quinta-feira, 25 de junho de 2015

Engessados pelas mentiras

Você já se sentiu engessado (a) por uma mentira? Uma mentira que parecia inevitável? Ou por uma mentira inútil? Ou por não ter calculado corretamente os resultados? Todos nós mentimos. Isso parece fazer parte da sobrevivência. Mentimos por nos sentir constrangidos. Mentimos para nos defender ou defender outras pessoas. Mentimos porque sentimos medo de não agradar, de perder o que temos, de sujar nossa imagem etc etc ou... para proteger quem é importante para nós. Mentimos para lucrar. Mentimos na verdade, para não nos sentirmos sós, para não nos sentirmos abandonados, para não nos sentirmos excluídos, para não nos sentirmos perdedores e desamados. Sem contar os mitômanos, portadores e escravos da doença da mentira compulsiva. Então..entendo que mentimos sempre para defender nossa importância; para seduzir. Mentiras pequenas, medias e grandes. Mentir é confundir a opinião do outro; seja por qual mecanismo for. Mentimos quando forçamos uma situação com adjetivos fortes, quando colorimos muito ou quando deixamos a cena sem cor. Mentimos quando manipulamos presenteando demais, quando usamos mascaras para disfarçar. A necessidade de aparecer impulsiona para deformar a realidade. Mentir stressa porque a área do cérebro que constrói a mentira, o córtex motor ( responsável pelo controle dos movimentos), precisando inventar e manter a história, usa o dobro da energia de concentração do que as áreas ligadas às emoções, que respondem espontaneamente . Por isso é possível, quando se está atento, perceber certos “tiques” nervosos na face na hora da mentira. Até parece que existem mentiras que são automáticas porque não conhecemos uma forma de sair das questões com naturalidade. Como fazer? Ex.: Você encontra com uma pessoa que comprou uma roupa que para você é feia e ela pergunta se é bonita, como você responde? “Para mim eu preferiria comprar outra, mas se você gostou está bem.” Se a pergunta é uma intromissão tipo: você já ligou para o banco? E em varias outras situações, você pode devolver a pergunta: “Por que você está me perguntando isso?” Assistindo ao filme sobre Milarepa (que agora está inteiro e legendado no Youtube), na cena em que ele se esconde na casa de um sábio e os perseguidores batem à porta perguntando se ele está lá dentro, o Mestre responde nem sim, nem não, apenas: “ é difícil as pessoas chegarem por estes lados.” Temos muito pouca habilidade em responder sem mentir. É preciso algum treino. Usar expressões como : pode ser, vou pensar, preferiria não, no momento não, preciso de mais tempo, ainda não tenho uma opinião – colaboram em relações mais honestas. Experimente voltar a mentiras antigas e ver se isso funciona. E quando somos pegos na mentira? O que fazer? E quando pegamos a mentira de alguém? Que saia justa!!! Que vergonha!!! Vontade de desaparecer ou fazer o tempo voltar... Primeiro, conscientizar: A mentira acontece quando não existe espaço para que a verdade seja dita sem riscos. Mentimos porque temos medo de perder algo (ou alguém) se dissermos a verdade; a situação está nos ameaçando, há chances de prejuízos e mentimos em legítima defesa do ego... Mentiram para nós porque demos pistas que se a pessoa fosse verdadeira e natural a condenaríamos ou iríamos abandona-la. Na próxima mentira tente uma resposta honesta. Quando mentirem para você pense como pode ajudar o outro a confiar em você. Porque afinal como diz o Dalai Lama: ninguém merece ser enganado. Mas...sempre tem um mas...quando for inevitável, principalmente, para não criar mais confusão...perdoe e se perdoe...sem drama...o Samsara é povoado por contradições.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

E... se o corpo não colaborar?

Tudo programado para o dia seguinte e aí você acorda e o mundo gira.... Vai passar: água gelada, respira, fixa o olhar num ponto e... nada... A cabeça continua a girar e não basta a vontade de seguir em frente, de vencer o desconforto falta de equilíbrio. Apenas uma crise de labirintite. E aí não tem como, as necessidades do corpo te colocam para parar. Ligar para todos e avisar (com certa vergonha): “preciso parar, não vai dar para cumprir a agenda.” Ficar sem fazer nada, sem estudar, sem ler, sem ver televisão, baixar os sons, calar, comer nem pensar. Se dar um tempo... Percebo que não sei o que é pior, o desconforto de não estar com equilíbrio físico ou ter que ficar em casa quieta...sem conseguir me defender do mal estar. Apenas...seguindo um dos conselhos do Lama de procurar entender a origem das doenças. Na orientação da medicina tibetana é sugerido lembrar qual a situação que assustou um pouco antes de adoecer. Isso já descobri. Mas não basta. Só entendo que ainda me deixo arrastar por certos tipos de medos. De onde será que vem a falta de permissão (interna) de me deixar curar descansando? De onde vem a imposição de nunca falhar aos compromissos? Será que você imagina a quem eu estaria agradando ou evitando decepcionar? .............................................................. Já há 2 anos separados fisicamente, meu pai continua mais vivo que nunca na minha mente-coração!!! O pai que só vi ficar na cama doente 2 vezes em 62 anos: quando operado do coração e, anos depois, no seu final. e...volta sua voz: “filha, não me decepcione!” ............................................................. Então...vamos deixar a criança mimada de lado e brincar de ser adulta: *Não sou eu que estou doente, é meu corpo que precisa de cuidados e descanso para continuar a seguir como um bom suporte. *Posso sim parar, todos podem ! *ficar doente não torna ninguém melhor ou pior. * tirar o poder da situação: será que daqui a 50 anos alguém vai se lembrar deste episódio? *as vontades bem intencionadas das autoridades de infância que eu admirava, como meu pai, eram deles – apenas deles. *eu sou minha própria autoridade porque vivendo comigo 24 horas por dia, eu sei de mim. Ou...pelo menos deveria.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Comunicação é coisa seria

