quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Como pude esquecer????

Semana que passou comentei sobre as inúmeras mudanças por onde vamos vivendo. Recebi comentários com experiências semelhantes, com observações pontuais, com explicações amigas. Uma amiga afirma que sou eu mesma que permito que a vida me trate assim...pode ser. Mas na contagem esqueci de uma morada muito especial: Campos do Jordão. Por que será? Minha resposta? Porque nunca saio realmente de lá. Fui gerada em Campos do Jordão; não preciso exatamente de motivo para ir mas, com certeza, para lá vou sempre que a vida me assusta – o silêncio de suas montanhas, as cores, as pessoas, os cheiros, o céu...tudo me conforta. Lá nem sinto a falta da TV nem do celular, a paisagem é a melhor companhia. Quando passo pelo túnel da estrada sinto como estivesse entrando em Shangri-lá. Campos do Jordão é tão importante pra mim que depois da separação era o único lugar onde queria montar um novo lar...mas deu apenas por 6 meses; aí....toca descer a serra. Um dos presentes emocionantes que recebi foi a possibilidade durante vários anos falar em cursos que amigas da cidade montavam...momentos sagrados, guardados carinhosamente na memória. Até minhas cinzas pedi para que fossem jogadas em cima das montanhas da cidade. Penso que todos nós temos um lugar para onde queremos voltar nem que seja por pouco tempo; o lugar que nos inspira, nosso refugio inspirador, onde a nossa verdadeira natureza livre fica mais presente, onde os dramas se dissolvem, lugar em que nem a solidão assusta e os sorrisos aparecem para fazer companhia na viagem de volta. Onde fica teu lugar sagrado, teu refugio, nem que seja possível retornar só na lembrança? Onde é o lugar que deixa tua mente cristalina? "Imagine um copo com água turva que, pela decantação se torna cristalina. Com a prática contínua e gradual, a mente começa a clarear por si mesma e termina por revelar sua natureza pura e cristalina. Não é algo voltado a acumular méritos para o futuro. É a própria prática da iluminação." — Lama Padma Samten

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mudanças, sempre as mudanças

Revendo a história relembro essa tendência a ser nômade desde que nasci; poucas vezes por escolhas conscientes, muitas vezes por não ter outra escolha. Mudanças provocadas pelos “sustos” da vida; vários bairros,varias cidades, vários países. Outro dia contei , foram 31 endereços divididos pelos 65 anos...., praticamente cada 2 anos....mas uma hora isso vai terminar.... Parece que é até um treino. Agora procurando o 11º lugar para acolher nosso grupo de estudos e pratica, revivo em grupo a mesma tendência nestes 15 anos em Santos. Pelo menos até agora, não mudamos de cidade, só de bairro. Quando passo essas contas isso causa espanto até cansaço. Tendência carmica???? Os povos antigos tibetanos eram nômades – monta, desmonta tendas, encontros e despedidas como se fosse natural viver assim. Poucas coisas, simplicidade, só o essencial. Desmontar, procurar, escolher, avaliar, remontar...recriar a história. Encontrar novos amigos, descobrir novas possibilidades. Fica sempre a curiosidade, sem drama, quando será o último endereço? "Podemos reduzir o apego contemplando a impermanência. É certo que o objeto ao qual estamos apegados, seja qual for, irá mudar ou se perder. Uma pessoa talvez morra ou vá embora, um amigo pode se tornar inimigo. Mesmo o nosso corpo, ao qual estamos apegados em grau máximo, desaparecerá um dia. Saber disso não só ajuda a diminuir o apego, como também nos proporciona maior apreciação das coisas que temos, enquanto as temos. " — Chagdud Tulku Rinpoche

