quinta-feira, 28 de maio de 2015

Medos, ultimo traço da ignorância

“O último traço da ignorância a ser eliminado é o medo”( Chagdu Rinpoche) Assim entendo que depois de ter resolvido raivas, invejas, culpas, carências, ansiedades, preconceitos, expectativas...todos pura ignorância - ainda no Nofinal, estão os medos = últimos traços da ignorância. Por que? Porque o medo aparece quando temos medo de perder nossos poderes, ou seja, nossas identidades. Por que? Porque pensamos que o que temos, o que pensamos ser, o que vivemos, com quem vivemos, onde vivemos nos dá um sentido. E se perdermos essas “coisas”...vamos nos perder também. Parece que não....quando aprendemos a conviver com tudo, todos e em qualquer situação em qualquer lugar sem precisar nos agarrar – sem medo de perder - estaremos no caminho rumo à tranqüilidade. Mas superar os medos é uma missão.... Missão para praticantes do cotidiano – manter permanentemente um olhar lúcido através de praticas regulares de manter a lucidez, com os pés no chão, tentando entender os jogos da vida. O medo é uma ilusão provocada por aparências. Determinadas aparências despertam sensações perturbadoras e aflitivas dentro de nós = nossos aspectos internos sombrios. Esses aspectos são condicionamentos, marcas mentais de cada um a serem dissolvidas, ou, serem desmoralizadas. Essas marcas mentais foram construídas durante a vida de cada um por isso as aparências causam medo em alguns e não em outros. Se fossem medos reais causariam medo a todos. Então os medos são reflexo de ignorância exatamente porque, sendo aparências ilusórias, como acreditar que são reais???? Lama Padma Samten tem um exemplo interessante: “Na primeira vez que entramos num trem fantasma as mascaras, caveiras, monstros, paisagens sinistras etc..nos apavoram mesmo sabendo que é uma brincadeira. Se insistirmos na diversão, a cada viagem desse trem fantasma, vamos desmoralizando os bonecos até que começamos a rir.” A vida muitas vezes nos coloca em trens fantasmas; revisitar (uma, duas, três vezes) com lucidez e sorrisos as relações, situações e lugares amedrontadores trará a mesma sensação de um nuvem se dissolvendo no céu. Pra que tanto trabalho???? Porque além dos medos serem uma ilusão, eles criam outras ilusões e a gente se perde nesse labirinto, ou fica cego = isso no Budismo é avidya. Mesmo que demore!!!! Então...comece agora! Uma vez superado um medo, ajudar outros a superar seus medos é emocionante. Assim surge também um coração bondoso – a bodhichita.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Alguma filosofia de vida te ajuda?

Essa foi a pergunta que fizeram para o físico Stephen Hawking, já no estado avançado de sua grave doença degenerativa, durante uma palestra na Universidade de Cambridge. E essa foi a resposta que ele deu através do computador que transformava em voz os poucos movimentos de sua mão(assim conta sua esposa): “É claro que somos apenas primatas evoluídos vivendo em um planeta pequeno que orbita uma estrela comum localizada no subúrbio de uma entre bilhões de galáxias; desde o começo da civilização as pessoas tentam entender a ordem fundamental do mundo – deve haver algo muito especial sobre os limites do Universo. E o que pode ser mais especial do que não haver limites? Não deve haver limites para o esforço humano. Somos todos diferentes. Por pior que a vida possa parecer sempre há algo que podemos fazer em que podemos obter sucesso. Enquanto houver vida haverá esperança.” Todos temos uma filosofia que embasa nossa vida; pode ser uma filosofia mais ou menos confiável, mas existe. Essa filosofia vai explicar nossas escolhas. Se é ou não confiável... vai ser descoberto pelos resultados que surgirão na vida. Não que a vida vai ficar maravilhosa... mas pelo menos que a filosofia que escolhemos mostre o caminho para: *não perder o equilíbrio frente aos desafios, tentações e sustos. * ajude a nos desarmar, pacificar situações e SER SOLIDARIO *mostre as vantagens ou qualidades em meio às negatividades. *dê energia e lucidez para evitar com firmeza os equívocos. Isso é o que falta para as pessoas confusas. Foi isso que encontrei no Budismo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Por que nascem crianças autistas?

“Às vezes acho que o autismo existe para nos lembrar da compaixão.”Alysson Muotri Por que nascem crianças com autismo e com outras síndromes? Perguntou uma mãe aflita. Difícil, muito difícil!!!! Só quem acompanha essa experiência sabe. O mais simples aprendizados torna-se um trabalho imenso!!! Eles percebem um outro mundo e é difícil entrar nesse mundo para poder “conversar”. Mais difícil ainda é conviver com um ser que não percebe perigos e tem dificuldades graves para se defender!!! Fora a missão de lidar com os preconceitos e ignorância da sociedade. Não sei o porquê; aliás ninguém tem certeza, só hipóteses. Cada família vai encontrar suas formulas para conviver com essas dificuldades. É como se encontrar os culpados fosse resolver ou aliviar as dificuldades. Todos os seres são manifestações da vida. Somos todos manifestações da vida mas algumas vezes a vida se manifesta em corpos especiais. Seres especiais que pedem enormes esforços de quem cuida deles para que não se machuquem e não machuquem outros seres. Esses cuidadores precisam também de ser cuidados para suportar as duvidas, os medos, as raivas, o cansaço...para enfrentar o futuro incerto....muita compaixão por todos que estão nessa situação! Penso que ocupar o tempo tentando encontrar explicações sobre a origem dos problemas absorve muita energia – deixe isso para os pesquisadores; essa energia é importante para resolver as questões do dia-a-dia. É mais importante colocar energia no presente do que no passado. “Deixe as perguntas inúteis de lado, pois o budismo afirma: não perca tempo com isso, se não sabe o porquê simplesmente aceite o que está acontecendo; depois, veja até onde pode conseguir entender a situação e não se desvie do que sabe que é construtivo porque, de outra forma, será levado à ruína, a sentir-se mal.” Isabel Resano no livro de Aloma Zibechi “Os latinos-americanos e o Tibet”

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ação irada...????

Se você descobrir que teu filho ou neto de 4 anos se trancou sozinho no banheiro – o que você faz? Se você perceber que um carro está vindo para trás e vai atropelar uma pessoa, o que você faz? Se alguém te conta sobre um ato corrupto em que vai se meter, o que você faz? A tua resposta forte é o que se chama no Budismo de ação irada. Ação irada é a ação que vai tentar aliviar o sofrimento de alguém ou interromper uma ação negativa. Acompanhar alguém que sofre de alguma perturbação psi é bem difícil; o papel de quem acompanha é tomar atitudes para que esse ser prejudique o menos possível outros seres. Os resultados comumente são demorados ou pequenos; mas qualquer coisa que se consiga já vai ser lucro – uma boa semente! Apoiar alguém que tipo “surta”, primeiro a gente se sensibiliza para o seu sofrimento: quem está razoavelmente bem não grita, não mente, não agride, não inveja, não foge etc Aí “ chamamos” a ação de poder para (tentar)não se perturbar. Aí é possível pacificar, acalmar a pessoa porque nos mantemos calmos. Aí encontramos coisas favoráveis para serem despertadas. Também sempre é bom usar a prece de Metabavana. Essas ações criam relações honestas de confiança. E confiança é condição fundamental para relações harmoniosas, principalmente dos cuidadores. E...todos nós somos cuidadores em alguém momento. Assim ouvi de Lama Padma Santem no seu último retiro de carnaval 2015.