quinta-feira, 30 de julho de 2015

E relembro um conto

E relembro um conto: Era uma vez um imenso deserto com bilhões e bilhões de grãos de areia... Somos nós os grãos de areia desse imenso deserto. Todos juntinhos lado-a-lado cumprindo a mesma função. Aí um dia....o ego engana um desses grãos e num momento de insanidade ele estica o pescoço olhando tudo por cima imaginando que é diferenciado. E resolve acreditar que pode fazer uma “viagem solo”.... Somos nós, bilhões de seres feitos do mesmo pó das estrelas, conscientes da realidade de nossa finitude, aflitos por isso e tentando uma viagem solo...e...diferenciada... Então...por nos sentirmos grãos de areia solitários e ameaçados aparecem os medos e suas emoções perturbadoras, ficamos esperando que o mundo resolva nossas inquietações. Nossas aflições são feitas de expectativas e medos. Esperamos em vão. Esperamos milagres que nuca chegam. As contradições confundem nossa visão já precária. Quando as coisas começam a ficar obscuras tentamos encontrar a explicação e acabamos por descobrir o engano. Recolhemos o pescoço esticado e percebemos que a importância de todos os grãos de areia está em se sentir comuns e juntos no deserto, que as aflições são vendas ilusórias que o ego manipulador nos coloca e que o sentido da vida é nos ajudar mutuamente sem preconceitos. Porque somos simplesmente um imenso corpo único que “brotou” de uma campo infinito de interdependência, inseparáveis na luminosidade e energia dinâmica. Melhor sorrir e cantar: “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!” “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!” “Grãozinhos unidos jamais serão vencidos!!!”

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Seis conselhos de Tilopa a Naropa

Tentando ler um pouco mais sobre o ensinamento que o Mestre Tilopa deu ao erudito Naropa em 28 versos que ouvi no retiro verão de 2015 dado por Lama Padma Samten, encontrei um quadro interessante :“6 palavras de conselho” . São ensinamentos diretos que encaminham para a lucidez de forma simples através da observação da auto-consciência como mostra a tabela abaixo. Servem até como um roteiro para início da meditação silenciosa! Uma simplicidade tão simples, tão verdadeira e tão difícil de permanecer nela! Essa Tabela pode ser um verdadeiro Guia durante as tempestades da vida experimente!!!!e um Guia importante principalmente ...na hora da morte. Se quiser conhecer um pouco da história sobre Tilopa e seu principal aluno Naropa que em seguida passou os ensinamentos a Marpa, que passou para Milarepa que depois passou para Gampopa iniciando a linhagem Kagyu do Budismo tibetano, acesse: http://relaxeagora.weebly.com/naropa.html Seis palavras de conselho Em primeiro lugar, a tradução literal curta Mais tarde, por muito tempo, tradução explicativa 1 Não me lembre Deixe ir o que já passou 2 Não imagine Deixe ir o que pode vir 3 Não pense Deixe ir o que está acontecendo agora 4 Não examine Não tente interpretar nada 5 Não controle Não tente fazer qualquer coisa acontecer 6 Resto Relaxe agora, e descanse

quinta-feira, 16 de julho de 2015

GPS na estrada da vida

GPS = sistema de posicionamento global Muitas vezes me pergunto se estou na direção certa na vida. Você também se pergunta? São tantos os caminhos, atalhos, cruzamentos, setas e ofertas para distrair do rumo.... Minha noção espacial é um pouco “frágil”, preciso sempre prestar bastante atenção onde deixei o carro nos estacionamentos; ainda que agora há o recurso de fotografar onde parei. Brincadeiras a parte, existem duvidas mais importantes. Escrever uma história de vida que mereça ser lida é um desafio alegre, histórias de sustos, descobertas, desafios e encontros. E a vida de todos merece ser lida. Como costurar todos os capítulos dando um sentido até o inevitável “the end”? Assistindo uma postagem do Marcelo Nicolodi sobre o importante livro de Trungpa Rinpoche “Além do Materialismo Espiritual”, ouvi durante o ensinamento: Um bom controle de qualidade sobre o rumo do caminho espiritual de cada um é observar se: • As emoções perturbadoras - raiva, orgulho (vaidade), desejo/apego, inveja, ignorância (falta de clareza) – estão perdendo poder • Se a importância do “eu” está diminuindo • Se o interesse em ajudar os outros está aumentando Até parece não muito complicado mas é o esforço de uma vida!!!! Na brincadeira.... olhando a evolução dos últimos 10 anos podemos criar até uma nota para cada item: * emoções perturbadoras estão menos fortes: de 1 a 10....? *perda da importância do “eu, meu, minha”: de 1 a 10...? *disponibilidade para ser fonte de alívio aos outros: de 1 a 10...? o GPS de sentido na vida serviu? Tanto quanto a gente possa.....vamos corrigindo a rota....

