sábado, 29 de março de 2014

A Roda da vida

O Mandala da Sabedoria ( que será descrito nos próximos capítulos) é colorido pelas 5 Sabedorias e são elas que promovem a verdadeira felicidade. O mundo dos sofrimentos ( neuroses) pode ser compreendido pela descrição da Roda da Vida; Procure na internet imagens da Roda da Vida ( como no anexo) para seguir as explicações dos próximos 4 e-mails. As imagens podem apresentar diferenças mas o sentido principal será sempre o mesmo, encontre uma imagem que ofereça as cenas mais nítidas. A Roda da Vida pode ser descrita como um gráfico ou um mapa mental que demonstra como as construções mentais – o mundo condicionado - operam. Esse desenho mostra a semelhança do pensamento budista com a psicologia ocidental tentando dar a compreensão da nossa situação no mundo. Essa Roda é dividida em 4 círculos que também são divididos e varias paisagens e seres. A leitura da Roda da Vida é feita no sentido horário, mostrando os ciclos a que nos fixamos. Buda dizia: “ não há um fazedor da Roda da Vida”, nós mesmos a construímos e nos tornamos reféns dela – numa infinita repetição de insatisfatoriedade - o SAMSARA – onde tudo se dissolve, tudo se “perde”, de tudo no separamos e a impermanência impera. A psicologia budista está baseada nesse estudo para compreender onde a consciência primordial ( pura) da pessoa está “presa” e... aprender a se libertar. Há varias abordagens para entender as mensagens dos desenhos a escolhi foi a que ouvi de Lama Padma Santem. No circulo do centro existem 3 animais que representam a base, o “coração” dos sofrimentos, das confusões, das nossas emoções perturbadoras e insatisfações – 3 faces de como nossas identidades são construídas: O javali – como nos apresentamos, como se fosse nosso cartão de visita: o nome que nos foi dado, o endereço onde moramos, a atividade que exercemos, os telefones, e-mails etc que usamos. É como queremos que os outros nos vejam. É possível até ter vários cartões, para diferentes “platéias”. Essa noção de identidades surge da ignorância de acreditar em separações. O galo – como exercemos a atividade que apresentamos: um professor precisa de alunos, um chef de cozinha de clientes, um empresário de consumidores, uma mãe de filhos, um bancário de um banco de clientes etc. Exercemos as funções de atração como apegos, para manter as identidades, os javalis A cobra – como nos defendemos, como o herói surge. Essa força chamada raiva que nos arma, que cria aversões e que impõe se defender dos “perigos”. A cada 7 ou 10 anos nossa vida muda, nossa identidade muda e mudam nossos referenciais. Em outra abordagem, os 3 animais são os 3 venenos mentais que apoiam nossas identidades: Javali – a ignorância, de não saber ou saber errado sobre a compreensão dos fenômenos. Galo – a avareza da carência Cobra – a raiva. Transformar esses 3 venenos é a base da medicina Tibetana; todo o treinamento é a tentativa de supera-los, principalmente através do caminho óctuplo. O segundo círculo é dividido em claro e escuro, representa o curso dessa identidade no mundo condicionado. Nossa natureza é ilimitada, é como poderíamos experimentar o mundo fora dos condicionamentos; mas como nos mantemos presos aos condicionamentos que trazemos na memória, temos respostas condicionadas – um sobe e desce, respostas melhores e piores, pacíficas ou conflituosas - frente à dificuldades. Vamos de uma situação positiva, para uma negativa. O treinamento é ir de uma situação positiva, para outra situação positiva. No terceiro círculo existem 6 secções, formas através das quais nos identificamos no mundo, e estados mentais, o mundo que escolhemos viver consciente ou inconscientemente: Começando por cima: Reino dos Deuses (não Budas), reino dos prósperos, do orgulho, do distanciamento da necessidade dos necessitados, da alienação. Semi-deuses que querem chegar a qualquer preço a ser um dos deuses, Através da permanente competição, a inveja é seu motor. Humanos – o reino que oferece a possibilidade de aprender a libertar dos ciclos de altos e baixos, é gerenciado pelo apego e pela necessidade permanente de fazer planos e coisas. Espíritos famintos – o reino dos insatisfeitos e carentes, não conseguem obter o básico para uma vida digna. Infernos – é o reino das raivas e medos que geram agressividade externa = inferno quente agressividade interna = inferno frio Animais – reino da preguiça e da letargia, pega e defende só o necessário para não morrer - insconsciência da morte. O último círculo são os 12 elos interdependentes, como os seres de natureza ilimitada estão sujeitos a nascimento, vida, morte e renascimento. A compreensão , a visão crítica, desse processo de construção de identidade ilusória torna possível a reconstrução de um novo javali, que aja como outro galo e defenda-se com outra cobra, com uma nova forma de aspiração pela transcendência. E além disso: como esse ser de natureza ilimitada não precise dos 3 animais, saia da ignorância, não seja vulnerável nem seduzido pelas felicidades aparentes. A figura a Roda da Vida está sendo segura por Yama ou Maharaja – o deus da Morte, que possui 2 espelhos em suas mãos, refletindo nossa vida e que nos ensina como superar as adversidades na vida. E, simbolicamente, é a força que no dá “rasteiras” para acordar dos enganos. Na sua cabeça estão 5 caveiras, que são as 5 aflições mentais, medos: ignorância, desejo ilimitado, raiva, orgulho e inveja. Fora do desenho acima, aparece Buda com o dedo apontado para a esquerda , as Terras Puras ( apontadas por um arco-iris que surge no reino humano) com a Lua Cheia,onde poderemos treinar em liberdade; Buda mostra o caminho da compreensão e...seguir é uma escolha pessoal. Reverter esse processo é ensinado por Buda no “nobre caminho óctuplo” e na construção de uma nova motivação para conquistar “um bom coração” através das “4 meditações ilimitadas”ou “4 Incomensuráveis”: Que todos nós possamos conviver com bondade amorosa Que todos nós possamos ter compaixão ( compreensão) uns pelos outros Que todos nós possamos compartilhar alegria empática, regozijo uns pelos outros Que todos nós possamos viver em igualdade, sem atração por uns e aversão por outros para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 22 de março de 2014

