domingo, 27 de janeiro de 2013

2º passo -Meditação para silenciar os pensamentos

O passo anterior cuidou da motivação – o impulso natural de se interessar pelo outro; cuidar dos outros é ajudar a que se liberem de suas dores, emocionais, físicas e materiais na base de cooperação lúcida. Inicialmente aprendemos a fazer isso por nós mesmos e depois fazemos pelos outros, evitando os “jogos” do auto-interesse . Sofrimento é sentir-se preso em dificuldades, doenças, perdas, trabalho difícil, pouco dinheiro, relações medíocres etc A liberação é a meta. Mas como cooperar verdadeiramente, de forma lúcida? Para não cair nas armadilhas dos auto-enganos ( os “remendos” que colocamos para disfarçar), praticamos a Meditação. Meditação silenciosa, shamata, quiescência, seja qual forma o nome que o exercício receba o objetivo é aquietar a mente para surgir a clareza, a lucidez, a liberação, a verdadeira natureza da mente. Refletir sobre um assunto é um outro tipo de exercício meditativo, não é o caso agora. Essa clareza é conturbada pelas fixações ( condicionamentos) gravadas ao longo da vida. No passo anterior foi citado o fenômeno da coemergência: a compreensão de que as situações externas despertam informações que existem em nós e que são informações pessoais positivas, negativas ou indiferentes, que variam de pessoa a pessoa. Os atributos não estão fora, estão dentro de nós; os fatores externos despertam no nosso interno. Por exemplo uma composição vermelha da pintora Tomie Ohtake causa em mim a sensação de equilíbrio, simplicidade e profundidade; já para uma amiga é um quadro abstrato inútil. Portanto, é obvio que o quadro é apenas uma tela com tinta, os efeitos acontecem diferentemente dentro de cada um; assim também como gostar de montanha ou praia, campo ou cidade, leitura ou esporte etc Assim acontece com as idéias, os gostos, as escolhas etc. Essas preferências podem se transformar em impulsos automáticos de atração ou aversão que podem provocar preconceitos e disputas. O exercício da meditação treina a mente a dirigir seu interesse, a motivação, tirar o poder das respostas automáticas e conviver com as diferenças; diferenças até das nossas próprias mudanças: quantas coisa não gostávamos e mudamos de opinião????. Em seguida a mente está apta a se interessar de forma altruísta e lúcida pelo outro, pela coletividade, pelo meio ambiente e até pelas nossas limitações. Num primeiro momento de meditação – shamata impura - , sentamos nos “7 gestos” , prestamos atenção naturalmente aos ciclos das respiração, às sensações do corpo e observamos os fluxos dos pensamentos ( evitar lutar com os pensamentos); a proposta é treinar retornar ao momento presente. Meditar diariamente em sessões de 15 minutos. 7 gestos: Sentar sobre um rolo ou na ponta de uma almofada de forma que os joelhos fiquem a baixo do quadril para evitar curvar a coluna. Costas eretas mas não duras Mãos sobre as pernas ou uma sobre a outra com os polegares unidos Cabeça levemente inclinada para o peito ( para deixar a coluna reta) Boca entre-aberta Língua tocando o céu da boca atrás dos dentes( para evitar ligeiramente a salivação) Olhos semi-cerrados com um foco fixo Manter um sorriso interno para relaxar as tensões Respirar livremente. Atenção na respiração, a melhor forma de ficar no presente. Atenção nas sensações do corpo, coceiras, dores, pressões e ainda manter a imobilidade.

domingo, 20 de janeiro de 2013

1ºpasso- A LOTUS - Motivação

Nas próximas 21 semanas vamos seguir os passos sugeridos pelo CEBB através dos ensinamentos de Lama Padma Samten. No anexo está a lista e uma breve explicação de cada item. Existem 3 faixas em que operamos na vida: 1- Controlados pelos impulsos automáticos - semelhante às respostas dos animais, levo – bato, ouço- respondo. Qualquer coisa que brilhe, tanto de forma negativa quanto positiva, atraímos ou repelimos automaticamente. As situações nos controlam. ou 2- Controlamos ( ou tentamos) pessoas e situações através da força, do poder,dos jogos psicológicos, de manipulação e estratégias impulsionados pelo auto-interesse. ou 3- Mergulhamos internamente para avaliar a verdadeira motivação de nossas respostas e/ou tendências: auto-interesse ou interesse cooperativo ( Compaixão). Vale a cada decisão se perguntar: “ qual minha verdadeira motivação nessa situação? Em que faixa estou? E... responder honestamente” Voltando um pouco na história, vale relembrar também, que o principal objetivo dos nossos estudos é harmonizar as relações com base na COMPAIXÃO ALTRUISTA = bondade amorosa + lucidez+ cooperação. Compaixão para o praticante budista vai muito além da pena, é AÇÃO LÚCIDA baseada no cuidado aos outros seres ( tanto quanto nos seja possível): ouvir com atenção, oferecer o que o outro precisa, protege-lo dos medos, ensinar o que sabemos e....aceitar a vida e... até nutrir compaixão por quem nos cobra compaixão. Por exemplo: não dá pra ficar imóvel na margem do rio depois do barco afundar vendo os filhos sendo arrastados pela correnteza. A lótus é a flor símbolo da compaixão no caminho budista, por isso vários Budas são representados sentados sobre uma lótus; nos ensinamentos há este lindo texto: _A LOTUS Imaginem um lago preenchido por água, as lágrimas dos seres nos três níveis de sofrimento – físico, mental e emocional. Dentro desse lago, a parte inferior do lago é o lodo formado pela nossa ignorância, pelo desejo ilimitado e pelas raivas. Estamos imersos nisso, no lodo. Muito importante compreendermos que há esse lodo e que há essas lágrimas, isso é a compreensão do mundo ao nosso redor. Ainda que estejamos numa linda manhã de sol, com as árvores todas floridas e perfumadas, num tempo não muito distante todas essas plantas vão desaparecer, e isso vai sendo constantemente consumido pelo fogo da existência. Milagrosamente, do centro desse lago, nasce uma flor de lótus que simboliza a cura para essa dor, para esse incêndio. O mundo inteiro é visto como o lago e o lodo, e a flor de lótus simboliza o caminho da superação desta situação, são os ensinamentos que levam a liberação. É necessário que nós já tenhamos refletido bastante sobre isso, pois às vezes surgem reflexos coloridos no lago, a gente mergulha ali e é também muito interessante, ficamos um pouco fascinados pelo aspecto multicolorido da água. A lucidez, a sabedoria, é representada pela flor de lótus, seu caule significa nossa motivação para encontrar o caminho da liberação. O lodo e o sofrimento podem ser superados. Se tomarmos o exemplo dos grandes Mestres, nós não precisamos nos retirar do mundo, basta manter a motivação de beneficiarmos todos aqueles com quem estamos em contato.

