sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Joia Rara - Novela é coisa séria? talvez sim, talvez não.

Novela é um produto de entretenimento da televisão. Não é exatamente uma forma de ensinamento; mas também pode ser uma inspiração ou uma cutucada na nossa curiosidade, um ponto de partida. Wikipédia:Telenovela é uma história de ficção desenvolvida para apresentação na televisão. Ela tem a característica de ser dividida em capítulos, em que o seguinte é a continuação do anterior. O sentido geral da trama é previsto inicialmente, mas o desenrolar e o desenlace não. Durante a exibição – que pode levar de seis a dez meses, em episódios diários –, novos rumos e personagens podem ser inseridos. ... O termo telenovela é uma palavra de origem castelhana, particularmente do espanhol falado em Cuba, país precursor desse gênero audiovisual que foi inspirado nas radionovelas. O vocábulo é fruto da fusão das palavras: tele (de televisão) e novela, que em espanhol é o mesmo que romance em português. A novela Jóia rara foi inspirada no filme de Bernardo Bertolucci “O pequeno Buda”, gravado inclusive no Butão e que está inteiro no Youtube para quem quiser assistir. Numa telenovela existem vários núcleos de histórias com identidade própria, nesta existe o núcleo comunista da fábrica, o do cabaré e o do mosteiro Budista; esses núcleos vão “se conversando” ao longo da história – um personagem visita um outro núcleo e assim a trama vai sendo tecida. A técnica de tecer essa trama “ouvindo as projeções” que as expectativas vão construindo e alimentando é o que determina o sucesso da novela.... à medida que reconhecemos no enredo nossos sonhos, frustrações e outras emoções. Bastante semelhante ao que acontece nas nossas histórias pessoais entre os vários personagens que assumimos no dia-a-dia – mãe/pai, filho/filha, empregado/ empregador, no clube, no salão, torcedor/ torcedora, na família, entre amigos, nos cultos religiosos e ou de estudos etc.etc. Somos a mesma pessoa, mas atuamos, nos comunicamos e nos defendemos de formas diferentes. Quanto mais coerente for essa interação e os comportamentos maior será a estabilidade. Nas novelas, romances, peças essa estabilidade é rompida o tempo todo para criar o clima, incomodar e prender a atenção. Não imagino como a autora irá continuar a história no núcleo do budismo; por enquanto estou gravando e assistindo as partes que falam do Budismo, ou pensam falar....do Budismo – um pouco cansativo porque uma gravação em tons de marrons desanima, enfim.... No filme de Bernardo Bertolucci o Lama renasce em 3 crianças, cada um como uma emanação de suas inteligências de corpo, de fala e de mente. Na época perguntei a Gueshe Sherab, lama e doutor em filosofia na Universidade Budista e ele afirmou que isso é viável sim. O núcleo budista tem a consultoria da Virgina Casé no Rio da tradição Nigma pelos ensinamentos importantes do Mestre Sogyal Rinpoche, mas...novela é novela, como diz a revista Veja nesta semana – Budismo de Butique. No Jornal Folha de São Paulo: Thelma Guedes, que divide a autoria da novela com Duca Rachid, afirma: "É um erro subestimar a capacidade do público de receber os temas. O público espera ver um folhetim. Se você o fizer, com os clichês que estruturam esse gênero, e abordar dentro dessa estrutura qualquer outro tema, o público estará disponível para recebê-lo". A lama Sherab, professora residente no Templo de Três Coroas (RS), afirma que "existe o risco de haver um entendimento pela metade" a respeito do budismo, mas diz estar "superfeliz" com a oportunidade de divulgação. Virgínia Casé, consultora da novela sobre o budismo tibetano, que é irmã da apresentadora Regina Casé, diz que "a grande preocupação foi ser o mais fiel possível aos ensinamentos do Buda". Casé fez um acordo com as autoras: "Quando os monges estão presentes [nas cenas], vai ter uma fala do buda". "A gente não está pregando, nem querendo dar aula sobre budismo. Apenas achamos legal dizer que isso existe", completa Duca Rachid. Se você quer conhecer seriamente e mais sobre o assunto de renascimentos, karma, vacuidade e outros temas Budistas o livro imprescindível é exatamente de Sogyal Rinpoche onde ele passa para o ocidente a essência do Budismo Tibetano: “O livro tibetano do viver e do morrer” http://www.sogyal.chagdud.org/

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Como conviver com a vilolência ?