As Três Joias

Mestres são pessoas preciosas que umedecem e despertam as sementes positivas que carregamos. Mestres são seres que se transformam em espelhos para que possamos reconhecer nossos atributos positivos e os aspectos que precisamos mudar. Mestres são amigos com quem podemos evitar os “jogos” que jogamos para procurar afeto. Mestres são os orientadores que promovem nossa autonomia e valentia. Mestres são aqueles que estão sempre disponíveis para ouvir sobre nossas aflições e ajudar a encontrar a “porta de saída”. O Mestre externo é a manifestação do nosso Mestre Interno. No Budismo, principalmente na tradição Tibetana, os Mestres também chamados de Lamas ( Guru na Índia) são os representantes das 3 Jóias: Buda – aquele que através da sua iluminação, de sua lucidez, teve a compreensão de todos os fenômenos – Dharma – os ensinamentos que deixou para nos guiar nessa descoberta – Sangha – a comunidade com quem compartilhamos esse aprendizados e experiências – Como sofremos por nossos comportamentos neuróticos, nossos sofrimentos, nossas confusões, procuramos um Mestre para nos curar e aí quando o encontramos ele se transforma no amigo que é ao mesmo tempo : o MÉDICO= Buda o REMÉDIO = Dharma os ENFERMEIROS = a Sangha __________________________________________________ Quando nosso Mestre Interno está pronto encontramos o(s) Mestre(s) externo(s), no momento certo, no local certo. Hoje com a tecnologia existe até a possibilidade de encontrar um Mestre Virtual. Na antiguidade se caminhava meses ou anos para receber ensinamentos;e... esperar o tempo de retornar...talvez... para mais outra vez...Hoje bastar clicar...pense!!!!!: quanto mérito conseguimos para obter esse presente ! Até dizem que os praticantes que não podem estar perto dos Mestres procuram ser mais dedicados do que aqueles que o têm por perto com mais facilidade.... Existem 3 parâmetros sugeridos para acolher alguém como seu Mestre: Que ele(a) viva o que ensina Que ele(a) nunca pare de estudar Que ele(a) ensine tudo que sabe Que ele(a) seja modelo de alegria, liberdade, coerência e serenidade. Por isso fazemos a Prece de Refúgio: “Em Buda, Dharma e Sangha tomo refúgio até a iluminação; com a prática da generosidade e das outras perfeições possa eu atingir o estado de Buda para o benefício de todos os seres.” Ou “De sol a sol, à noite ou ao meio dia, Possam as 3 Jóias conceder-nos suas bênçãos, Possam as 3 Jóias ajudar-nos a alcançar todas as realizações, Possam as 3 Jóias espalhar muitos sinais auspiciosos nos caminhos de nossas vidas” O texto da semana “ Seguindo o Mestre Espiritual” é bastante inspirador e nos conta sobre o GURU YOGA, a pratica de nos unirmos ao Mestre para despertarmos nossa própria luz; confira! para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 15 de março de 2014

