quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A melhor pratica espiritual

A melhor pratica espiritual é nossa vida. Trazer benefício às pessoas é o sentido da vida segundo o Budismo e varias outras tradições. Aí perguntam: mas a vida é só pensar nos outros???? A questão é que primeiro é preciso reconhecer que somos todos e com tudo, interdependentes. Quando uma unha fica doente, não fingimos que não estamos vendo, nem cortamos o dedo fora; essa será a unha que receberá mais atenção e cuidado. Assim é na vida; atenção e interesse por tudo e por todos. Romper a ideia que existe a pratica e existe a vida separadas é o que dificulta, não há momentos especiais pra praticar, todas as oportunidades podem ser aproveitadas. Não há lugar certo, porque vamos carregando nossas fixações para todos os lados. O cotidiano é nosso melhor mestre porque nos coloca na confusão, e podemos testar os treinamentos e os ensinamentos para transforma-la. “O templo/lugar da pratica mais elevada é onde nossos pés estão tocando” –diz Mestre Dogen. Até novembro! https://www.youtube.com/watch?v=EcKea-10--E

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Quando encontrei os lamas

Foi difícil quando encontrei os lamas Quando se aproximava minha primeira visita a um Lama Rinpoche tibetano (professor com grandes capacidades de lucidez), pessoas já acostumadas a essas reuniões alertaram para que diminuísse as boas expectativas. O encontro poderia não ser muito tranquilo Como assim? Ele não era uma pessoa especial com quem eu descobriria novas e boas soluções? Talvez... Mas antes de disso ele se faria meu espelho para que enxergasse os aspectos da mente que precisava transformar. Mas isso seria feito sem ameaças, com doçura e delicadeza. E não aconteceu apenas nessa visita, mas em todas as outras que viriam acontecer desde 2000. E foi assim mesmo. Além das minhas experiências pude testemunhar outras pessoas passando pelos mesmos processos. Em cada encontro, um ou vários degraus acima na escalada. Mas... nem sempre foi fácil, aliás em varias ocasiões foi bem doído. Mas as “coisas” vão aparecendo tanto quanto eu já tenha capacidade de lidar. Além disso e, principalmente, pude viver descobertas sobre mim que só com eles seria possível fazer em segurança. Esses Mestres têm a capacidade de tornarem-se espelhos e assim, não se misturam com nossas sombras, simplesmente refletem e depende de nós encarar ou adiar. Mas mesmo assim prefiro reconhecer minhas sombras nessas situações a esperar que a vida dê um “tapetaço” e eu as descubra nos sustos. Se você tiver oportunidade de acompanhar a visita de algum Rinpoche, aproveite e observe o que acontece. Mas é bom apressar-se porque esta é a última geração de Lamas nascidos e formados na verdadeira tradição do Tibet, eles já estão velhinhos. Apenas mantenho o cuidado de checar se estão autorizados por SS Dalai Lama, em quem reconheço autoridade honesta e compassiva por sua história sem contradições, corrupções e oportunismos. Lama Zopa Rinpoche, um dos Lamas tibetanos importantes de nosso tempo está chegando ao Brasil para uma breve visita entre palestra e retiro, veja no link abaixo. http://www.cebb.org.br/lama-zopa-rinpoche/ Corra! Está terminando o tempo!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Vem comigo

Ouvindo a canção de ENZO GRAGNANIELLO “(come) With Me”, encontrei um texto que parece uma fala budista. Veja comigo: mergulhe comigo para encontrar nas profundezas do mar o que está faltando aqui. venha comigo comece a entender como sofrimento é desnecessário. olhe para este oceano ele nos infunde medo ele está tentando nos ensinar algo: como nós torturamos almas que desejam voar? se você não for até o fundo você nunca poderá saber. Não olhar apenas para o lado ruim das coisas e deixe este coração solitário e abandonado na rua. levante comigo e comece a cantar como a nota doce do ar traz. feche os olhos você continua a voar enquanto o vento leva-nos lá onde existem as palavras mais bonitas que você toma para aprender. (ahh) como nós torturamos almas que desejam voar? se você não for até o fundo você nunca pode saber como não olhar apenas para o lado ruim das coisas. deixe este coração solitário e abandonado na rua.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Inteligência branca

A Sabedoria de Darmata vibra cor branca Texto importante que li nos ensinamentos do CEBB através de Lama Padma Samten : A sabedoria de Darmata é a compreensão do espaço básico. Quando entendemos que aquilo que está se manifestando hoje também é uma fraude, entendemos Darmata. Compreendemos que todos os jeitos particulares que manifestamos são construções; porém, existe uma natureza livre de onde as construções brotam. Todos esses aspectos são transitórios, construídos. A nossa natureza é uma natureza livre, que ri dos nossos votos samsáricos. Quando olha paras nossas construções samsáricas, nossa natureza sabe que elas não perduram. Se ainda assim insistimos – “não, eu sou sério, é isso mesmo” – aí, a natureza de Darmata despacha Maharaja e …. bum!…derruba aquele ser que insiste em ficar fixado em alguma coisa. Então, no mínimo vocês pensem: nós envelhecemos e morremos. Aí aquilo que nós éramos se dissolve. Então não adianta nós nos fixarmos teimosamente. Nós não somos isso. A sabedoria de Darmata é a sabedoria de ver o que nós verdadeiramente somos. É o olhar que atravessa a aparência e vê a natureza livre que cria as nossas manifestações. Nós não atingiríamos a liberação sem a sabedoria de Darmata. Não é possível, porque não há nenhuma identidade que possa se construir livre. A liberdade não é uma construção, não é uma identidade, ela é nossa condição natural. As nossas prisões, as nossas manifestações comuns são manifestações dessa liberdade. Essa liberdade permite que a gente se construa de muitos modos. A sabedoria de Darmata é isso A etapa mais profunda do acolhimento é entendermos que o outro tem a natureza de Buda. O olho mais benigno, mais amoroso que podemos ter em relação a qualquer pessoa é não acreditar na cara que a pessoa está manifestando. É dizer: “você é livre, você tem uma natureza livre, você pode fazer outras coisas”. Por exemplo, uma professora, olhando um pestinha dentro de sala de aula, através da sabedoria de Darmata, pode dizer: “oh, a natureza dele é a natureza de Buda. A natureza de Buda é a natureza livre. Todos os seres tem a natureza livre”. LIBERAÇÃO

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Poder das fotos é real?

Pegue a foto de alguém querido ou, que é ou foi importante na tua vida. Olhe... o que você está sentindo? Este é um dos exercícios de Lama Padma Samten para compreender o que é coemergência. O que você está sentindo? O que está te relembrando? .......................................... Na verdade o que você está olhando é apenas papel com tinta ou a imagem na tela de um eletrônico. A sensação dessa imagem acontece dentro de tua mente, despertando lembranças e mexendo com as energias de atração ou aversão. A mesma imagem mostrada para outra pessoa não provocaria as mesmas impressões ou impressões diferentes. Conclusão: os atributos não estão na pessoa da foto, estão na memória que você guardou delas a partir de experiências compartilhadas. Para que serve esse exercício? Para compreender que a realidade entre o que percebemos através dos 6 sentidos ( 5 sentidos mais o mental) e as sensações que nos provocam é interdependente – intimamente ligada aos conteúdos que carregamos e herdamos. As situações não provocam o mesmo para todos, depende dos conteúdos mentais de cada um; assim a realidade é relativa e não tem como ter certezas e opiniões absolutas. Descobrir uma barata na cozinha ou um fio de cabelo no prato de comida vai variar muito para cada um. Então...não é nem a barata, nem o fio de cabelo, que tem atributos fixos ;é a interpretação de cada um . Observador e objeto brotam juntos; mudar o olhar para o mesmo objeto pode alterar, com certeza altera, a relação com esse objeto. Não é determinada pessoa que tem um aspecto negativo; essa pessoa desperta em mim esse aspecto. As coisas não são bonitas, nem feias; dentro de mim é que é percebido como feio ou bonito. A realidade é um espelho do que foi construído dentro de cada um. As circunstâncias são também espelhos. Perceber que o que acontece fora espelha o que acontece dentro é uma terapia barata mas muitas vezes difícil de aceitar. Dentro de nós é possível mudar quase tudo, fora vai ser difícil. Essa é a grande liberdade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Encontrei Pasárgada

Vou embora pra Pasárgada Eu era pequena e meu único tio era grande, voz forte de advogado e na minha lembrança ele era rodeado de livros, poesias, discos clássicos, ele parecia bravo – não sei... Quando estávamos (os primos) muito agitados, punha todos no chão para brincar de lagarto imóvel e declamava; um dos temas era de Manuel Bandeira. Tantas décadas depois releio o poema, “reouço” na memória a voz forte de meu tio e percebo que o alívio desse refugio prometido encontrei finalmente dentro de mim mesma através da filosofia budista; igualzinho às metáforas, não era mentira pra criança ficar quieta...era verdade. Vou-me Embora pra Pasárgada Manuel Bandeira Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar — Lá sou amigo do rei — Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. ________ Vamos juntos?????

