domingo, 30 de junho de 2013

Tributo a Nelson Mandela

Ao escrever este texto, hoje dia 24 de junho rendo homenagem a Mandela que está se despedindo da vida . Que quando ele morrer, ele reconheça rapidamente a Clara Luz e se dirija a ela com sua tradicional valentia. Mandela é um dos Mestres que me influenciaram e a muitos outros da nossa geração, por sua determinação, humildade, coerência e VALENTIA. Obrigada por seus exemplos e que essa próxima etapa seja uma “viagem” de paz! E que sua postura seja fonte de inspiração para nossas manifestações em busca de justiça social. Por todos os lados vemos pessoas que nos parecem poderosas – parecem!!! - : os mais fortes, os mais célebres, os mais influentes, os mais ricos – aqueles que parecem que superam as dificuldades na maior facilidade. Com ego super inflado vão tentando angariar importância e fama. Mas é só imagem, a vida é difícil para todos , menos para os loucos e alienados. Nossos ídolos genuínos e modelos de serenidade e de bom senso são aqueles que manifestaram confiança interior não baseada num ego inflado; aqueles que viveram em auto-confiança nos desafios: Sócrates, Buda, Jesus, Gandhi, Luther King, Madre Teresa, Dalai Lama, Nelson Mandela e muitos outros que vivem no anonimato. A auto-confiança aparece quando subjugamos o ego medroso e agimos com liberdade e espontaneidade. O Ego deformado escraviza na sua necessidade da auto-importância. Ao cultivar a auto-importância somos alvos fáceis do ciúmes, ameaças, agressões, injustiças, invejas que não param de nos desestabilizar. Não precisar do reconhecimento do mundo, apenas fazer a coisa certa e solidaria, é profundamente libertador, mesmo dentro de uma prisão. Somos todos seres políticos, queiramos ou não, atuantes ou não porque até a omissão é um ato político. Não agir também é uma ação – e terá sua responsabilidade, por si e por todos. Obs.: sugiro assistir Mandela, um dos filmes que não escapam nunca do coração.

domingo, 23 de junho de 2013

Nossos castelos de areias

Se tudo está se transformando, nada fica, tudo está mudando o tempo todo, a impermanência é uma verdade tudo o que fazemos, tudo o que somos,todas as construções são castelos de areia que mais cedo ou mais tarde se dissolverão. Da mesma forma que nos divertimos quando construímos os castelos de areia e sabemos que o mar os dissolverá e a frustração não nos pegará de surpresa. Nos divertimos enquanto construímos, depois eles somem, construímos outros ou vamos fazer outra coisa qualquer. Seria um sinal de inteligência, então, viver com a consciência que tudo está se transformando, tudo é como uma bolha pronta a estourar, e outras bolhas estão chegando. Percebemos as coisas com uma solidez que não existe. O drama é uma solidez ilusória para valorizar uma situação, mas dificulta muito encontrar a serenidade. A conexão com as energias da influência da lua cheia neste momento do mês visa remover a solidez da realidade – é o que diz a pratica Perceber a delicadeza das relações, aproveitar o momento presente sabendo que nada é garantido, preparando-se para o novo a cada dia, isso ajuda a pacificar as aflições. Percebemos ilusões da realidade, a verdade? A verdade está mais além, está na essência. Durante a lua cheia, na aproximação da lua e pelo conseqüente aumento dos líquidos, as percepções ficam mais sensíveis e é possível distinguir com mais clareza os nós da vida que queremos desatar. Para desatá-los é bom não apertar mais, mas sim, relaxar as amarrações , se possível, com sorrisos e sem perder o bom-humor. Aproveite o luar!!!!

domingo, 16 de junho de 2013

Você é o centro do mundo. Será?