Pessoas preciosas

No aeroporto, antes de embarcar, conheci uma monja da linhagem de Hanmaum Seonwon; com sua linda longa veste azul claro, os cabelos raspados, tinha uma presença serena e parecia deslizar pelos corredores. Logo que pude iniciei uma conversa para saber sobre sua origem. Coreana, estava de passagem pelo Brasil; a sede onde sua Mestre, Seon Daecheng, dá ensinamentos fica na Coréia e ela está residindo no Centro da Argentina . No Brasil existe um núcleo em São Paulo, na Barra Funda. Encontrar, ouvir e aprender com pessoas preciosas que encontramos com data marcada ou ao acaso fortalece o projeto de construir na vida o projeto da budeidade, o encontro com nosso Verdadeiro Eu, nossa consciência iluminada e luminosa. Mestres preciosos não têm fronteiras e ocasiões especiais para compartilhar seus ensinamentos. Na verdade como a monja concordou, tudo pode se tornar pratica do Dharma, todas as ações podem fazer parte do treinamento para estabilizar a mente. Durante nosso encontro,em meio a um rápido lanche antes do embarque, ela entregou um pequeno livro escrito em castelhano pela Gran Mestre, “Encontrem o tesouro no seu interior”. É deste livro o trecho abaixo: “O que é o Budismo e o que é o Dharma de Buda? Quando se fala de Budismo, não estamos falando de uma determinada religião. Se prestarem atenção a palavra coreana Bulgyo, que se usa para se referir a Budismo, verão que a sílaba “bul” remete à origem da vida eterna, à natureza de Buda que possui todo o ser e “gyo” faz referência a ensinamentos que nos ensinam como deve viver o ser humano e como funciona o mundo. Ou seja, o Budismo nos ensina o princípio da origem de todos os seres e coisas e como se desenvolvem cada um deles. Quer dizer que se refere precisamente à vida que levamos, ao funcionamento em si dos seres de uma vida comum, um propósito comum, um operar comum, um corpo comum e um sustentar comum. Assim é, a vida cotidiana de tudo que existe é, em si mesmo, os ensinamentos do Budismo, em outra palavras o Dharma de Buda. Algumas pessoas falam da dificuldade que é encontrar-se com a essência do Dharma de Buda, mas não é porque o Dharma de Buda seja tão difícil, é porque as pessoas, elas mesmo, o fazem difícil. O Dharma de Buda não se encontra num lugar longe e inalcançável, está onde há vida. Não é algo que exista separadamente do nosso dia-a-dia. O Dharma de Buda não é algo complicado, intrincado, nem algo que só se pode desenvolver aprendendo métodos e técnicas,mas é a Verdade que está presente na nossa vida cotidiana, como algo simples e fácil. Isto é precisamente o Dharma de Buda.” Pessoas preciosas são como mantras: proteção da mente contra nossas dúvidas e ignorância de não saber ou saber errado. O texto desta semana “Em Busca da Sabedoria” trata dos encontros com pessoas preciosas, ou como podemos descobrir a preciosidade em cada experiência, em cada pessoa. Outro tema importante é como trazer os ensinamentos o Darma para nosso mundo ocidental sem perder a essência tradicional: um trabalho que recém começou. para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 8 de março de 2014