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Durante os maremotos da vida

Existem momentos na vida que tudo fica de cabeça para baixo e rodando. O que fazer para evitar se afogar? No Budismo se diz que é Maharaja agindo para fazer as mudanças. É (quase) impossível fazer uma boa faxina se não tirarmos tudo dos armários e desencostarmos todos os moveis. Mas varias vezes vamos adiando...porque dá trabalho e bastante! Ao mesmo tempo durante o rebuliço é possível encontrar coisas perdidas, redescobrir coisas guardadas e jogar muiiita coisa sem uso. Mas na vida esses momentos são angustiantes porque costumam não depender de nossas escolhas, são mudanças bruscas involuntárias. Como rodopiamos ao movimento dos sustos não é possível ter clareza onde e quando vamos descer da “montanha russa”.... Com o tempo tudo se reorganiza e a inteligência do momento é descobrir o que ganhamos com as mudanças e... encontrar coisas perdidas, redescobrir coisas guardadas e jogar muiiita coisa sem uso. Esses ganhos podem demorar a ficar aparentes e enquanto isso buscando refugio na fé de que tudo está certo mesmo quando não entendemos, vale repetir varias vezes: _ “Cada dia é um dia mais perto da solução” Porque a cada momento o maremoto fica mais fraco. _ “Cada dia é um dia mais perto da solução” Porque a vida é feita de mudanças, onde tudo é impermanente; tudo mesmo! _ “Cada dia é um dia mais perto da solução”

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A culpa e suas prisões

A mala da culpa é bastante pesada. Em contato com o ocidente SS Dalai Lama teve dificuldade em compreender o que é culpa. Questionava ele: “como alguém pode não gostar de si mesmo?” Quantas vezes deixamos de nos gostar.... Como se as preocupações evitassem que os medos se concretizassem... Como se sentindo as raivas a vida ficasse do jeito que queremos... Como se com culpas desse para usar borracha ou a tecla delet na vida... Se arrepender tudo bem, remorsos não. Perceber o engano sim, culpar-se não. Como podemos nos culpar por que não soubemos fazer melhor? Como alguém pode punir uma criança por seus erros na redação se está aprendendo a escrever? Como nos culpar, se estamos aprendendo a viver?Como nos livrar da vergonha daquilo que não conseguimos? Culpa de não acertar, de não agradar, de perder, de fracassar, de nãoajudar. Culpa de ter, de não ter, de dar, de não dar, de esquecer, de não esquecer, de desistir, de não tentar...e aquela culpa inútil: se eu tivesse feito melhor, se eu tivesse feito diferente... A culpa arma um jogo cruel: sentimos-nos culpados, culpamos outros e pior, armamos situações para que nos culpem. A questão séria é que para todo culpado existe uma “prisão”. Quando a culpa aperta o coração, construímos uma prisão, algum tipo de prisão... como se fosse uma penalidade: dor nas costas, torcer o pé, enxaqueca, perdemos coisas, afastamos pessoas, nos sabotamos, comemos além da fome, bebemos além da festa...gastamos além do saldo, não cobramos o que merecemos, não conseguimos nos defender.... Qual o antídoto da culpa? É o perdão. O perdão vem do coração bondoso e valente; aquele coração que sabe que sempre haverá uma nova chance Perdoar não é esquecer; perdoar é libertar-se e libertar os outros para continuar caminhando mais leve. Somos o que somos, apenas humanos imperfeitos. E tudo bem... Precisamos acolher nossas fragilidades e nossa humanidade. Não precisamos do perdão de ninguém. Precisamos o perdão de nós mesmos. O perdão devolve o respeito. Mas...se de todo for difícil evitar se culpar...o tempo vai ajudar a suavizar. E... enquanto o tempo não cura , ajuda repetir com um leve sorriso: Eu me perdoo por não ser a pessoa que gostariam que eu fosse.... Eu te perdoo por não ser a pessoa que eu gostaria que você fosse...