Em uma visita do Dalai Lama ao México, mostraram-lhe um mapa do mundo, dizendo:”Veja, se você considerar a forma como os continentes estão dispostos, verá que o México está no centro do mundo.”O Dalai Lama respondeu: “Se você seguir esta linha de raciocínio, descobrirá que a Cidade do México está no centro do México, a minha casa está no centro da cidade, minha família no centro da casa e eu no centro da família – eu sou o centro do mundo” do livro “Felicidade , a prática do bem estar” de Mattieu Ricard O auto-centramento nos coloca no centro do mundo e esperamos que nosso ponto-de-vista prevaleça sobre os outros, que os outros garantam a nossa felicidade. O mundo?.... O mundo não está nem aí para o queremos, cada um é o centro do seu mundo. Cada um que se leve passear, que descubra dentro de si o bem-estar para evitar se transformar num peso e tornar-se um companheiro de caminhada. Mas... onde será que esse engano começa? Uma de nossas mentes é aquela que reconhece sua fragilidade e tenta se defender, para isso dá força a um aspecto da identidade - o Ego exagerado. O Ego exagerado é o personagem que na tentativa de defender a sobrevivência sempre ameaçada constrói as emoções aflitivas e os apegos (medos): Inveja – responsável pela insegurança e/ou sensação de incompetência = apego ao controle Orgulho – responsável pela culpa e/ou vergonha = apego à própria imagem Ignorância – responsável pelas dependências e/ou confusão mental = apego à necessidade de reconhecimento Raiva – responsável pela frustração e/ou decepção = apego às próprias opiniões Desejo ilimitado – responsável pela insatisfação e/ou preguiça= apego às suas coisas e sua "fronteiras" Mas onde surge esse medo da destruição? Surge das marcas mentais, dois condicionamentos a que nossa mente neurológica se submeteu, da nossa memória genética e, em algumas tradições como a budista, de características do campo da consciência sutil. As marcas mentais geram os apegos ( fixações geradas pelos medos), estes geram as emoções aflitivas que, por sua vez, estreitam nossa visão (obscurecimentos mentais) e.....aí....nos sentimos o centro do mundo. E o perigo: O Ego é ardiloso e se disfarça até de “bom pastor”. Quando nos super preocupamos com alguém no papel do bonzinho, estamos apenas numa dedicação obssessiva para preencher o tempo, ganhar reconhecimento, justificar algum ganho, espiar alguma culpa etc etc e o auto-centramento continua firme!!!! Somos todos parte do mesmo “bordado”, cada um com sua cor, seu significado, desenhando uma parte da história tudo isso e apenas isso. A saída? Descobrir nosso olhar bondoso e solidário além de viciar-se em gratidão. Silencie e vá além das aparências, lá somos valentes. Valentes somos mais fortes do que os medos. Sem medos, sentimos a calma. Na calma, ganhamos a lucidez.

domingo, 9 de junho de 2013

21ºpasso- Perseverança

Nunca desista, apenas talvez valha mudar o trajeto. Perseverança: Temos paciência, não desistimos com as dificuldades, e seguimos em frente. Ainda que tenhamos falhas, não vamos nos culpar ou desanimar, ou desistir. Vamos seguir perseverantes para atingir a realização disso. Não desistimos, apesar de ainda fazermos as coisas erradas. Mantemos o propósito. Continuamos na posição correta do cata-vento, ou ajustando-a. Não desistimos dessa posição. Ajustamos até que aquilo funcione. Não introduzimos a dúvida com respeito ao item verdade. Não abandonamos a compreensão.(Lama Padma Samten) O caminho do crescimento pessoal, da expansão de consciência não é exatamente um caminho fácil como diz SS Dalai Lama; é um caminho que requer dedicação e perseverança. Quando me lembro onde e como eu estava 10 anos atrás, surge em mim o “orgulho divino” de não ter desistido. Não foi sempre fácil, houve momentos de escolhas, muitas vezes, difíceis e doloridas, houve solidão e vários medos. Perseverança para enfrentar minhas dificuldades e limitações;e....para vencer a preguiça. Perseverança para descobrir com lucidez qual rumo seguir. Ter me conhecido melhor, ter me superado, ter enfrentado meus mistérios, intolerâncias e medos... é encantador. E...como quando a gente muda, muda tudo em redor, muda o desenho da mandala onde vivemos já que vivemos na interdependência...valeu o esforço. Não existe essa questão só de sorte; todos os sucessos são resultados de muito trabalho. Veja pelos teus sucessos! Foram de graça, foram sorte? Com certeza não...quantas coisas você deixou de fazer para seguir tuas escolhas? Qual o preço que pagou? ...muitas pessoas colaboraram mas o mérito é teu. A gratidão é em primeiro lugar para você!!! Pela tua perseverança. Acredito até que perseverança tem algo a ver com teimosia; mas uma teimosia não neurótica, uma teimosia bondosa. Entendo que a diferença entre perseverança e teimosia é o sofrimento; perseverança requer esforço, grande esforço,mas quando começa a doer é porque precisa ser reavaliada. Perseverança dissolve o “vírus mortal” da preguiça nos seus 4 tipos : 1.preguiça que usa a desculpa de adiar as tarefas 2.preguiça de se desculpar como muito ocupado(a) 3.preguiça que usa a desculpa de não se sentir capaz 4.preguiça de esmolar para os outros aquilo que você pode fazer O caminho dos 21 passos tanto mais “enfeitado” pelas “4 meditações ilimitadas” tanto mais é significativo: *Amabilidade conosco e com os outros – delicadeza e bondade no trato *Compaixão por nós e pelos outros – para encontrar soluções para as dificuldades *Alegria por nossa realizações e pelas dos outros – regozijo pelo sucesso alheio *Igualdade – sem atração nem aversão por todos e tudo – nas 4 generosidades ( apoio material, acolhimento nos medos, ensinar o que sabemos e aceitação incondicional) Existe um poema do IVº(4º) Dalai Lama Yonten Gyatso (1589–1616) que nasceu na Mongólia ,viveu e morreu no Tibet que diz: “Nunca desista, não importa o que aconteça. Nunca desista, desenvolva o coração. Muita energia em seu país é gasta desenvolvendo a razão ao invés do coração. Seja compassivo. Não só para seus amigos, mas com todos. Seja compassivo. Trabalhe pela paz no seu coração e no mundo. Trabalhe pela paz de digo novamente, nunca desista. Não importa o que esteja acontecendo, Não importa o que esteja acontecendo a sua volta. NUNCA DESISTA “  E agora....retorne ao 1º passo, descubra o quanto você mudou nestas 21 semanas, e faço uma nova viagem, novas descobertas e assim...vamos juntos “subindo a montanha”.

