sábado, 21 de dezembro de 2013

Budismo e relacionamentos

Das varias relações em que estamos mergulhados as mais difíceis costumam ser as relações familiares; ao mesmo tempo elas se tornam um campo rico para os treinamentos. Como o caminho é para despertar a lucidez, compreender e experimentar viver e conviver em paz, as diferentes relações são fundamentais no caminho para o Nirvana. Nirvana e Samsara são posições da mente, formas de olhar as realidades; são formas das paisagens em que nos inserimos, janelas que abrimos para a vida. Da paisagem escolhida, surgem pensamentos. Esses pensamentos criam energias ( formas de comunicação). Essas energias constroem as ações. Assim, quando mudamos de paisagem mudamos nossa realidade. Coemergência é outro nome para o conceito de interdependência, nâo existe separação entre o observador e o objeto observado. O que enxergamos é reflexo de como estamos no momento. Ilusão é exatamente acreditar que existe separações. Coemergimos olhando para as realidades através de nossos obscurecimentos mentais, nossas fixações, aflições e marcas mentais e/ou carmicas. Perceber que o Samsara é uma forma de olhar o mundo permite o reconhecimento da Terra Pura em que já estamos e não conseguimos acessar. Como foi visto no texto de semanas anteriores, os ensinamentos pode ser realizados em 3 formas–“TRIPITAKA” = Vinaya, Sutras e Abidarma. O Abidarma seria o equivalente à psicologia e usa a Roda da Vida como um mapa mental. A Roda da Vida, figura no anexo, estudada por todas as escolas, demonstra como nos construímos e como construímos a vida e renascimento e dá referências para compreender como fazemos as escolhas. Roda da Vida é um desenho de 4 circulos que interagem entre si: No centro, os 3 animais –o javali ou porco - as identidades, nossos rotulos, o galo – funções, as atividades (como nos fixamos, os apegos, como justificamos cada rotulo) a cobra como defendemos nossas identidades- como nos armamos a seguir outro circulo estreito, metade branco ( ações solidárias) e metade negro ( ações egositas) a seguir 6 divisões: os 6 reinos – 6 estados mentais, 6 formas de viver no último circulo 12 elos interdependentes que engessam os outros círculos internos e nos prendem ao samsara – o ciclo viciado do nascer, envelhecer, morrer e renascer. Esse desenho está abraçado por Maharaja o “Deus da morte” , representado os grandes sustos, com espelho nas mãos, que ( pra mim) significa nossos medos que criam os apegos: Apego ao controle = preocupações e ansiedades Apego às crenças pessoais = intolerâncias e raivas Apego às nossas “muletas” = vícios e dependências Apego à nossa imagem = culpas, vergonhas e mentiras Apego às nossas fronteiras = preconceitos, julgamentos No alto do desenho um Buda aponta para uma lua representando um caminho de escape através do uso de 6 inteligências chamadas de 6 sabedorias (coloridas) disponíveis o tempo todo para todos os seres, como a luz do sol e da lua. Todo esse ensinamento será visto nos e-mails das próximas semanas Na internet é possível encontrar varias outras imagens da Roda da Vida O texto desta semana explora este tema da Roda da Vida pelas palavras de Lama Padma Samten.

sábado, 14 de dezembro de 2013

5 Delusões - desejar sim, apegar-se jamais

As 5 delusões são as emoções aflitivas que desestabilizam a mente: raivas - frias ( engolidas) ou quentes ( extravasadas), inveja, orgulho, insatisfação ( desejo ilimitado) e confusão mental ( ignorância) Para o Budismo vajrayana ( ou tântrico na sua forma real)que estudamos, segundo o texto anexo, “a compreensão da natureza essencial das emoções é um ponto central de investigação sobre a causa do sofrimento”. Existem 3 principais escolas no Budismo: Therava ( hinayana)- caminho solitário como praticada em Miamar Mahayana – caminho para o beneficio de muitos,como praticada no Japão Vajrayana ( trantayana) – caminho “secreto rápido”, que aproveita qualquer e toda situação para encontrar e despertar a luminosidade, como praticada no Tibet E, dessas escolas surgem varias tradições. As causas desse sofrimento são os 3 principais venenos mentais: ignorância (não saber ou saber equivocado) apego (medo de perder ou não ter) raiva ( as aversões a pessoas ou situações) Essas 3 causas se entrelaçam; são causas e efeitos umas das outras. O desejo move as ações no mundo, quando se transforma em um desejo ilimitado ou apego ( sensação de posse), torna-se um veneno. Para esses venenos Buda oferece antídotos. Os próximos textos vão cuidar das delusões ( emoções aflitivas); mas antes o cuidado vai para os apegos que são os trampolins para as emoções negativas. Para explicar os apegos os ensinamentos usam o último circulo da Roda da Vida ( desenho anexo), os 12 elos interdependentes: Resumo dos 12 elos da originação dependente “Quem tem ignorância termina tendo marcas mentais, quem tem marcas mentais tem um embrião de identidade, quem tem um embrião de identidade tem aspirações, que tem aspirações termina gerando um corpo, quem tem um corpo gera contato com o mundo a partir do corpo, o contato com o mundo a partir do corpo leva à experiência de gostar e não gostar, gostar e não gostar leva ao apego e ao desejo, desejo e apego levam a sucessos parciais, esses sucessos parciais levam à noção de nascimento, o nascimento leva à ação no mundo, ação do mundo leva à morte.” –Lama Padma Samten. para receber os textos citados escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 7 de dezembro de 2013

Cultivo da mente lúcida - a mente de bodicita

A mente possui véus que dificultam a percepção da realidade; véus que produzem as desilusões. As desilusões acabam por nos libertar porque mostram nossos enganos, nos tiram da ignorância. É sobre a dissolução desses véus que trata a filosofia budista. Nas 4 Nobres Verdades: Sofrimento ( frustrações, nossas confusões) fazem parte da vida Esses sofrimentos tem causas É possível dissolver essas causas E para isso existem métodos – ajustes da mente As causas desses sofrimentos são os 4 véus:obscurecimentos mentais, fixações, emoções aflitivas e marcas mentais *Obscurecimento mental ( não conseguir ver com clareza) *Isto causa fixações (desejo de posse, desejos ilimitados se sentir preso a dificuldades, dramas ou euforias e prazeres. *Essas fixações causam angustias, emoções aflitivas (angustias) *Esses sofrimentos produzem marcas mentais, carmicas ( condicionamentos) Uma vez dissolvidos os véus, a mente lúcida reaparece, desperta. Essa mente é uma inteligência bondosa, que quer ser de beneficio aos seres por uma forma lúcida, inteligente – saber ajudar e como ajudar. Ninguém é mal, ninguém é ignorante – todos nós estamos presos na ignorância, todos sofremos por isso nos enganamos, por isso prejudicamos. Pessoas felizes fazem o Bem, são alegres, generosas, atenciosas, interessadas Por isso uma das praticas no Budismo é recitar repetidamente a prece Metabavana, para nossos desafetos, para nossos amigos, para mortos, para vivos e até para nós mesmos. “Que ...encontre a felicidade Que...supere os sofrimentos Que...encontre as causas da felicidade Que...supere as causas dos sofrimentos Que seu obscurecimento mental, suas fixações, suas aflições e marcas mentais sejam dissolvidas e surja em ....uma lucidez completa e instantânea para tudo e para todos Que... traga vasto benefício a todos os seres e encontre nisso a fonte de sua alegria” O texto desta semana é sobre essa mente inteligente e bondosa – a Mente de Bodicita; você pode pedi-lo através de artesdecura@netguest.com

domingo, 1 de dezembro de 2013

Relações amorosas como treinamento

A proposta budista é um convite para superar as fixações em nossas identidades, no nosso mundo, nossas fronteiras e auto-centramento. Esse é o caminho que leva à liberação e à possibilidade de conviver e construir a Cultura de Paz. Amar é desejar e facilitar que o outro seja feliz......focar as qualidades positivas do outro, faz surgir a energia para cuidar, proteger, beneficiar e promover sua vida; essa atitude faz surgir o amor incondicional. Na língua tibetana para o termo AMOR existe Bondade Amorosa...mais perto das nossas possibilidades. Para uma cultura de paz as relações precisam ser abraçadas pela Bondade Amorosa. A atitude da Bondade amorosa faz parte do tema do treinamento nas “4 qualidades incomensuráveis” ou “meditações ilimitadas”: *bondade amorosa – superar o auto-interesse e focar nas qualidades positivas dos outros *compaixão – inteligência lúcida que busca os meios hábeis para ser de benefício aos outros (a energia compassiva manifesta-se quer as pessoas sejam boas ou estejam repletas de negatividades, pois queremos que todos, sem exceção, ultrapassem suas aflições e visões negativas – Lama Samten) *equanimidade – relações de igualdade e generosidade *alegria – satisfação realizações dos outros, por seu alívio e felicidade As relações que vivemos na nossa vida durante as diversas experiências, são ótimas situações para fazer esse treinamento; e diz Lama Padma Samten, com muito humor.... nas dificuldades das relações pessoais o treinamento fica ainda melhor, mais eficiente...... Encontrar outra forma de olhar as dificuldades, encontrar uma nova forma de operar a mente com mais luminosidade é o caminho do treinamento. “ os tempos degenerados são exatamente os tempos em que a compaixão, a igualdade e a bondade são esquecidos”( Lama Padma Samten) Assim também nas nossas relações: elas se tornam difíceis quando esquecemos de praticar na convivência: a compaixão (inteligência lúcida), a bondade ( delicadeza) e a equanimidade ( respeito, igualdade e generosidade). Não é fácil...mas a cada conquista....que alegria!!!! Abandonar as posturas de auto-interesse e trazer benefícios aos outros nos conecta com uma dimensão maior. O texto desta semana é exatamente sobre Amar; se quiser recebe-lo envie e-mail para artesdecura@netguest.com

sábado, 23 de novembro de 2013

Resumo dos passos dados no Ciclo de Estudos Budistas

1.*As 4 faixas de respostas às circunstâncias *Tudo tem seu tempo certo; ansiedade cria atalhos perigosos *fundamento do Budismo = compreensão da natureza básica dos fenômenos; todos os seres possuem o potencial para lucidez total (iluminação) *tudo está condicionado a mudanças, nada contém a verdade absoluta *a causa do sofrimento não é apenas externa; necessidade de conhecer a origem interna dos sofrimentos; sofrimento das dores do corpo, das mudanças e perdas, das vicissitudes da vida, das emoções negativas. *sofrimento depende de quanto nos deixamos afetar pelas circunstâncias *sofrimento, basicamente, é causado pela defesa do Ego *tomamos atitudes baseados nas nossas confusões. 2*confusão é a sensação de sentir-se preso às circunstâncias: às crenças, posses, relações, limitações, doenças etc *serenidade é sentir-se liberto, independente das circunstâncias externas *A filosofia Budista oferece ensinamentos de como foram criadas nossas prisões mentais *prisões mentais nascem com os condicionamentos, marcas mentais que nos iludem e nos envolvem em “jogos” *os “jogos” que vivemos são bolhas, e não percebemos que estão prestes a estourar e ver surgir outras – isto é o Samsara - uma forma de operar a mente no mundo *podemos escolher jogar ou não jogar os jogos, a questão é não se fixar, não se deixar colar. * meditação é a ferramenta básica do Budismo para enxergar além das bolhas *o início 3A.* o início do caminho em busca da serenidade é orientado pela motivação bondosa semelhante ao surgimento de um Lotus *História de Sidarta Gautama até tornar-se Buda 3B. *O sentido da vida é recuperar a alegria e devolver a alegria aos outros:”o que posso oferecer?” Sorrir, brilhar e ajudar os outros a brilhar. * o sentido da nossa vida nasce sempre em conexão com outra vida *Os 4 bardos *Avidya ( ignorância) e Duka ( sofrimento) *Interesse pela memória dos outros, suas histórias, coerências e ações na vida. 4ª. *As 4 nobres verdades *1º passo é a motivação bondosa, 2º passo é renunciar ao hábito de sofrer *estudos se norteiam pela: verdade( dissolver as ilusões, os enganos) coragem ( para seguir sempre em frente) paciência ( sem pressa) persistência (esforço constante ) No Budismo, Tomar Refúgio é tornar-se Budista. O Budista toma refúgio, se refugia, encontra proteção em : Buda - como símbolo de um Mestre verdadeiro, representando o aspecto sutil que todos portam Dharma – ensinamentos para um caminho verdadeiro Sangha – a comunidade que tem a mesma motivação de despertar a bodicita Bodicita= coração bondoso, compaixão ou mente altruísta. Na verdade, tomamos refúgio na natureza budica interna a todos nós, essa natureza capaz de enxergar todos os fenômenos por uma forma luminosa e livre – na esperança que um dia essa natureza se realize plenamente e possamos viver e conviver em paz em todas as dimensões e direções. O texto desta semana “Um caminho simples” é uma tradução de ensinamento de SS Dalai Lama sobre o Refúgio e sobre 2 princípios básicos no Budismo: a interdependência ( originação dependente de todos os fenômenos) e a não-violência. para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 16 de novembro de 2013

O sofrimento existe?

