quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Encerramento Centro Budista de Santos

Neste mês de Agosto termina esta “volta” da roda do Centro Budista de Santos, Centro aberto em 2012 por sugestão do Centro de Dharma de São Paulo – portas abertas publicamente para os estudos do Budismo Tibetano na cidade. É impossível prever o que nos aguarda nos próximos passos , só o futuro dirá; com certeza inicia-se uma nova “volta” da roda , também para nós. Nosso Centro Budista continuará em atividade dentro do coração de cada um, através das nossas atitudes, discursos e pensamentos; e...talvez um dia volte a se manifestar fisicamente em outro lugar. Com certeza, também, é apenas mais um período intermediário. Inicio esta nova fase, feliz por ter cumprido a meta inicial e, como disse no e-mail anterior, mantendo a energia da curiosidade e do bom humor além de uma imensa gratidão pelo que nos foi permitido compartilhar com os espaços que ocupamos, com tantos Mestres e com todos os participantes. Aprendemos muito juntos, acolhemos muitas pessoas e nos despedimos de outras tantas;recebemos varias visitas significativas, acolhemos ensinamentos de ouras tradições e hoje somos pessoas que compreendemos um pouquinho mais sobre nossas confusões. Já temos varias dicas como prosseguir e onde fazer novas descobertas e amigos. ****guarde na memória: a ferramenta mais importante da filosofia budista é a Meditação silenciosa – imobilizar o corpo, observar os intervalos entre os pensamentos e ir aumentando esse espaço. Esse treinamento permite que não sejamos arrastados pelos pensamentos aflitivos e/ou excitados, proporcionando mais lucidez e serenidade nas atitudes, pensamentos, falas e visões. Continuaremos em contato através dos e-mails semanais além das postagens no blog. Manter o interesse pelos outros e ser solidário parece ser uma boa receita. Todos têm suas razões. MEDITE, MEDITE E MEDITE. “ Que a Energia positiva gerada por nós nestes anos traga longa vida a todos os Mestres que nos acompanham no caminho em busca da lucidez e chegue especialmente até minha mãe, Gloria, em seus momentos finais nesta vida , ela que foi uma importante patrocinadora neste projeto.” Tashidelê ( boa sorte em tibetano),

sábado, 24 de agosto de 2013

8 preocupações mundanas, são apenas 8????

“A opinião dos outros sobre mim serão conseqüência das minhas qualidades conhecidas pelos poucos que convivem comigo ou dos meus defeitos dos muitos que me criticam ? Não sei de que lado fico....” Roberto Marinho Impressionante como nossas carências nos deixam reféns da opinião dos outros.....como passamos poder para os outros, para a imagem que queremos refletir, como precisamos nos sentir amados e importantes!!!!! Se, visitando um vale com eco você gritar criticas sobre você e essas criticas ecoarem, não acontecerá absolutamente nada; mas.....se for alguém, que para você é importante, te criticar, possivelmente vai se tornar um fantasma bastante incômodo e difícil de se livrar. Ao mesmo tempo, se essas criticas forem feitas numa língua que você desconhece, também não serão perniciosas. A opinião dos outros, é DOS OUTROS – você pode deixar colar, pode deixar te engessar, pode te inspirar mudanças, pode te enterrar, e... pode ser apenas uma “boca falando”. Lutamos para construir uma imagem para os outros, baseada num modelo que acreditamos o melhor, ou que nossos pais ( e outras autoridades) acreditavam. Construir uma imagem que vai formar a opinião dos outros; e... nem sempre é uma imagem positiva, às vezes é até a da vítima.... mas SEMPRE é para alcançar algum lucro. Existe um tema no budismo para ser meditado que são as 8 preocupações mundanas: Gostar de ser elogiado Evitar ser criticado Gostar do sucesso Evitar o fracasso Gostar da felicidade Evitar o sofrimento Gostar da fama Evitar o anonimato Todos os sofrimentos pertencem a uma, ou mais de uma, dessas preocupações, são o resumo da nossa caminhada humana. Mas... será que viver tentando eliminar essas preocupações faz parte de encontrar o sentido da vida que tanto buscamos? Ou são basicamente as armadilhas dessa entidade déspota – o Ego ilusório - que vive para nos defender do indefensável que é a finitude da vida? Preocupações originadas nos medos; medos de não ter ou de perder ! Serão essas preocupações, uma vez dribladas, que vão garantir a felicidade? Ou....é exatamente a determinação de tirar o poder dessas preocupações que nos aproxima da serenidade?

