terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Como escapei das eras das trevas

Hoje pela manhã pensei:
O que me fez (ou faz) sentir encantada por determinadas pessoas?sejam amores, amigos, parentes ou professores.
Será seu visual, seu estilo de vida?
Ou... seu lado exótico e/ou desafiante?
Ou ainda...será a completude das minhas carências e fragilidades? a compensação pelo que não consegui fazer?

Depois da busca nas relembranças, os encontros significativos destes quase 61 anos, resumindo encontrei 3 pontos:
1- sinto que foram encontros com pessoas que me ensinaram a olhar o mundo e suas situações de forma mais clara, mais lúcida e, por isso sou muito grata a elas.
2- Foram os encontros que me tornaram uma pessoa mais solidária, mais alegre e compreensiva e....descobrir como colocar valor nas coisas e por isso, sou muito grata a eles.
3- os encontros que me ajudaram a escapar das minhas “eras de trevas” e por isso sou muito grata a elas.

E aí...... ao abrir a caixa dos e-mails recebidos encontrei o texto deste mês da revista Bodisatva que compartilho abaixo com você.

Por Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche
“The Buddhist Channel”, 30 de janeiro de 2012
Himachal Pradesh, India
Algumas pessoas dizem que a era das trevas, a era do vício – kaliyuga (o último dos quatro estágios que o mundo atravessará como parte do ciclo dos yugas descritos nas escrituras indianas), está acontecendo agora, ou no mínimo, se iniciará em breve. Alguns até mesmo temem que no final de 2012, o mundo do modo como o conhecemos, irá terminar.
Mas, o que determina se uma era é das trevas ou de ouro? Quais os sintomas e sinais? Terremotos, um céu púrpura, atividades meteóricas, estes não são presságios do juízo final, como nos fizeram crer.
Do mesmo modo, querubins voando, uma economia proeminente, liberdade de informação e tempos pacíficos não são necessariamente sinais de uma era de ouro.
A era de ouro ocorre quando as pessoas valorizam sentimentos como a empatia e o perdão, quando têm disposição para compreender o ponto de vista dos outros e se sentem contentes com o que possuem.
Quando tais valores são sistematicamente sabotados, então se pode dizer que o amanhecer do dia do juízo final já começou. Quando olhamos um mendigo inofensivo como sendo uma praga e invejamos os bilionários que destroem o planeta estamos contribuindo para o início do fim.
Como o Buda ensinou, tudo depende de causas e condições. Eras das trevas e eras de ouro não são uma exceção. Elas não são predestinadas, nem imprevisíveis ou caóticas.
O destino é algo condicionado. Nosso próprio “eu” determina tais causas e condições. Você pode criar seu destino, suas escolhas são o seu destino. Aquilo que somos e como somos nesse momento depende daquilo que fizemos no passado. E o que seremos no futuro depende do que somos e como somos agora.
Sakyamuni com seus pés de lótus, pode aproximar-se da sua porta e oferecer sua tigela, mas se continuarmos obcecados por relógios Patek Philipe, fama e amigos, ou por um abdômen malhado, então a verdade do Buda irá nos incomodar, se tornará uma verdade inconveniente.
Muito embora possamos estar no meio da Kaliyuga – sujeitos a uma infinidade de causas e condições de uma época de escuridão, facilmente distraídos e presos a pensamentos ligados a nossa própria auto-preservação e aspirando encontrar referenciais em valores materialistas ou consumistas – podemos tirar vantagem dessa situação.
Diz-se que durante os tempos de degenerescência a compaixão dos Budas e dos Bodisatvas se torna ainda mais fortalecida. Alguém espiritualmente capacitado pode tirar proveito dessa situação. A era da escuridão pode ser como um lembrete da urgência e da preciosidade do Buda, do Darma e da Sanga.
Como seres que dependem de condições, temos que buscar a luz, e cultivar as condições que nos tragam luz. Precisamos constantemente nos lembrar do oposto do materialismo. Para isso, precisamos da imagem do Buda, do som do Darma, e da estrutura da Sanga.
Nos últimos anos perdemos algumas das maiores manifestações do Buda, como Kyabje Trulshik Rinpoche, Mindroling Trinchen Rinpoche e Penor Rinpoche, que foram grandes inspirações e lembranças. Mas, embora essas manifestações tenham se dissolvido, tenha em mente que a sua compaixão desconhece o significado das limitações.
Dentro do espírito de onde há uma demanda, há uma oferta, devemos ter aspirações e anseios de que as manifestações dos Budas e Bodisatvas nunca cessem, e – usando um termo da moda – que seus renascimentos sejam rápidos.
Mas tal renascimento não deve se limitar à figura de uma criança tibetana, criada no interior da tradição e de uma cultura particular. Podemos aspirar que os Budas renasçam de todas formas, mesmo como algo aparentemente tão insignificante como uma brisa, para nos lembrar de valores como amor, compaixão e tolerância.
Devemos gerar um campo magnético para que miríades de manifestações do Buda possam surgir e não apenas tulkus que saltam de trono em trono ou que dirigem um Rolls Royce, produtos muitas vezes de um nepotismo religioso.

Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche, também conhecido como Khyentse Norbu, é um lama butanês, cineasta e escritor. Seus dois filmes mais importantes são A Copa (1999) e Viajantes e Mágicos (2003). Ele é o autor do livro “O Que Faz de Você Ser Budista?”.
Tradução Brenda Neves. Revisão Letícia Ramos, Miguel Berredo e Carmen Jinpa.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Onde a gente se encontra com a solidão

Bandeira Branca, Amor
Não Posso Mais
Pela Saudade
Que Me Invade
Eu Peço Paz (Bis)
Saudade Mal De Amor, De Amor
Saudade Dor Que Dói Demais
Vem Meu Amor
Bandeira Branca
Eu Peço Paz
Quantos anos será que tem essa música????e as dores dos humanos continuam as mesmas.....
O SESC em Santos promoveu um encontro para ouvir canções do carnaval do século passado e uma da músicas foi Bandeira Branca.
Delícia conseguir cantar e gingar com todas, super divertido!

Esta semana pensei em escrever sobre um dos 6 padrões mentais (chamados de reinos) que a psicologia budista aponta:
O reino dos “espíritos famintos”, ou seja, o reino dos carentes.
Esse padrão mental é aquele que nos seqüestra através da insatisfação, das reclamações, das carências e da solidão.
Esses padrões são filhotes do complexo de inferioridade.

No quadro que ilustra a Roda da Vida o reino dos espíritos é representado por seres magrinhos mas barrigudos ( doentes), com boquinha pequena (impossibilidade de se alimentar) e em cima dos telhados ( não conseguem se sentir protegidos).

É nessa paisagem que estamos morando quando choramingamos carentes e solitários.....aquele tipo: “pobre de mim, ninguém me ama”.

A solidão ( e os outros aspectos desse reino) é uma prisão que como todas as prisões emocionais, é ilusória.
E a prisão mais enlouquecedora é aquela em que nos perdemos de nós mesmos tentando desesperadamente agradar para não sentir solidão.

Recebi de uma amiga o texto abaixo que resume o quadro de confusão mental que esse reino provoca:

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma...
E sabe como encontra tua alma na hora da insatisfação, solidão, carência?
Se interessando por ajudar alguém a ter uma vida melhor.

Uma das moradas da tua alma é o coração alegre de um outro ser.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Você se compromete com.....

No wikipédia:
Compromisso é a forma, pública ou não, de se vincular ou assumir uma obrigação com alguém, com algum objetivo. Há diversos tipos de compromissos, como por exemplo: compromisso religioso, compromisso amoroso, compromisso de negócios.
Compromisso é, portanto, uma responsabilidade adquirida em virtude de uma afirmação verbal ou escrita, feita por nós mesmos.
A expressão "ter um compromisso" significa estar ocupado em uma data, ou ter um vínculo ou acordo com alguém.
A palavra deriva de "promessa", ou seja, "com promessa". Quer dizer que quando há um compromisso há uma promessa.

Uma das ideias no filme “Os descendentes” é:
Estar junto é fazer a vida do outro um pouco melhor.

Nas cerimônias budistas para os casamentos se propõe que ambos se comprometam a incentivar e apoiar o crescimento espiritual um do outro, mesmo quando se separarem.
(Porque....todos vamos nos separar de alguma forma, algum dia)
A idéia do caminho espiritual fica mais clara quando pensamos espiritualidade como ampliação da compreensão de si mesmo, das situações e das relações ( familiares,sociais e com o meio ambientes)
Espiritualidade não está obrigatoriamente ligada à religiosidade; aliás.... acredito que é algo bem mais prático, é como vivo com respeito e atenção ao que se passa em mim e fora de mim.
Então essa idéia que o compromisso das convivências pacíficas seja simplesmente tornar a vida dos outros melhor é bem confortavel porque está ao alcance das nossas humanidades.
Tornar a vidas dos outros um pouco melhor além de ser uma ótima Filosofia de Vida, sinto que é a chave da pacificação de varios conflitos.
Tornar a vida dos outros um pouco melhor pode ser também uma forma de lhes devolver alegria e, por tabela e interdependência, para nós mesmos.
Até parece que poderíamos nos tornar agentes comunitarios da alegria!!!!!
Pensando nas relações de conflito que você vive (ou viveu): como seria pensar assim?????

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sorrir ainda é o melhor remédio??????

Sorrir é o melhor remédio
Sorria você está sendo filmado
Você já sorriu hoje?
O sorriso comovente de uma criança.
Os olhos são as janelas da alma, e há pessoas que até sorriem com os olhos...
Riso nervoso, riso manso, riso contagiante, riso sem graça, um sorriso para cada situação.
E ainda aquela frase conhecida: Sorria mesmo que teu sorriso seja triste, porque mais triste do que um sorriso triste é a tristeza de não saber sorrir.
E se você “glooglear” vai encontrar outras mais.