Conta a história que Sidarta Gautama após perceber que ascetismo apenas maltratava seu corpo e promovia confusão mental, sentou-se em silêncio para observar e compreender o que estava além das ilusões da realidade, além das percepções dos 5 sentidos do corpo. Silenciando a mente e com todo o conhecimento que havia obtido em suas buscas e estudos, ele obteve a compreensão dos fenômenos. Então, nesse momento, ele permite ser chamado de Buda = o desperto, o iluminado, aquele que alcançou a lucidez. O primeiro ensinamento dado por Buda depois de sua iluminação, ou seja, da compreensão dos fenômenos da existência, foi as “As 4 nobres verdades”: o sofrimento faz parte da vida, os sofrimentos têm causas, é possível dissolver essas causas e para isto existem métodos. Para os sofrimentos, cada Filosofia oferece uma explicação e uma solução. Na Filosofia Budista esse é o ponto de partida. Existem muitos textos com ensinamentos e cada vez que relemos sobre esse tema é possível captar um pouco mais de sua essência , fazer conexões e encontrar explicações para nossa história pessoal. No entanto para abrir espaço interno para iniciar verdadeiramente os estudos é necessário, antes de partir na aventura, tomar a decisão de renunciar ao habito de sofrer. Sentir-se merecedor de viver em serenidade. Hábitos são aprendidos na infância e reforçados ao longo da vida. Existem hábitos saudáveis, outros que nos manipulam, outros que dão medo. Às vezes sofremos mais do que o preciso, porque o sofrimento parece dar um certo colorido e importância à vida; Às vezes também, quando estamos em sofrimento, recebemos a atenção que nos falta ....... Mas será que vale-à-pena entrar nesses jogos? Esses jogos enfraquecem e escravizam; liberdade é parte essencial de sentir-se confortável na vida. Liberdade interna. As mudanças acontecem quando tomamos a decisão de resolver por nossos próprios esforços, tanto quanto seja possível; milagres não existem, esperar simplesmente que algo ou alguém faça interferências e resolva nossos desafios é alienação, esse comportamento é oportunista e não cria méritos para que as mudanças sejam bem enraizadas. O que facilita a transformação é fazer escolhas de caminhos solidários (ou pelo menos que não causem prejuízo a outros seres), busca pela verdade, coragem, paciência e persistência, como coloca Lama Padma Samten no seu “Roteiro de 21 itens”. A conexão com Mestres pode nos inspirar e expandir a percepção, mas as decisões serão sempre nossas. Decidir renunciar ao sofrimento é um ato de autonomia! O texto desta semana é sobre o sofrimento e foi escrito por Bel Cezar, psicóloga, estudiosa do Budismo e mãe de Lama Michel, está no seu livro “Emoções”, bem interessante e inspirador!!!!( para recebe-lo enviei e-mail para artesdecura@netguest.com É possível conviver pacificamente com preocupações, frustrações, duvidas, dívidas, compromissos, desencontros e solidões....sem armas.... sem raivas. É possível conviver pacificamente com sucessos, afetos, descobertas, verdades, encontros e amizades com generosidade.... sem aflições de perder.... sem medos. Não é exatamente negar as situações; é não dar mais poder do que possuem – tanto às ruins quanto às boas.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O sentido da vida

Buscar um sentindo da vida acompanha a busca pela felicidade. O que é exatamente um sentido para a vida? O que é exatamente felicidade? Qual a diferença entre felicidade, prazer e serenidade? Reflexões que mentes inquietas fazem em meio às confusões que cercam a vida. O texto desta semana, Caminhando sobre Nuvens, é um comentário sobre o seriado Lost; mesmo que você não tenha assistido o texto vai poder inspirar reflexões.Se quiser recebe-lo envie e-mail para artesdecura@gmail.com Para a filosofia budista esta vida que estamos vivendo é apenas uma parte do caminho de nossa existência,na busca pela expansão de consciência. O viver é um dos 4bardos: bardo do viver, o do morrer, o do período intermediário e o do renascer. Ainda... o bardo do viver, em certas tradições é estudada em 2 subdivisões, o do sonhar e o do meditar. Bardo= período intermediário, onde o velho não serve mais e o novo ainda não chegou. Assim é possível chamar os momentos de transição, de mudanças – eles também são bardos. Este viver é um treinamento em direção à liberação. Para alcançar essa conquista é preciso, na proposta budista, dissolver as marcas mentais ou marcas carmicas ( condicionamentos, fixações, apegos) . Mas...como detectar nossas marcas carmicas? É dito que os lamas são buscadores de marcas carmicas para nos oferecer oportunidades, fáceis ou difíceis, para dissolve-las. Esse é o caminho na tradição do Budismo tibetano, encontrar a luminosidade da liberação nas situações, sejam elas de desafio, doloridas ou do grande alegria. A marca carmica está onde nos sentimos fixados, onde tentamos exercer o controle, ou como exercemos o controle. Descobrir a marca carmica é descobrir os jogos em que estamos envolvidos e como nos deixamos envolver. Muitas vezes nossas ocupações e profissões, e como as exercemos, são grandes oportunidades para detectar e dissolver essas fixações. A cada contrariedade, a cada vez que perdemos a serenidade, está aí uma marca carmica ou mental, um condicionamento ou fixação – não importa qual nome faça mais sentido para você, o que importa é perceber que cada contrariedade mostra o quanto gostaríamos que a vida fosse do nosso jeito – mostrando através dos dramas que criamos, nossos aspectos infantis e imaturos. Por exemplo: uma chuva inesperada que te pega na rua, uma traição, um gasto ou um ganho inesperado, uma separação dolorida, uma premiação, a chegada de mais uma responsabilidade e por aí a fora.... Essas frustrações ou esses sustos, que nos acompanham é o que o Budismo chama de sofrimento, Duka. Essa é a primeira nobre verdade do Budismo: o sofrimento existe. Ou seja o sofrimento é resultado da ignorância, Avidya: interpretamos o mundo através de nossas memórias e reagimos como se elas fossem a realidade total.....a compreensão do mundo acontece no nosso cérebro através dos dados que foram “salvos” nele, não exatamente através da realidade total. Por isso cada um percebe as situações à sua moda....no seu ponto-de-vista. Bem....mas...para que serve esse trabalho de liberação das fixações? Qual o sentido disso? _no conceito de que fazemos parte de um todo universal, o sentido seria à medida que conquistamos essa liberdade, cuidar dos outros seres para, através do conhecimento, dissolver os medos, se desarmar e promover o encontro interno com a verdadeira natureza de cada um, a Sabedoria Primordial, e.... todos juntos construirmos uma cultura de paz. E como fazer para iniciar???? Treinar: A cada vez que a alegria sumir, se perguntar o que fez perder a alegria? Aí você vai descobrir um apego, uma fixação. E então... uma breve meditação: Pare, Respire, Relaxe, Sorria. Esse treinamento irá dissolvendo o poder das marcas mentais.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

História de Buda

Cada vez que relemos uma história ou ouvimos a mesma história, estamos num momento novo e recebemos o relato de forma diferente. O que fica da história? O que mais impressiona? Como essa história encontra ligações na tua vida? Qual a coerência que essas passagens faz com as experiências que você tem? O contato com a história dos Mestres nos permite sentir-se ligados à sua tradição, a um grupo que tem a mesma motivação, a fazer parte do mesmo “colar”. A história de Buda demonstra a existência das 2 realidades que os seres humanos estão viciados : 1-aquela criada pelas expectativas da família, pelos nossos sonhos e pelas seduções do mundo dos desejos e, principalmente, pelas interpretações e hipóteses subjetivas das sensações - o mundo ilusório 2- a realidade vivida de forma semelhante por todos, verdades comuns a todos em qualquer época, em qualquer lugar – o mundo real. A vida de Buda mostra de forma nítida 2 momentos de escolhas determinantes: 1- escolha I :quando deixa o conforto do reino da riqueza, suas facilidades e distanciamento e encara o mundo comum, que enfrenta os desafios da vida: doença, velhice , morte e busca de respostas. 2- escolha II :quando compreende que as respostas não estão no sofrimento do corpo: aí ele mergulha nos aprendizados que obteve e em si mesmo até encontrar a lucidez. Com a expansão de consciência que o fez compreender o sentido da vida continuou seu caminho até os 80 anos compartilhando ,com quem o procurava,o que havia alcançado. Buda ensinou em vários lugares e para cada grupo encontrou a forma de entendimento desse grupo; assim também nós deveríamos escolher agir: evitando nossas crenças pessoais e tentando entrar na história e nas necessidades dos outros, para poder conviver amigavelmente. Morreu pacificamente, ensinando até os últimos momentos. Vivemos tentando criar defesas; mas quem são os inimigos? Que medos são esses? Os medos são gerados pelos apegos; e por que temos apegos? Porque assim parece que temos mais vida, que garantimos nossa identidade, nossa importância. Mas isso é uma ilusão. Porque as frustrações, as perdas, as dores, os sustos chegam para todos e..muitas vezes... .inesperadamente!!! eles são a origem dos sofrimentos. É exatamente aí que Sidarta Gautama inicia sua busca, para entender a origem e mostar um caminho para a liberação dos sofrimentos. Existe a imagem interessante contada por Lama Padma Samten que ilustra esse caminho: Nossa existência budista é como o da flor de lótus: ela nasce no lodo ( os sofrimentos inerente à nossa humanidade), é rodeada por água ( lagrimas dos seres), o caule é a motivação para sair do sofrimento e a essa flor só desabrocha alguns centímetros do lodo sem se macular por ele, as pétalas são os meios depois de se abrir, para ajudar outros seres. Por isso as divindades são representadas sentadas sobre um lótus, por isso nos sentamos em posição de lótus para meditar. Mas....sempre tem uma mas, (ainda bem!!!!)..é possível ver a vida por uma forma libertadora: ...o sofrimento pode ser transformado em apenas dificuldade quando o drama é retirado; sofrimento é algo que submete, dificuldade é algo que pode ser superado porque afinal tudo se transforma, tudo muda, tudo passa. Enxergamos sofrimento quando estamos presos à ilusões, vemos as situações difíceis como dificuldades quando ganhamos lucidez; nessa atitude nos desarmamos. Desarmar-se é uma imensa conquista!!! Se desarmar...não precisar fugir dos medos, nem atacar nas raivas, evitar se submeter aos olhares dos outros, reconhecer a ignorância e nem precisar fingir. O texto anexo trás varias idéias interessantes para refletir; gosto muito da história dos seres com dificuldade de se alimentar. Se tiver interesse pelo facebook (MARIA HELENA MOREIRA)onde compartilho noticias sobre o Tibert e movimentos do Budismo. Se quiser receber o texto da semana, "Vivendo o Buda", escreva para artesdecura@netguest.com. Os links abaixo mostram o filme sobre a formação do Tibet e sua história até os difíceis dias de hoje; recomendo!!! Tibet: as últimas vozes dos Himalaias http://www.youtube.com/watch?v=MCg8F1zdDi8 http://www.youtube.com/watch?v=S-jCF0CoBSE