Como conviver com a violência? Qual violência? Este é o tema da semana que estou vivendo; meu filho passou por um roubo a mão armada...levaram tudo, carro, documentos , material de trabalho etc etc etc Como repetiria baixinho Lama Michel: É o samsara..... Consolo....não se feriu e horas depois o carro foi localizado, “pelado” mas inteiro. Aí começa a aventura, delegacias, Poupatempo em suas intermináveis filas e esperas burocráticas, BOs e mais BOs , despachantes, guias, comprovações, declarações...parece que o castigo não acaba no roubo, continua nas repartições!!!! Agenda tumultuada.... Faz parte do samsara.... É uma violência mas existem outras: seqüestros, ameaças à integridade física ou do patrimônio, vizinhos psicopatas, fraudes de todos os tipos, impunidade da corrupção e dos corruptores, negligência na educação e na saúde, atentados internacionais ...sem falar nas ameaças dos chefes, nas disputas dos “pequenos poderes”, na jornada expandida de trabalho....uma lista imensa. Assim é o samsara..... Enquanto isso a mídia se deleita, mostrando as cenas, repetindo as cenas, explorando a miséria dos dramas para ganhar na concorrência. Por todos os lados no samsara..... A violência virou um tema quase permanente. A quem interessa explorar a violência? A quem interessa nos encher de medos? Tenho uma hipótese; Quando sentimos medo, nos tornamos vulneráveis e receptivos a ofertas de milagres, produtos que “garantem” felicidade, discursos enganosos, comidas sedutoras, amores impossíveis, novelas, seguros, venda de muitos tipo de salvação – promessas falsa para o fim das inseguranças . Todos vítimas – de um lado e do outro – dormindo abraçados no travesseiro dos medos. Tudo mega ilusões!!!! Sempre no samsara.... Não é assim que os medos são curados. Os medos são dissolvidos pela coragem, pela valentia que brota da autoconfiança e, PRINCIPALMENTE, pela compaixão da verdadeira lucidez . Na família da violência e dos manipuladores também moram aqueles que querem nos fazer acreditar que somos melhores que os outros, que nos elogiam, que nos separam. Desconfie sempre de quem te elogia demais, te separa de quem ou do que você gosta, que te faz sentir ameaças: você está prestes a se tornar refém desse algoz disfarçado. Mas...qual é a atitude que o Budismo sugere para que essas experiências tenham alguma utilidade? Primeiramente relembrar: nossa natureza é livre para mudar de canal – ABAIXO A HORA DO CRIME!!! E DEPOIS...Treinar: Orar por quem nos coloca medo, orar por quem nos rouba a paz, orar pelos bajuladores, orar pelos ladrões e assaltantes, orar pelos manipuladores. Eles estão infelizes e insatisfeitos, no profundo sofrimento de suas frustrações, fracassos e desesperanças. Estão infelizes, e o pior, muitas vezes nem se dão conta disso nem nós percebemos esses sofrimentos neles. Orar para que eles encontrem a felicidade e superem seus sofrimentos; que eles descubram a causa de seus sofrimentos e descubram o caminho da felicidade – para que consigam se entreter com suas alegrias e deixar de causar prejuízos ao bem estar de tantos seres. Enquanto esses agressores não alcançarem a paz continuarão sendo nossos desafios. Oremos por eles e por nós. E um dia.....sairemos do samsara para entrar no nirvana.

sábado, 14 de setembro de 2013

Emprego ou trabalho?

Esse tema já está um pouco batido, desgastado mas.....continuo ouvindo queixumes sobre as prisões que se transformam certos empregos. Por exemplo, funções exercidas dentro dos bancos, empresas alucinadas na corrida consumista etc sem falar em certas atividades desumanas, escravizantes, insalubres etc fora de todos os códigos de direitos humanos obrigando a exercícios oportunistas. Na definição do filósofo Mario Sergio Cortella, a distinção entre trabalho e emprego: “Emprego é fonte de renda e trabalho é fonte de vida. Emprego é onde eu faço algo que me leva a ter uma remuneração. Trabalho é aquilo que eu faço até de graça, e faço como sentido da vida.” Quando se consegue reunir trabalho com emprego a motivação é permanente; motivação permanente acontece quando pensamos no bem-estar dos que serão beneficiados por seus resultados. Nossa !!!! parece até papo de livrinho de auto-ajuda !!!! Mas aí vem a má noticia: neste mundo alucinado por poder, dinheiro, fama, beleza, reconhecimento essa reunião de trabalho e emprego parece uma utopia de muitos e privilégios de poucos corajosos. E aí aquele resmungar contínuo, cansativo.....circular..... Mas há um boa notícia para escapar : Uma das tentativas de conseguir esse sucesso é alimentar um “olhar vajra”, ou seja, conseguir perceber em todas as ações algo que alegra e faz brilhar o olhar. Lembro de uma história de Lama Michel quando ele contava que durante um grave acidente de ônibus na Índia, com vários feridos, durante o socorro ele olhou a noite e viu o céu mais lindamente estrelado e inesquecível de sua vida; enquanto todos mergulhavam nas aflições olhando para baixo ele mantinha seu olhar para cima fixado nessa beleza comentando com todos, mas poucos estavam com espaço interno para esse rápido e mágico deleite. ................................................................. Outro dia meu neto de 6 anos, o famoso Thiago, ouvindo a mãe relatar pra mim uma pequena “mal criação” que havia feito dias antes e o “ castigo” respectivo que ganhou, exclamou:” gente.....o dia está tão bonito, vamos parar de falar de coisa ruim !!!!” E isso virou um mote na família a cada reclamação ou assunto pesado que começa a ser explorado....gente...o dia está tão bom!!!! Isto também é um “olhar vajra” ..................................................................... E tua ocupação ??? está mais para trabalho ou para emprego; está mais para caixa eletrônico de banco ou um refugio de soluções na vida das pessoas?

