.

Diagnostique quais são as tuas dependências e pergunte ao teu Buda interno, á tua consciência transcendente
como transforma-las em desejos bons e BOA SORTE!!!!!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Você sabia que.....

Recebi de uma conhecida amiga bastante esclarecida o texto abaixo.

Ao mesmo tempo que me divertia e aprendia com as informações, eu refletia sobre quantas idéias eu acolhi, não me preocupei em analisar e espalhei como papagaio ingenuamente e depois.....me arrependi porque descobri que não vinham de um lugar honesto.

Para a filosofia budista a ignorância é o pior dos venenos: ignorância do não saber, do saber errado e, principalmente, de não perceber que tudo e todos – de bom ou ruim – está interligado.
Justamente por causa dessa interdependência existe a obrigação de sermos responsáveis pelas nossas ações, pensamentos e falas.

Essas frases mostram como somos infantilmente inconseqüentes.
É bom parar de brincar e assumir ser adulto , mas sem ser chato por favor !!!!!!

Muito esclarecedor...
HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO
... e eu ficava imaginando como seria um pé de cachimbo, quando o correto é: HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO...
Domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...).

E a gente pensa que repete corretamente os 'ditos populares'
Dicas do Prof. Pasquale:

No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bichocarpinteiro',
Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro?
Correto: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro'.
Está aí a resposta para meu dilema de infância!
EU NÃO SABIA. E VOCÊ?

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'
Enquanto o correto é:
'Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'
Se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?

'Cor de burro quando foge.'
O correto é: 'Corro de burro quando foge!'
Esse foi o pior de todos!
Burro muda de cor quando foge? Qual cor ele fica?
Porque ele muda de cor?

Outro que no popular todo mundo erra:
'Quem tem boca vai a Roma.'
Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!" O corretoé: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado,
'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correto é: 'Esculpido em Carrara.'
Carrara é um tipo de mármore.

Mais um famoso.... 'Quem não tem cão, caça com gato.' Entendia também errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho tá de bom humor!
O correto é: 'Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho! Vai dizer que você falava corretamente???....

Você sabia que.....

Recebi de uma conhecida amiga bastante esclarecida o texto abaixo.

Ao mesmo tempo que me divertia e aprendia com as informações, eu refletia sobre quantas idéias eu acolhi, não me preocupei em analisar e espalhei como papagaio ingenuamente e depois.....me arrependi porque descobri que não vinham de um lugar honesto.

Para a filosofia budista a ignorância é o pior dos venenos: ignorância do não saber, do saber errado e, principalmente, de não perceber que tudo e todos – de bom ou ruim – está interligado.
Justamente por causa dessa interdependência existe a obrigação de sermos responsáveis pelas nossas ações, pensamentos e falas.

Essas frases mostram como somos infantilmente inconseqüentes.
É bom parar de brincar e assumir ser adulto , mas sem ser chato por favor !!!!!!

Muito esclarecedor...
HOJE É DOMINGO PÉ DE CACHIMBO
... e eu ficava imaginando como seria um pé de cachimbo, quando o correto é: HOJE É DOMINGO PEDE CACHIMBO...
Domingo é um dia especial para relaxar e fumar um cachimbo ao invés do tradicional cigarro (para aqueles que fumam, naturalmente...).

E a gente pensa que repete corretamente os 'ditos populares'
Dicas do Prof. Pasquale:

No popular se diz: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bichocarpinteiro',
Minha grande dúvida na infância... Mas que bicho é esse que é carpinteiro, um bicho pode ser carpinteiro?
Correto: 'Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro'.
Está aí a resposta para meu dilema de infância!
EU NÃO SABIA. E VOCÊ?

Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão.'
Enquanto o correto é:
'Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.'
Se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?

'Cor de burro quando foge.'
O correto é: 'Corro de burro quando foge!'
Esse foi o pior de todos!
Burro muda de cor quando foge? Qual cor ele fica?
Porque ele muda de cor?

Outro que no popular todo mundo erra:
'Quem tem boca vai a Roma.'
Bom, esse eu entendia, de um modo errado, mas entendia! Pensava que quem sabia se comunicar ia a qualquer lugar!" O corretoé: 'Quem tem boca vaia Roma.' (isso mesmo, do verbo vaiar).