sábado, 26 de outubro de 2013

Objetivo do Ciclo de Estudos

O objetivo dos estudos da Filosofia Budista encontrar a serenidade, dissolvendo as confusões ( sofrimentos), isto é, buscar algo que faça sentido para a vida – isso vai além da busca pela felicidade e dos prazeres do momento. Confusão é a sensação de sentir-se preso; preso a crenças, posses, doenças, limitações financeiras ou físicas. Sentir-se sereno é sentir-se livre. _”O que está te prendendo agora?” _”Pelo que você está se sentindo preso?” _” como fazer essa liberação?” _compreendendo os mecanismos da mente, de como foram sendo criadas essas prisões e como desativar essas armadilhas. Pela visão budista é possível reconstruir a lucidez e a bondade da verdadeira natureza da mente. Todos, todos mesmo, até o mais cruel ser, possuem uma mente búdica luminosa que pode estar mais ou menos nublada, confusa. O despertar dessa luminosidade, dessa lucidez, amplia a visão e a compreensão dos fenômenos da vida. A bondade ( compaixão) e a lucidez ( sabedoria) são 2 asas do mesmo pássaro; na vida ( samsara) não existe vôo sem uma delas. Como não vivemos sós e não somos auto-suficientes é bom lembrar as palavras de G.Dokhampa em seu livro “A Lua no Espelho” “Se praticar apenas compaixão pode poderá fica muito feliz e calmo dentro do samsara, mas jamais atingirá a liberação, porque não possui sabedoria para perceber o samsara como ele realmente é. Por outro lado, se possuir apenas sabedoria, você poderá se liberar, mas isso só servirá para você mesmo e não para o benefício dos outros seres. Colocando em termos bem claros: se você não tiver compaixão, não terá interesse em ajudar ninguém. Estará interessado apenas em si mesmo. Por outro lado, se não tiver sabedoria, não saberá como ajudar os outros mesmo que tenha intenção. Isso porque você está sofrendo e não possui sabedoria para oferecer o tipo de ajuda de que os outros necessitam. A maior ajuda que você possa dar talvez seja dinheiro e comida; mas indo além disso, se alguém estiver mentalmente infeliz, você não poderá ajudar. Isso porque você não sabe lidar consigo mesmo e com suas emoções. Você não consegue entender a verdadeira natureza dos fenômenos e a verdadeira natureza de sua mente.” O mergulho interno para encontrarmos a verdadeira natureza, a natureza búdica, possibilita dialogarmos de forma mais harmoniosa com a realidade externa. Nossa vida, nossas relações são laboratórios nesse mergulho passa por superar o auto-centramento e os ensinamentos dos Mestres são instruções de como fazer esse mergulho. A linhagem dos Mestres tem a responsabilidade de revisitar os textos das tradições e atualiza-los segundo a demanda de cada momento e de cada cultura; daí importância das orientações. A natureza Primordial, a verdadeira natureza está além das ilusões – a forma que percebemos a realidade através dos sentidos físicos e dos condicionamentos ( marcas mentais). Segundo os ensinamentos de Lama Padma Samten, as ilusões criam bolhas, “jogos”, que parecem sólidos e nos prendemos a eles e neles. As mudanças da vida estouram essas bolhas, desmontam os jogos e surgem outras bolhas e outros jogos. Essa sensação limitadora, a sensação de estreiteza de visão é a ignorância. Vivemos rodeados por medos, principalmente pelo medo da morte, tido como o fracasso final; criamos apegos, fixações numa tentativa de nos sentirmos imortais, nos mantermos vivos. Estudar, dialoga com nosso Mestre interno. “Ouça”os ensinamentos, observe se fazem sentido, repouse e deixe que banhem com naturalidade tuas ações no mundo. para receber os textos escreva para artesdecura@netguest.com

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Artes de Cura, uma rede virtual do Dharma

. Artes de Cura é uma pequena rede de aproximadamente 450 pessoas que desde 2003 vão chegando para se integrar e se conectar no nível sutil à tradição de uma das escolas do Budismo Tibetano através de e-mails semanais com noticias, textos e comentários. Junte-se a nós e sinta-se você também conectado e perceba a inspiração, purificação e proteção que é possível receber neste movimento semanal. Os ensinamentos são como um sol que brilha o tempo todo, para todos, sem fronteiras, sem preconceitos. Depende de cada um abrir suas janelas e deixar entrar seus raios. receba os e-mails por artesdecura@netguest.com ou pelo site www.centrobudista.com.br Sinta-se privilegiado por ter a oportunidade e o merecimento de poder entrar em contato com o Dharma e transforme-se você também numa estrela para as pessoas que te rodeiam.

sábado, 19 de outubro de 2013

Revisitando pela terceira vez o " Ciclo de Estudos Budistas"

Esta é mais uma volta do Ciclo de Estudos para rever temas da Filosofia Budista. O treinamento budista é circular: tomamos contato com os passos e a cada novo ciclo revisitamos os ensinamentos. Quem já participou das 2 voltas anteriores perceberá o quanto já caminhou ! a quem está começando sua primeira volta, boa viagem! O novo CICLO DE CAMINHOS BUDISTAS propõe rever os temas básicos da Filosofia intercalando a reflexão com textos de diversas publicações, principalmente da Revista Bodisatva editada pelo CEBB orientado por Lama Padma Santem. Em cada momento é apresentado o tema e um ou mais textos além dos comentários colocados em cor diferenciada.. Sugiro que a primeira leitura seja panorâmica e a segunda de reflexão. O Estudo do Budismo só tem sentido se for possível aplicar na nossa vida diária o que aprendemos, provocar transformações internas e cuidar das relações. Os Estudos precisam ser úteis!!!! A natureza dissolve tudo o que é inútil!!!! Tente encaixar os questionamentos e propostas de cada texto na vida que está vivendo e isto vai ajudar a viver melhor outras relações. A nossa humanidade vive, responde às circuntâncias em 4 faixas; segundo ensinamentos de Lama Padma Samten, pelo caminho vamos “subindo” nos libertando, somando experiências e muitas vezes retornando a condicionamentos antigos...assim é o caminho do crescimento : Faixa 1 – respostas automáticas, tipo bateu / levou, “aprontações” etc totalmente baseadas no auto-interesse típico da infância. Faixa 2- criação de estratégias, tipo manipulações para alcançar objetivos pessoais. Faixa 3 – mergulho interno nas reações para compreender profundamente o funcionamento da mente. Faixa 4 – liberação frente aos apegos, às fixações , à visão de uma realidade sólida– superação as adversidades através da estabilidade O ciclo está preparado para a duração de aproximadamente 30 semanas. Nesta semana há 2 textos “VER NASCER UMA BORBOLETA” * Luce Joshin Bachoux e “A TRADIÇÃO BUDISTA” .. Jarngon Kongtrul Rimpochi*) O texto “Ver nascer uma borboleta” coloca o tema de aprender passo a passo com paciência. Encontrar e criar atalhos adia e atrapalha o aprendizado; cada um tem seu tempo. E sugiro que isto também se aplique ao estudo dos temas; existem aspectos que temos mais facilidades e outros que ainda não estamos prontos para assimilar. Assim também é na vida, estamos em treinamento, não compreender e se enganar faz parte da vida – da nossa vida e de todos. Uma das primeiras frase que ouvi de Lama Michel Rinpoche foi :” abandone o ideal de perfeição”, ou seja, abandone o perfeccionismo, seja humilde evitando a auto-cobrança. O importante texto de “Tradição Budista” é fundamental para direcionar a motivação. Como diz o texto e orienta Lama Padma Samten, o caminho começa pela motivação de se livrar dos automatismos, recuperar a lucidez e proporcionar bem estar aos seres. E a seguir : *treinamos silenciar a mente através da meditação, manter o foco, não se distrair e manter a estabilidade em meio à adversidade *evitamos prejudicar os outros *beneficiamos a todos *cuidamos de pacificar as relações porque a gente não consegue andar só *aprofundamos a compreensão dos aspectos sutis da realidade, além dos sentidos *aprendemos a viver as ações no mundo numa forma liberadora, lúcida, compassiva do Bom Senso, que na verdade é o ponto final: receber instruções para melhorar as relações no mundo. Para receber textos e comentários semanalmente escreva para artesdecura@netguest.com

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Terceira volta do Ciclo de Estudos do Caminho Budista

A partir da próxima semana os e-mails semanais de Artes de Cura vão revisitar o Ciclo De Estudos do Budismo trazendo mais complementos e entendimentos para apoiar a construção de uma CULTURA DE PAZ. De nada adianta apenas criticar, é preciso agir e descobrir como agir e como dizia Gandhi: “ sejamos nós a mudança que queremos no mundo”. Compartilhe os ensinamentos com seus amigos como se você fosse uma prisma emanado luzes coloridas em todas as direções ! Faça você a tua parte. Para receber os comentários e textos do Ciclo de Estudos, basta se cadastrar no fale conosco de www.centrobudista.com.br Por enquanto, esta semana, que a ternura das lindas palavras abaixo sejam teu refugio. Acolher ternamente com o coração o que minha mente não pode compreender e o que causa todos os mal-estares do meu ser amar com compreensão todas as resistências que nos causam tantos problemas, para poder desprograma - las com doçura aceitar a responsabilidade dos nossos gestos e de nossos atos com a inocência de uma criança abandonar as velhas fotos que assombram nossas memórias e co-criar um novo cenário de vida ação do coração será de hoje em diante minha realidade e me permitirá redescobrir minha força e minha verdade agir e ousar colocar gestos diferentes que transformarão toda minha existência cumprir minha missão de vida Que é de reunir as pessoas no amor e reconstruir um mundo altamente mais evoluído

sábado, 5 de outubro de 2013

Apenas uma mancha no quadro branco

A Gláucia chegou, segunda-feira, chorosa para trabalhar. _O que aconteceu no fim-de-semana ? você preparou tão bem a festa de aniversario do teu marido, e aí? _minha melhor amiga não foi, nem telefonou, não vou perdoar.... _mas...foi muita gente , não foi? _foram sim: a família dele toda, minha madrinha, meu filho o namorado dele, e tal,e tal, e tal....mas ( soluçando) minha melhor amiga não apareceu, nem ligou – e eu tive tanto trabalho para fazer uma festa bonita.... _ mas foi tanta gente, só porque ela não foi você estragou a tua festa no teu coração ???? Então.... Essa amiga era a que a Gláucia queria que tivesse testemunhado seu enriquecimento, sua prosperidade, fruto de muito esforço, trabalho, cansaço, vários sapos engolidos, medos superados, preconceitos vencidos, superação de tantas dificuldades desde a infância pobre, do abandono e das humilhações experimentadas. A amiga importante não tinha aparecido para aplaudir suas conquistas. E eu chorei junto. Chorei porque lembrei as vezes que isso me aconteceu. Porém.... E tem sempre um porém: que raios é que temos um quadro branco, limpinho e focamos o olhar na pequena mancha preta que apareceu? Por que será que o que contraria nossa expectativa toma mais valor do que os triunfos alcançados? Com certeza deve vir daquele pedaço da mente que ainda é infantil. Daquela parte da mente que presta atenção ao que falta e não valoriza tudo o que já está conquistado. Sabe??? É aquela insatisfação que envenena a felicidade e rouba nosso prazer; nossa mente parece que está sempre aflita pela falta de alguma coisa, sempre carente.... É o que o Budismo chama de desejo ilimitado, a emoção que rouba a lucidez e as escolhas inteligentes. Que tal treinar evitar esse comportamento? é fácil: a cada reclamação que surge na mente, lembrar que você está “olhando” para o que não está e mudar o olhar sem drama para o que realmente já existe. Nessa atitude é possível descobrir como aproveitar com liberdade o que está acontecendo ou descobrir o que e se é possível fazer algo para transformar o que não concordamos. Essa postura é chamada no Budismo de Sabedoria Discriminativa do Buda Amithaba ( Inteligência que vibra a cor vermelha) Se você quiser passar algum tempo agradável para os olhos e para o coração assista no Youtube o inspirador vídeo: Siete maravillas del mundo budista

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Joia Rara - Novela é coisa séria? talvez sim, talvez não.

