segunda-feira, 28 de novembro de 2011

No caminho do perdão

Encontrei na psicologia budista praticas que incentivam o desenvolvimento do perdão.
Perdoar não é para os fracos, é para os corajosos porque requer humildade para reconhecer qual a responsabilidade pessoal
em tudo que nos acontece, de bom ou ruim.

Todos nós já magoamos e fomos magoados de forma grave ou pequena; todos nós já traímos e fomos traídos e todos nós
já separamos e fomos excluídos.

Por que ?????????????

Porque todos nós somos humanos, simplesmente humanos.....

Perdoar não significa fechar os olhos, nem se omitir; mas sem o perdão não nos desligamos do passado para caminhar livres para o futuro.

Resistir a perdoar é resistir a sentir-se livre.
Resistir a perdoar é insistir na vingança – insistir em manter o(s) outro(s) preso(s) a nossa história, como se fosse uma punição
pelo sofrimento que nos causaram.

mas.......
quem vai carregando essa mala pesada e mal cheirosa somos nós mesmos.....enquanto os outros se divertem.....

Por outro lado enquanto não encontramos uma forma de nos sentirmos perdoados por nossos enganos, encurtamos nossa liberdade e agravamos a dependência aos nossos pequenos tiranos como uma forma de expiação de culpas.

As experiências do passado – de sucesso ou decepção - só deveriam servir como aprendizados, não como bolas de aço presas aos pés.

Buda dizia que a vingança é uma pedra incandescente que seguramos na mão, mas que antes de atingir o inimigo, nos queima.

Perdoar é dizer adeus ao sofrimento.
Perdoar é desistir de sentir raiva.

A pratica do perdão não é assim tão simples.

Primeiro: é preciso reconhecer quanto tempo perdemos na lembrança e nas recordações
de fatos do passado para alimentar as contrariedade que sofremos.
Segundo: no cultivo das mágoas passamos poder demais a esses momentos e às pessoas envolvidas, deixamos de usufruir o presente e de construir o futuro.
Terceiro e mais difícil:reconhecer o quanto de apego às crenças pessoais há nesses sofrimentos - “tinha que ter sido do meu jeito, na minha vontade”
Quarto: volte a mente para o presente e futuro, não olhe para trás – é inútil, totalmente inútil.
Quinto :perdoar não é esquecer; perdoar é suavizar a memória das encrencas se entretendo com os projetos pessoais do presente, já que não é possível compreender totalmente porque fizeram isso conosco ou porque agimos de uma tal forma.
Sexto : desista de fazer justiça, deixe isso para a própria natureza.

Jack Kornfield conta num dos seus livros:
“Dois idosos prisioneiros de guerra se reencontram anos mais tarde; o primeiro pergunta ao segundo se ele já perdoou seus carcereiros.
_não, jamais!!! responde ele.
_então...ele continuam a te manter prisioneiro!”

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Natal e o FIB


A cidade já está agitada: musicas ecoando, pessoas buzinando mais do que o habitual, flocos de “neve” nas calçadas, programação de comidas e aproveitando a chuva dos feriados as compras já estavam a mil.

Paralelamente ouço comentários sobre essa sensação de estranhamento que antecede as festas de fim de ano.
Será que é a lembrança do que não foi realizado? das expectativas que não aconteceram ou aconteceram de outra forma ?

A palavra sofrimento citada no Budismo, na nossa cultura vem carregada de um certo drama de novela; o termo insatisfação traduz melhor essa sensação.

A insatisfação está diretamente ligada às nossas expectativas.... irreais.

Quanto menos expectativa, menos insatisfação.

E quem coloca a medida da expectativa é você mesmo(a) !!!!!!!

Por outro lado, a felicidade mais genuína é a satisfação.
Os vários prazeres, comidas, sexo, compras, viagens etc. são bons mas são somente uma parcela da satisfação.

Então...... se depende de você determinar o nível das expectativas, é você quem determina o teu FIB, teu índice de felicidade interna bruta!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Meditação para o amanhecer e anoitecer

Divirto-me com tantas listas que aparecem nos estudos do Budismo:
6 paramitas( perfeições), 5 delusões, 10 ações negativas. 5 preceitos, 5 poderes espirituais, 3 canais, 33 chacras, 10 terras dos Bodisatvas, 37 fatores da iluminação etc.etc.