sábado, 17 de agosto de 2013

Voar para além dos sofrimentos

Dias atrás uma das enfermeiras de minha mãe, ouvindo meus comentários sobre o bardo do morrer, perguntou o que é o sofrimento para o Budismo? _ sofrimento é a insatisfação pela vida não ser do jeito que gostaria que fosse em suas varias aparições: Sofrimento pelas dores físicas Sofrimento pelas perdas e separações Sofrimento pelos “sustos” que a vida nos prega – porque nada é garantido Ou seja: as “peças” que a impermanência nos prega. O caminho que o Budismo propõe é a conquista passo-a-passo da compreensão dos processos ilusórios e a descoberta que a lucidez surge à medida que a ignorância desaparece. Por esse ponto de vista, compreender o papel defensivo do “eu” amedrontado e sua força de deformador da realidade é descobrir umas das principais manifestações da ignorância. É esse papel equivocado do “eu” que desaparece. No caminho budista não construímos lucidez, despertamos a lucidez que já existia e estava encoberta, atualizamos a lucidez, segundo palavras de Mattieu Ricard e Mais uma vez citando seu texto: – “a idéia fundamental é a de que cada ser possui dentro de si a natureza de buda; ... esse potencial de transformação interior está presente em cada ser, como um pepita de ouro que já existe mesmo envolta em sua ganga ( impurezas) dentro da terra. Nos seres comuns, essa perfeição, essa natureza de Buda fica mascarada por muitos véus, formados por fatores mentais negativos ( preconceitos, aflições, fixações/ apegos e marcas mentais). .... O caminho búdico é uma redescoberta. ..... Por outro ângulo é um processo de purificação...dos véus que dissimulam nossa natureza profunda. Quando vemos um avião penetrando a camada de nuvens para nós o céu está cinzento e brumoso, como se o sol não existisse mais. No entanto, basta estar no avião que emerge das nuvens – e é sempre um espetáculo magnífico – para redescobrir que o sol brilha com toda a sua luz em um céu inalterável.” Lama Caroline, ensina que uma das formas positivas de meditação, de encontro com nossa verdadeira natureza budica silenciosa, livre e lúcida é exatamente se imaginar um ser voador por esse céu azul e brilhante – pelo sol ou pelas estrelas - além das nuvens e das brumas. Seja você também esse ser e disfrute dessas conquistas para superar os sofrimentos.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre renascimento, reencarnação outras hipóteses

