quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Conhecereis a verdade

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, evangelho segundo João. Mataram o Juiz? Era a pergunta que rodava. Ou faria parte dos sustos que envolvem a vida? Mas como conhecer a verdade se as aparências enganam? Por qual lado você está olhando as aparências? Cada um usa suas memórias, interpreta as aparências ( visuais, olfativas, auditivas etc) segundo seus arquivos e decide sobre o que está experimentando e sua visão é formatada. Muito cuidado, calma. Até a ciência muda. Ovo provoca alta do colesterol? Salmão dá câncer? Trigo provoca aumento do abdômen? Só para iniciar a lista das “certezas”... Abrir o Facebook então...outras milhares de opiniões de especialistas. Um dos ensinamentos mais fortes que aprendi na sociedade Yamaguishi é perguntar continuamente frente às certezas, opiniões e pontos de vista: “ como será na verdade?” E com Mestre Thich Nhat Hanh : “você tem certeza?” por favor anote em uma grande folha de papel esta pergunta e pendure em algum lugar bem visível, onde não possa deixar de ver. E repita esta pergunta varias vezes. As percepções errôneas geram pensamentos incorretos e muito sofrimento desnecessário.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Sobre nossa "viagem"

Em tibetano a palavra “corpo” é lü, que significa “ algo que você deixa para trás”, como bagagem. Cada vez que você diz “lü”, nos lembra que somos apenas viajantes, tomando refugio temporariamente nesta vida e neste corpo. No Tibet as pessoas não se distraem gastando seu tempo tentando fazer as circunstancias externas mais confortáveis. Eles ficam satisfeitos se tiverem o suficiente para comer, roupas nas suas costas e um teto sobre suas cabeças. Indo, como nós fazemos, obsessivamente, tentando melhorar nossas condições, transforma-se num fim por si só e uma distração sem sentido. Poderiam as pessoas com bom senso pensar em redecorar meticulosamente seu quarto de hotel cada vez que ocupam um? Palavras de Sogyal Rinpoche. Guardados os exageros, com bom humor, esse lembrete pode ajudar a tirar o poder de nossas teimosias e caprichos em querer “enfeitar” demais nossas experiências.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Refúgios Sagrados

Não é admirável termos nos encontrado? Cada um de nós veio de lugares tão diferentes..... às vezes, até distantes e nos reunimos como amigos protegidos pelas bênçãos e ensinamentos de Mestres lúcidos e generosos. Mestres que deixaram e deixam pistas para encontrar um sentido melhor para o viver e para o morrer. Lembro quando, nascida numa família tradicional de formação católica, há 50 anos atrás entrei secretamente numa sala da sociedade Teosófica em SP e fui apresentada às sabedorias orientais. Lembro como fiquei emocionada, seduzida e encantada ao “abrir aquela porta”; ficou marcado como 5 de outubro de 1965. Eu tinha chegado ou retornado ao Tibet? Penso que os amigos que chegam também têm um pesinho no Tibet. Em algum nível da minha mente penso que comecei a desejar fortemente recriar um pedacinho do Tibet por aqui. Com ajuda da Sanga amiga, com tua ajuda, temos um pedacinho das sabedorias dos Mestres Tibetanos aqui em Santos. As salas de estudos, encontros e treinamentos para buscar métodos que levem a entender a mente em busca de serenidade são refúgios sagrados. Essas salas são bolhas especificas para acelerar nosso caminho para a lucidez, como comenta Lama Padma Samten nas suas últimas palestras em Pernambuco. Lugares construídos pelas bênçãos dos Budas, ou se preferir, dos seres sagrados. Seres sagrados é o nome dado às inteligências sutis que organizam as realidades. As salas de treinamento são como uma nave com a qual vamos andando; naves que foram “construídas” também por nossos méritos. Pode parecer uma “loucura” imaginar que estamos, no caso de Santos, construindo esse espaço a partir apenas de um olhar apreciativo para um depósito mal cuidado como era nossa Gruta budista, antes uma garagem. Um lugar onde hoje é possível treinar despertar uma mente desarmada e livre, além de acessar ensinamentos milenares sobre as inteligências sutis que nos levam a encontrar nossa verdadeira natureza luminosa. Um lugar onde é possível transformar obstáculos em vantagens e descobrir o destemor e bondade internos. Sejam todos bem vindos ao nosso refugio sagrado!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A inocência ferida

O psiquiatra Mark Epstein comenta que as pessoas procuram terapia para curar sua “inocência ferida”. A inocência é ferida quando nos sentimos magoados, ultrajados pelo modo como alguém nos trata ou como nos fala; nossa inocência fica ferida quando somos falsamente acusados, maltratados e desqualificados. Essa sensação tão desagradável, desperta a insegurança e expõe nosso egocentrismo: a necessidade de agradar, de ser elogiado, de ser admirado e reconhecido. Ou seja, nosso lado infantil carente. Aí...muitas vezes erramos o tom da resposta...magoados, irritados, raivosos, tristes, debochados etc. Mas....quem está fazendo os comentários, suas atitudes e opiniões a nosso respeito são seu espelho porque vemos os outros através dos elementos da nossa mente, através de nossas memórias, nossas experiências. É nosso mundo refletido no outro. Por isso a gratidão de encontrar pessoas que nos testem, tenho e tive algumas importantes. Elas são o melhor controle de qualidade da nossa maturidade. A resposta serena ( se possível, com um leve sorriso interno) a comentários deselegantes demonstra o quanto nosso ego mimado e medroso já perdeu o poder e o quanto nossa mente equilibrada já está no controle. Confesso que ainda falta bastante treinamento; mas quando consigo conviver com opiniões agressivas discordantes, avaliações deformadas, ouvir injustas criticas e percebo o quanto o outro está tentando se defender e está confuso, solto rojões internamente, me aplaudo porque a determinação para me conhecer está valendo à pena. É libertador perceber com compaixão o que é do outro e o que é verdadeiramente da minha mente. Que neste novo ano consigamos curar e vacinar mais um pouco nossa inocência ferida. Que este seja um bom ano de descobertas!