domingo, 13 de janeiro de 2013

A budeidade no altar

Projeto de budeidade no altar Este ano a proposta dos comentários semanais é acompanhar o que acontece e é conversado na sala de estudos. Estamos lendo o livro do terapeuta italiano Giacobbe “ Como tornar-se um Buda em 5 sermanas”. Assim... O caminho do Budismo é a busca pela serenidade e, em seguida, pela harmonização das relações; e um leva ao outro num circulo vicioso positivo – e a chave é “acordar” a nossa verdadeira natureza luminosa e lúcida que é chamada natureza de Buda Todos temos a natureza de Buda como potencial e o treinamento é reconhecer e despertar essa natureza. No Budismo os estudos são “fatiados” por etapas. Então o primeiro passo é colocar o projeto budeidade da serenidade como prioridade, no centro da vida. Não foi assim que fizemos com as metas que já alcançamos na vida? Conquistar a serenidade e manter esse estado de mente em todas as situações. A serenidade não depende das situações, depende de como reagimos a elas. Temos condicionamentos, fixações que se transformam em impulsos, hábitos e reações. As reações são condicionadas pelas experiências de passado. As escolhas do9 passado definiram nosso presente e as esco9lhas que estamos fazendo vão condicionar o futuro – isso é o carma. Quando conseguimos não nos submeter aos impulsos automáticos, mantemos a liberdade e a serenidade. Essas fixações podem ser purificadas, dissolvidas e nosso poder interno pode ser recuperado. Impulsos automáticos, as delusões ( e seus “primos”): vaidade( orgulho, culpa, mentira), raiva( frustração, decepção, agressividade), medo (insegurança, incompetência, preguiça), insatisfação( ciúmes, mal humor, egoísmo), e inveja ( competitividade, vingança) Serenidade é um estado mental, é uma escolha. Como esse estado não é espontâneo precisamos de lembretes; dizem os Mestres que peças espalhadas por onde vivemos e trabalhamos têm a função de nos relembrar sobre nosso projeto de budeidade rumo à serenidade. Podemos até construir um altar. A prática de manter um altar nos convida a voltar à estabilidade e cultivar a serenidade. Seja qual for nosso credo, esses lembretes funcionam como uma Central de Ajuda que nos conecta interna e externamente a caminhos lúcidos. Nossa amiga Ágata enviou a sugestão abaixo sobre como e para que construir um altar , divirta-se. http://www.youtube.com/watch?v=kvfi7wLmAoY Que o contentamento pelas nossas descobertas se espalhe em todas as direções e toque a todos; que os Mestres tenham longa vida, que possamos sempre estar perto deles no caminho em direção à lucidez e à liberação da ignorância.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Retornando....primeiros passos.

Nas histórias que são contadas durante os ensinamentos ouvimos questões breves que podem se transformar em reflexões profundas sobre nossa essência, nossa natureza primordial: *Como dar oportunidade para uma gota de água não desaparecer? _ jogá-la no imenso mar. *Somos como a água dentro de uma garrafa tampada que bóia no mar, esperando que a garrafa se quebre e nos dissolvamos na imensidão do oceano; nesta situação o que nos aflige? _Ou é exatamente isso que dá a sensação de acolhimento e alivio? *se, como a ciência afirma, nossa galáxia será atraída e absorvida pelo sol, como será a paisagem da última gota a evaporar? _a água se dissolverá no calor do fogo, o fogo se dissolverá nos ventos e os ventos silenciarão no infinito espaço. Em busca de respostas e sentido para nossa breve existência, encontramos pelo caminho angustias e também muita coisa interessante ; entre essas descobertas, o encontro com o mágico silêncio interno. A meditação silenciosa, tanto com foco na respiração, tanto na concentração sobre as sensações oferecidas pelos órgãos dos sentidos ( tato, olfato, paladar, visão, audição, ondas de pensamentos) treina a calar a tagarelice da mente e ficar em contato o silêncio interno. O silêncio interno é o momento de maior intimidade pessoal que podemos alcançar, talvez por isso resistamos tanto a parar e silenciar. A mente é como um lago; os pensamentos que correm por ela, são como pedras atiradas formando inúmeros círculos que deformam os reflexos. Quando nos imobilizamos e silenciamos a mente, os pensamentos se aquietam, as ondas somem e é possível perceber com mais clareza a realidade. Que o contentamento pelas nossas descobertas se espalhe em todas as direções e toque a todos; que os Mestres tenham longa vida, que possamos sempre estar perto deles no caminho em direção à lucidez e à liberação da ignorância.