Novela é um produto de entretenimento da televisão. Não é exatamente uma forma de ensinamento; mas também pode ser uma inspiração ou uma cutucada na nossa curiosidade, um ponto de partida. Wikipédia:Telenovela é uma história de ficção desenvolvida para apresentação na televisão. Ela tem a característica de ser dividida em capítulos, em que o seguinte é a continuação do anterior. O sentido geral da trama é previsto inicialmente, mas o desenrolar e o desenlace não. Durante a exibição – que pode levar de seis a dez meses, em episódios diários –, novos rumos e personagens podem ser inseridos. ... O termo telenovela é uma palavra de origem castelhana, particularmente do espanhol falado em Cuba, país precursor desse gênero audiovisual que foi inspirado nas radionovelas. O vocábulo é fruto da fusão das palavras: tele (de televisão) e novela, que em espanhol é o mesmo que romance em português. A novela Jóia rara foi inspirada no filme de Bernardo Bertolucci “O pequeno Buda”, gravado inclusive no Butão e que está inteiro no Youtube para quem quiser assistir. Numa telenovela existem vários núcleos de histórias com identidade própria, nesta existe o núcleo comunista da fábrica, o do cabaré e o do mosteiro Budista; esses núcleos vão “se conversando” ao longo da história – um personagem visita um outro núcleo e assim a trama vai sendo tecida. A técnica de tecer essa trama “ouvindo as projeções” que as expectativas vão construindo e alimentando é o que determina o sucesso da novela.... à medida que reconhecemos no enredo nossos sonhos, frustrações e outras emoções. Bastante semelhante ao que acontece nas nossas histórias pessoais entre os vários personagens que assumimos no dia-a-dia – mãe/pai, filho/filha, empregado/ empregador, no clube, no salão, torcedor/ torcedora, na família, entre amigos, nos cultos religiosos e ou de estudos etc.etc. Somos a mesma pessoa, mas atuamos, nos comunicamos e nos defendemos de formas diferentes. Quanto mais coerente for essa interação e os comportamentos maior será a estabilidade. Nas novelas, romances, peças essa estabilidade é rompida o tempo todo para criar o clima, incomodar e prender a atenção. Não imagino como a autora irá continuar a história no núcleo do budismo; por enquanto estou gravando e assistindo as partes que falam do Budismo, ou pensam falar....do Budismo – um pouco cansativo porque uma gravação em tons de marrons desanima, enfim.... No filme de Bernardo Bertolucci o Lama renasce em 3 crianças, cada um como uma emanação de suas inteligências de corpo, de fala e de mente. Na época perguntei a Gueshe Sherab, lama e doutor em filosofia na Universidade Budista e ele afirmou que isso é viável sim. O núcleo budista tem a consultoria da Virgina Casé no Rio da tradição Nigma pelos ensinamentos importantes do Mestre Sogyal Rinpoche, mas...novela é novela, como diz a revista Veja nesta semana – Budismo de Butique. No Jornal Folha de São Paulo: Thelma Guedes, que divide a autoria da novela com Duca Rachid, afirma: "É um erro subestimar a capacidade do público de receber os temas. O público espera ver um folhetim. Se você o fizer, com os clichês que estruturam esse gênero, e abordar dentro dessa estrutura qualquer outro tema, o público estará disponível para recebê-lo". A lama Sherab, professora residente no Templo de Três Coroas (RS), afirma que "existe o risco de haver um entendimento pela metade" a respeito do budismo, mas diz estar "superfeliz" com a oportunidade de divulgação. Virgínia Casé, consultora da novela sobre o budismo tibetano, que é irmã da apresentadora Regina Casé, diz que "a grande preocupação foi ser o mais fiel possível aos ensinamentos do Buda". Casé fez um acordo com as autoras: "Quando os monges estão presentes [nas cenas], vai ter uma fala do buda". "A gente não está pregando, nem querendo dar aula sobre budismo. Apenas achamos legal dizer que isso existe", completa Duca Rachid. Se você quer conhecer seriamente e mais sobre o assunto de renascimentos, karma, vacuidade e outros temas Budistas o livro imprescindível é exatamente de Sogyal Rinpoche onde ele passa para o ocidente a essência do Budismo Tibetano: “O livro tibetano do viver e do morrer” http://www.sogyal.chagdud.org/

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Como conviver com a vilolência ?

Como conviver com a violência? Qual violência? Este é o tema da semana que estou vivendo; meu filho passou por um roubo a mão armada...levaram tudo, carro, documentos , material de trabalho etc etc etc Como repetiria baixinho Lama Michel: É o samsara..... Consolo....não se feriu e horas depois o carro foi localizado, “pelado” mas inteiro. Aí começa a aventura, delegacias, Poupatempo em suas intermináveis filas e esperas burocráticas, BOs e mais BOs , despachantes, guias, comprovações, declarações...parece que o castigo não acaba no roubo, continua nas repartições!!!! Agenda tumultuada.... Faz parte do samsara.... É uma violência mas existem outras: seqüestros, ameaças à integridade física ou do patrimônio, vizinhos psicopatas, fraudes de todos os tipos, impunidade da corrupção e dos corruptores, negligência na educação e na saúde, atentados internacionais ...sem falar nas ameaças dos chefes, nas disputas dos “pequenos poderes”, na jornada expandida de trabalho....uma lista imensa. Assim é o samsara..... Enquanto isso a mídia se deleita, mostrando as cenas, repetindo as cenas, explorando a miséria dos dramas para ganhar na concorrência. Por todos os lados no samsara..... A violência virou um tema quase permanente. A quem interessa explorar a violência? A quem interessa nos encher de medos? Tenho uma hipótese; Quando sentimos medo, nos tornamos vulneráveis e receptivos a ofertas de milagres, produtos que “garantem” felicidade, discursos enganosos, comidas sedutoras, amores impossíveis, novelas, seguros, venda de muitos tipo de salvação – promessas falsa para o fim das inseguranças . Todos vítimas – de um lado e do outro – dormindo abraçados no travesseiro dos medos. Tudo mega ilusões!!!! Sempre no samsara.... Não é assim que os medos são curados. Os medos são dissolvidos pela coragem, pela valentia que brota da autoconfiança e, PRINCIPALMENTE, pela compaixão da verdadeira lucidez . Na família da violência e dos manipuladores também moram aqueles que querem nos fazer acreditar que somos melhores que os outros, que nos elogiam, que nos separam. Desconfie sempre de quem te elogia demais, te separa de quem ou do que você gosta, que te faz sentir ameaças: você está prestes a se tornar refém desse algoz disfarçado. Mas...qual é a atitude que o Budismo sugere para que essas experiências tenham alguma utilidade? Primeiramente relembrar: nossa natureza é livre para mudar de canal – ABAIXO A HORA DO CRIME!!! E DEPOIS...Treinar: Orar por quem nos coloca medo, orar por quem nos rouba a paz, orar pelos bajuladores, orar pelos ladrões e assaltantes, orar pelos manipuladores. Eles estão infelizes e insatisfeitos, no profundo sofrimento de suas frustrações, fracassos e desesperanças. Estão infelizes, e o pior, muitas vezes nem se dão conta disso nem nós percebemos esses sofrimentos neles. Orar para que eles encontrem a felicidade e superem seus sofrimentos; que eles descubram a causa de seus sofrimentos e descubram o caminho da felicidade – para que consigam se entreter com suas alegrias e deixar de causar prejuízos ao bem estar de tantos seres. Enquanto esses agressores não alcançarem a paz continuarão sendo nossos desafios. Oremos por eles e por nós. E um dia.....sairemos do samsara para entrar no nirvana.

sábado, 14 de setembro de 2013

Emprego ou trabalho?

Esse tema já está um pouco batido, desgastado mas.....continuo ouvindo queixumes sobre as prisões que se transformam certos empregos. Por exemplo, funções exercidas dentro dos bancos, empresas alucinadas na corrida consumista etc sem falar em certas atividades desumanas, escravizantes, insalubres etc fora de todos os códigos de direitos humanos obrigando a exercícios oportunistas. Na definição do filósofo Mario Sergio Cortella, a distinção entre trabalho e emprego: “Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida. Emprego é onde eu faço algo que me leva a ter uma remuneração. Trabalho é aquilo que eu faço até de graça, e faço como sentido da vida.” Quando se consegue reunir trabalho com emprego a motivação é permanente; motivação permanente acontece quando pensamos no bem-estar dos que serão beneficiados por seus resultados. Nossa !!!! parece até papo de livrinho de auto-ajuda !!!! Mas aí vem a má noticia: neste mundo alucinado por poder, dinheiro, fama, beleza, reconhecimento essa reunião de trabalho e emprego parece uma utopia de muitos e privilégios de poucos corajosos. E aí aquele resmungar contínuo, cansativo.....circular..... Mas há um boa notícia para escapar : Uma das tentativas de conseguir esse sucesso é alimentar um “olhar vajra”, ou seja, conseguir perceber em todas as ações algo que alegra e faz brilhar o olhar. Lembro de uma história de Lama Michel quando ele contava que durante um grave acidente de ônibus na Índia, com vários feridos, durante o socorro ele olhou a noite e viu o céu mais lindamente estrelado e inesquecível de sua vida; enquanto todos mergulhavam nas aflições olhando para baixo ele mantinha seu olhar para cima fixado nessa beleza comentando com todos, mas poucos estavam com espaço interno para esse rápido e mágico deleite. ................................................................. Outro dia meu neto de 6 anos, o famoso Thiago, ouvindo a mãe relatar pra mim uma pequena “mal criação” que havia feito dias antes e o “ castigo” respectivo que ganhou, exclamou:” gente.....o dia está tão bonito, vamos parar de falar de coisa ruim !!!!” E isso virou um mote na família a cada reclamação ou assunto pesado que começa a ser explorado....gente...o dia está tão bom!!!! Isto também é um “olhar vajra” ..................................................................... E tua ocupação ??? está mais para trabalho ou para emprego; está mais para caixa eletrônico de banco ou um refugio de soluções na vida das pessoas?

sábado, 7 de setembro de 2013

Época de despedidas

Este ano de 2013 estou treinando despedidas, aliás, essa época começou no ano passado me despedindo de minha casa e de meu pai. Não vou disfarçar: foi e está sendo difícil a despedida dos amigos que praticavam e estudavam junto, fechar nossa sala, começar de novo. Mais difícil porque me despedi na felicidade. E desmontar nossa sala? Parecia que a pele desgrudava, embrulhar as peças para aguardar um novo canto onde montar o altar. Era tudo tão lindo e aquela beleza ampla coube dentro de uma pequena mala. E continuam as despedidas.... e, pelo andar da carruagem, vai continuar.... Despedir-se do que está ruim é um alívio. Mesmo com minha mãe, mesmo compreendendo um pouco sobre a morte: vê-la partir para mais longe devagar... a cada dia... acelera o coração. Despedir-se do que está sendo prazeroso e rico obriga manobras psicológicas mega espertas. Fica obrigatório colocar o foco nas surpresas que virão; despertar a curiosidade e expandir a gratidão por tudo que foi vivido. Alegrar-se por todos que foram beneficiados com as doações. E repetir muiiiiiiiiito que tudo passa, tudo se transforma; que é com as despedidas que aprendemos sobre IMPERMANÊNCIA. E............pensar em novos projetos. Um dos temas estudados no Budismo é “ os seis bardos”. Bardos são momentos intermediários: o bardo do viver, do sonhar, do meditar, do morrer, o intermediário (darmata) e o do renascer. No bardo do viver vamos lidando com as circunstâncias da vida como se estivéssemos em bolhas de experiências e aí as bolhas estouram e nos encontramos em outras. Enquanto estamos nas bolhas parece que tudo aquilo é sólido e então...a impermanência ensina que são apenas bolhas e que suas paredes são finas como sonhos. E assim vamos nos despedindo. Neste link é possível aprender mais sobre esse tema interessante - “os 6 bardos” se você tiver interesse, 18 Psicologia budista no youtube http://www.youtube.com/watch?v=E1F3_JyNkVo Despedir-se é uma arte também. Despedir-se de pessoas, lugares, títulos e sonhos., Despedir-se sem drama. Despedir-se com dignidade. Mas...despedir-se é bastante solitário. Ficam as lembranças como companhia. Como dizia a última edição da revista Bravo no encerramento de suas atividades: “Há despedidas que não encontram tradução. O que falar diante de uma amigo que se muda para bem longe, um amor que morre , um projeto querido que se interrompe? Às vezes, o melhor – o mais preciso e eloqüente – é dar adeus em silêncio”.

domingo, 1 de setembro de 2013

Sabe de onde vêm os " made in china" ?

