quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Para aproveitar apegos e desapegos




Mesmo que tenhamos sido treinados a acreditar que se deixarmos as coisas irem vamos ficar sem nada, a vida mostra repetidamente o oposto: deixar ir é o caminho da verdadeira liberdade.
A simplicidade é o ponto último da iluminação.
Simplicidade não quer dizer pobreza.
Pobreza é um estado de espírito não apenas privação das necessidades.
Existem 2 olhares: quando as ondas batem nas rochas por anos você pode olhar como destruição ou como esculturas de novas formas interessantes.
Nosso caráter também; as perdas não são perdas, as perdas são a possibilidade do novo.
Um filho especial, não é um filho que deu errado; é um filho que vai ensinar a aumentar a humanidade e a verdadeira natureza luminosa e compassiva da família e amigos.
Quando o rancor pelas perdas desaparece aparece mais espaço para a bondade.
Essa bondade é o que sobrevive à morte, é o que deixamos na boa lembrança dos seres.
Viver é treinar despertar essa bondade forte e como realiza-la.


Quem balança tua árvore?




A história abaixo foi encontrada no livro “An Empty Mirror” de Wetering.
Em um antigo templo, vivia um monge que cuidava do mestre aposentado e do famoso jardim do templo.
Certo dia chegariam visitantes de longe para admirar o jardim e então, por toda a manhã, o monge passou meticulosamente o ancinho na areia, juntando com esmero todas as folhas espalhadas.
Depois de deixar tudo no ponto, notou que o velho mestre observava seu trabalho por cima do muro do jardim.
“Muito bem”, disse o velho,” mas está faltando uma coisa”.” O que?”. Indagou o monge.
Pegando num galho que se inclinava sobre o muro do jardim, o mestre balançou forte a árvore, espalhando uma cascata de folhas de outono por cima da areia imaculadamente limpa. “Assim”, disso o velho mestre. “Agora está perfeito”.
Somos parecidos com esse monge, queremos um caminho perfeito, queremos encontrar algo que deixe a paisagem bonita e a vida serena.
Queremos jogar fora todas as coisas, relações, emoções, manias, sensações e situações que incomodam, jogar fora como as folhas mortas.
Mas não dá.
Não fomos preparados para aceitar a vida como ela é.
Não fomos preparados par enxergar a beleza e o sentido das folhas que também caem no nosso jardim.
Quem é que balança tua árvore?
Um filho, um marido, um colega de trabalho, um vizinho, uma paixão antiga, falta de dinheiro, teus pensamentos?
Assim é a vida, como o jardim do monge; limpamos o terreno e esperamos quais folhas irão cair. Aí limpamos novamente.
Nossa prática não deveria ser querer eliminar as folhas permanentemente; deveria ser querer criar um jardim cada vez mais amplo que pudesse acolher mais folhas, até que possa conter serenamente qualquer coisa que aconteça na vida.
Quando descobrimos a aceitação e aprendemos a responder a cada momento da vida como ela é, descobrimos então que cada folha caiu no lugar certo.