Assistindo minha mãe no que no Budismo é chamado o bardo do morrer , muitas questões chegam e as respostas (hipotéticas) ficam bem vagas; mas faz parte da nossa missão continuar buscando o entendimento mas....sempre com o cuidado que não existem verdades absolutas além daquela que TUDO MUDA e ESTÁ MUDANDO O TEMPO TODO. Reencarnação, renascimento são termos algumas sutis diferenças; e, assim como karma, continuum mental e vacuidade, são temas delicados e difíceis de explicar e compreender com poucas palavras. Lendo “O monge e o filósofo”o Budismo hoje do monge Matthieu Ricard encontrei trechos interessantes que compartilho com você: .................... No Budismo o que se chama de reencarnação não tem nada a ver com transmigração de uma ‘entidade’ qualquer , nada a ver com metempsicose. Enquanto se raciocinar em termos de entidades e não de função , de continuidade, o conceito budista de renascimento não poderá ser compreendido. ....Não existe identidade de uma ‘pessoa’ através de renascimentos sucessivos, mas condicionamento de um fluxo de consciência. ......................... O Budismo fala de estados sucessivos de existência: nem tudo se limita à vida presente. Antes do nascimento atual, conhecemos outros estados de existência e após a morte conhecermos outros mais. .................. Por ouro lado, uma vez que o Budismo nega a existência de um ‘eu’ individual concebido como uma entidade separada que transmigraria de existência em existência e passaria de corpo para corpo, podemos nos perguntar o que é que liga esses estados sucessivos de existência. Trata-se do continuum, um fluxo de consciência que se perpetua, sem que exista uma entidade fixa e autônoma que o percorra. Pode-se compara isso a um rio sem nenhuma barca que desce seu curso ou à chama de uma lamparina que acende uma segunda lamparina, a qual acende uma terceira e assim por diante: no fim desta cadeia, a chama não é a mesma nem diferente. ............................ Nós nos apegamos à noção de um “ eu”, de nossa pessoa, meu corpo, meu nome, meu espírito etc O Budismo fala de um continuum de consciência mas nega a existência de um ‘eu’ sólido, permanente e autônomo no seio desse continuum. A essência da pratica do budismo é dissipar a ilusão de um ‘eu’ que falseia nossa visão de mundo. ................................ Assim tomando a ideia do continuum mental como um rio , é concebível que se possa reconhecer esse um curso d’água centenas de kilometros abaixo do primeiro ponto de observação, examinando a natureza dos aluviões, minerais, vegetais, etc que ele transporta. ................. Em relação à ideia de renascimento como a noção impessoal de rio que circula de indivíduo para indivíduo, que sejam esses indivíduos seres humanos ou animais Matthieu responde: Pode-se falar de ‘consciência individual’ mesmo que o individuo não exista como entidade isolada. Porque a ausência de transferência de uma entidade descontínua não se opõe à continuação de uma função**. O fato de o ‘eu’ não ter existência própria não impede que um fluxo de consciência particular tenha qualidades que o distingam de um outro. O fato de não existir uma barca flutuando no rio não o impede de estar carregado de sedimentos, poluído por uma fábrica de papel ou então claro e límpido. O estado do rio em um dado momento é a imagem, o resultado de sua história. De igual modo, os fluxos individuais de consciência estão carregados do resultado dos pensamentos positivos ou negativos, assim como das marcas deixadas nas consciência pelos atos e palavras originados desses pensamentos. O objetivo da pratica espiritual é purificar esse rio pouco a pouco. O estado último da limpidez é aquilo que se chama de realização espiritual. Todas as emoções negativas, todos os véus que mascaram o conhecimento são então dissolvidos. Não se trata de aniquilar o ‘eu’, o qual nunca existiu de verdade, mas simplesmente de desmascarar a impostura dele. ( esse ‘eu’ é uma criação, uma entidade mental, condicionada, pai dos medos e ilusões) ........................... O ‘eu’ não possui origem nem fim, e conseqüentemente, não tem outra existência no presente senão aquela que a mente lhe atribui. Em uma palavra, o nirvana não é uma extinção, mas o conhecimento final da natureza das coisas. ** o termo função por definição matemática está ligado à ideia de relacionamento, relações, união de origens, meios e fins – entendo por função no conceito de interdependência como se nossa consciência, o continuum mental fosse um fio entre infinitos do bordado que se misturam entre si, se dissolvem no desenho e se transformam no tecido – fazem parte da construção.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Último capítulo desta temporada e cenas da próxima