Thiago, meu neto de 6 anos, perguntou por que “tudo vem escrito made in china”? Então.....hoje o mundo consome esses produtos, sejam de boa ou má qualidade a preços bastante interessantes!!! Como um relógio de parede com design moderno, funcionando bem, com acabamento bonito pode ser feito na China, viajar essa distância, pagar impostos, dar lucro a todos os envolvidos e custar R$ 14,00 ??? Inocência é qualidade, Ingenuidade é burrice.....como será na verdade? Um trecho do livro “O monge e o filósofo” do monge tibetano Mattieu Ricard: Enquanto estou aqui falando com você, oito milhões de chineses cumprem de 10 a 15 horas por dia em mais de 1000 campos de trabalhos forçados, os laogais*. Um terço de certos produtos manufaturados exportados pela China vem desses campos. O dissidente Harry Wu, que passou 19 anos nos laogais, divulgou amplamente esses números. *Os laogai são campos-prisões de trabalhos forçados para detentos que foram julgados, na maioria das, sumariamente. Existem também os laojiao que são os campos onde trabalham prisioneiros detidos sem julgamento, por um período indeterminado. O mundo se rendeu ao consumo dos produtos chineses e as nações estão comprometidas com acordos econômicos baseados nesse consumo; é assim. Essa realidade me incomodou bastante, mas o que poderíamos fazer? Tenho uma sugestão que já estou aplicando: Quando descubro que o produto que estou usando vem da China, dedico o conforto que isto está me proporcionando às pessoas envolvidas na sua produção, para que possam encontrar a liberdade o mais breve possível, reconstruir suas vidas ou... que possam renascer num “reino” melhor !!!!! Que a lucidez reine onde há poder !!!! Até quando o mundo ficará impassível frente à exterminação dos nossos irmãos de humanidade ?????? Enquanto nossas consciências não se desarmarem, a solução será difícil. Pois é Thiago... não são só os tibetanos, senegaleses, taitianos, indianos, bolivianos, palestinos etc etc ....nossos irmãos chineses estão em serias dificuldades, vamos orar por todos eles. Que possamos trazer bem-estar a todos os seres!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Encerramento Centro Budista de Santos

Neste mês de Agosto termina esta “volta” da roda do Centro Budista de Santos, Centro aberto em 2012 por sugestão do Centro de Dharma de São Paulo – portas abertas publicamente para os estudos do Budismo Tibetano na cidade. É impossível prever o que nos aguarda nos próximos passos , só o futuro dirá; com certeza inicia-se uma nova “volta” da roda , também para nós. Nosso Centro Budista continuará em atividade dentro do coração de cada um, através das nossas atitudes, discursos e pensamentos; e...talvez um dia volte a se manifestar fisicamente em outro lugar. Com certeza, também, é apenas mais um período intermediário. Inicio esta nova fase, feliz por ter cumprido a meta inicial e, como disse no e-mail anterior, mantendo a energia da curiosidade e do bom humor além de uma imensa gratidão pelo que nos foi permitido compartilhar com os espaços que ocupamos, com tantos Mestres e com todos os participantes. Aprendemos muito juntos, acolhemos muitas pessoas e nos despedimos de outras tantas;recebemos varias visitas significativas, acolhemos ensinamentos de ouras tradições e hoje somos pessoas que compreendemos um pouquinho mais sobre nossas confusões. Já temos varias dicas como prosseguir e onde fazer novas descobertas e amigos. ****guarde na memória: a ferramenta mais importante da filosofia budista é a Meditação silenciosa – imobilizar o corpo, observar os intervalos entre os pensamentos e ir aumentando esse espaço. Esse treinamento permite que não sejamos arrastados pelos pensamentos aflitivos e/ou excitados, proporcionando mais lucidez e serenidade nas atitudes, pensamentos, falas e visões. Continuaremos em contato através dos e-mails semanais além das postagens no blog. Manter o interesse pelos outros e ser solidário parece ser uma boa receita. Todos têm suas razões. MEDITE, MEDITE E MEDITE. “ Que a Energia positiva gerada por nós nestes anos traga longa vida a todos os Mestres que nos acompanham no caminho em busca da lucidez e chegue especialmente até minha mãe, Gloria, em seus momentos finais nesta vida , ela que foi uma importante patrocinadora neste projeto.” Tashidelê ( boa sorte em tibetano),

sábado, 24 de agosto de 2013

8 preocupações mundanas, são apenas 8????

“A opinião dos outros sobre mim serão conseqüência das minhas qualidades conhecidas pelos poucos que convivem comigo ou dos meus defeitos dos muitos que me criticam ? Não sei de que lado fico....” Roberto Marinho Impressionante como nossas carências nos deixam reféns da opinião dos outros.....como passamos poder para os outros, para a imagem que queremos refletir, como precisamos nos sentir amados e importantes!!!!! Se, visitando um vale com eco você gritar criticas sobre você e essas criticas ecoarem, não acontecerá absolutamente nada; mas.....se for alguém, que para você é importante, te criticar, possivelmente vai se tornar um fantasma bastante incômodo e difícil de se livrar. Ao mesmo tempo, se essas criticas forem feitas numa língua que você desconhece, também não serão perniciosas. A opinião dos outros, é DOS OUTROS – você pode deixar colar, pode deixar te engessar, pode te inspirar mudanças, pode te enterrar, e... pode ser apenas uma “boca falando”. Lutamos para construir uma imagem para os outros, baseada num modelo que acreditamos o melhor, ou que nossos pais ( e outras autoridades) acreditavam. Construir uma imagem que vai formar a opinião dos outros; e... nem sempre é uma imagem positiva, às vezes é até a da vítima.... mas SEMPRE é para alcançar algum lucro. Existe um tema no budismo para ser meditado que são as 8 preocupações mundanas: Gostar de ser elogiado Evitar ser criticado Gostar do sucesso Evitar o fracasso Gostar da felicidade Evitar o sofrimento Gostar da fama Evitar o anonimato Todos os sofrimentos pertencem a uma, ou mais de uma, dessas preocupações, são o resumo da nossa caminhada humana. Mas... será que viver tentando eliminar essas preocupações faz parte de encontrar o sentido da vida que tanto buscamos? Ou são basicamente as armadilhas dessa entidade déspota – o Ego ilusório - que vive para nos defender do indefensável que é a finitude da vida? Preocupações originadas nos medos; medos de não ter ou de perder ! Serão essas preocupações, uma vez dribladas, que vão garantir a felicidade? Ou....é exatamente a determinação de tirar o poder dessas preocupações que nos aproxima da serenidade?

sábado, 17 de agosto de 2013

Voar para além dos sofrimentos

Dias atrás uma das enfermeiras de minha mãe, ouvindo meus comentários sobre o bardo do morrer, perguntou o que é o sofrimento para o Budismo? _ sofrimento é a insatisfação pela vida não ser do jeito que gostaria que fosse em suas varias aparições: Sofrimento pelas dores físicas Sofrimento pelas perdas e separações Sofrimento pelos “sustos” que a vida nos prega – porque nada é garantido Ou seja: as “peças” que a impermanência nos prega. O caminho que o Budismo propõe é a conquista passo-a-passo da compreensão dos processos ilusórios e a descoberta que a lucidez surge à medida que a ignorância desaparece. Por esse ponto de vista, compreender o papel defensivo do “eu” amedrontado e sua força de deformador da realidade é descobrir umas das principais manifestações da ignorância. É esse papel equivocado do “eu” que desaparece. No caminho budista não construímos lucidez, despertamos a lucidez que já existia e estava encoberta, atualizamos a lucidez, segundo palavras de Mattieu Ricard e Mais uma vez citando seu texto: – “a idéia fundamental é a de que cada ser possui dentro de si a natureza de buda; ... esse potencial de transformação interior está presente em cada ser, como um pepita de ouro que já existe mesmo envolta em sua ganga ( impurezas) dentro da terra. Nos seres comuns, essa perfeição, essa natureza de Buda fica mascarada por muitos véus, formados por fatores mentais negativos ( preconceitos, aflições, fixações/ apegos e marcas mentais). .... O caminho búdico é uma redescoberta. ..... Por outro ângulo é um processo de purificação...dos véus que dissimulam nossa natureza profunda. Quando vemos um avião penetrando a camada de nuvens para nós o céu está cinzento e brumoso, como se o sol não existisse mais. No entanto, basta estar no avião que emerge das nuvens – e é sempre um espetáculo magnífico – para redescobrir que o sol brilha com toda a sua luz em um céu inalterável.” Lama Caroline, ensina que uma das formas positivas de meditação, de encontro com nossa verdadeira natureza budica silenciosa, livre e lúcida é exatamente se imaginar um ser voador por esse céu azul e brilhante – pelo sol ou pelas estrelas - além das nuvens e das brumas. Seja você também esse ser e disfrute dessas conquistas para superar os sofrimentos.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre renascimento, reencarnação outras hipóteses

Assistindo minha mãe no que no Budismo é chamado o bardo do morrer , muitas questões chegam e as respostas (hipotéticas) ficam bem vagas; mas faz parte da nossa missão continuar buscando o entendimento mas....sempre com o cuidado que não existem verdades absolutas além daquela que TUDO MUDA e ESTÁ MUDANDO O TEMPO TODO. Reencarnação, renascimento são termos algumas sutis diferenças; e, assim como karma, continuum mental e vacuidade, são temas delicados e difíceis de explicar e compreender com poucas palavras. Lendo “O monge e o filósofo”o Budismo hoje do monge Matthieu Ricard encontrei trechos interessantes que compartilho com você: .................... No Budismo o que se chama de reencarnação não tem nada a ver com transmigração de uma ‘entidade’ qualquer , nada a ver com metempsicose. Enquanto se raciocinar em termos de entidades e não de função , de continuidade, o conceito budista de renascimento não poderá ser compreendido. ....Não existe identidade de uma ‘pessoa’ através de renascimentos sucessivos, mas condicionamento de um fluxo de consciência. ......................... O Budismo fala de estados sucessivos de existência: nem tudo se limita à vida presente. Antes do nascimento atual, conhecemos outros estados de existência e após a morte conhecermos outros mais. .................. Por ouro lado, uma vez que o Budismo nega a existência de um ‘eu’ individual concebido como uma entidade separada que transmigraria de existência em existência e passaria de corpo para corpo, podemos nos perguntar o que é que liga esses estados sucessivos de existência. Trata-se do continuum, um fluxo de consciência que se perpetua, sem que exista uma entidade fixa e autônoma que o percorra. Pode-se compara isso a um rio sem nenhuma barca que desce seu curso ou à chama de uma lamparina que acende uma segunda lamparina, a qual acende uma terceira e assim por diante: no fim desta cadeia, a chama não é a mesma nem diferente. ............................ Nós nos apegamos à noção de um “ eu”, de nossa pessoa, meu corpo, meu nome, meu espírito etc O Budismo fala de um continuum de consciência mas nega a existência de um ‘eu’ sólido, permanente e autônomo no seio desse continuum. A essência da pratica do budismo é dissipar a ilusão de um ‘eu’ que falseia nossa visão de mundo. ................................ Assim tomando a ideia do continuum mental como um rio , é concebível que se possa reconhecer esse um curso d’água centenas de kilometros abaixo do primeiro ponto de observação, examinando a natureza dos aluviões, minerais, vegetais, etc que ele transporta. ................. Em relação à ideia de renascimento como a noção impessoal de rio que circula de indivíduo para indivíduo, que sejam esses indivíduos seres humanos ou animais Matthieu responde: Pode-se falar de ‘consciência individual’ mesmo que o individuo não exista como entidade isolada. Porque a ausência de transferência de uma entidade descontínua não se opõe à continuação de uma função**. O fato de o ‘eu’ não ter existência própria não impede que um fluxo de consciência particular tenha qualidades que o distingam de um outro. O fato de não existir uma barca flutuando no rio não o impede de estar carregado de sedimentos, poluído por uma fábrica de papel ou então claro e límpido. O estado do rio em um dado momento é a imagem, o resultado de sua história. De igual modo, os fluxos individuais de consciência estão carregados do resultado dos pensamentos positivos ou negativos, assim como das marcas deixadas nas consciência pelos atos e palavras originados desses pensamentos. O objetivo da pratica espiritual é purificar esse rio pouco a pouco. O estado último da limpidez é aquilo que se chama de realização espiritual. Todas as emoções negativas, todos os véus que mascaram o conhecimento são então dissolvidos. Não se trata de aniquilar o ‘eu’, o qual nunca existiu de verdade, mas simplesmente de desmascarar a impostura dele. ( esse ‘eu’ é uma criação, uma entidade mental, condicionada, pai dos medos e ilusões) ........................... O ‘eu’ não possui origem nem fim, e conseqüentemente, não tem outra existência no presente senão aquela que a mente lhe atribui. Em uma palavra, o nirvana não é uma extinção, mas o conhecimento final da natureza das coisas. ** o termo função por definição matemática está ligado à ideia de relacionamento, relações, união de origens, meios e fins – entendo por função no conceito de interdependência como se nossa consciência, o continuum mental fosse um fio entre infinitos do bordado que se misturam entre si, se dissolvem no desenho e se transformam no tecido – fazem parte da construção.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Último capítulo desta temporada e cenas da próxima

Aproveitando a onda das series de TV tomo uma carona nessa moda para iniciar uma despedida e ao mesmo tempo dar boas vindas às novidades que virão. Neste mês de Agosto termina mais uma temporada do Centro Budista no endereço em Santos ocupado nestes últimos anos. Portas se fecham e portas se abrem, como em todas as situações felizes ou tristes que vivemos. Importante é manter a energia da curiosidade e do bom humor além de uma imensa gratidão pelo que nos foi permitido compartilhar com o espaço e com todos os participantes. Aprendemos muito juntos, acolhemos muitas pessoas e nos despedimos de outras tantas;recebemos varias visitas significativas e hoje somos pessoas que compreendemos um pouquinho mais sobre nossas confusões. Já temos varias dicas como prosseguir e onde fazer novas descobertas e amigos. Gostaria de convidar você a estar conosco nestas últimas semanas deAgosto, terminar o estudo que iniciamos, nos preparar para outras coisas e para criar novas histórias; se você tiver alguma duvida este é o momento para dissolve-la, ou pelo menos, tentar. ****No anexo coloquei uma matéria interessante e útil no entendimento dessas confusões. Atente para os quadros de 200 e o dos 240 itens. ****Quem estiver com algum material da sala, por favor, traga no início do mês organizar a “divisão dos bens”. Quanto aos atendimentos individuais me disponho, em caráter informal, atender na casa dos interessados ou pelo skype (com hora marcada). ****guarde na memória: a ferramenta mais importante da filosofia budista é a Meditação silenciosa – imobilizar o corpo, observar os intervalos entre os pensamentos e ir aumentando esse espaço. Esse treinamento permite que não sejamos arrastados pelos pensamentos aflitivos e/ou excitados, proporcionando lucidez e serenidade nas atitudes, pensamentos, falas e visões. Continuaremos em contato através dos e-mails semanais além das postagens no blog. MEDITE, MEDITE E MEDITE.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Paciência com todos, todos mesmo????

