sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O caminho dos sonhos

Um dos ensinamentos de Padmasambava, Guru Rinpoche, dado no Pico do Junípero das Pérolas de Cristal é sobre os 6 bardos. Bardo é um período intermediário, onde o velho não serve mais e o novo ainda não chegou. Sempre há pequenos bardos para viver: entre empregos, entre projetos, entre relacionamentos, entre a tristeza e a alegria, entre a doença e a cura...etc É um momento em que testamos o que foi aprendido, tempo de desistir de fixações e crenças e... aguardar por novas atitudes para novos passos; um tempo que precisa ser regado a muiiiita paciência! Por que?...porque tudo muda e assim é a vida.... Mas no comentário de Dudjom Rinpoche sobre esse ensinamento ele explica: um bardo é um estado que nem é aqui nem lá. Por definição é algo que começa no meio, um estado intermediário. Os seis bardos são: 1- O bardo natural da vida presente 2- O bardo alucinatório do sonho 3- O bardo da meditação 4- O doloroso bardo do morrer 5- O bardo luminoso da realidade última 6- O bardo cármico do ressurgimento O bardo dos sonhos oferece pistas interessantes e úteis sobre os obscurecimentos mentais, as emoções perturbadoras, as fixações e sobre nossos condicionamentos (marcas cármicas) a serem dissolvidos. Como ensina Robert Happé, filosofo holandês do nosso tempo: O importante é ao acordar, antes de abrir os olhos entrar em contato com as sensações dos 6 padrões mentais aflitivos ( = 6 reinos ou 6 lokas) que os sonhos deixaram – orgulho ferido/culpa , inveja/competições, estrategias/desejo e apego/ raiva, falta de comunicação, preguiça/ mal humor, insatisfação/ carências– são pistas sobre os guardados ocultos do inconsciente , recados que querem se comunicar e precisamos “ouvir sentindo”. Tomie Otake, a artista japonesa, diz que seus quadros ( essenciais e profundos) são reproduções do que “vê” ao acordar antes de abrir os olhos. Sobre o ensinamento de Padmasambava, “Bardo alucinatório do sonho”: “ O bardo do estado do sonho cobre o período desde o momento em que adormecemos até o momento em que acordamos na manhã seguinte;. Este período é semelhante à morte, a duração temporal é a única diferença. Durante o sono as 5 percepções ( dos 5 sentidos) de forma, som , cheiro, sabor e contato se deslocam para o interior de alaya (o “depósito” de nossas experiências). Pode-se dizer que elas desmaiam para dentro de alaya e, de fato, dormir é semelhante a morrer. No início os sonhos não aparecem, há apenas uma escuridão densa enquanto a pessoa afunda-se inconsciente em alaya. Depois, os padrões de apego e percepção ressurgem estimulados pela energia cármica da ignorância. Como resultado disso, os objetos dos sentidos (forma, som, cheiro, sabor e contato) manifestam-se novamente no estado do sonho. Por outro lado, a consciência não se move em direção a coisas externas. Ela se mantém dentro e suas percepções são imaginarias e deludidas. Esta é a razão de chamarmos esse bardo de alucinatório. No estado do sonhos a percepção está sujeita a delusão do mesmo modo que durante o dia. ..................... Quando na pessoa adormecida sonha, vê apenas delusões e fantasias. .................... Tanto no estado do sonho quanto acordados, as percepções não correspondem à verdadeira realidade. Ambas são falsas, flutuantes, impermanente , enganadoras. ........................... Nos constantemente nos relacionamos com as nossas percepções como se fossem realidade permanentes, pensando “isto é meu, isto sou eu”. Mas os ensinamentos nos falam que isto tudo é um erro, e este erro é o que verdadeiramente nos leva a vaguear em samsara ( o mundo da insatisfação). ................... Mas são exatamente com as nossas percepções alucinadas que temos que trabalhar.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Todos têm um pequeno Buda dentro de si