Arya Tara e mais outros mantras

Existem inúmeros Mantras. O mais conhecido no Budismo é OM MANI PEME HUM ( visto no texto anterior) O que muda é a motivação do momento. Motivação é o foco para onde dirigimos as intenções, o olhar. A motivação pode ser de concentração para obter sabedoria, compreender a vacuidade ( o que está além das aparências), superar medos: GATE, GATE, PARAGATE, PARASANGATE , BODI SOHA. Para se conectar com a energia budica de Padmasambaba, “o que tudo atende”, elimina as interferências e é uma figura importante para o Budismo Tibetano: OM, AH, HUM, BENZA ( Vajra) GURU PEMA SIDHI HUM. O mantra GAYATRI, também é muito conhecido na Índia e sua essência é: “ convoco todas as minhas inteligências para compreender os mistérios e complexidades da vida”: OM BUR BUR SOAHA, TAT SAVITUR VARENYAM BHARGO DEVASYA DHEEMAH DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT Lama Gangchen deu como um dos primeiros ensinamentos o mantra: OM MUNI,MUNI,MAHA MUNI, SHAKYAMUNI SOHA. É um mantra para todas as necessidades e, segundo ele, até para dissolver negatividades dirigidas a nós, tal o poder que desperta. Um mantra que sempre agrada é os de Tara Verde, Tara Branca ou Tara Vermelha , a mãe libertadora e protetora: TARA é a manifestação feminina de Buda. Para Tara Verde OM TARE, TUTARE, TURE SOHA. Ou Tara Vermelha: OM TARE TAM SOHA Ou Tara Branca: OM TARE TUTARE TURE MAMA AYURPUNYE JNANA PUTIN KURU SVAHA. É dito por vários Mestres que sua energia é a mesma de Mãe Maria no catolicismo – são arquétipos da mesma fonte energética. No texto anexo estão explicações sobre as conexões que essas figuras promovem além da histórias sobre Tara e sua cultura. Ainda: na internet é possível encontrar a prece cantada das 21 Taras O Mantra de Tara e as Ave Maria oferecem a mesma sensação da presença compreensiva e acolhedora da Mãe que trazemos internalizada. No Youtube é possível encontrar gravações lindas de todos eles. O texto da semana conta mais sobre o tema de TARA, se quiser basta pedir pra artesdecura@netguest.com

sábado, 1 de março de 2014

Mantras - sons que transformam

A palavra mantra em sânscrito tem o significado de proteção da mente. A repetição de mantras é uma outra forma de meditação; enquanto repetimos as frases e colocamos a intenção particular de cada um a mente vai ganhando foco e despertando potenciais. Além disso: Os pensamentos “arrastam” a mente grosseira e impedem que ela se mantenha estável, calma. Como um lago que fica revolto com a ventania não consegue refletir o céu de forma clara e definida; assim também é nossa mente: quando invadida por pensamentos de euforia ou de aflição, de apego ou aversão, respostas automáticas....reflete a realidade com deformações. Só a mente calma, controlada, tem a visão correta da realidade. Os mantras são formulas para “massagear” a mente protegendo-a dos pensamentos invasivos. Os Mantras agem na psique, consciente e inconsciente, onde nossas reações ( pensamentos, emoções, comportamentos, opiniões etc) são produzidas automaticamente impulsionadas pelas marcas condicionadas (carmicas), emoções e comportamentos. A “massagem” dos mantras auxilia a estabilização e transformação da mente grosseira e sutil. Usualmente na tradição do Budismo tibetano os mantras são falados em sânscrito que é uma língua mãe da humanidade. Acredita-se que são sons primordiais e tocam profundamente as estruturas mentais grosseiras( de cérebro), sutis ( sensações) e muito sutis ( percepções da consciência). Devem ser no mínimo ( preferencialmente) murmurados, para estimular a região do laríngeo. Como em tudo, a intenção tem poder; quando estudamos um mantra, compreendemos suas sílabas e motivação, agilizamos a vontade para que coopere com a transformação. A intenção é como um afeto que colocamos na ação: quanto mais afeto, mais efeito. A repetição dos mantras acompanhada também pela motivação de alcançar a serenidade e também beneficiar todos os seres, expande seu campo de efeitos porque se fortalece. No texto desta semana “Os sons do mundo”, um pouco sobre o mantra mais conhecido do Budismo: OM MANI PEME HUM O Mantra da Compaixão. O mantra que desperta a compreensão da dor das pessoas ( e nossas dores também), ajuda a descobrir onde estão “presas”, onde está a origem desse sofrimento e como é possível ajudar a sair COM LUCIDEZ E BONDADE das “dores”através das 4 generosidades = COMPAIXÃO: Generosidade de: dar apoio material proteger dos medos aceitar de forma incondicional ensinar o que sabe ( para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com)