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Coroação ou comemoração

Por que essa duvida? Você pode perguntar. Porque o que para mim pode ser coroação para você pode ser simplesmente comemoração. Tudo depende do ponto de vista. Era um aniversario e eu acreditando que estava agradando comentei, sabendo dos desafios superados, que a ocasião especial era uma coroação. O aniversariante longevo, irritadíssimo, argumentou que era apenas uma comemoração !!!! Por que a irritação? Por não ter recebido o devido reconhecimento em vida por seus esforços profissionais; e falou isso com pesar. Tentei argumentar, mas foi inútil. Onde é que cada um de nós se sente injustiçado? Em qual das 8 partes da pizza da vida? Na profissão? Na diversão? No conhecimento? Nos amores? Nas realizações? Nas finanças? Na relações familiares? Na saúde/espiritualidade? Por partes: *Primeiro passo: perceber o quanto o Ego é carente e mimado. *Segundo passo: fazer a valorização real das 8 áreas da vida. Até interessante pedir a observação de uma pessoa confiável para descobrir se estamos sendo honestos. *Terceiro passo: perceber as expectativas exageradas que compramos sobre a vida e sobre nós mesmos. *Quarto passo: tentar refletir sobre a importância que nosso Ego precisa construir para se defender e para brilhar.... Será que não há um terrível engano nesse passo? Por que? Porque tudo para o Ego é pouco , ele é insaciável e foca no que falta, embaçando o que de fato existe. A vida mais alegre é aquela que não espera tanto reconhecimento, tanta coroação, que sua maior alegria é pelos resultados. Construir olhares positivos ajuda a caminhar sem tanto peso, SEM TANTO DRAMA, até a “última estação” DESTA VIDA.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

E relembro um conto

E relembro um conto: Era uma vez um imenso deserto com bilhões e bilhões de grãos de areia... Somos nós os grãos de areia desse imenso deserto. Todos juntinhos lado-a-lado cumprindo a mesma função. Aí um dia....o ego engana um desses grãos e num momento de insanidade ele estica o pescoço olhando tudo por cima imaginando que é diferenciado. E resolve acreditar que pode fazer uma “viagem solo”.... Somos nós, bilhões de seres feitos do mesmo pó das estrelas, conscientes da realidade de nossa finitude, aflitos por isso e tentando uma viagem solo...e...diferenciada... Então...por nos sentirmos grãos de areia solitários e ameaçados aparecem os medos e suas emoções perturbadoras, ficamos esperando que o mundo resolva nossas inquietações. Nossas aflições são feitas de expectativas e medos. Esperamos em vão. Esperamos milagres que nuca chegam. As contradições confundem nossa visão já precária. Quando as coisas começam a ficar obscuras tentamos encontrar a explicação e acabamos por descobrir o engano. Recolhemos o pescoço esticado e percebemos que a importância de todos os grãos de areia está em se sentir comuns e juntos no deserto, que as aflições são vendas ilusórias que o ego manipulador nos coloca e que o sentido da vida é nos ajudar mutuamente sem preconceitos. Porque somos simplesmente um imenso corpo único que “brotou” de uma campo infinito de interdependência, inseparáveis na luminosidade e energia dinâmica. Melhor sorrir e cantar: “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!” “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!” “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!”

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Seis conselhos de Tilopa a Naropa

Tentando ler um pouco mais sobre o ensinamento que o Mestre Tilopa deu ao erudito Naropa em 28 versos que ouvi no retiro verão de 2015 dado por Lama Padma Samten, encontrei um quadro interessante :“6 palavras de conselho” . São ensinamentos diretos que encaminham para a lucidez de forma simples através da observação da auto-consciência como mostra a tabela abaixo. Servem até como um roteiro para início da meditação silenciosa! Uma simplicidade tão simples, tão verdadeira e tão difícil de permanecer nela! Essa Tabela pode ser um verdadeiro Guia durante as tempestades da vida experimente!!!!e um Guia importante principalmente ...na hora da morte. Se quiser conhecer um pouco da história sobre Tilopa e seu principal aluno Naropa que em seguida passou os ensinamentos a Marpa, que passou para Milarepa que depois passou para Gampopa iniciando a linhagem Kagyu do Budismo tibetano, acesse: http://relaxeagora.weebly.com/naropa.html Seis palavras de conselho Em primeiro lugar, a tradução literal curta Mais tarde, por muito tempo, tradução explicativa 1 Não me lembre Deixe ir o que já passou 2 Não imagine Deixe ir o que pode vir 3 Não pense Deixe ir o que está acontecendo agora 4 Não examine Não tente interpretar nada 5 Não controle Não tente fazer qualquer coisa acontecer 6 Resto Relaxe agora, e descanse

quinta-feira, 16 de julho de 2015

GPS na estrada da vida

GPS = sistema de posicionamento global Muitas vezes me pergunto se estou na direção certa na vida. Você também se pergunta? São tantos os caminhos, atalhos, cruzamentos, setas e ofertas para distrair do rumo.... Minha noção espacial é um pouco “frágil”, preciso sempre prestar bastante atenção onde deixei o carro nos estacionamentos; ainda que agora há o recurso de fotografar onde parei. Brincadeiras a parte, existem duvidas mais importantes. Escrever uma história de vida que mereça ser lida é um desafio alegre, histórias de sustos, descobertas, desafios e encontros. E a vida de todos merece ser lida. Como costurar todos os capítulos dando um sentido até o inevitável “the end”? Assistindo uma postagem do Marcelo Nicolodi sobre o importante livro de Trungpa Rinpoche “Além do Materialismo Espiritual”, ouvi durante o ensinamento: Um bom controle de qualidade sobre o rumo do caminho espiritual de cada um é observar se: • As emoções perturbadoras - raiva, orgulho (vaidade), desejo/apego, inveja, ignorância (falta de clareza) – estão perdendo poder • Se a importância do “eu” está diminuindo • Se o interesse em ajudar os outros está aumentando Até parece não muito complicado mas é o esforço de uma vida!!!! Na brincadeira.... olhando a evolução dos últimos 10 anos podemos criar até uma nota para cada item: * emoções perturbadoras estão menos fortes: de 1 a 10....? *perda da importância do “eu, meu, minha”: de 1 a 10...? *disponibilidade para ser fonte de alívio aos outros: de 1 a 10...? o GPS de sentido na vida serviu? Tanto quanto a gente possa.....vamos corrigindo a rota....

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Durante os maremotos da vida

Existem momentos na vida que tudo fica de cabeça para baixo e rodando. O que fazer para evitar se afogar? No Budismo se diz que é Maharaja agindo para fazer as mudanças. É (quase) impossível fazer uma boa faxina se não tirarmos tudo dos armários e desencostarmos todos os moveis. Mas varias vezes vamos adiando...porque dá trabalho e bastante! Ao mesmo tempo durante o rebuliço é possível encontrar coisas perdidas, redescobrir coisas guardadas e jogar muiiita coisa sem uso. Mas na vida esses momentos são angustiantes porque costumam não depender de nossas escolhas, são mudanças bruscas involuntárias. Como rodopiamos ao movimento dos sustos não é possível ter clareza onde e quando vamos descer da “montanha russa”.... Com o tempo tudo se reorganiza e a inteligência do momento é descobrir o que ganhamos com as mudanças e... encontrar coisas perdidas, redescobrir coisas guardadas e jogar muiiita coisa sem uso. Esses ganhos podem demorar a ficar aparentes e enquanto isso buscando refugio na fé de que tudo está certo mesmo quando não entendemos, vale repetir varias vezes: _ “Cada dia é um dia mais perto da solução” Porque a cada momento o maremoto fica mais fraco. _ “Cada dia é um dia mais perto da solução” Porque a vida é feita de mudanças, onde tudo é impermanente; tudo mesmo! _ “Cada dia é um dia mais perto da solução”

