terça-feira, 31 de maio de 2011

"Tá difícil mudar?"

Em um momento você decide que basta, não dá mais para continuar assim !
Não dá para continuar com esse corpo que não satisfaz.
Não dá mais para continuar com essa amizade.
Não dá mais para adiar a visita ao médico ou dentista.
Não dá mais para adiar declarar a verdade.
Não dá mais para adiar os sonhos; o amanhã chegou.....

O que não dá mais para adiar?

Sentir-se satisfeito é uma escolha, a serenidade é uma escolha.

Parece até mais fácil se pudéssemos responsabilizar alguém por isso; mas.....na verdade, depende de cada um, da escolha de como encarar as relações da vida: em tempos de paz e em tempos de adversidade.

Tomar decisões implica em mudanças.
Mudar implica encarar novos desafios.
Encarar novos desafios implica em sair da zona de conforto a que se está acostumado.
E isso dá um medinho.......e ......uma preguiça........

O que será que nos amarra ? por que será que algumas coisas dá até alegria mudar e outras são tão difíceis.

O texto abaixo é da escritora e psicóloga Bel César e parece que dá uma boa dica:


“. Quando nos conscientizamos de que estamos resistentes em aceitar uma mudança é porque precisamos matar alguma mágoa.
Elas nos tiram energia, fazem a mente ficar girando em torno do mesmo tema, puxam a cabeça para o passado, cansam, tiram a vontade de iniciar coisas novas, de olhar para frente:
imãs para fixar nas limitações e fracassos e fazer prognósticos pessimistas.”


Mágoas são efeitos de nossas expectativas irreais.
Esperamos demais das situações, das pessoas, das promessas,
dos sonhos etc.

Magoar-se mais ou menos depende de nós.

Não sabemos quanto tempo nos resta, é melhor agir já:
mudar rumos, olhar para frente, escolher com quem, onde, como e para que, escolher olhar a vida diferente.... experimentar sentir-se livre.

terça-feira, 24 de maio de 2011

"Não me decepcione"

Essa foi a advertência que acompanhou minha infância.
Reconheço que era dita com boa intenção: que minha motivação sempre fosse a melhor.

Mas com pouca idade e muita ingenuidade, me parecia que a cada engano eu seria menos amada.

As crianças ouvem a mesma frase com a bagagem e índole com que chegam na aventura da vida, é comum que para cada criança as “frases de advertência” ou “ cuidado” soem diferente, com mais ou menos peso.

Como os pais e as pessoas de autoridade na nossa infância adquirem muita importância, suas falas ressoam na nossa mente a vida toda como condicionamentos escravizantes: cuidado com o come na rua, não confie em ninguém desconhecido, não aceite bala de ninguém, não ande no escuro, cuidado com bicho papão e o homem do saco, vou chamar a polícia se não comer, não minta para o papai e a mamãe, Deus vê tudo, se não comer você vai ficar fraco, não coloque o pé no chão, dinheiro é sujo, não suba aí que você vai se machucar, não fique na corrente de ar, não saia com cabelo molhado etc.etc.etc

Cada casa tem suas frases preferidas e tenho certeza que você pode continuar essa lista com outras coisas engraçadas....

Na infância somos pequenos e eles grandes e os avisos ( também modelos) ,que até podem ser corretos, pelo drama com que são ditos tomam um tamanho irreal e podem tornar-se um entrave para conquistas futuras.

“Desmoralizar” o drama do que nos impressiona na infância não é tão fácil assim; parece que a cada vez que testamos ou contrariamos os avisos existe um elástico no coração que se estica e dói.

Essa sensação aparece porque estamos contrariando “nossa casa de infância” e isso dá a sensação que seremos punidos por isso.

e....às vezes, a aflição é tanta, o medo de um castigo ilusório é tão forte, que fazemos escolhas equivocadas exatamente para provar que nossos pais estavam certos – que calamidade!!!!!!

Construímos nossa identidade baseados nas nossas experiências e as lembranças enganosas precisam de transformação para não trairmos as nossas vocações pessoais – o que temos de particular para colaborar com a sociedade.

Uma boa notícia:
Ninguém decepciona ninguém.
Quem se deixa decepcionar é porque criou expectativas irreais.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Para comemorar o Vesak com o coração

Hoje, 17 de Maio de 2011 comemora-se em vários paises o Vesak, em que o Budismo reverencia a data do nascimento, da Iluminação e da morte de Buda Shakyamuni.

É uma data bastante auspiciosa em que também, em algumas tradições, renovam-se os 5 votos para leigos de:
Não matar, não roubar, não mentir, não se intoxicar e não ser infiel.

Como fazer as homenagens a Buda hoje?

Nos momentos finais de sua vida, vendo Ananda seu fiel discípulo chorar, advertiu que ninguém deveria chorar pela desintegração de seu corpo físico mas sim, dar atenção aos ensinamentos do Dharma.

A verdade do Darma é á única coisa não sujeita a lei da mudança.
Também alertou que homenageá-lo não é meramente oferecendo flores, incenso e velas; mas sim, seguindo seus ensinamentos.

Ou seja, a verdadeira pratica da filosofia ensinada por Buda não são os rituais; são as atitudes pacíficas, lúcidas e bondosas.
Mecanizar os ensinamentos não propiciam méritos nem milagres.

Faça você hoje a tua própria homenagem : teus votos de manter um olhar espontâneo em todos os momentos com: alegria, compaixão, generosidade, honestidade, valentia e curiosidade para o beneficio de todos os seres.