Outro que todo mundo diz errado,
'Cuspido e escarrado' - quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa.
O correto é: 'Esculpido em Carrara.'
Carrara é um tipo de mármore.

Mais um famoso.... 'Quem não tem cão, caça com gato.' Entendia também errado, mas entendia! Se não tem o cão para ajudar na caça o gato ajuda! Tudo bem que o gato só faz o que quer, mas vai que o bicho tá de bom humor!
O correto é: 'Quem não tem cão, caça como gato.... ou seja, sozinho! Vai dizer que você falava corretamente???....

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Psicologia da compaixão

Psicologia da Compaixão

Compaixão é um termo que tem variáveis definições dependendo da formação de onde foi retirado o termo; pode ser confundida com pena, com tolerância, com paciência, com altruísmo, com dó, com perdão etc.

Na tradição tibetana o Budismo é muitas vezes descrito e compreendido como a psicologia da compaixão.
Nessa visão a compaixão é a nossa natureza mais profunda; ela nasce da nossa interconexão com todas as coisas.

Alan Wallace, um Mestre ocidental que ensina o Budismo Tibetano, dá o seguinte exemplo: imagine que você está na calçada, os braços cheios de pacotes. Você acabou da fazer compras no supermercado e alguém dá um encontrão violentamente: todos os alimentos voam e rolam pelo chão. Enquanto você se levanta no meio de um mar de molho de tomate e ovos quebrados, você está a ponto de gritar:”Imbecil! Não vê por onde anda? Você é cego?” Mas no momento que você está tomando fôlego para falar, você percebe que quem te machucou é cego; ela também caiu no chão no meio dos ovos rachados. No mesmo momento a tua cólera evapora, dando lugar a uma solidariedade compassiva:”você se machucou? Posso te ajudar a se levantar?”.
Assim é nossa situação.Quando realizamos com clareza que a origem da falta de harmonia e da miséria do mundo é a ignorância, é possível abrir a porta da sabedoria e da compaixão.

Quem busca o caminho do auto-conhecimento, da psicoterapia ou os ensinamentos espirituais possui suas confusões e aflições.O Budismo ensina que sofremos não porque somos imperfeitos, mas porque somos cegos. A compaixão é o antídoto para essa cegueira, e ela brota quando nos percebemos todos – nós, amigos,desafetos e pessoas indiferentes – na condição humana.

Jack Kornfield, Mestre Budista ocidental, descreve compaixão como a capacidade de olhar nossas lutas e dificuldades com um olhar bondoso.
Nós precisamos compaixão e não de raiva para nos ajudar a abordar com doçura o que nos causa problema e não nos fecharmos nos medos. Assim se opera a cura.

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para onde nos leva a perfeição

Onde foi que aprendemos e decoramos que tínhamos que buscar a perfeição, ou perfeições?

Onde foi que aprendemos a admirar os modelos de perfeição?

Conheci uma vizinha que tudo era perfeito na sua vida: seus filhos brincalhões, seu bem sucedido marido, suas empregadas uniformizadas. Chegava em casa estendia suas luvas para uma funcionaria e a bolsa com as chaves do carro para outra.O café era servido numa pequena mesa com toalhas engomadas de linho, xícaras importadas e tudo enfeitado com sorrisos e brasões da família. Os armários....impecáveis.o guarda-roupa era guarnecido com uma mesa de passar para cada peça a ser vestida.
Tudo perfeito;bem...tudo parecia perfeito. Ela ia festas e nem se sentava para não amassar o vestido, os filhos tinham um guarda-roupa de magro e outro de gordo ????? lenços de seda do marido protegiam o colarinho de suas camisas. Coisas só vistas em filme de Holywood dos anos 50.
Mas também visitava uma amiga de minha avó que morava numa palafita em Bertioga com tudo perfeitamente limpo e enfeitado com flores;até hoje, lembro de brincar no assoalho encerado que parecia um espelho – imagino quanto tempo ela gastava para ter aquele efeito!!!Seu vestido de chita florido era super bem passado, o bolo do lanche era tirado do forno no ponto.os objetos de fazer unha eram meticulosamente guardados dentro da caixinha de veludo e o costureiro acomodava as linhas em cores “degradês” e...sempre um sorriso no rosto; sempre!!!!!