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A culpa e suas prisões

A mala da culpa é bastante pesada. Em contato com o ocidente SS Dalai Lama teve dificuldade em compreender o que é culpa. Questionava ele: “como alguém pode não gostar de si mesmo?” Quantas vezes deixamos de nos gostar.... Como se as preocupações evitassem que os medos se concretizassem... Como se sentindo as raivas a vida ficasse do jeito que queremos... Como se com culpas desse para usar borracha ou a tecla delet na vida... Se arrepender tudo bem, remorsos não. Perceber o engano sim, culpar-se não. Como podemos nos culpar por que não soubemos fazer melhor? Como alguém pode punir uma criança por seus erros na redação se está aprendendo a escrever? Como nos culpar, se estamos aprendendo a viver?Como nos livrar da vergonha daquilo que não conseguimos? Culpa de não acertar, de não agradar, de perder, de fracassar, de nãoajudar. Culpa de ter, de não ter, de dar, de não dar, de esquecer, de não esquecer, de desistir, de não tentar...e aquela culpa inútil: se eu tivesse feito melhor, se eu tivesse feito diferente... A culpa arma um jogo cruel: sentimos-nos culpados, culpamos outros e pior, armamos situações para que nos culpem. A questão séria é que para todo culpado existe uma “prisão”. Quando a culpa aperta o coração, construímos uma prisão, algum tipo de prisão... como se fosse uma penalidade: dor nas costas, torcer o pé, enxaqueca, perdemos coisas, afastamos pessoas, nos sabotamos, comemos além da fome, bebemos além da festa...gastamos além do saldo, não cobramos o que merecemos, não conseguimos nos defender.... Qual o antídoto da culpa? É o perdão. O perdão vem do coração bondoso e valente; aquele coração que sabe que sempre haverá uma nova chance Perdoar não é esquecer; perdoar é libertar-se e libertar os outros para continuar caminhando mais leve. Somos o que somos, apenas humanos imperfeitos. E tudo bem... Precisamos acolher nossas fragilidades e nossa humanidade. Não precisamos do perdão de ninguém. Precisamos o perdão de nós mesmos. O perdão devolve o respeito. Mas...se de todo for difícil evitar se culpar...o tempo vai ajudar a suavizar. E... enquanto o tempo não cura , ajuda repetir com um leve sorriso: Eu me perdoo por não ser a pessoa que gostariam que eu fosse.... Eu te perdoo por não ser a pessoa que eu gostaria que você fosse...

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Engessados pelas mentiras

Você já se sentiu engessado (a) por uma mentira? Uma mentira que parecia inevitável? Ou por uma mentira inútil? Ou por não ter calculado corretamente os resultados? Todos nós mentimos. Isso parece fazer parte da sobrevivência. Mentimos por nos sentir constrangidos. Mentimos para nos defender ou defender outras pessoas. Mentimos porque sentimos medo de não agradar, de perder o que temos, de sujar nossa imagem etc etc ou... para proteger quem é importante para nós. Mentimos para lucrar. Mentimos na verdade, para não nos sentirmos sós, para não nos sentirmos abandonados, para não nos sentirmos excluídos, para não nos sentirmos perdedores e desamados. Sem contar os mitômanos, portadores e escravos da doença da mentira compulsiva. Então..entendo que mentimos sempre para defender nossa importância; para seduzir. Mentiras pequenas, medias e grandes. Mentir é confundir a opinião do outro; seja por qual mecanismo for. Mentimos quando forçamos uma situação com adjetivos fortes, quando colorimos muito ou quando deixamos a cena sem cor. Mentimos quando manipulamos presenteando demais, quando usamos mascaras para disfarçar. A necessidade de aparecer impulsiona para deformar a realidade. Mentir stressa porque a área do cérebro que constrói a mentira, o córtex motor ( responsável pelo controle dos movimentos), precisando inventar e manter a história, usa o dobro da energia de concentração do que as áreas ligadas às emoções, que respondem espontaneamente . Por isso é possível, quando se está atento, perceber certos “tiques” nervosos na face na hora da mentira. Até parece que existem mentiras que são automáticas porque não conhecemos uma forma de sair das questões com naturalidade. Como fazer? Ex.: Você encontra com uma pessoa que comprou uma roupa que para você é feia e ela pergunta se é bonita, como você responde? “Para mim eu preferiria comprar outra, mas se você gostou está bem.” Se a pergunta é uma intromissão tipo: você já ligou para o banco? E em varias outras situações, você pode devolver a pergunta: “Por que você está me perguntando isso?” Assistindo ao filme sobre Milarepa (que agora está inteiro e legendado no Youtube), na cena em que ele se esconde na casa de um sábio e os perseguidores batem à porta perguntando se ele está lá dentro, o Mestre responde nem sim, nem não, apenas: “ é difícil as pessoas chegarem por estes lados.” Temos muito pouca habilidade em responder sem mentir. É preciso algum treino. Usar expressões como : pode ser, vou pensar, preferiria não, no momento não, preciso de mais tempo, ainda não tenho uma opinião – colaboram em relações mais honestas. Experimente voltar a mentiras antigas e ver se isso funciona. E quando somos pegos na mentira? O que fazer? E quando pegamos a mentira de alguém? Que saia justa!!! Que vergonha!!! Vontade de desaparecer ou fazer o tempo voltar... Primeiro, conscientizar: A mentira acontece quando não existe espaço para que a verdade seja dita sem riscos. Mentimos porque temos medo de perder algo (ou alguém) se dissermos a verdade; a situação está nos ameaçando, há chances de prejuízos e mentimos em legítima defesa do ego... Mentiram para nós porque demos pistas que se a pessoa fosse verdadeira e natural a condenaríamos ou iríamos abandona-la. Na próxima mentira tente uma resposta honesta. Quando mentirem para você pense como pode ajudar o outro a confiar em você. Porque afinal como diz o Dalai Lama: ninguém merece ser enganado. Mas...sempre tem um mas...quando for inevitável, principalmente, para não criar mais confusão...perdoe e se perdoe...sem drama...o Samsara é povoado por contradições.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

E... se o corpo não colaborar?

Tudo programado para o dia seguinte e aí você acorda e o mundo gira.... Vai passar: água gelada, respira, fixa o olhar num ponto e... nada... A cabeça continua a girar e não basta a vontade de seguir em frente, de vencer o desconforto falta de equilíbrio. Apenas uma crise de labirintite. E aí não tem como, as necessidades do corpo te colocam para parar. Ligar para todos e avisar (com certa vergonha): “preciso parar, não vai dar para cumprir a agenda.” Ficar sem fazer nada, sem estudar, sem ler, sem ver televisão, baixar os sons, calar, comer nem pensar. Se dar um tempo... Percebo que não sei o que é pior, o desconforto de não estar com equilíbrio físico ou ter que ficar em casa quieta...sem conseguir me defender do mal estar. Apenas...seguindo um dos conselhos do Lama de procurar entender a origem das doenças. Na orientação da medicina tibetana é sugerido lembrar qual a situação que assustou um pouco antes de adoecer. Isso já descobri. Mas não basta. Só entendo que ainda me deixo arrastar por certos tipos de medos. De onde será que vem a falta de permissão (interna) de me deixar curar descansando? De onde vem a imposição de nunca falhar aos compromissos? Será que você imagina a quem eu estaria agradando ou evitando decepcionar? .............................................................. Já há 2 anos separados fisicamente, meu pai continua mais vivo que nunca na minha mente-coração!!! O pai que só vi ficar na cama doente 2 vezes em 62 anos: quando operado do coração e, anos depois, no seu final. e...volta sua voz: “filha, não me decepcione!” ............................................................. Então...vamos deixar a criança mimada de lado e brincar de ser adulta: *Não sou eu que estou doente, é meu corpo que precisa de cuidados e descanso para continuar a seguir como um bom suporte. *Posso sim parar, todos podem ! *ficar doente não torna ninguém melhor ou pior. * tirar o poder da situação: será que daqui a 50 anos alguém vai se lembrar deste episódio? *as vontades bem intencionadas das autoridades de infância que eu admirava, como meu pai, eram deles – apenas deles. *eu sou minha própria autoridade porque vivendo comigo 24 horas por dia, eu sei de mim. Ou...pelo menos deveria.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Comunicação é coisa seria