Paciência é um dos aspectos da solidariedade. Solidariedade é um termo equivalente o que no Budismo é chamado de compaixão; alguns Mestres budistas hoje usam chamar as praticas de Budismo solidário. Porque solidariedade, além de empatia, envolve também agir para tirar o outros da dificuldade. Como dizia Platão:” tenha paciência com as pessoas porque a vida é difícil pra todos”. Paciência faz parte da família da Paz. Dessa família, no tema budista das “6 Perfeições ou Paramitas”, fazem parte também: o esforço alegre, as 4 generosidades ( apoio material, ensinar o que se sabe, proteger do medo e aceitação), o respeito (ética), a concentração ( meditação) e a sabedoria ( interdependência) O Mestre Chagdu Rinpoche nas celebrações dos casamentos comentava esse tema das 6 Perfeições que é bastante sugestivo na harmonização das relações. Todos nós, famosos ou anônimos, enfrentamos nossas olimpíadas de vida, cada um a seu modo, nas suas condições e possibilidades e PACIÊNCIA é uma das ferramentas mais inteligentes para chegar no final da competição honrosamente. O tema da Paciência com todos me chegou mais forte à lembrança através do documentário Roberto Marinho, o Sr. do seu tempo exibido pelo canal Brasil na carta que ele deixou a seu filho Roberto, que transcrevo parcialmente abaixo: “.... Esse espírito de luta do velho pescador, dos flamejantes atletas, do cientista que vai ao fundo abissal do oceano, do astronauta que desvirginou o espaço sideral que anima a humanidade a vencer e a progredir... porque a vida meu filho Robertinho, é justamente essa luta pela conquista de um ideal ambicioso ou por um simples lugar o sol ; quando trabalhadores britando a terra ou afagando o asfalto na cidade, dissorando ( dissolvendo) ao sol nos dias mais causticantes, suando a camisa no escritório, nas oficinas, nas locomotivas, nos porões dos navios também disputam suas olimpíadas, não em busca de glorias esportivas, mas do sustento de suas famílias ......................................” E na semana do Papa Francisco, retomemos nós também o mesmo pedido de São Francisco de Assis: “ Senhor do Universo, faz de mim o instrumento de vossa Paz”

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O ótimo é inimigo do bom e outros pensamentos

O ótimo é inimigo do bom, Quem afirmou isso foi Voltaire, escritor e filósofo do sec. XVIII e cai bem para nossos acessos de perfeccionismo ou a neurose de esperar que os outros façam tudo certo, ou melhor, como nós achamos que seria o correto. E há outras idéias interessantes para refletir: ****Frases lidas no facebook: “Sou responsável pelo que digo, não pelo que você entende” para quando temos certeza que entendemos o que ouvimos “O que os olhos não vêem, a paranóia inventa”. Para quando criamos hipóteses e vivemos nas hipóteses “Nossos sonhos são à prova de balas” Para quando não percebemos como é cruel destruir os sonhos de alguém “O melhor indicador do caráter de uma pessoa é como ela trata pessoas que não vão trazer-lhe benefício algum” Para quando não seguimos a regra básica de que respeito é a única forma lícita de convivência E outras... “Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda.” ―Carl Jung Para quando colocamos a felicidade em objetos externos e na responsabilidade dos outros “No ciúmes há mais amor-próprio do que amor” Rochefoucauld Nas cenas ridículas dos nossos ciúmes “Quando você ama alguém, não pode esperar que essa pessoa faça as coisas da maneira que lhe agrada. Isso seria o equivalente a amar a si mesmo”Swami Prajnanpad Quando deixamos nossa criança interna mimada tomar conta da cena E para quando a preguiça bate à porta....... “Sucesso é poder dar a si mesmo tempo para fazer o que se quer” Ambrose Bierce “Dicionário é o único lugar que o sucesso vem antes do trabalho” Ambrose Bierce “Cerca de 80% do sucesso é dar as caras” Woody Allen E para quando temos medo de “estragar” alguém com muita generosidade... “Aquilo que se faz por amor está sempre muito além do bem e do mal” Friederich Nietzsch ........................ E.... que seja uma inspiração para que percebamos nossas preocupações, conquistas e todas as experiência tão insubstanciais como os tecidos dos sonhos durante a noite... “ Manifestei um corpo de sonho para beneficio de seres de sonho imersos em sofrimentos de sonho, eu não vim, eu não vou” Buda Sakyamuni

sábado, 20 de julho de 2013

No outro da medalha tinha uma estrela

Nada é totalmente bom nem ruim. A emoções também. Descobrir o lado positivo das situações é uma forma inteligente de viver ou pelo menos, mais otimista. Transformar emoções aflitivas em operantes = catalizadores É uma questão de como lidar com as emoções. A raiva pode envenenar, mas também é uma força que pode levar à ação para superar obstáculos. A raiva também na mesma medida que cria alvos, também como desperta urgência, pode criar foco, clareza e eficácia. O desejo ilimitado é “escravizante” porque é irmão da ganância e primo da posse, mas o desejo por si só é motivador e a mola das descobertas. O orgulho pode obrigar o uso dos disfarces mas também pode ser uma forma de criar auto-confiança e firmeza. A inveja pode deixar de ser um índice de incompetência e insatisfação para ser um sinalizador de soluções, uma fonte de inspiração. A percepção da ignorância e dos preconceitos pode deixar de ser um fator limitante para ser um trampolim para uma caminho de flexibilização, aprendizado e expansão de consciência. É possível superar o lado tóxico das emoções e utilizar as facetas positivas desses movimentos internos dos condicionamentos mentais. Porque as emoções são condicionamentos mentais aprendidos. O que é negativo nas emoções é o papel ocupado pela auto-importância de um Ego mal construído – um eu ilusório, que se acredita importante. A emoções aflitivas são filhas dos medos e quando provocam fixações criam dependências como garantias de importância. Assim as emoções pode ser limitantes ou libertadoras, é uma escolha e uma decisão – basta mudar de ponto-de-vista. Uma das técnicas é olhar as situações com bom-humor e fazer dessa troca – emoções aflitivas por catalizadores – um jogo. Experimente “pegar” raivas, invejas, culpas, insatisfações, certezas e descobrir o lado positivo delas - pode ser divertido e uma porta para a liberdade.

sábado, 13 de julho de 2013

Quando a coceira incomoda

Às vezes até dá uma preguiça de tentar se transformar.... Parece que o tema “ deixa a vida me levar” parece tão mais fácil.... Mas...quando não fazemos escolhas e mudanças, alguém ( ou a própria natureza) faz por nós. A sensação é que o caminho do prazer prece tão mais interessante: Dizer o que vem na cabeça Comprar o que der vontade Evitar os medos Tomar todas, comer tudo Fazer parte do grupo preguiçosos.com Etc etc Como dizia uma amiga: se o Ibama aparecer em casa minha família vai ser presa por manter um bicho preguiça em extinção ( eu) em casa... Crescer, transformar-se dá trabalho, parece tão complicado ! Mas também ser escravo dos desejos tem conseqüências tão desastrosas !!!! É uma situação, tanto de uma lado como de outro atormentadora. O projeto de auto-reconstrução, auto-regeneração começa por exercícios de auto-controle. Ou seja, de comando e controle em cima do Ego dominador. Sabe.. aquela historinha do anjo bom e do anjo mal? O desejo ilimitado escraviza porque dá trabalho realizá-lo, mais trabalho ainda mante-lo e aumentá-lo ( na tentativa de garanti-lo)torna-se uma obstinação. Como o poder: difícil chegar lá, mais difícil ,ainda é mante-lo e para garanti-lo ...quantas concessões é preciso fazer???? Prazer de conquistar não é felicidade; felicidade é serenidade. Isso é vida???? O Lama Mathieu Richard dá um bom exemplo sobre a perda da liberdade produzida pelos desejos ilimitados: Um exemplo clássico é a coceira. Queremos instintivamente aliviá-la, coçando-nos. Esse coçar é certamente agradável no instante em que o fazemos, mas a coceira não tarda a voltar. Mais irresistível do que nunca, e acabamos por voltar a nos coçar – até sangrar. Confundimos coçar com curar. Quando decidimos não nos coçar mais, apesar do forte anseio que persiste, não é porque a vontade não esteja presente, mas porque aprendemos com a experiência que isso leva à dor e que se deixarmos acalmar o fogo da coceira, o tormento logo passará. Não se trata de uma repressão doentia, nem de uma questão moral ou de princípios, mas de uma ação inteligente em que preferimos um bem-estar durável à alternância entre alívio e dor. Trata-se de uma medida prática, baseada na análise e o bom senso. O filósofo indiano do sec. II Nagarjuna, resume esse processo: “é bom coçar-se quando vem a coceira, mas é melhor quando ela não vem. É bom satisfazermos nosso desejos, mas é melhor quando nos livramos deles”. O principal obstáculo a essa liberdade é nossa resistência a toda forma de mudança interior que acarrete esforço. Preferimos declarar corajosamente: “ Quanto a mim, escolhi me coçar.”

domingo, 7 de julho de 2013

Quando nos fechamos em clausuras

Em momentos de grandes decepções ou desesperança muitas vezes entramos em clausuras. São momentos de tristeza profunda, em que precisamos de silêncio e solitude. Tudo bem; mas cuidado!!! tem que ter dia para terminar e sair. Lembro de uma tia avó farmacêutica, mulher muito bonita e de personalidade forte,que sendo noiva, foi traída, se fechou na clausura de um convento do interior de São Paulo e lá morreu tuberculosa aos 33 anos. E seu noivo? Casou, teve filhos e teve uma boa vida. Há vários tipos de clausuras, além dos claustros. Clausuras de se fechar para o amor, dos vícios ( drogas, compras, sexo fácil, trabalho demais, esportes etc), de moradias retiradas, de longos silêncios – sempre emoldurados por desculpas e explicações. Clausuras que se transformam em prisões. Na clausura convivemos com nosso fantasmas sem ninguém pra incomodar, mas também ficamos reféns do passado. É até cômodo, porque aparentemente, nada é cobrado, até também, aparentemente, é um caminho heróico. Mas não tem nada de cômodo, muito menos de heróico porque a vida anda, a vida continua ...“apesar de você amanhã há de ser outro dia”. Nessas clausuras intolerantes e prolongadas há uma boa dose de mimo: “ eu não merecia isto!!!”. Por que ? porque você é especial? Uma grão de areia mais destacado no deserto? É, isto sim, um momento regredido da criança interior desamada. A verdade é que somos fundamentalmente interdependentes das outras pessoas e do ambiente; fugir não resolve nosso conflitos. A saída como sempre, é reconstruir a auto-confiança, valorizar-se e seguir em frente. A vida é assim mesmo, encontros, desencontros, conquistas, perdas. Abaixo a auto-piedade!!!!