Aproveitando a onda das series de TV tomo uma carona nessa moda para iniciar uma despedida e ao mesmo tempo dar boas vindas às novidades que virão. Neste mês de Agosto termina mais uma temporada do Centro Budista no endereço em Santos ocupado nestes últimos anos. Portas se fecham e portas se abrem, como em todas as situações felizes ou tristes que vivemos. Importante é manter a energia da curiosidade e do bom humor além de uma imensa gratidão pelo que nos foi permitido compartilhar com o espaço e com todos os participantes. Aprendemos muito juntos, acolhemos muitas pessoas e nos despedimos de outras tantas;recebemos varias visitas significativas e hoje somos pessoas que compreendemos um pouquinho mais sobre nossas confusões. Já temos varias dicas como prosseguir e onde fazer novas descobertas e amigos. Gostaria de convidar você a estar conosco nestas últimas semanas deAgosto, terminar o estudo que iniciamos, nos preparar para outras coisas e para criar novas histórias; se você tiver alguma duvida este é o momento para dissolve-la, ou pelo menos, tentar. ****No anexo coloquei uma matéria interessante e útil no entendimento dessas confusões. Atente para os quadros de 200 e o dos 240 itens. ****Quem estiver com algum material da sala, por favor, traga no início do mês organizar a “divisão dos bens”. Quanto aos atendimentos individuais me disponho, em caráter informal, atender na casa dos interessados ou pelo skype (com hora marcada). ****guarde na memória: a ferramenta mais importante da filosofia budista é a Meditação silenciosa – imobilizar o corpo, observar os intervalos entre os pensamentos e ir aumentando esse espaço. Esse treinamento permite que não sejamos arrastados pelos pensamentos aflitivos e/ou excitados, proporcionando lucidez e serenidade nas atitudes, pensamentos, falas e visões. Continuaremos em contato através dos e-mails semanais além das postagens no blog. MEDITE, MEDITE E MEDITE.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Paciência com todos, todos mesmo????

Paciência é um dos aspectos da solidariedade. Solidariedade é um termo equivalente o que no Budismo é chamado de compaixão; alguns Mestres budistas hoje usam chamar as praticas de Budismo solidário. Porque solidariedade, além de empatia, envolve também agir para tirar o outros da dificuldade. Como dizia Platão:” tenha paciência com as pessoas porque a vida é difícil pra todos”. Paciência faz parte da família da Paz. Dessa família, no tema budista das “6 Perfeições ou Paramitas”, fazem parte também: o esforço alegre, as 4 generosidades ( apoio material, ensinar o que se sabe, proteger do medo e aceitação), o respeito (ética), a concentração ( meditação) e a sabedoria ( interdependência) O Mestre Chagdu Rinpoche nas celebrações dos casamentos comentava esse tema das 6 Perfeições que é bastante sugestivo na harmonização das relações. Todos nós, famosos ou anônimos, enfrentamos nossas olimpíadas de vida, cada um a seu modo, nas suas condições e possibilidades e PACIÊNCIA é uma das ferramentas mais inteligentes para chegar no final da competição honrosamente. O tema da Paciência com todos me chegou mais forte à lembrança através do documentário Roberto Marinho, o Sr. do seu tempo exibido pelo canal Brasil na carta que ele deixou a seu filho Roberto, que transcrevo parcialmente abaixo: “.... Esse espírito de luta do velho pescador, dos flamejantes atletas, do cientista que vai ao fundo abissal do oceano, do astronauta que desvirginou o espaço sideral que anima a humanidade a vencer e a progredir... porque a vida meu filho Robertinho, é justamente essa luta pela conquista de um ideal ambicioso ou por um simples lugar o sol ; quando trabalhadores britando a terra ou afagando o asfalto na cidade, dissorando ( dissolvendo) ao sol nos dias mais causticantes, suando a camisa no escritório, nas oficinas, nas locomotivas, nos porões dos navios também disputam suas olimpíadas, não em busca de glorias esportivas, mas do sustento de suas famílias ......................................” E na semana do Papa Francisco, retomemos nós também o mesmo pedido de São Francisco de Assis: “ Senhor do Universo, faz de mim o instrumento de vossa Paz”