No livro “O nome da Rosa” o segredo girava inclusive em torno do perigo de sorrir.

E qual será o perigo de sorrir????

Você já percebeu como as pessoas que não sorriem ou sorriem pouco são complicadas?
O sorriso é um bom termômetro do estado de espírito das pessoas.
Numa das aulas com um professor psiquiatra ele ensinava a observar o sorriso dos pacientes para sentir a gravidade da saúde mental.
Por isso alguns pediatras frente aos telefonemas aflitos das mães, perguntam para ajudar o diagnóstico: a criança está sorrindo?
O ser humano é único ser pensante que sorri.
Quando nasce o bebê perseguimos seus sorrisos, e como eles nos deixam felizes!!!!

De onde será que vem essa sensação de felicidade????

Prof.Sergio Timerman no seu artigo “Anestesia da alma”, escreve:
“.....
Pesquisas recentes comprovam que tal como uma sessão de ginástica, risadas provocam a liberação de endorfinas com uma potente ação analgésica.
.....
Boas risadas também aliviam o estresse, fortalecem o sistema imunológico e limpam os pulmões. A risada funciona como uma válvula de segurança que fecha o fluxo dos hormônios do estresse e da resposta biológica ao perigo – que se manifesta em nossos corpos quando experimentamos nervosismo, raiva ou hostilidade.”

Lama Padma Samten escreve em um de seus textos:” a liberação ocorre pelo riso não pela seriedade, não pela dinamite;
Não temos que destruir, temos que iluminar o mundo.”

Na postura da meditação também buscamos sorrir internamente.

Terapeuticamente, acredito que uma das formas para solucionar as dificuldades que vivemos é cultivar atividades que nos façam sorrir para nutrir a mente de espaço.
Quando estamos aborrecidos, amargurados, aflitos, confusos a impressão é de estar num quarto sem porta, sem saída,
num quarto com pouco espaço. Sorrir relaxa e abre espaço para enxergar mais amplo e perceber mais soluções.

Quando não estamos conseguindo rir sozinhos é bom procurar conhecidos divertidos, que nos façam rir.

Rir também ajuda a memorizar conteúdos, torna leve os aprendizados.

A maior parte dos nossos sofrimentos fica pesada por colocamos uma carga extra de dramaticidade a fim de dar importância à situação......
Sorrir “desmoraliza” o drama e deixa aparente o que é apenas real.

Todas, mas todas mesmo, as situações são impermanentes, estão se transformando a cada minuto; nada é concreto, permanente.
Sorrir para as situações difíceis evita o gasto inútil de energia; energia que poderis estar sendo usada no que está correndo bem.

Esse é o perigo do sorrir e essa é a explicação da origem da felicidade que dá receber um sorriso:

Sorrir devolve a liberdade de encontrar outras possibilidades, sorrir devolve a possibilidade de ser livre e ser feliz.

Então voltamos ao início:

Sorrir é o melhor remédio,
Sorria você está sendo filmado
Você já sorriu hoje?
O sorriso comovente de uma criança.
Os olhos são as janelas da alma, e há pessoas que até sorriem com os olhos...
Riso nervoso, riso manso, riso contagiante, riso sem graça, um sorriso para cada situação.
Sorria mesmo que teu sorriso seja triste, porque mais triste do que um sorriso triste é a tristeza de não saber sorrir.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Atividades 2012

Neste ano vamos retomar encontros em outras cidades além de Santos.
A programação dos encontros é:

Santos – quartas (noite), quintas ( tarde) – semanais
Pratica de recitação de mantras no dia da Lua Cheia*
Guarujá às terças-feiras, 19h – quinzenais (início dia 14 de Fevereiro)
São Vicente às quintas , 19h - quinzenais ( início 15 de março)
São Paulo – ás segundas ( tarde e noite) – quinzenais ( início 20 de Fevereiro)
São José dos Campos e Campos do Jordão – mensais.

Nesses locais também serão organizados cursos para o aprofundamento da prática de meditação.

Quando quiser participar, escreva para passar os endereços.

* Uma prática atribuída a Buda para uma fase da lua em que tudo se potencializa sendo um momento favorável (auspicioso) para aspirar coisas boas para os outros, libertar-se das ilusões que nos aprisionam e favorecer a dissolução de obstáculos que dificultam alcançar realizações.

A tradição budista conta que desde os tempos de Buda a sanga (o grupo) se reúne para participar dessa atividade mensalmente.

Dificuldades de relacionamentos, saúde, trabalho, escolhas - suas e de conhecidos - vão sendo anotadas e no final do encontro, esses papeis são queimados numa simbologia de honrar nossa caminhada.