Outro dia descobri durante um ensinamento do Lama sobre o reino dos infernos no tema “A Roda da Vida” que uma das principais características da raiva é a falta de comunicação.... Raiva quente quando miramos um alvo ou a raiva fria quando engolimos a frustração. Nos dois casos não conseguimos dialogar e partimos para agressão gritante ou silenciosa. Aí fui buscar exemplos: - raiva do que uma pessoa me falou e não consegui me defender (será que precisava mesmo?) -raiva da chuva que caiu e estragou o passeio – mas será que não dava para “dialogar” de forma divertida com outra paisagem ou programa? - raiva de ter cometido um engano – mas será que conversei o suficiente comigo mesma sobre isso? A raiva aparece quando uma crença é ameaçada, quando somos contrariados. Quando as coisas não foram do meu jeito, da minha vontade. Mas será que estou prestando atenção, “ouvindo”, a vontade e razões do outro lado? Fica a sugestão quando sentir raiva o que faltou na comunicação? Comunicar-se está em conseguir falar claramente , tentando não deixar os preconceitos interferirem, mas, principalmente em estar disponível para ouvir. Ou seja que, além de usar os instrumentos que facilitam a comunicação hoje e são muitos, exista uma flexibilidade interna de ouvir para poder ser ouvida. Há pessoas que reclamam de solidão, que suas opiniões e recados não são ouvidos, mas...será que ela quer mesmo, ou está apenas no papel da vítima. Ou será que o interesse pelos outros não é tão grande assim? Quando a gente quer ser cuidada, precisa primeiro se interessar por cuidar. No tempo de agora que as coisas parecem “correr mais rápido” cabe a nós facilitar e otimizar nossos meios de comunicação se queremos acompanhar o ritmo; principalmente quando estamos num grupo e queremos nos articular com ele. Redes, e-mails, celulares, facebook, twiter, whastapp todos são instrumentos mega uteis para nos comunicarmos quando usamos com bom senso. Ou seja, para o beneficiar o grupo, crescer juntos, aprender junto, descobrir junto. São formas novas de conversar como o mundo externo, vamos aproveitar ! Quando não damos esse espaço para conversa ignoramos como o outro pensa, o que o outro está sentindo e ele também não vai saber da gente. Imagine você: quando fiquei mal na semana passada se tivesse que ligar para cada pessoa? Tonta até para ler os números. Mas veja: *quem usa celular, atende. *quem recebe mensagens, lê. *quem tem facebook, abre. *quem recebe e-mail, responde. *quem escreve no twiter, cuida de suas palavras. *quem dá o numero do telefone, atende. *quem compra um fax, coloca bobina de papel. Ou...não.... Quem quer ficar fixado nos fixos vai ficar um pouco atrasado e fazer, varias vezes, 2 viagens... Estamos num tempo que muitos canais foram abertos, vamos aproveitar com sabedoria. Simplificar a vida não quer dizer se separar das coisas da vida. Simplificar é cortar as expectativas e rever os desejos. Mas...também tudo bem: não escolher também é uma escolha. Sem dramas!!!!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Mapa do caminho

Mapa do caminho em (apenas) 7 passos: assistindo o retiro de carnaval dado por Lama Padma Samten anotei 7 sugestões que ele deu para seguir no caminho em busca da lucidez e da boa convivência.( você pode aprofundar o assunto assistindo pelo youtube no canal de Lama PadmaSamten esse retiro de verão 2015 ) Quero compartilhar com você porque, além de ser um bom tema de reflexão, acredito que sejam sugestões úteis e cabem em todos os caminhos que escolhemos: 1- Observar a magia que é perceber a inseparatividade do que acontece fora com o que acontece dentro de nós = coemergência ( isto está descrito abaixo com mais detalhes no texto dos “6 selos” – ensinamentos de Padmasambaba) 2- Sem bodichita (o coração bondoso que busca aliviar as dificuldades dos seres) e lucidez não há solução 3- Pacificar as relações em todas as direções( através de metabavana e das 4 ações de poder) 4- Não desistir, não cansar de ajudar os outros. 5- Reduzir as necessidades financeiras e materiais 6- Aprender a preservar a saúde, ensinar os outros e compreender de onde a doença surge. 7- Escapar das situações carmicas, das dependências dos condicionamentos (maracas) mentais Os 6 selos: *sele a aparência com a vacuidade *sele a vacuidade com a aparência *sele a vacuidade e a aparência com a inseparatividade *sele a inseparatividade com o encantamento *sele o encantamento com a ausência de condicionamentos *sele a ausência de condicionamentos com a Clara Luz, o espaço livre.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Medos, ultimo traço da ignorância

“O último traço da ignorância a ser eliminado é o medo”( Chagdu Rinpoche) Assim entendo que depois de ter resolvido raivas, invejas, culpas, carências, ansiedades, preconceitos, expectativas...todos pura ignorância - ainda no Nofinal, estão os medos = últimos traços da ignorância. Por que? Porque o medo aparece quando temos medo de perder nossos poderes, ou seja, nossas identidades. Por que? Porque pensamos que o que temos, o que pensamos ser, o que vivemos, com quem vivemos, onde vivemos nos dá um sentido. E se perdermos essas “coisas”...vamos nos perder também. Parece que não....quando aprendemos a conviver com tudo, todos e em qualquer situação em qualquer lugar sem precisar nos agarrar – sem medo de perder - estaremos no caminho rumo à tranqüilidade. Mas superar os medos é uma missão.... Missão para praticantes do cotidiano – manter permanentemente um olhar lúcido através de praticas regulares de manter a lucidez, com os pés no chão, tentando entender os jogos da vida. O medo é uma ilusão provocada por aparências. Determinadas aparências despertam sensações perturbadoras e aflitivas dentro de nós = nossos aspectos internos sombrios. Esses aspectos são condicionamentos, marcas mentais de cada um a serem dissolvidas, ou, serem desmoralizadas. Essas marcas mentais foram construídas durante a vida de cada um por isso as aparências causam medo em alguns e não em outros. Se fossem medos reais causariam medo a todos. Então os medos são reflexo de ignorância exatamente porque, sendo aparências ilusórias, como acreditar que são reais???? Lama Padma Samten tem um exemplo interessante: “Na primeira vez que entramos num trem fantasma as mascaras, caveiras, monstros, paisagens sinistras etc..nos apavoram mesmo sabendo que é uma brincadeira. Se insistirmos na diversão, a cada viagem desse trem fantasma, vamos desmoralizando os bonecos até que começamos a rir.” A vida muitas vezes nos coloca em trens fantasmas; revisitar (uma, duas, três vezes) com lucidez e sorrisos as relações, situações e lugares amedrontadores trará a mesma sensação de um nuvem se dissolvendo no céu. Pra que tanto trabalho???? Porque além dos medos serem uma ilusão, eles criam outras ilusões e a gente se perde nesse labirinto, ou fica cego = isso no Budismo é avidya. Mesmo que demore!!!! Então...comece agora! Uma vez superado um medo, ajudar outros a superar seus medos é emocionante. Assim surge também um coração bondoso – a bodhichita.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Alguma filosofia de vida te ajuda?

Essa foi a pergunta que fizeram para o físico Stephen Hawking, já no estado avançado de sua grave doença degenerativa, durante uma palestra na Universidade de Cambridge. E essa foi a resposta que ele deu através do computador que transformava em voz os poucos movimentos de sua mão(assim conta sua esposa): “É claro que somos apenas primatas evoluídos vivendo em um planeta pequeno que orbita uma estrela comum localizada no subúrbio de uma entre bilhões de galáxias; desde o começo da civilização as pessoas tentam entender a ordem fundamental do mundo – deve haver algo muito especial sobre os limites do Universo. E o que pode ser mais especial do que não haver limites? Não deve haver limites para o esforço humano. Somos todos diferentes. Por pior que a vida possa parecer sempre há algo que podemos fazer em que podemos obter sucesso. Enquanto houver vida haverá esperança.” Todos temos uma filosofia que embasa nossa vida; pode ser uma filosofia mais ou menos confiável, mas existe. Essa filosofia vai explicar nossas escolhas. Se é ou não confiável... vai ser descoberto pelos resultados que surgirão na vida. Não que a vida vai ficar maravilhosa... mas pelo menos que a filosofia que escolhemos mostre o caminho para: *não perder o equilíbrio frente aos desafios, tentações e sustos. * ajude a nos desarmar, pacificar situações e SER SOLIDARIO *mostre as vantagens ou qualidades em meio às negatividades. *dê energia e lucidez para evitar com firmeza os equívocos. Isso é o que falta para as pessoas confusas. Foi isso que encontrei no Budismo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Por que nascem crianças autistas?