domingo, 30 de junho de 2013

Tributo a Nelson Mandela

Ao escrever este texto, hoje dia 24 de junho rendo homenagem a Mandela que está se despedindo da vida . Que quando ele morrer, ele reconheça rapidamente a Clara Luz e se dirija a ela com sua tradicional valentia. Mandela é um dos Mestres que me influenciaram e a muitos outros da nossa geração, por sua determinação, humildade, coerência e VALENTIA. Obrigada por seus exemplos e que essa próxima etapa seja uma “viagem” de paz! E que sua postura seja fonte de inspiração para nossas manifestações em busca de justiça social. Por todos os lados vemos pessoas que nos parecem poderosas – parecem!!! - : os mais fortes, os mais célebres, os mais influentes, os mais ricos – aqueles que parecem que superam as dificuldades na maior facilidade. Com ego super inflado vão tentando angariar importância e fama. Mas é só imagem, a vida é difícil para todos , menos para os loucos e alienados. Nossos ídolos genuínos e modelos de serenidade e de bom senso são aqueles que manifestaram confiança interior não baseada num ego inflado; aqueles que viveram em auto-confiança nos desafios: Sócrates, Buda, Jesus, Gandhi, Luther King, Madre Teresa, Dalai Lama, Nelson Mandela e muitos outros que vivem no anonimato. A auto-confiança aparece quando subjugamos o ego medroso e agimos com liberdade e espontaneidade. O Ego deformado escraviza na sua necessidade da auto-importância. Ao cultivar a auto-importância somos alvos fáceis do ciúmes, ameaças, agressões, injustiças, invejas que não param de nos desestabilizar. Não precisar do reconhecimento do mundo, apenas fazer a coisa certa e solidaria, é profundamente libertador, mesmo dentro de uma prisão. Somos todos seres políticos, queiramos ou não, atuantes ou não porque até a omissão é um ato político. Não agir também é uma ação – e terá sua responsabilidade, por si e por todos. Obs.: sugiro assistir Mandela, um dos filmes que não escapam nunca do coração.

domingo, 23 de junho de 2013

Nossos castelos de areias

Se tudo está se transformando, nada fica, tudo está mudando o tempo todo, a impermanência é uma verdade tudo o que fazemos, tudo o que somos,todas as construções são castelos de areia que mais cedo ou mais tarde se dissolverão. Da mesma forma que nos divertimos quando construímos os castelos de areia e sabemos que o mar os dissolverá e a frustração não nos pegará de surpresa. Nos divertimos enquanto construímos, depois eles somem, construímos outros ou vamos fazer outra coisa qualquer. Seria um sinal de inteligência, então, viver com a consciência que tudo está se transformando, tudo é como uma bolha pronta a estourar, e outras bolhas estão chegando. Percebemos as coisas com uma solidez que não existe. O drama é uma solidez ilusória para valorizar uma situação, mas dificulta muito encontrar a serenidade. A conexão com as energias da influência da lua cheia neste momento do mês visa remover a solidez da realidade – é o que diz a pratica Perceber a delicadeza das relações, aproveitar o momento presente sabendo que nada é garantido, preparando-se para o novo a cada dia, isso ajuda a pacificar as aflições. Percebemos ilusões da realidade, a verdade? A verdade está mais além, está na essência. Durante a lua cheia, na aproximação da lua e pelo conseqüente aumento dos líquidos, as percepções ficam mais sensíveis e é possível distinguir com mais clareza os nós da vida que queremos desatar. Para desatá-los é bom não apertar mais, mas sim, relaxar as amarrações , se possível, com sorrisos e sem perder o bom-humor. Aproveite o luar!!!!

domingo, 16 de junho de 2013

Você é o centro do mundo. Será?

Em uma visita do Dalai Lama ao México, mostraram-lhe um mapa do mundo, dizendo:”Veja, se você considerar a forma como os continentes estão dispostos, verá que o México está no centro do mundo.”O Dalai Lama respondeu: “Se você seguir esta linha de raciocínio, descobrirá que a Cidade do México está no centro do México, a minha casa está no centro da cidade, minha família no centro da casa e eu no centro da família – eu sou o centro do mundo” do livro “Felicidade , a prática do bem estar” de Mattieu Ricard O auto-centramento nos coloca no centro do mundo e esperamos que nosso ponto-de-vista prevaleça sobre os outros, que os outros garantam a nossa felicidade. O mundo?.... O mundo não está nem aí para o queremos, cada um é o centro do seu mundo. Cada um que se leve passear, que descubra dentro de si o bem-estar para evitar se transformar num peso e tornar-se um companheiro de caminhada. Mas... onde será que esse engano começa? Uma de nossas mentes é aquela que reconhece sua fragilidade e tenta se defender, para isso dá força a um aspecto da identidade - o Ego exagerado. O Ego exagerado é o personagem que na tentativa de defender a sobrevivência sempre ameaçada constrói as emoções aflitivas e os apegos (medos): Inveja – responsável pela insegurança e/ou sensação de incompetência = apego ao controle Orgulho – responsável pela culpa e/ou vergonha = apego à própria imagem Ignorância – responsável pelas dependências e/ou confusão mental = apego à necessidade de reconhecimento Raiva – responsável pela frustração e/ou decepção = apego às próprias opiniões Desejo ilimitado – responsável pela insatisfação e/ou preguiça= apego às suas coisas e sua "fronteiras" Mas onde surge esse medo da destruição? Surge das marcas mentais, dois condicionamentos a que nossa mente neurológica se submeteu, da nossa memória genética e, em algumas tradições como a budista, de características do campo da consciência sutil. As marcas mentais geram os apegos ( fixações geradas pelos medos), estes geram as emoções aflitivas que, por sua vez, estreitam nossa visão (obscurecimentos mentais) e.....aí....nos sentimos o centro do mundo. E o perigo: O Ego é ardiloso e se disfarça até de “bom pastor”. Quando nos super preocupamos com alguém no papel do bonzinho, estamos apenas numa dedicação obssessiva para preencher o tempo, ganhar reconhecimento, justificar algum ganho, espiar alguma culpa etc etc e o auto-centramento continua firme!!!! Somos todos parte do mesmo “bordado”, cada um com sua cor, seu significado, desenhando uma parte da história tudo isso e apenas isso. A saída? Descobrir nosso olhar bondoso e solidário além de viciar-se em gratidão. Silencie e vá além das aparências, lá somos valentes. Valentes somos mais fortes do que os medos. Sem medos, sentimos a calma. Na calma, ganhamos a lucidez.

domingo, 9 de junho de 2013

21ºpasso- Perseverança

Nunca desista, apenas talvez valha mudar o trajeto. Perseverança: Temos paciência, não desistimos com as dificuldades, e seguimos em frente. Ainda que tenhamos falhas, não vamos nos culpar ou desanimar, ou desistir. Vamos seguir perseverantes para atingir a realização disso. Não desistimos, apesar de ainda fazermos as coisas erradas. Mantemos o propósito. Continuamos na posição correta do cata-vento, ou ajustando-a. Não desistimos dessa posição. Ajustamos até que aquilo funcione. Não introduzimos a dúvida com respeito ao item verdade. Não abandonamos a compreensão.(Lama Padma Samten) O caminho do crescimento pessoal, da expansão de consciência não é exatamente um caminho fácil como diz SS Dalai Lama; é um caminho que requer dedicação e perseverança. Quando me lembro onde e como eu estava 10 anos atrás, surge em mim o “orgulho divino” de não ter desistido. Não foi sempre fácil, houve momentos de escolhas, muitas vezes, difíceis e doloridas, houve solidão e vários medos. Perseverança para enfrentar minhas dificuldades e limitações;e....para vencer a preguiça. Perseverança para descobrir com lucidez qual rumo seguir. Ter me conhecido melhor, ter me superado, ter enfrentado meus mistérios, intolerâncias e medos... é encantador. E...como quando a gente muda, muda tudo em redor, muda o desenho da mandala onde vivemos já que vivemos na interdependência...valeu o esforço. Não existe essa questão só de sorte; todos os sucessos são resultados de muito trabalho. Veja pelos teus sucessos! Foram de graça, foram sorte? Com certeza não...quantas coisas você deixou de fazer para seguir tuas escolhas? Qual o preço que pagou? ...muitas pessoas colaboraram mas o mérito é teu. A gratidão é em primeiro lugar para você!!! Pela tua perseverança. Acredito até que perseverança tem algo a ver com teimosia; mas uma teimosia não neurótica, uma teimosia bondosa. Entendo que a diferença entre perseverança e teimosia é o sofrimento; perseverança requer esforço, grande esforço,mas quando começa a doer é porque precisa ser reavaliada. Perseverança dissolve o “vírus mortal” da preguiça nos seus 4 tipos : 1.preguiça que usa a desculpa de adiar as tarefas 2.preguiça de se desculpar como muito ocupado(a) 3.preguiça que usa a desculpa de não se sentir capaz 4.preguiça de esmolar para os outros aquilo que você pode fazer O caminho dos 21 passos tanto mais “enfeitado” pelas “4 meditações ilimitadas” tanto mais é significativo: *Amabilidade conosco e com os outros – delicadeza e bondade no trato *Compaixão por nós e pelos outros – para encontrar soluções para as dificuldades *Alegria por nossa realizações e pelas dos outros – regozijo pelo sucesso alheio *Igualdade – sem atração nem aversão por todos e tudo – nas 4 generosidades ( apoio material, acolhimento nos medos, ensinar o que sabemos e aceitação incondicional) Existe um poema do IVº(4º) Dalai Lama Yonten Gyatso (1589–1616) que nasceu na Mongólia ,viveu e morreu no Tibet que diz: “Nunca desista, não importa o que aconteça. Nunca desista, desenvolva o coração. Muita energia em seu país é gasta desenvolvendo a razão ao invés do coração. Seja compassivo. Não só para seus amigos, mas com todos. Seja compassivo. Trabalhe pela paz no seu coração e no mundo. Trabalhe pela paz de digo novamente, nunca desista. Não importa o que esteja acontecendo, Não importa o que esteja acontecendo a sua volta. NUNCA DESISTA “  E agora....retorne ao 1º passo, descubra o quanto você mudou nestas 21 semanas, e faço uma nova viagem, novas descobertas e assim...vamos juntos “subindo a montanha”.

domingo, 2 de junho de 2013

20º passo - Paciência

Paciência: Primeiramente, com nós mesmos. Estamos enraizados no samsara. Não cultivar a culpa é a base da confissão suprema. Lei do esforço: fazemos algum esforço, nem pouco, nem muito. O Universo se move e nos ajustamos do melhor modo para segui-lo. Existem coisas que a gente não consegue por força própria: é necessário um espaço para o céu se mover. Paciência conosco e com os seres, porque não temos a perfeição. Vamos falhar, certamente. Precisamos de paciência para que a situação não surja para nós como um poste (tensão). A situação deve surgir como um vento que movimenta nosso cata-vento que, bem posicionado, gira sempre numa posição positiva. Não precisamos de resultado rápido, precisamos é de lucidez.(Lama Padma Samten) Tolerância é uma atitude, do tipo, “ eu suporto, eu tenho limite para agüentar”. Paciência é aceitar a situação sem tempo marcado para que ela acabe. Todos e tudo têm seu tempo; querer encontrar atalhos rápidos para tirar o problema da frente é uma solução, muitas vezes, é uma atitude egoísta. Como uma pressa para tirar o sofrimento da frente. Grandes Mestres não tiraram nossos problemas, ensinaram caminhos e aguardam pacientemente enquanto choramos...até que descubramos que estamos sentados em um monte de ouro. Nutrir a crença que temos limites é um dos fatores responsáveis pela sensação de stress. Quando estamos numa situação difícil e começamos a sentir que estamos no limite é porque estamos nos distanciando da paciência e, ao mesmo tempo, nos aproximando do drama. A sabedoria é fazer mudanças no “como” estamos lidando com a situação: quais expectativas, culpas e medos estão roubando nossa tranqüilidade? Abandonar o ideal de perfeição é uma das atitudes que mais aliviam o stress. Derrotas fazem parte do jogo da vida, entregar o troféu para o inimigo, muitas vezes é a melhor estratégia para terminar um conflito – e isso não tira nenhum pedaço do nosso valor. Um dos treinamentos de despertar paciência é a convivência com nossos fantasmas do passado. Buda ensinou que não devemos perseguir o passado porque “o passado não existe mais”. Os fantasmas do passado nos roubam o presente. A vida existe somente neste momento. Perder o presente é perder a vida. Devemos dizer adeus ao passado para poder viver no presente, para poder estar em contato com a vida. Que dinâmica acontece na nossa mente que nos força a viver com os fantasmas do passado? Essa dinâmica é feita de fatores mentais que surgem e nos aprisionam; basta um cheiro, uma musica, uma cena, um nome, para as lembranças pipocarem na mente provocando desejo, ira, ciúmes, inveja, culpa irritação, lagrimas, confusões e MEDOS de vários tipos. Essas formações internas, esses fantasmas, estão incrustados profundamente na mente – são situações que nos marcaram, que deixaram cicatrizes e influenciam nosso comportamento e, muitas vezes, são responsáveis por respostas automáticas nem sempre adequadas; esses fantasmas nos acorrentam ao sofrimento. Ao invés de lutar com esses fantasmas e perder energia, o caminho da paciência devolve a amabilidade conosco. E na amabilidade conseguimos sentir compaixão pela convivência com esses fantasmas, ou seja, compreender sua origem e encontrar uma forma de transformar essas lembranças e superar essa escravidão. Cultivar a paciência com nossos passos é a única saída inteligente para lidar com nossas capacidades e limitações já que a natureza não dá saltos, vai passo-a-passo. No entanto ser paciente é diferente de ter uma atitude passiva frente a vida; evitar reagir com raiva é diferente de se acomodar. Acreditar que a vida é predeterminada é um engano; o futuro está nas nossas mãos, possuímos a oportunidade de mudar atitudes presentes para construir um futuro pacífico. “tudo está certo mesmo que eu não entenda”