Como será na verdade essa busca pela perfeição? Para que, para quem, por que?
Será que a iluminação é exatamente a perfeição?
No texto abaixo que recebi da amiga Noemi, encontrei uma das hipóteses e compartilho com você.

A Arte da Imperfeição

Não sei quanto a você, mas eu ando definitivamente exausta de correr atrás da perfeição. No outro dia me peguei medindo as toalhas de banho dobradas para que elas formassem impecáveis pilhas no meu armário. Uma amiga me diz que arruma os vidros de tempero por ordem alfabética. Não é incrível?

Nosso índice de tolerância aos "defeitos de fabricação" do universo anda mesmo muito baixo. E isso nos torna a espécie mais reclamona do universo, provavelmente a única! Ou será que bois e vacas interiormente também reclamam do calor e daquelas moscas sempre em volta dos seus rabos...

Passamos um bocado de tempo tentando caber nas molduras que inventamos para nós mesmos. Isso quando escapamos de tentar vestir à força as expectativas que os OUTROS criaram para NÓS. Senão, me digam por que seres humanos razoáveis investiriam tanto tempo, dinheiro e energia para tentar recuperar a imagem que tinham aos 18 anos?

Perceber a beleza que se esconde nas frestas do mundo imperfeito é uma Arte. Você conhece aquela história de que os tapetes persas sempre tem um pequeno erro, um minúsculo defeito, apenas para lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito? Pois é, a Arte da Imperfeição começa quando a gente reconhece e aceita nossa tola condição humana.

Para isso precisamos aprender a aceitar nossas falhas e dos outros com a mesma graça e humildade com que aceitamos nossas melhores qualidades. E, importante: estarmos dispostos, sempre, a perdoar a nós mesmos. Não precisamos ser perfeitos para ser um ser humano bem-sucedido. De fato, com mais frequência do que imaginamos, o desejo de acertar sempre impede as coisas de melhorarem e a necessidade de estar no controle aumenta a desordem e o caos.

A Arte da Imperfeição, no entanto, não se limita ao reconhecimento das imperfeições humanas. Também tem a ver com nosso jeito de olhar para as coisas mais banais, mais corriqueiras e enxergá-las com outros olhos.

Leonard Koren publicou alguns livros tentando revelar para o nosso jeito ocidental as delicadezas do olhar wabi sabi. Wabi sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. O termo é quase que intraduzível. Na verdade, wabi sabi é um jeito de "ver" as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.

Contam que o conceito surgiu por volta do século 15. Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá. E foi procurar o grande mestre Takeno Joo. Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz. Limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar. Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas caprichadamente ajeitadas. E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi-sabi: a arte da imperfeição.

O que a historinha de Rikyu tem para nos ensinar é que estes mestres japoneses, com sua sofisticadíssima cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo, conseguiram perceber que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e morte; efêmeras e frágeis.
Eles enxergaram a beleza e a elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo. Um velho bule de chá, musgo cobrindo as pedras do caminho, a toalha amarelada da avó, a cadeira de madeira branqueada de chuva que espreguiça no jardim, uma única rosa solta no vaso, a maçaneta da porta nublada das mãos que deixou entrar e sair.

Wabi sabi é olhar para o mundo com uma certa melancolia de quem sabe que a vida é passageira e, por isso mesmo, bela. Para os olhos artistas de Leonard Koren wabi sabi é inseparável da sabedoria budista que ensina:
__Todas as coisas são impermanentes
Todas as coisas são imperfeitas
Todas as coisas são incompletas
Daí olhar para elas de um modo wabi sabi é ver:
A beleza que existe naquilo que tem as marcas do tempo.
A beleza do que é humilde e simples.
A beleza de tudo que não é convencional.
A beleza dos materiais que ainda guardam em si a natureza.
A beleza da mudança das estações.

A Arte da Imperfeição é ver a vida com a tranquilidade de quem sabe que a busca da perfeição exaure nossas forças e corrói nossas pequenas alegrias. Porque, como disse Thomas Moore, "a perfeição pertence a um mundo imaginário". No nosso mundo, a imperfeição é de verdade, aqui e agora. Que tal abrirmos os olhos para o estilo wabi sabi?