“Às vezes acho que o autismo existe para nos lembrar da compaixão.”Alysson Muotri Por que nascem crianças com autismo e com outras síndromes? Perguntou uma mãe aflita. Difícil, muito difícil!!!! Só quem acompanha essa experiência sabe. O mais simples aprendizados torna-se um trabalho imenso!!! Eles percebem um outro mundo e é difícil entrar nesse mundo para poder “conversar”. Mais difícil ainda é conviver com um ser que não percebe perigos e tem dificuldades graves para se defender!!! Fora a missão de lidar com os preconceitos e ignorância da sociedade. Não sei o porquê; aliás ninguém tem certeza, só hipóteses. Cada família vai encontrar suas formulas para conviver com essas dificuldades. É como se encontrar os culpados fosse resolver ou aliviar as dificuldades. Todos os seres são manifestações da vida. Somos todos manifestações da vida mas algumas vezes a vida se manifesta em corpos especiais. Seres especiais que pedem enormes esforços de quem cuida deles para que não se machuquem e não machuquem outros seres. Esses cuidadores precisam também de ser cuidados para suportar as duvidas, os medos, as raivas, o cansaço...para enfrentar o futuro incerto....muita compaixão por todos que estão nessa situação! Penso que ocupar o tempo tentando encontrar explicações sobre a origem dos problemas absorve muita energia – deixe isso para os pesquisadores; essa energia é importante para resolver as questões do dia-a-dia. É mais importante colocar energia no presente do que no passado. “Deixe as perguntas inúteis de lado, pois o budismo afirma: não perca tempo com isso, se não sabe o porquê simplesmente aceite o que está acontecendo; depois, veja até onde pode conseguir entender a situação e não se desvie do que sabe que é construtivo porque, de outra forma, será levado à ruína, a sentir-se mal.” Isabel Resano no livro de Aloma Zibechi “Os latinos-americanos e o Tibet”

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ação irada...????

Se você descobrir que teu filho ou neto de 4 anos se trancou sozinho no banheiro – o que você faz? Se você perceber que um carro está vindo para trás e vai atropelar uma pessoa, o que você faz? Se alguém te conta sobre um ato corrupto em que vai se meter, o que você faz? A tua resposta forte é o que se chama no Budismo de ação irada. Ação irada é a ação que vai tentar aliviar o sofrimento de alguém ou interromper uma ação negativa. Acompanhar alguém que sofre de alguma perturbação psi é bem difícil; o papel de quem acompanha é tomar atitudes para que esse ser prejudique o menos possível outros seres. Os resultados comumente são demorados ou pequenos; mas qualquer coisa que se consiga já vai ser lucro – uma boa semente! Apoiar alguém que tipo “surta”, primeiro a gente se sensibiliza para o seu sofrimento: quem está razoavelmente bem não grita, não mente, não agride, não inveja, não foge etc Aí “ chamamos” a ação de poder para (tentar)não se perturbar. Aí é possível pacificar, acalmar a pessoa porque nos mantemos calmos. Aí encontramos coisas favoráveis para serem despertadas. Também sempre é bom usar a prece de Metabavana. Essas ações criam relações honestas de confiança. E confiança é condição fundamental para relações harmoniosas, principalmente dos cuidadores. E...todos nós somos cuidadores em alguém momento. Assim ouvi de Lama Padma Santem no seu último retiro de carnaval 2015.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Quando os desastres acontecem

Voltei com a noticia do terremoto no Nepal. Ouvi comentários do tipo: “mas num país tão espiritualizado, como isso aconteceu?” “ e o Dalai Lama ? como explicou essa catástrofe ?” Nessas horas, como é dito no Budismo, que Maharaja se manifesta ficamos sem respostas. Da mesma forma que a morte de uma pessoa famosa torna-se notícia nas manchetes ; por que? Porque na nossa ingenuidade nos lugares e com as pessoas que conseguiram realizações importantes (espirituais e/ou financeiras) o sofrimento não chega, ou chega pouco. É isso que assusta: verificar que nada é garantido, que ninguém escapa dos sustos da vida. A vida é preciosa e pode acabar de repente; então...importante é fazer de cada dia um dia com novos aprendizados e que sejamos , a cada dia, uma ponte para fazer sorrir, pelo menos, uma pessoa. Falando da viagem: encontrei muito forte nos EUA, tanto no Texas quanto em Nova York, o movimento para manter a cultura tibetana e o Budismo vivos. Nas livrarias inúmeros livros na tradição do Dalai Lama que eu desconhecia, vários centros de Dharma, espaço para meditação e museus. O Museu em NY que mais impressionou fica perto da Tibet’s House, o Rubin Museum of Art, um belo espaço dedicado à Arte Himalaia. Comprei até uma pulseira feita numa ONG por mulheres do Nepal.... http://rubinmuseum.org/ Encontrei nesse espaço vários grupos de crianças com seus professores leigos estudando o significado do altar, das imagens e das mascaras assustadoras. Estavam se divertindo , depois de compreender que as mascaras funcionam como nossos próprios reflexos no espelho, reflexos das emoções perturbadoras e estavam criando suas próprias mascaras!!!!!! Aproveitei a aula também..... Fiz compras na loja “The Land o Budha” e conversei com o proprietário Nepalês sobre a situação do Nepal; ele comentou alguns aspectos e estava feliz com a situação prospera de seu país que havia deixado há 15 anos..... Numa sociedade, com a americana, tão, mas tão assustadoramente consumista!!!!!, consegui encontrar nas sangas budistas ilhas de simplicidade, sorrisos desinteressados e propósitos altruístas. Estava com saudade do Brasil, de Santos, dos nossos encontros, da simplicidade em que vivo, sem a obrigação de gratificar cada gesto, podendo até olhar nos olhos de desconhecidos, de tocar as pessoas sem ameaças, de ter espaço para oferecer a ajuda quando alguém precisa. Foi bom observar uma parte os trabalhos no Budismo que estão sendo feitos fora daqui e sentir o movimento que estão tomando.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Pra ver a vida de longe: viajar!!!

Então...vou ver a vida de longe – durante o mês de Abril vou estar longe. Estes encontros virtuais semanais retornarão no final de Abril. Vou aproveitar para conhecer a Tibet’s House em Nova York e tentar trazer novidades. Quando viajamos nossa vida do dia-a-dia fica longe; como estamos longe de alguns hábitos, alguns automatismos perdem a força e é possível perceber coisas da vida que não percebemos porque estamos envolvidos pelas situações – porque as situações estão perto demais. Outro aspecto: como estamos em lugares novos é preciso mais atenção e isso tira parte da gravidade das dificuldades. Ainda: na maior parte das vezes vamos para lugares em que não somos reconhecidos então...a vaidade diminui e a vida fica mais simples e os possíveis críticos... também ficam longe. Viajar é bom, eu gosto, nem que seja para perto – outros cheiros, outras confusões, outras roupas, outro tempo, descobertas que despertam alegria no olhar....outras bolhas, outros mundos. E...a volta pra casa. Talvez seja apenas meu jeito de ver a vida; meus filhos enquanto ainda pequenos comentavam: “ mãe você vai na padaria comprar pão ás 6 da manhã e volta cheia de historias pra contar...como pode?” Pois é ...nasci assim, curiosa e animada. Esses mesmos filhos já pediram para, pelo menos na hora da morte, “pegar leve”... sem shows...sem surpresas... Aos poucos aprendi a usar essas tendências para tentar ser útil aos outros. Mas tudo bem quem gosta de ficar quietinho.... Tudo pode ser bom, apenas depende de para que e como fazemos as escolhas e seguimos na vida; mas que essas sejam na medida do possível, para beneficio de muitos seres. Então ...o vôo já está sendo anunciado...até a volta.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Cometi alguns enganos...

Cometi alguns enganos ( alguns???) Na verdade cometi muitos enganos; por isso ainda ando aqui pelas terras tentando mais alguns acertos. Mas um engano sofrido foi apostar de forma equivocada no potencial das pessoas. Conheci pessoas com potenciais fantásticos, quis incentivar que isso fosse despertado mas....”apertei” demais e essas pessoas de alguma forma fugiram. Fugiram ou se vingaram. Foi um incentivo amoroso mas colocado com ignorância. Talvez... um incentivo apressado. Com certeza...um incentivo fora do tempo da pessoa. Fugiram de alguma forma porque se sentiram cobradas ou tomaram o incentivo como acusação de incompetência. Ouvir o tempo do outro é muito importante. Oferecer ajuda é uma arte: é se disponibilizar para o momento oportuno – não passar à frente do outro. Quando avalio as ações, os atrasos, os equívocos dos outros são as minhas avaliações baseadas nas minhas experiências – servem para mim, para minhas escolhas. Se os outros pudessem fazer diferente, já teriam feito. Todos fazem o seu melhor, na medida que conseguem. “Dar uma tarefa maior que ela, é uma forma de destruir a pessoa” (Lama Padma Samten) Atrapalhar o tempo do outro é profundamente egoísta!!!! Lembra quando fizeram isso com você? Quando te apressaram? Foi ruim, não ?

quinta-feira, 19 de março de 2015

Como escolher um modelo para viver?