Uma das explicações é que, numa tradição oral como foi o Budismo nos 5 primeiros séculos, a enumeração dos temas evitou a deformação dos ensinamentos e a perda dos conteúdos – era uma forma de controle e verificação de qualidade.

A prece das 4 meditações ilimitadas é umaforma simples e ao mesmo tempo profunda de resumir os objetivos da filosofia budista.

Essas 4 idéias resumem as qualidades de uma mente amiga, afetuosa, alegre e livre de preconceitos.
Ou seja, correspondem às idéias de amor, compaixão, alegria e igualdade.

Verifique:
as pessoas que você ama oferecem uma ou mais dessas qualidades - Não é ?!

Sabemos que nada é garantido; que no final da novela da vida todos vamos morrer.
Sabemos que a vida obriga a nos despedirmos do que e de quem mais gostamos.
Sabemos da necessidade de procurar sentido para a vida para não esmorecer.
Somos cobertos por uma pele de medos que nos deixa vulneráveis e frágeis.
Mas tudo isso não faz parte da nossa verdadeira natureza; tudo isso é apenas um capítulo da nossa existência, ainda haverá muita história em outras existências – pelo menos essa é a hipótese budista....

Entrar em contato com essas 4 qualidades nas 4 meditações ilimitadas deixadas por Buda nos transforma e transforma os ambientes porque fazem parte da nossa verdadeira natureza.

As 4 qualidades se completam, elas se equilibram mutuamente. Esse equilíbrio é fundamental na psicologia budista:
O amor, a compaixão e a alegria podem se transformar numa fonte de apego e desejo; então é a equanimidade ( igualdade) – nem atração, nem aversão – que dá o equilíbrio.
Já a equanimidade por si só pode se transformar num estado distante e frio, então as outras 3 qualidades a compensam.

O Budismo é caracterizado por uma psicologia positiva e o cultivo dessas 4 qualidades garantem uma mente otimista sem alienação e a paz interior.

Encontro nos ensinamentos do monge budista J. Kornfield:

“quando a consciência é pacífica e aberta demonstramos equanimidade.
Assim que nosso coração sereno reencontra outros seres, ele se enche de amor.
Quando esse amor reencontra a dor, ele se transforma naturalmente em compaixão.
E quando esse mesmo amor sincero reencontra a felicidade, ele se transforma em alegria.”

Interpretando a forma tradicional de recitar as 4 qualidades incomensuráveis, podemos começar
(e terminar ) nossos dias assim :

Que todos nós possamos viver em amizade.
Que todos nós possamos com compaixão.
Que todos nós possamos conviver com alegria.
Que todos nós possamos conviver em equanimidade, livres da atração por uns e aversão por outros.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O ótimo é inimigo do bom

Rolando, meu marido, é engenheiro e sempre que insisto em melhorar muito as coisas repete esse ditado que ouvia de um companheiro de profissão.
Quando teimamos em alcançar a perfeição ( ou o que pensamos ser a perfeição) a insatisfação torna-se nossa fiel escudeira, e...não conseguimos terminar as tarefas e, permanentemente , nos distanciamos das zonas de conforto.

Cada tempo de vida que vivemos é precioso.
O Budismo sugere que abandonemos o ideal da perfeição para conseguir realizar o possível desta experiência = simplesmente viver a vida.

Querer a perfeição pode ser até um mecanismo de defesa para não concluir etapas e não precisar encarar novos desafios.
Também pode ser uma forma de cultivar o stress para mostrar que somos super ocupados.
Além disso, e um pouco mais grave, pode ser preguiça disfarçada – porque, enquanto estamos otimizando os projetos, outros estão resolvendo o que sobrou para resolver.
O medo das avaliações negativas, baixa auto-estima, complexos de inferioridade também são motivações para o exagero na conquista da qualidade.

Você já descobriu onde exagera nessa busca do ótimo?
Limpezas profundas, modernizações, expectativas exageradas, cursos infinitos, salários inalcançáveis, ambição desmedida, roteiros lineares etc etc

A amiga Maria Elisa enviou o texto abaixo com sugestões para usarmos como espelho e .....simplesmente aprender a relaxar no bom.

Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em Comunicação, em Londres.

Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte...
(Leila Ferreira)
Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas
hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro,
o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor
operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os
outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça -
e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor,
de repente, nos parece superado, modesto, aquém
do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor,
é que passamos a viver inquietos, numa espécie
de insatisfação permanente, num eterno desassossego.

Não desfrutamos do que temos ou conquistamos,
porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos
ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os
outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor,
comprando melhor, amando melhor, ganhando
melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás,
de preferência com o melhor tênis.

Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.

Se não dirijo a 140, preciso
realmente de um carro com tanta potência?

Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que
subir na empresa e assumir o cargo de chefia que
vai me matar de estresse porque é o melhor cargo
da empresa?

E aquela TV de não sei quantas
polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?

O restaurante onde sinto saudades da comida de
casa e vou porque tem o "melhor chef"?

Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado
porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?

O cabeleireiro do meu bairro tem
mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?

Tenho pensado no quanto essa busca
permanente do melhor tem nos deixado
ansiosos e nos impedido de desfrutar o
"bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe.

O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.

A TV que está velha, mas nunca deu defeito.

O homem que tem defeitos (como nós), mas nos
faz mais felizes do que os homens "perfeitos".

As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu,
mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...

O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas
das histórias que me constituem.

O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e
sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?

Ou será que isso já é o melhor e na
busca do "melhor" a gente nem percebeu?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quatro fases para viver

Os seres humanos como todos os seres mamíferos vivem durante a vida 4 estágios:

Criança – não auto-suficiente, com medos, necessidade de proteção e dependência dos genitores

Adulto – auto-suficiente, capaz de bancar sua sobrevivência, autonomia de escolhas, capacidade de lidar com medos de forma independente.

e genitor- dedicação às crianças e aos outros, cuidados para continuidade da espécie.



Giulio Giacobbe costuma dizer:

A criança pede

O adulto pega

O genitor dá



A personalidade criança sempre precisa de aconchego( cudiados) dos outros

A personalidade adulto sabe se dar aconchego, cuidar-se sozinho

A personalidade genitor tem a capacidade de dar aconchego, cuidar dos outros





As fases vividas corretamente em cada etapa e amadurecidas são parte da evolução dos seres; são também modelos de comportamento.

Todos temos as 3 fases embutidas na personalidade.



A personalidade criança deveria se despedir na puberdade.

A personalidade adulta deveria se despedir lá pelos 30 anos.

A personalidade genitor deveria chegar lá pelos 30 anos prontos para procriar e/ou cuidar de outros.



Porém.............

Muitas vezes não seguimos as leis da natureza e

Somos adultos-crianças mimadas nas relações

Genitores de pais e companheiros

Crianças apressadas mini-adultos



E vários outros,

Tipo:

Crianças de 27 anos, morando com os pais

Adultos com mais de 20 como aos 14 anos, namorando mocinhos

Genitores de 30 como aos 10 anos, exigindo atenção



Enfim: cada “estado neurótico”, quando o comportamento foge da realidade visível, tem sua fórmula e além disso: procura seus pares fazendo duetos,



Criança –criança

Criança- adulto

Criança-genitor

Adulto-adulto

Adulto-genitor

Genitor-genitor





Em que fase você se encontra neste momento? Qual o papel da pessoa com quem você convive?



Bem..e a quarta personalidade?



É budeidade, o estado de Buda.

Quando, depois de ter vivido a criança, o adulto e o papel de genitor é possível realizar a serenidade.

A serenidade é o estado de Buda através da

Superação dos seus próprios medos e

Do apoio aos outros para superar os seus medos da velhice, da doença, da morte, da pobreza.



O estado de Buda é a sabedoria que compreendeu que

Realidade é somente o ambiente que está a sua volta e consegue captar com os 5 sentidos

A vida é uma eterna mudança,

Aceita essa mudança e

Acolhe a vida como ela é libertando-se das neuroses, dos sofrimentos e dos apegos inúteis.



A seqüência completa da evolução é:

Criança-adulto-genitor-buda



Se você tiver interesse pode ler mais sobre o assunto no livro:

Allá Ricerca delle coccole perdute

una psicologia rivoluzionaria per il single e per la coppia

Giulio Cesare Giacobbe

Ed.Ponte Alle Grazie