domingo, 26 de maio de 2013

19ºpasso - Coragem para seguir em frente

Coragem: Para viver no mundo a partir da Verdade e de todos os elementos aqui citados. Contemplamos tudo com cuidado, vemos que tudo é verdade, e assumimos com coragem. Tomamos a verdade como ponto principal, e com coragem vamos simplesmente nos movimentar assim. Temos obstáculos e outras situações difíceis, vamos precisar de coragem. Vemos as coisas como elas são e agimos com lucidez. Manifestarmos coragem não é rompermos com as pessoas, etc. Estaremos nos mesmos lugares, só que de outro jeito (Lama Padma Samten) Coragem para se separar, para recomeçar, par soltar, para libertar, par ousar, pra tentar, para experimentar, para investigar, para enfrentar. Coragem no caminho em busca da liberação é atitude ligada à valentia. Essa é uma das inovações que o Buda Sidarta Gautama introduziu na filosofia de sua época – a auto-confiança, o contato com o poder pessoal interno que todos possuem. Auto-confiança é uma atitude que inclui principalmente a humildade para lidar com as decepções e frustrações. Decepções e frustrações fazem parte de nossa humanidade, aceitar o erro nosso de cada dia, acolher o engano dos outros é um dos remédios eficientes para aliviar a boa convivência. Sofremos por nossas dores físicas, pelas perdas inevitáveis – a impermanência - da vida e pelos sustos típicos da sobrevivência. Não existe outra saída a não ser despertar as sementes de valentia que a própria vida implantou no nosso DNA biológico e sutil para que pudesse garantir sua manifestação e permanência. Força faz parte da valentia para lidar com os desafios e está ligada a cuidados físicos – alimentação saudável, sono regular, medicina preventiva, exercícios – cuidados emocionais do auto-conhecimento, cuidados sociais inspirados na solidariedade e cuidados mentais baseados na expansão do conhecimento. Lembrar das vitórias, pequenas e grandes, que tivemos reforça nossa valentia porque demonstra realmente do que somos capazes. Como temos um forte traço negativo lembramos rapidamente dos fracassos, é preciso um certo esforço para reconhecer nossas vitórias : curas, cursos, viagens, encontros, aprendizados, recondicionamentos, superar vícios, separações de situações desrespeitosas, criar filhos, desmistificar sustos, pagar contas, descobrir soluções, desvendar mistérios, cuidar dos pais idosos, descobrir que estou do lado errado...até ter acordado hoje pela manhã é uma vitória. Que mais você poria na lista das tuas vitórias?

domingo, 19 de maio de 2013

18º passo - Verdade

Os próximos 4 passos, verdade, coragem, paciência e perseverança são passos da decisão firme de querer viver e conviver de forma mais positiva ou, como diz a filosofia Budista, são passos que fazem parte da decisão de renunciar verdadeiramente aos medos do sofrimento, da miséria, da morte etc. A VERDADE sobre todos os pontos anteriores. Esta é a abordagem mais sofisticada do Buda. É preciso meditar sobre isto para manter vivos estes princípios. É a culminância dos itens anteriores que contemplamos com todo o cuidado. É como as coisas verdadeiramente são, é o que precisamos ter em mente quando andamos no mundo. É nossa prática, aquilo que vamos fazer no mundo. O poder da verdade significa que não estamos presos, que temos uma Natureza Livre, além de vida e de morte, e que as prisões se constroem de forma artificial. Temos isso vivo dentro de nós.( Lama Padma Samten) No final dos encontros, nos estudos sobre a filosofia budista, tradicionalmente é feita a DEDICAÇÃO para que os méritos surgidos sejam expandidos e aproveitados por todos em todas as direções e não se percam; isto surge a idéia que tudo que é conquistado e não compartilhado, se perde. Uma das preces recitadas é :” PELO PODER DA VERDADE, PAZ E ALEGRIA, AGORA E SEMPRE !!!!” Como diz Bel Cezar, mãe de Lama Michel: “ a verdade organiza”. A verdade pode ser o caminho mais difícil, mas é o único caminho que tem a capacidade de conquistar lucidez; no engano, na “mentira bondosa”, o esforço utilizado é inútil porque o alvo é falso. É aquele dito popular: podemos enganar alguns durante um tempo, mas não podemos enganar todos o tempo todo. Tentar enganar, fugir da verdade, é tentar confundir o outro para nos proteger ou proteger algo nosso. Mentimos para nos proteger do medo da perda do afeto daquela pessoa ( ou do grupo), da importância que aquele ser tem na nossa vida; talvez até seja uma falsa importância, mas...com certeza, é uma sensação de proximidade que, acreditamos, nos fará falta – por isso, mentimos, omitimos, disfarçamos....enganamos enquanto... nos auto-enganamos. Então nesse caminho de reflexão, a pessoa (ou situação) onde colocamos importância nos “obriga” a mentir; assim também na via inversa, as pessoas tentam nos confundir porque fazemos com que se sintam ameaçadas. Mas ...sustentar histórias falsas ou meio falsas(???) rouba a liberdade. Que preço alto a carência nos faz pagar!!!!! Mas e...quando somos nós os enganados; quem, ou o que, está nos confundindo? _nossa ignorância. A ignorância nos faz mentir; a ignorância é a base que sustenta a crença na existência real dos fenômenos como os percebemos. As coisas não são exatamente como as percebemos, sua existência real vai além. Quantas coisas eu acreditava que eram como eu percebia ( tinha até certezas) e com o tempo descobri que eram muito diferentes; do tipo, existe uma tribo de índios no norte do Amazonas que nunca teve contato com nossa civilização e que ao ver aproximar o avião da reportagem, aterrorizada, atirava com seus arcos e flechas para abater a “ave de aço”.... “Quando percebermos que os estágios ignorantes da mente são enganosos e distorcidos, estaremos aptos a nos libertarmos da ignorância, o que possibilitará o alcance do estado de cessação do sofrimento”diz SS Dalai Lama A ignorância de não conseguir ver além das aparências, de não conseguir ver a perfeição por trás da imperfeição. A ignorância de acreditar na percepção dos sentidos, na percepção das funções cerebrais, acreditar nos pensamentos e emoções “barulhentos” e suas distorções – os chamados obscurecimentos mentais- as limitações do conhecimento. O que estamos percebendo é apenas o que estamos conseguindo perceber, provavelmente a verdade seja bem mais ampla. Muitas vezes nossos enganos são resultado da interpretação pessoal que fazemos dos fatos. Somos traídos, na busca pela verdade, por nossos preconceitos pessoais e/ou culturais, visíveis e os invisíveis. Exatamente por isso é bom não levar as coisas com tanto drama, é melhor reconhecer que estamos reconhecendo apenas uma parte da verdade e ceder lugar espaço pra novas descobertas. Certezas são irmãs da ignorância, primas das armadilhas e mães da auto-sabotagem. Como ensina Lama Lhundrub em seu texto “ O Fio Vermelho” inspirado em “Precioso Ornamento de Libertação” do Mestre Gampopa. Estudar o Dharma é estudar a descoberta da verdade em nós. Um dos 10 definições da palavra Dharma em sânscrito é “verdade”. Quando reconhecemos a verdade El se torna um bem nosso para sempre. Cada situação é uma oportunidade de entrar em contato com o Dharma, com a verdade. A realização da verdade é um processo permanente À medida que descobrimos a compreensão do funcionamento da mente, de nossas emoções, relações inter-humanase, paralelamente, do caminho para a liberação. Quando a compreensão cresce, a confiança na base, o objetivo e o caminho se amplificam. Os 21 passos do caminho são uma tentativa de nos conduzir, pela “aquietação” da mente, à percepção da verdadeira natureza das coisas, a luminosidade onde tudo se cria.

domingo, 12 de maio de 2013

17ºpasso - Sabedoria Darmata

Despertar as sementes das sabedorias que existem em nós apóia a cura das confusões do viver. Alcançamos a capacidade, finalmente, da superação dos sofrimentos causados pela ignorância e nos libertamos dos ciclos viciosos da vida. É a possibilidade de se transformar num sol que aquece e vivifica todos e tudo... serenamente, sem pressa, preconceitos e medos. Será????? Isso parece um sonho impossível, mas, com persistência e determinação no passo-a-passo, dá para ter pequenos ganhos até alcançar, finalmente, a capacidade de poder retornar ao estado de serenidade cada vez que for necessário enfrentar os desafios da vida. Cada Sabedoria possui seu movimento e vibra em uma cor: Sabedoria do Espelho(azul) – a capacidade de entender o outro em seu próprio mundo, acolhimento com lucidez na superação do Ego Sabedoria da Igualdade(amarela) – com a superação do Ego surge a possibilidade de igualdade entre os seres e a capacidade de beneficiar com naturalidade Sabedoria Discriminativa(vermelha)- na igualdade aparece o entendimento sobre a coemergência entre o que e como percebemos através dos sentidos e as respostas internas que surgem – tudo está conectado. Sabedoria da Causalidade( verde)– no entendimento da coemergência ( e suas possíveis distorções) as adversidades pontuam as confusões e o caminho para transformá-las pelo recondicionamento positivo e pacífico Sabedoria de Darmata ( branco)- pelo entendimento do surgimento das confusões e pela possibilidade de transformação acontece a pacificação, purificação do “depósito de memórias” responsável pelas respostas automáticas e a LIBERAÇÃO É CONQUISTADA. A Sabedoria da Luminosidade,de Darmata, é a sabedoria do arco-iris como os raios refletidos pelo sol no brilhante. É a luminosidade que surge pela lucidez da percepção sobre a natureza pura de onde nascem, todos os fenômenos que ao passar pela nossa percepção limitada se distorcem. Como perceber o oceano por trás das ondas – as ondas barulhentas surgem na placidez do oceano e são sua verdadeira natureza. Olhar o que surge, sejam as confusões sejam as vitórias, e conseguir perceber além delas a luminosidade onde tudo é criado é a SABEDORIA DA MENTE DIAMANTE, a sabedoria que consegue perceber a perfeição da criação. Os fenômenos, situações, relações, transformações, são puros em sua verdadeira natureza mas nosso reconhecimento através dos sentidos ( tato, audição, paladar, visão, olfato) e mental do corpo, por sua relatividade, individualidade e imperfeição, os disforma e cria tensões. Por exemplo: uma pessoa que tem rebaixamento da visão antes de ter descoberto essa limitação, vai acreditar que o que está vendo é a realidade – mas é apenas a sua realidade, imperfeita e relativa. Por isso as certezas são ignorantes. A natural perfeição de todas as coisas: No surgimento, a liberação! Tudo aquilo que criamos dentro de nós mesmos (sofrimentos, aflições, emoções negativas) reflete uma natureza última, que produz todas estas experiências. Os objetos e os pensamentos são dotados de uma energia dinâmica que, aparentemente, nos exige responsividade. Tudo no mundo externo (imagens, experiências, objetos) transmite energias, lungs, que são naturalmente puros por virem da natureza última. Não importa o conteúdo, pois este somos nós que criamos com nossa mente discriminativa: os fenômenos são puros por manifestarem a natureza última. A Sabedoria de Vajrasatva ( mente diamante) permite trabalhar a natureza última em todos os fenômenos. Olhamos para todas as coisas e vemos a Natural Perfeição ( Lama Padma Samten)