Qual é um modelo pra vida? As pessoas que conheci que sabem viver e conviver com seus medos com sabedoria sempre me impressionaram bastante. São esses seres que se tornaram o modelo do que eu queria me transformar. Seguindo seus exemplos fui tentando descobrir como eles faziam e trazer para resolver minhas dificuldades. E nesse caminho descobri outras muitas qualidades nesses seres e em mim. Foram e ainda são modelos viáveis para minha vida. Não adianta ter modelos que não fazem parte das nossas possibilidades, da nossa realidade. Podemos até admirar varias pessoas mas perceber qual modelo é possível, é viável para nossa vida é sinal de inteligência caso contrario isso se torna fonte de frustração. Então ...não basta estar consciente dos tropeços e das dificuldades. É preciso mergulhar nas nossas histórias e entender onde e como podemos fazer as transformações. É aí que os modelos ajudam; como eles fizeram? Qual o caminho que trilharam? Encontrei até mestres que me ensinaram o que não fazer...aprendizados difíceis mas úteis! Sou profundamente grata aos Mestres que encontrei nas diversas estradas e...aos meus esforços também. Ah...sobre os medos? Aprendi com os Mestres a não sentir medo de sentir medo....somos todos vulneráveis aos sofrimentos. Então....o negócio é ir pra frente mesmo com medo !!!! e...rindo tanto quanto possível! Só...pra tirar o ibope das ameaças. E... Quais são teus Mestres modelos?

quinta-feira, 12 de março de 2015

Qual o sentido da tu vida?

Queremos sempre ser notados. Assim como em criança queríamos ser importante para os pais, avós, tios etc continuamos assim em jovens e em adultos e em idosos. Uma das dores da velhice é não ser notado, a sua presença vai perdendo a visibilidade; até ao contrario...existe, às vezes, até uma torcida para que o idoso desapareça ou fique longe. A maioria das pessoas não se torna uma celebridade. Às vezes até faz de conta nas redes, mas é apenas faz de conta. A maioria das pessoas tem apenas a vida para viver. E não é pouco. Sobreviver não é fácil, superar as dificuldades nos torna heróis do dia-a-dia – a questão é que não reconhecemos o valor disso. E há muito valor em levar uma vida digna com relações éticas e pacíficas !!!! Pode ser que não encontremos um sentido glamoroso para nossa vida mas podemos dar um sentido para a vida do outro. Até cumprimentar com interesse o caixa do supermercado, o porteiro do prédio, a margarida que varre a rua, um elogio, um comentário positivo pode iluminar o dia da outra pessoa. Reconhecer a presença do outro, seja ele quem for, talvez seja o sentido da vida. Talvez seja esse o sentido mais difícil de construir ...porque é bem simples e não estamos acostumados a valorizar as coisas simples. No balanço do final do dia: quais pessoas hoje você iluminou a vida ?

quinta-feira, 5 de março de 2015

Budismo - um mergulho no mundo da mente

Evento dia 11 de março Quando estudamos Budismo estamos estudando nós mesmos, a natureza de nossa mente. Estudamos como conduzir nossa mente; é por isso que o Budismo não é considerado exatamente uma religião mas um caminho espiritual. Todos os seres buscam a felicidade, todos os seres vivos sem exceção. Felicidade é mais que prazer; felicidade é um estado de satisfação em qualquer situação, em qualquer lugar, com qualquer pessoa. É isso que o Budismo ensina nesse caminho espiritual. Um caminho espiritual para conviver pacificamente, conosco e com os outros, mesmo entendendo que o sofrimento (a insatisfação) faz parte da vida. É possível transformar o sofrimento das mudanças, das dores e das incompreensões pelas tragédias. Em busca da liberação esse caminho espiritual passa pelo trabalho de compreender as emoções que nos perturbam e como transformar ou conviver com elas – esse será o tema do nosso encontro durante o evento da 8ª Semana de atualização profissional na UNISANTA de 09 a 14 de março. no dia 11 de março, quarta feira, em 2 horários: às 15h e às 20h. Tema: Budismo – um mergulho no mundo da mente Faça sua inscrição antecipada pelo site ( eu também vou assistir outras varias palestras sobre homeopatia, sonhos, yoga, mandalas etc) Além disso, nesses momentos vamos conversar também sobre os encontros para meditação e reflexões budistas num novo espaço a partir de maio. Se você tem interesse em participar venha nos encontrar. Para comemorar os 40 anos da Pós-Graduação, a Universidade Santa Cecília convida para participar da 8ª Semana de Atualização Profissional. Não perca a oportunidade de se atualizar com profissionais especializados em diversas áreas. Inscrições gratuitas. Certificado de participação. Período de 09 a 14 de março. A programação é aberta ao público e as vagas são limitadas. Acesse http://eventos.unisanta.br/semanapos

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Ouvir e ser ouvido

ou ....Entender e ser entendido Apenas vale-à-apena conversar ( principalmente em uma DR) com alguém se estivermos e a pessoa ouvinte estiver, pelo menos 10%, disponível a mudar de idéia. Se o teu interlocutor estiver 100% cristalizado em suas certezas, vá tomar um sorvete, passear, olhar arvores...vá se distrair para não desperdiçar teu tempo; vá se distrair até que ele tenha espaço mental para levar em conta outras opiniões ou... aceite a situação. Aí... a dificuldade continua. É preciso descobrir se o outro entendeu exatamente o que eu disse, descobrir se fui clara o suficiente. Aí...estar interessado(a) no que o outro está comentando e devolver para perceber se entendeu corretamente. O cuidado é tecer comentários do que a gente está percebendo e sentindo – isto evita a crítica e alivia a tensão da conversa. A gente chama para si a responsabilidade e sensibiliza o outro para o que está nos acontecendo. Ex.: eu me sinto triste ( desvalorizada, ameaçada, insegura etc) quando você faz ( diz) ou...não faz... Houve uma época em que usávamos um relógio de xadrez para garantir que cada um tivesse realmente seu tempo ( 10 minutos cada) garantido; valeu-a-pena: aprendemos a nos ouvir com atenção e silenciosamente. Pelo menos é uma tentativa de se comunicar com mais clareza e que a conversa seja útil se....se o outro estiver com boas intenções. E no final..vale um abraço e sorrisos.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Quem sou eu?

Se eu perder meu nome e minha história nesta vida...o que sobra de mim? Um vazio? Não. Sobra exatamente o que sou, minha essência. O Budismo diz que somos a soma dos 5 skandas ou os 5 agregados: 1- Uma parte física, o corpo 2- Os sentidos, que nos fazem conhecer a realidade de acordo com nossas capacidades 3- As percepções, o julgamento ( preconceitos) que fazemos da realidade que captamos : bom/ruim, meu/teu, pequeno/grande, alto/abaixo etc 4- As formações mentais, os pensamentos, os condicionamentos e fixações 5- A consciência, as identidades construídas. Um agregado “dita” o outro de frente para trás, de trás para frente; um vai se refletindo no outro. Os 5 agregados forma um todo. O exemplo tradicional dado por Buda é o da carroça. Aqui substituímos por um carro : O carro são suas rodas? O carro é seu motor? O carro são seus estofamentos? O carro é sua lataria? O carro é o combustível que usa? Separados não são nada. Mas então o que é um carro? É tudo isso mais sua função de transportar pessoas. Quem sou eu? Com certeza não sou aquilo que meus pais queriam que eu tivesse sido, que meus filhos esperavam que uma mãe perfeita fosse, que os todos os clientes esperavam encontrar... Até carente...e iludida tentei ser, mas não deu! Não sou apenas meu corpo, que até vai se gastando com o tempo. Não sou apenas meus sentidos que vão se apagando com o tempo. Não sou apenas minhas opiniões que também vão se transformando com o tempo. Não sou apenas os condicionamentos que me engessam porque alguns até já quebraram e perdi; e outros surgiram com novos sustos. Não sou apenas as identidades que construí porque já mudei o cartão de visitas varias vezes: filha, estudante, namorada, esposa, mãe, professora, terapeuta, aposentada.... e...afinal que sou eu? Sou tudo isso, mais os rastros e as histórias que deixei. "Acordar para quem você é requer desapego de quem você imagina ser." Allan Watts