Outro dia descobri durante um ensinamento do Lama sobre o reino dos infernos no tema “A Roda da Vida” que uma das principais características da raiva é a falta de comunicação.... Raiva quente quando miramos um alvo ou a raiva fria quando engolimos a frustração. Nos dois casos não conseguimos dialogar e partimos para agressão gritante ou silenciosa. Aí fui buscar exemplos: - raiva do que uma pessoa me falou e não consegui me defender (será que precisava mesmo?) -raiva da chuva que caiu e estragou o passeio – mas será que não dava para “dialogar” de forma divertida com outra paisagem ou programa? - raiva de ter cometido um engano – mas será que conversei o suficiente comigo mesma sobre isso? A raiva aparece quando uma crença é ameaçada, quando somos contrariados. Quando as coisas não foram do meu jeito, da minha vontade. Mas será que estou prestando atenção, “ouvindo”, a vontade e razões do outro lado? Fica a sugestão quando sentir raiva o que faltou na comunicação? Comunicar-se está em conseguir falar claramente , tentando não deixar os preconceitos interferirem, mas, principalmente em estar disponível para ouvir. Ou seja que, além de usar os instrumentos que facilitam a comunicação hoje e são muitos, exista uma flexibilidade interna de ouvir para poder ser ouvida. Há pessoas que reclamam de solidão, que suas opiniões e recados não são ouvidos, mas...será que ela quer mesmo, ou está apenas no papel da vítima. Ou será que o interesse pelos outros não é tão grande assim? Quando a gente quer ser cuidada, precisa primeiro se interessar por cuidar. No tempo de agora que as coisas parecem “correr mais rápido” cabe a nós facilitar e otimizar nossos meios de comunicação se queremos acompanhar o ritmo; principalmente quando estamos num grupo e queremos nos articular com ele. Redes, e-mails, celulares, facebook, twiter, whastapp todos são instrumentos mega uteis para nos comunicarmos quando usamos com bom senso. Ou seja, para o beneficiar o grupo, crescer juntos, aprender junto, descobrir junto. São formas novas de conversar como o mundo externo, vamos aproveitar ! Quando não damos esse espaço para conversa ignoramos como o outro pensa, o que o outro está sentindo e ele também não vai saber da gente. Imagine você: quando fiquei mal na semana passada se tivesse que ligar para cada pessoa? Tonta até para ler os números. Mas veja: *quem usa celular, atende. *quem recebe mensagens, lê. *quem tem facebook, abre. *quem recebe e-mail, responde. *quem escreve no twiter, cuida de suas palavras. *quem dá o numero do telefone, atende. *quem compra um fax, coloca bobina de papel. Ou...não.... Quem quer ficar fixado nos fixos vai ficar um pouco atrasado e fazer, varias vezes, 2 viagens... Estamos num tempo que muitos canais foram abertos, vamos aproveitar com sabedoria. Simplificar a vida não quer dizer se separar das coisas da vida. Simplificar é cortar as expectativas e rever os desejos. Mas...também tudo bem: não escolher também é uma escolha. Sem dramas!!!!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Mapa do caminho

Mapa do caminho em (apenas) 7 passos: assistindo o retiro de carnaval dado por Lama Padma Samten anotei 7 sugestões que ele deu para seguir no caminho em busca da lucidez e da boa convivência.( você pode aprofundar o assunto assistindo pelo youtube no canal de Lama PadmaSamten esse retiro de verão 2015 ) Quero compartilhar com você porque, além de ser um bom tema de reflexão, acredito que sejam sugestões úteis e cabem em todos os caminhos que escolhemos: 1- Observar a magia que é perceber a inseparatividade do que acontece fora com o que acontece dentro de nós = coemergência ( isto está descrito abaixo com mais detalhes no texto dos “6 selos” – ensinamentos de Padmasambaba) 2- Sem bodichita (o coração bondoso que busca aliviar as dificuldades dos seres) e lucidez não há solução 3- Pacificar as relações em todas as direções( através de metabavana e das 4 ações de poder) 4- Não desistir, não cansar de ajudar os outros. 5- Reduzir as necessidades financeiras e materiais 6- Aprender a preservar a saúde, ensinar os outros e compreender de onde a doença surge. 7- Escapar das situações carmicas, das dependências dos condicionamentos (maracas) mentais Os 6 selos: *sele a aparência com a vacuidade *sele a vacuidade com a aparência *sele a vacuidade e a aparência com a inseparatividade *sele a inseparatividade com o encantamento *sele o encantamento com a ausência de condicionamentos *sele a ausência de condicionamentos com a Clara Luz, o espaço livre.