Assim deve ser o desejo dos devotos: uma oportunidade de reiterar sua determinação de tornar suas vidas nobres, expandir suas mentes, praticar a bondade amorosa e trazer paz e harmonia à humanidade.

Que possamos todos alcançar a serenidade das flores
Que possamos todos nos liberar dos sofrimentos dos espinhos da vida
Que possamos todos encontrar as causas da serenidade das luzes dos arco-íris.
Que possamos todos nos liberar das causas dos sofrimentos das ilusões
Que possamos todos alcançar lucidez completa e instantânea dos sábios.
Que possamos todos trazer vasto benefício a todos os seres que conosco, percorrem as existências.
Que possamos todos nos sentirmos felizes por sermos úteis.
Hoje e sempre!

Inspirado em Methabavata.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Comemoração dia das mães

Passada a data , é permitido perguntar :
O que você sente nesse dia?

Somos mães e/ou filhos – sendo assim sempre tem uma mãe
no caminho.
Mães, com mais ou menos mágoas, filhos mais ou menos generosos.

Mas todos, todos mesmo, vivem essa situação, até grandes Mestres e suas mães lidaram com essas questões.
Maria se afligia com as saídas de Jesus, com sua concepção inesperada e seu final anti-natural.
A mãe adotiva de Buda, sua tia, viveu o abandono de seu filho e a dificuldade de se sentir incluída entre os seus mais tarde.
E assim encontramos alegrias e sofrimentos de mães e filhos em todas as épocas da humanidade.

Expectativas frustradas e realizadas dos dois lados.

Quando se abre uma roda de conversa sobre como ser uma boa mãe, a conversa termina como começou, sem saídas claras.

A questão talvez seja qual o sentido de ser mãe ?

Ser mãe não é um projeto, é uma função que vai mudando de responsabilidades a cada par de anos; transformando-se de enfermeira até orientadora, modelos a seguir e a evitar – repletos de tem que isso, tem que aquilo.

Já ouvi tantas definições e regras, que cansei.

Posso pensar unicamente na minha experiência; tentei ter o olhar de Summerhill – “liberdade sem medo” - corrigir o que me fez falta e, principalmente, desmontar o mundo de ilusões que tinha herdado e baseando a convivência na verdade: desmascarar papai Noel, coelhinho da Páscoa, casamento é o caminho do felizes para sempre, o marido deve ser provedor, os ideais socialistas, meus filhos não são meus , são do mundo, dê liberdade, independência cedo etc.etc.etc...e eu, enquanto isso,com tantos medos.....????

Nem por isso sou poupada de críticas a cada encontro familiar.

O que me conforta é reconhecer que não é possível agradar sempre; se Buda não agradou a todos, se com Jesus e Gandhi aconteceu o mesmo – imagine com as mães!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ainda não cheguei naquele tempo em que os filhos reconhecem a sabedoria dos pais, como me prometeram.

......Suspeito que esse tempo não vai chegar.

Uma das dores da velhice é deixar de ser observado com interesse e paciência, como diz o psiquiatra Yalom.

Entregamos aos filhos um mundo tremendamente competitivo e apressado, e faz parte da nossa compreensão aceitar e se divertir com o espaço que soubemos preservar.

Não existem regras; existem tentativas de ser a mãe .
Talvez a mãe que queríamos ter tido – damos os cuidados que queríamos ter recebido, acreditando que é o caminho.

O que sobra com certeza é uma pergunta e uma resposta:

O que os filhos nos ensinaram?

= humildade.( quando for possível reconhecer)

A vida é preciosas mas nada na vida é sem risco,....até a maternidade.

Hoje consigo reconhecer e agradecer minha mãe por, mesmo com tantas dificuldades, ter permitido a experiência nesta vida, ter me deixado viver exatamente com esta herança genética que me permitiu oportunidades de aprender, experimentar tanta coisa importante, testemunhar tantas mudanças, superar tantos sustos e viver tantos encontros essenciais:

Sem ela isso não seria possível.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Abandonar quem nos abandona....

“vale a pena abandonar que nos abandona”, é uma frase da astróloga Marcia Mattos encontrada num dos livros de Bel César.

A frase poderia até ser : “ vale a pena abandonar tudo o que nos abandona”: amores, amizades, afetos,ideais, projetos, sonhos etc,etc,

e também: desafetos, intrigas, traidores, críticos, tiranos, decepções etc.etc.

por que será que insistimos em fazer as coisas ficarem à nossa moda?

E a cada vez que nos sentimos mais uma vez abandonados é aquela dor triste do abandono.....

Por que será que demoramos tanto tempo a reconhecer as coisas e outras relações não no servem mais?

Ao invés de ficar se lamuriando, contando para ouvintes os nossos desencontros, que tal tomar uma atitude mais assertiva?

A psicologia budista sugere uma saída;

Tentar apenas 3 vezes a reconciliação:

Na 1ª, procuramos aproximação para um acordo e para demonstrar interesse em reatar.
Na 2ª, caso não tenhamos sido compreendidos, repetimos a intenção para ficar bem claro.
Na 3ª, insistimos pela última vez encerrando a “operação” e avisando que já fizemos a nossa parte.
e....relaxamos.

sabe quando a gente desiste de procurar um objeto perdido e o encontra? Ou se aceita a perda ?

....assim também é com tudo na vida.
Tudo tem um final e insistir raramente é um sinal de inteligência.

Tudo tem seu tempo e mudar é bom, é novo.

Respeitar que o outro quer distância, pode ser difícil, mas ajuda organizar o esforço de viver bem.