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O poder do silêncio

"A meditação é uma das raras ocasiões em que nós não estamos fazendo nada. Caso contrário, estamos sempre fazendo alguma coisa, estamos sempre pensando em algo, estamos sempre ocupados. Nós nos perdemos em milhões de obsessões e fixações. Mas, meditando - não fazendo nada - todas estas fixações são reveladas e nossas obsessões, naturalmente desfazem-se como uma serpente desenrolando-se." DzongsarKhyentseRinpoche Parece que sempre estamos pressionados a pensar algo, resolver alguma coisa, escolher outra. Vivemos nos curando dos sustos. Vivendo em Santos perto de uma rua movimentada, andando por São Paulo com todos os estímulos auditivos possíveis, encontrar um local silencioso é uma benção. Meu neto avisa que o local onde mora é uma “ bolha de silêncio”. Porque nos deslocamos o tempo todo por dentro de bolhas aflitivas, bolhas urgentes, repletas de defesas. Vivemos tentando controlar essas bolhas. Que delícia, que repouso! Encontro essas bolhas em Campos do Jordão. Encontro essa bolhas nos claustros durante a vigília. Mas também encontro nas madrugadas. Quando posso me sentir no silêncio, sem testemunhas, sem sustos. Às vezes o silêncio amedronta, incomoda...será o medo da morte? Quando todos os ruídos somem.... Ou... será esse o momento de total liberdade – não será preciso resolver mais nada. Soltos de todos os “tem que”. Imagino que esse movimento pode ser como um vôo leve num infinito céu azul calmo – muiiiito calmo. Não será preciso mais se deslocar para dentro de nenhuma bolha... não vamos precisar se envolver em mais nenhuma bolha.....livres. A meditação nos treina para encontrar bolhas de silêncio, soltos dos condicionamentos, das fixações. Bolhas de silêncio mesmo em meio aos ruídos internos e externos. "Meditação sobre a almofada é uma janela através da qual você pode ver o seu próprio mundo interior claramente: pensamentos, emoções, neurose, sofrimento, delírios, crenças, confusões, a ignorância. Tudo vem à luz. Não só isso, você vê com você pode trabalhar com tudo isso, a fim de superá-los com sabedoria." DzigarKongtrulRinpoche

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O que é real, o que é ilusão

O Budismo afirma que tudo é uma ilusão. Bem... não é bem assim. A ilusão é como percebemos a realidade. Vemos a realidade de acordo com as informações mentais que existem na nossa mente. Vemos a realidade como nos ensinaram em criança, com as nossas tendências, os valores da cultura de cada um, de acordo com a capacidade dos nossos 5 sentidos, das capacidades mentais e dos condicionamentos. Cada um percebe a realidade externa de acordo com sua realidade interna. É injusto dividir o justo do injusto, o bem do mal, o correto do incorreto; tudo depende da bagagem de cada um. Essa bagagem cria as bolhas que nos envolvem e onde nos relacionamos. Aí vem a vida estoura a bolha, as coisas mudam e aparecem outras bolhas que refletem nossos outros condicionamentos. Uma forma de treinar olhar a realidade na sua essência é observar o que acontece mas... evitando usar adjetivos. Adjetivos são interpretações pessoais – tipo: ruim, bom, pequeno, grande, certo, errado, largo, estreito, rápido, vagaroso, bonito, feio, negativo, positivo, dentro, fora etc etc etc Além disso...sem eu, meu, minha, teu , tua. O véu dos dramas se dissolvem quando riscamos os adjetivos. Sabe por que? Porque as fronteiras desaparecem e não mais nos ameaçam. Experimente olhar para uma situação, descreva, se possível escreva o que você está vivendo com adjetivos e, depois, sem adjetivos e vai entender o que estou dizendo. exemplo: Estou comprando um carro maravilhoso! Estou comprando um carro. Estou despedindo com medo minha faxineira Rosa. Estou despedindo a faxineira que trabalha em casa. Olhar uma situação difícil sem usar adjetivos dá até para entender o quanto posso ser útil ou.... não ser. Aí... dá até para acreditar que a paz é possível.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

No fear, no pain- sem medo/ sem dor

Serve meditar? Meditar é refletir? Meditar é esvaziar? Meditar olhando para parede? Meditar andando? Meditar nos mantras? Meditar deitado? Meditar sozinho? Em grupo? Com Mestre/ sem Mestre? Meditar para melhores resultados, para acalmar, para relaxar dores. A lista é extensa. Meditar no cristianismo, no budismo , na yoga, no reiki etc etc As escolhas são muitas. Medito para clarear a compreensão da realidade, ou melhor, para tentar clarear a compreensão. Porque a compreensão dissolve o medo, dissolve as dores – dores de vários tipos: do corpo, das emoções, das perdas, dos sustos. Na tradição do Budismo Tibetano seguimos um formato já testado por centenas de anos: 1-Motivação 2-Visão 3-Meditação com um foco 4-Dedicação 5-Ação no mundo 1- Parar e pensar que meditamos para estabilizar, clarear a mente e beneficiar os seres= motivação 2- Estudar, aprender sobre os processos de como nos relacionamos com a vida Tentar olhar a realidade sem adjetivos = visão 3- Assumir uma postura confortável e tentar manter a imobilidade temporária Focar principalmente na respiração ; na planta dos pés, nas narinas, no centro do peito; ou em outros estímulos dos sentidos; som, odores, visões, no vento, no calor, no contato do corpo. Até sentir o espaço livre da mente, livre de histórias, de expectativas. Meditar pode ser também nos mantras. 4- Dedicar a estabilidade obtida, a calma em todas as direções como uma estrela que brilha sem condições. 5- Levantar e agir no mundo tentando compreender o outro no mundo dele, se alegrar pelas conquistas dos outros, acolher a realidade sem julgamentos, evitar ações que prejudiquem outros e liberar a mente das fixações/ condicionamentos. Meditação é um lindo caminho, nem sempre fácil. É aconselhável no início permanecer de 8 a 15 minutos nesse exercício. Muitas vezes surgem sensações desagradáveis durante a meditação: Raiva, medo, duvida, inveja, descrença, preguiça, negação. Muita coisa pode acontecer porque quando a mente é acalmada aparecem os aspectos que estão roubando a liberdade e o sossego, aspectos que precisam ser transformados – essa é uma ótima oportunidade para auto-conhecimento. E o que fazer com isso? É mergulhar dentro de nós e para esse processo muitas vezes é preciso uma ajuda externa porque são hábitos cristalizados que precisam ser substituídos. São condicionamentos ( fixações) que criamos para nos defender da nossa vulnerabilidade frente ao sofrimento, nos defender dos nossos medos. Mas o Ego vai resistir! O Ego quer se defender; resista ! Meditar é encontrar um refúgio! O resultado é libertador!

sábado, 24 de janeiro de 2015

Je suis Charlie e outros sustos

Vez por outra levamos sustos: torres são destruídas, 47 adolescentes são mortos por protestar, pessoas são mortas por divergir, pessoas emblemáticas se suicidam, crianças são atiradas ..... Quantas contradições cabem dentro de nossas vidas!!!!! O que fazer com tudo isso? Essa seria uma boa pergunta para fazer ao Buda. Não é nem o caso de tomar posições. É como não deixar colar essas intoleráveis cenas em nós para que a esperança pela paz não se dissolva? Também não é ficar indiferente. Como conviver com as contradições e continuar sorrindo no dia seguinte? Porque... apesar de tudo ainda podemos ser fonte de alívio para varias pessoas; apesar desses momentos de perplexidades provocados por mentes tão confusas, ainda podemos ser úteis a muitos seres. Encontrei uma sugestão entre os textos que compartilhei vários anos atrás : " se a felicidade vier, não fique excitado demais; se a tristeza vier, não fique deprimido demais. Encare as coisas com leveza. A felicidade e a tristeza estão separadas de você; permaneça incógnito...como se elas não estivessem acontecendo com você, mas acontecendo a outra pessoa. Torne-se um observador: isto é visão interior, quando não nos identificamos com o que acontece. Assim não deixamos as coisas grudarem em nós, não tomamos a vida como pessoal, mas como uma sala de aula. Entramos num determinado horário e vamos sair quando sinal bater.”... E frente a tanta ignorância... façamos a prece de compaixão lúcida tão querida no Budismo OM MANI PEME HUM por todos que sofrem, agredidos e agressores.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O peso da opinião dos outros

O peso da opinião dos outros está pesado? "O que você pensa de mim, não muda nada o que verdadeiramente sou". Lama Michel OM SHANTI O peso da opinião que os outros nos lançam tem o peso proporcional ao papel que ocupam na nossa vida. Quanto mais importância damos à pessoa mais a opinião dela facilita ou atrapalha nossos passos, decisões e escolhas. Esse peso também está conectado a nossa auto-estima e aos nossos complexos de inferioridade ( disfarçados muitas vezes de complexo de superioridade). Mas a opinião do outro é apenas a opinião dela. Que poder podem ter de nos colocar numa bolha positiva ou negativa????? Que poder é esse se é apenas uma “boca falando”? E se essa mesma opinião fosse emitida em uma língua estranha para nós? Acredito que esse poder surge do condicionamento em que fomos criados de nos motivarmos com recursos externos; um sistema compensatório – a cada frustração, uma recompensa – presente, comida, abraço, elogio etc. Assim crescemos...nos recompensando, esperando que a alegria chegue de fora. Nossa energia ( nossa alegria) está condicionada a se movimentar “ligada” aos recursos externos, não só de opiniões, como também com o que comemos, o que compramos, o reconhecimento que recebemos. Até que por sorte um dia possamos descobrir que a verdadeira alegria surge da autonomia interna, de se alegrar pelas coisas boas que somos capaz de deixar como rastros. E a grande liberdade é que isso depende apenas de nós. Nesse momento percebemos quanto é ilusório o poder que colocamos nas conquistas e nas figuras em que projetamos a expectativa da felicidade. Colocar a responsabilidade por nossa alegria do lado de fora, rouba a liberdade. E voltando ao início da conversa, a opinião do outro é do outro, é um direito dele; todos têm o direito a ter sua opinião. E nós temos a liberdade de não “deixar colar” no coração essa opinião quando ela não combinar com a nossa; apenas isso. Liberdade de recuperar a autonomia de nossa energia, de nossa alegria porque, como dizia Fernanda, a irmã de Lama Michel ainda pequena: “quem sabe de mim sou eu que vivo comigo o tempo todo!!!”