domingo, 2 de junho de 2013

20º passo - Paciência

Paciência: Primeiramente, com nós mesmos. Estamos enraizados no samsara. Não cultivar a culpa é a base da confissão suprema. Lei do esforço: fazemos algum esforço, nem pouco, nem muito. O Universo se move e nos ajustamos do melhor modo para segui-lo. Existem coisas que a gente não consegue por força própria: é necessário um espaço para o céu se mover. Paciência conosco e com os seres, porque não temos a perfeição. Vamos falhar, certamente. Precisamos de paciência para que a situação não surja para nós como um poste (tensão). A situação deve surgir como um vento que movimenta nosso cata-vento que, bem posicionado, gira sempre numa posição positiva. Não precisamos de resultado rápido, precisamos é de lucidez.(Lama Padma Samten) Tolerância é uma atitude, do tipo, “ eu suporto, eu tenho limite para agüentar”. Paciência é aceitar a situação sem tempo marcado para que ela acabe. Todos e tudo têm seu tempo; querer encontrar atalhos rápidos para tirar o problema da frente é uma solução, muitas vezes, é uma atitude egoísta. Como uma pressa para tirar o sofrimento da frente. Grandes Mestres não tiraram nossos problemas, ensinaram caminhos e aguardam pacientemente enquanto choramos...até que descubramos que estamos sentados em um monte de ouro. Nutrir a crença que temos limites é um dos fatores responsáveis pela sensação de stress. Quando estamos numa situação difícil e começamos a sentir que estamos no limite é porque estamos nos distanciando da paciência e, ao mesmo tempo, nos aproximando do drama. A sabedoria é fazer mudanças no “como” estamos lidando com a situação: quais expectativas, culpas e medos estão roubando nossa tranqüilidade? Abandonar o ideal de perfeição é uma das atitudes que mais aliviam o stress. Derrotas fazem parte do jogo da vida, entregar o troféu para o inimigo, muitas vezes é a melhor estratégia para terminar um conflito – e isso não tira nenhum pedaço do nosso valor. Um dos treinamentos de despertar paciência é a convivência com nossos fantasmas do passado. Buda ensinou que não devemos perseguir o passado porque “o passado não existe mais”. Os fantasmas do passado nos roubam o presente. A vida existe somente neste momento. Perder o presente é perder a vida. Devemos dizer adeus ao passado para poder viver no presente, para poder estar em contato com a vida. Que dinâmica acontece na nossa mente que nos força a viver com os fantasmas do passado? Essa dinâmica é feita de fatores mentais que surgem e nos aprisionam; basta um cheiro, uma musica, uma cena, um nome, para as lembranças pipocarem na mente provocando desejo, ira, ciúmes, inveja, culpa irritação, lagrimas, confusões e MEDOS de vários tipos. Essas formações internas, esses fantasmas, estão incrustados profundamente na mente – são situações que nos marcaram, que deixaram cicatrizes e influenciam nosso comportamento e, muitas vezes, são responsáveis por respostas automáticas nem sempre adequadas; esses fantasmas nos acorrentam ao sofrimento. Ao invés de lutar com esses fantasmas e perder energia, o caminho da paciência devolve a amabilidade conosco. E na amabilidade conseguimos sentir compaixão pela convivência com esses fantasmas, ou seja, compreender sua origem e encontrar uma forma de transformar essas lembranças e superar essa escravidão. Cultivar a paciência com nossos passos é a única saída inteligente para lidar com nossas capacidades e limitações já que a natureza não dá saltos, vai passo-a-passo. No entanto ser paciente é diferente de ter uma atitude passiva frente a vida; evitar reagir com raiva é diferente de se acomodar. Acreditar que a vida é predeterminada é um engano; o futuro está nas nossas mãos, possuímos a oportunidade de mudar atitudes presentes para construir um futuro pacífico. “tudo está certo mesmo que eu não entenda”