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Criaturas de um dia

Aproveitei o descanso do final do ano para assistir programas sobre o Cosmos. Essa imensidão impressionante do Cosmos. E você, eu, todos e tudo boiando nesse Universo. Estrelas, super novas, hiper novas, asteroides, gelo, fogo, gases, gravidade, tempestades solares, épocas geladas, épocas secas, reino mineral, vegetal, animais imensos de 90 metros de altura se alimentando em arvores de 70 metros, desaparecendo tudo num estrondo há 65 milhões de anos e...ressurgindo com flores há outros tantos milhões de anos. Aí dá uma humildade..... Como ousamos ter preconceitos????? Ou imaginar que é possível ter certezas ou receitas ou modelos ideais. Que tonteria fazer drama!!!!! Coitado de mim!!! Coitado= aquele que sofreu o coito... Como se achar o centro das injustiças????? Para que nos deixamos ser facilmente magoáveis????? Sabe..quando tudo magoa? Nós, os facilmente magoáveis.... A gente .ouve algo, interpreta e sofre, sofre muiiiiito!!!! ( porque uma coisa é o que a gente ouve,outra, é o que o outro diz) Se culpa, pede desculpas, discursa...agride...eu com meus sofrimentos, o mundo que se lixe... Comportamento claro de quem quer ficar sozinho e tem dificuldade de admitir ou quer ser o centro das atenções. Uma coisa é certa: a pessoa está sofrendo, está triste e não sabe outra forma mais lúcida de sair desse lugar. Compaixão por ela, o melhor mesmo é se afastar sem tentar entender. Consigo perceber isso porque também já entrei por aí. Afinal como diz Irvim Yalom “somos todos criaturas de um dia, os que lembram e os que são lembrados. Tudo é efêmero.” Vamos fazer o melhor possível cada dia, sorrir, chorar, continuar e nos render aos mistérios da vida que insiste em viver. Além de.... meditar no espaço infinito.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Com quem posso contar?

Em algum tempo passado conversamos sobre ter o cuidado sobre para quem contar nossas intimidades. Da mesma forma penso ( porque experimentei) que quando a gente passa por algum problema de saúde, ou se alguém perto de nós está com problemas, ou se nossos filhos estão em dificuldades etc, é interessante procurar interlocutores que tenham passado e superado situações semelhantes. Só quem tem a experiência real sabe das dificuldades dos labirintos da vida, sabe como é sentir o desespero, as dores, os sustos, os medos, as armadilhas e pode sugerir saídas: A gente lamenta a morte dos pais com quem já os perdeu. Fala da doença do filho para pais que já viveram essa agonia. Fala da perda do emprego para quem já ficou sem trabalho e dependendo dos outros. Fala da dificuldade financeira para que já teve que “ comer pipoca de jantar” e hoje já sorri. Fala dos medos para que já brinca com os seus. Senão...é melhor conversar com o travesseiro; porque de drama já chegam os que nos acompanham. Em varias situações que vivi, escolhi pessoas “erradas”, ingênuas, que me puseram em mais confusão e insegurança além de todas as emoções perturbadoras que estava vivendo. Mesmo porque as diferentes falências que vão nos assombrando na vida nos relembram da falência final que é a morte. Lembro disso depois de ter lido na revista Época o artigo de Guilherme Filetti sobre a superação do câncer que viveu. Comenta ele: “O que mais ouvia era: já deu certo,já passou, não vai ser nada, não só para acalmar, mas para que o papo terminasse aí. Não é maldade. Nem todo mundo consegue lidar com a própria mortalidade,que a gente reconhece mas costuma ignorar. Quando precisar falar sobre o câncer, procure ex-pacientes. Como já consideram essa possibilidade da morte, as conversas são brutalmente honestas, sem espaço para o drama. O tom muda do “já passou” para o “você aguenta””

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Essência das preces budistas

A exemplo do resumo de preces budistas que fazemos na nossa Sanga de Santos nas “Praticas diárias” encontrei no Budismo Petrópolis algo semelhante. Confira em https://budismopetropolis.wordpress.com/preces/. Na verdade essas preces além de serem recitadas, é preciso , principalmente refletir sobre elas e mergulhar no silêncio para incorpora-las.