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A morte é minha melhor amiga

Ou.... Estar pronta para partir. BertHellinger, psicanalista criador do Método de Constelações Sistemicas, pergunta a uma paciente sua: A morte para você é uma mulher ou um homem? E para você? Como a morte se apresenta? Diz Hellinger:”os vietnamitas me disseram que durante a longa guerra civil eram frequentemente muito destemidos. Eles diziam : death is a lady; portanto, a morte é uma dama. Nas imagens internas a morte é frequentemente feminina.” O terapeuta que tem medo da morte não pode ajudar. E o medo da morte é o medo mais profundo, é o primeiro medo de todos nós,o que gera todos os outros medos. Portanto e ele que precisa ser melhor cuidado. Em qualquer situação se perguntamos; estou com medo do que, e se continuarmos a perguntar, inevitavelmente chegaremos ao medo de falhar, sucumbir e, sem saída, morrer. O Budismo ensina a encontrar vantagens na negatividade; e, para mim, a morte é minha melhor amiga. Porque sei que ela vai chegar, não sei quando, não sei como; arrumo minha vida, minhas coisas e minhas relações evitando adiar o que quero fazer. Aprendi no Budismo a estar sempre pronta para partir. E quando Ela, a Dama da Morte, chegar gostaria de não ter nada do que sentir remorso e ressentimentos. Apenas...me dissolvendo na luz, como uma gota no oceano. A consciência da minha morte me ajuda a viver melhor e aproveitar minha preciosa vida. Num trecho do livro para terapeutas de Constelações Familiares de Bert Hellinger “ O Essencial é simples”, encontrei o texto a seguir: “de tardinha, eles se sentaram na varanda e a ampla paisagem parecia transfigurada à luz do crepúsculo. Quando escureceu, o estranho começou a contar como o mundo mudou para ele, desde que deu conta de que alguém o acompanhava por toda a parte. De início, não acreditou que alguém constantemente o seguia, parando quando ele parava e levantando-se quando ele se punha novamente a caminho. E precisou de tempo até entender quem o acompanhava. “Minha companheira permanente”, disse ele, “é minha morte. Eu me acostumei tanto a ela que não quero mais sentir sua falta. Ela é minha melhor amiga, a mais fiel. Quando fico em duvida sobre o que é certo fazer e como devo prosseguir, fico um momento em silêncio e lhe peço uma resposta. E me abro totalmente e ela, por assim dizer, com minha máxima superfície; sei que ela está alia e que eu estou aqui. E, sem me apegar a desejo, aguardo até que dela me venha alguma indicação. Quando estou recolhido e a encaro corajosamente, vem-me, depois de algum tempo, uma palavra dela, como um relâmpago que ilumina a escuridão _ e eu ganho clareza.” Por tudo isso, a cada dia, tento aproveitar todas as oportunidades de sorrir e de fazer sorrir.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Estamos todos correndo atrás da felicidade

Acredito que estas reflexões do psiquiatra Gikovati(que mais uma vez me inspira) merecem ser compartilhadas. São reflexões sobre as nossas fixações que, equivocadamente,“cuidamos com tanto carinho” e causam tantas confusões nos nossos caminhos!!!! Perceber a necessidade de mudança já é importante mas...o que origina esses aspectos tidos como hábitos negativos, impulsos automáticos? Qual é o gatilho que aciona o mal hábito? O hábito fixado e automático é uma forma não muito saudável de relaxamento, uma forma temporária, porém...rouba a liberdade e sempre trás um efeito colateral negativo. Tenho o hábito de comer rápido, meio apressada. E sei como é difícil controlar esse mal hábito. Sei que talvez vá conviver com ele por mais tempo mas, com certeza, posso ter esse mal habito sob controle. Uma das formas é um bilhete na frente do prato:”coma devagar”. O cérebro leva 18 minutos para reconhecer que o corpo foi nutrido e basta! Então comer devagar também ajuda a manter um peso equilibrado. Bilhetes ajudam; relembrar do “lucro” depois de controlar o hábito também ajuda. Mas primeiro é preciso decidir realmente abandonar o comportamento – com firmeza e determinação. É difícil porque o mal hábito, como todas as compulsões, trás um benefício imediato e o malefício aparece só mais tarde. Não nascemos com esses condicionamentos, então podemos nos libertar. A cada sucesso nos fortalecemos. E o que pensar sobre os hábitos ( fixações) que nem percebemos que temos? Gikovate lançou, recentemente, "Mudar – Caminhos para a Transformação Verdadeira" (MG Editores), no qual aborda a dificuldade de abandonar hábitos –entre os quais aqueles que nos impedem de alcançar objetivos– e a importância do autoconhecimento para mudar atitudes e pensamentos. O medo da felicidade é, de fato, o medo de perder a felicidade", diz Gikovate O medo de errar é um dos piores medos? Gikovate: Sim. É muito ruim porque acovarda a pessoa e a impede de experimentar o que é novo. O risco de erro está presente em todo experimento, mas ele corresponde ao mesmo caminho que nos leva a acertar, a avançar e progredir. Aprendemos com os erros e com os acertos. Quem não arrisca, fica estagnado. A boa tolerância a frustrações e contrariedades, a chamada boa resiliência, é condição fundamental para o crescimento pessoal, profissional, sentimental e moral de todos nós. a felicidade pode incomodar a um bom número de pessoas que, por comparação, se sentirão por baixo, revoltadas com a hostilidade sutil típica da inveja. Porém, penso que os atos destrutivos que costumamos praticar são da nossa própria autoria e existiriam da mesma forma se não houvesse a inveja. E como ela coexiste com nossos bons momentos, podemos, facilmente, atribuir a ela um processo que nos pertence. Muitas pessoas não têm essa tolerância. Para elas, mudar é ainda mais difícil. É preciso se empenhar e conhecer o melhor possível a si mesmo, seus sentimentos e emoções, mesmo os nobres, e como funciona sua mente. Convém que saibamos quais os nossos pontos fracos e quais são nossos dons maiores. Depois de tudo, saber muito bem o que se quer mudar, para onde mudar. Aí, se faz um plano, um projeto e, o mais importante: temos que tratar de executá-lo. As mudanças só acontecem quando abandonamos a teoria e partimos para a ação. Ninguém se cura do medo de avião em um consultório; nele se conversa sobre porque ele surgiu e como enfrentá-lo. Mas a pessoa terá que entrar no avião, sofrer os medos correspondentes e, aos poucos, ir se livrando desse tipo de condicionamento psíquico nocivo. Tudo tem que acontecer aos poucos, com firmeza e paciência, porque esses processos podem durar mais do que gostaríamos. É muito raro que uma pessoa consiga mudar de um dia para o outro. UOL: Todo mundo é capaz de mudar? Gikovate: Quase todo mundo. Existem algumas pessoas por demais intolerantes a sofrimento e dor que não conseguem nem se imaginar em situações em que terão de enfrentar adversidades. Essas não mudam A intensidade do medo é, segundo acredito, um atributo inato, variável de pessoa para pessoa. Os pais têm que ajudar as crianças a desenvolver a coragem, ou seja, a força racional necessária para que os medos irracionais sejam enfrentados. Isso se consegue em parte pelo exemplo e, em parte, estimulando as crianças a vivenciarem dificuldades, dores, adversidades inerentes à nossa condição. Nada de superprotegê-las, pois isso as enfraquece. Todos têm de aprender a lidar com docilidade com as contrariedades e frustrações próprias da vida. Isso é mais fácil para os que já nascem mais condescendentes e mais difícil para os mais revoltados. Porém, todos têm de chegar lá, pois a vida não irá poupar uma pessoa apenas porque ela blasfema e grita quando contrariada. http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2014/12/11/todos-tem-medo-da-felicidade-diz-psiquiatra-flavio-gikovate.htm