sábado, 7 de setembro de 2013

Época de despedidas

Este ano de 2013 estou treinando despedidas, aliás, essa época começou no ano passado me despedindo de minha casa e de meu pai. Não vou disfarçar: foi e está sendo difícil a despedida dos amigos que praticavam e estudavam junto, fechar nossa sala, começar de novo. Mais difícil porque me despedi na felicidade. E desmontar nossa sala? Parecia que a pele desgrudava, embrulhar as peças para aguardar um novo canto onde montar o altar. Era tudo tão lindo e aquela beleza ampla coube dentro de uma pequena mala. E continuam as despedidas.... e, pelo andar da carruagem, vai continuar.... Despedir-se do que está ruim é um alívio. Mesmo com minha mãe, mesmo compreendendo um pouco sobre a morte: vê-la partir para mais longe devagar... a cada dia... acelera o coração. Despedir-se do que está sendo prazeroso e rico obriga manobras psicológicas mega espertas. Fica obrigatório colocar o foco nas surpresas que virão; despertar a curiosidade e expandir a gratidão por tudo que foi vivido. Alegrar-se por todos que foram beneficiados com as doações. E repetir muiiiiiiiiito que tudo passa, tudo se transforma; que é com as despedidas que aprendemos sobre IMPERMANÊNCIA. E............pensar em novos projetos. Um dos temas estudados no Budismo é “ os seis bardos”. Bardos são momentos intermediários: o bardo do viver, do sonhar, do meditar, do morrer, o intermediário (darmata) e o do renascer. No bardo do viver vamos lidando com as circunstâncias da vida como se estivéssemos em bolhas de experiências e aí as bolhas estouram e nos encontramos em outras. Enquanto estamos nas bolhas parece que tudo aquilo é sólido e então...a impermanência ensina que são apenas bolhas e que suas paredes são finas como sonhos. E assim vamos nos despedindo. Neste link é possível aprender mais sobre esse tema interessante - “os 6 bardos” se você tiver interesse, 18 Psicologia budista no youtube http://www.youtube.com/watch?v=E1F3_JyNkVo Despedir-se é uma arte também. Despedir-se de pessoas, lugares, títulos e sonhos., Despedir-se sem drama. Despedir-se com dignidade. Mas...despedir-se é bastante solitário. Ficam as lembranças como companhia. Como dizia a última edição da revista Bravo no encerramento de suas atividades: “Há despedidas que não encontram tradução. O que falar diante de uma amigo que se muda para bem longe, um amor que morre , um projeto querido que se interrompe? Às vezes, o melhor – o mais preciso e eloqüente – é dar adeus em silêncio”.

domingo, 1 de setembro de 2013

Sabe de onde vêm os " made in china" ?

Thiago, meu neto de 6 anos, perguntou por que “tudo vem escrito made in china”? Então.....hoje o mundo consome esses produtos, sejam de boa ou má qualidade a preços bastante interessantes!!! Como um relógio de parede com design moderno, funcionando bem, com acabamento bonito pode ser feito na China, viajar essa distância, pagar impostos, dar lucro a todos os envolvidos e custar R$ 14,00 ??? Inocência é qualidade, Ingenuidade é burrice.....como será na verdade? Um trecho do livro “O monge e o filósofo” do monge tibetano Mattieu Ricard: Enquanto estou aqui falando com você, oito milhões de chineses cumprem de 10 a 15 horas por dia em mais de 1000 campos de trabalhos forçados, os laogais*. Um terço de certos produtos manufaturados exportados pela China vem desses campos. O dissidente Harry Wu, que passou 19 anos nos laogais, divulgou amplamente esses números. *Os laogai são campos-prisões de trabalhos forçados para detentos que foram julgados, na maioria das, sumariamente. Existem também os laojiao que são os campos onde trabalham prisioneiros detidos sem julgamento, por um período indeterminado. O mundo se rendeu ao consumo dos produtos chineses e as nações estão comprometidas com acordos econômicos baseados nesse consumo; é assim. Essa realidade me incomodou bastante, mas o que poderíamos fazer? Tenho uma sugestão que já estou aplicando: Quando descubro que o produto que estou usando vem da China, dedico o conforto que isto está me proporcionando às pessoas envolvidas na sua produção, para que possam encontrar a liberdade o mais breve possível, reconstruir suas vidas ou... que possam renascer num “reino” melhor !!!!! Que a lucidez reine onde há poder !!!! Até quando o mundo ficará impassível frente à exterminação dos nossos irmãos de humanidade ?????? Enquanto nossas consciências não se desarmarem, a solução será difícil. Pois é Thiago... não são só os tibetanos, senegaleses, taitianos, indianos, bolivianos, palestinos etc etc ....nossos irmãos chineses estão em serias dificuldades, vamos orar por todos eles. Que possamos trazer bem-estar a todos os seres!