Pois é...todos têm um pequeno Buda dentro de si esperando por ser despertado, como comenta Bernardo Bertolucci sobre seu filme “ O Pequeno Buda”. Existem pessoas que estão abaixo até da linha da normose. Como explicado na wikipidea: Normose é um conceito de filosofia para se referir a normas, crenças e valores sociais que causam angústia e podem ser fatais, em outras palavras "comportamentos normais de uma sociedade que causam sofrimento e morte".Dessa forma os indivíduos que estão em perfeito acordo com a normalidade e fazem aquilo que é socialmente esperados acabam sofrendo, ficando doentes ou morrendo por conta das normoses. É comum justificar a manutenção de um comportamento não saudável por ser normal, algo que "todo mundo faz", porém essa justificativa é falaciosa e acaba apenas perpetuando uma sociedade cheia de normoses. Pierre Weil define normal como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir que são aprovados por consenso ou pela maioria. Patológico é definido como algo que causa sofrimento e morte. Saudável é aquilo que gera bem-estar e qualidade de vida. Triste muito triste, pessoas sem empatia, que passam por cima do interesse de todos para prevalecer apenas SEUS interesses. Vejo esse comportamento tipo como uma doença, até como uma loucura. Todos os comportamentos que não são cooperativos e solidários caminham para esse diagnostico de doenças mentais, porque são confusos e alienados. Confusos e alienados porque não percebem que tudo está interligado e todas as ações, positivas ( cooperativas) ou negativas (egocêntricas) são causas de resultados que retornam em algum momento. A questão é: como conviver com essas pessoas? E quando a resolução de nossas questões jurídicas dependem delas? Difícil, bem difícil!!!! Em que momento agir, como agir, com que ferramenta? A loucura, da neurose à psicose, é muito inesperada, muito complicada. Quando envolve dinheiro e poder então.... Mas...eles também estão em busca da felicidade; infelizmente... por caminhos enganosos. Uma das soluções é manter uma distância cautelosa, porque ondas de freqüência de comunicação são muiiiito diferentes. A proximidade pode ser até perigosa. Outra parte é fazer dedicações e preces tipo Metabavana*,criando condições para que a ignorância ( origem de todos os males) se dissolva, a lucidez seja despertada e surja nesse “humano” a vontade e a determinação de trazer beneficio aos seres. Acima de tudo, não se deixar abalar frente as incoerências do comportamento humano e seguir na postura de compaixão, da compreensão das ignorâncias. E agir!!!! Pelos meios legais, mas agir. Agir com os 4 pilares: Com calma e estabilidade– ação pacificadora Com firmeza e determinação – ação irada Com justiça e solidariedade – ação igualdade Com pensamento de crescimento mútuo – ação incrementadora Agir, pensar e sentir acreditando firmemente que TODOS, loucos ou não, os das terras do bem e os das terras do mal, possuem um PEQUENO BUDA que cedo ou tarde despertará!!!!!! *Metabavana Que ...... alcance a felicidade e supere o sofrimento Que......encontre a origem da felicidade e supere a origem do sofrimento ( as ignorâncias) Que seus obscurecimentos mentais, suas emoções perturbadoras, suas fixações e suas marcas carmicas( condicionamentos) sejam dissolvidos e surja em......uma lucidez completa e instantânea para tudo e para todos. Que......traga benefícios a muitos seres e encontre nisso a fonte de sua Energia ( alegria)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Caminhos diferentes, 2 sugestões iguais

Uma das frases que mais me emocionaram e agora ficou presente nas meditações que faço foi a que ouvi de Henrique Lemes durante um retiro seu sobre treinamentos mentais: “reconhecer o que não muda enquanto tudo muda” Esse é o objetivo da meditação: entrar em contato com a Sabedoria Primordial luminosa de onde tudo aparece, se dissolve e se recria. Essa Sabedoria, Darmakaia, é como uma mãe.( ensinamento de Padmasambaba) Somos filhos, muitas vezes, confusos e perdidos. Encontrar essa Sabedoria dá o mesmo alívio de uma criança perdida que encontra sua mãe. A liberação final é esse encontro: a luminosidades da mãe e do filho se fundem, espaço e lucidez. Aí é possível viver os acontecimentos e os desafios com mais leveza, até com um leve sorrir. E qual não foi minha surpresa no dia da missa católica em intenção de minha mãe quando li no semanário litúrgico de acompanhamento das preces após a comunhão: “Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam.” Em todos os cantos é possível encontrar os sinais da lucidez e os lembretes da Sabedoria; basta ter a mente aberta e curiosa por ouvir e aprender.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Quando a gente não sabe, pergunta.

E isso é sinal de inteligência!!! Entre os Lamas, os Mestres Tibetanos, existe a tradição de pedir, pedir até varias vezes ensinamentos sobre o que queremos saber; talvez seja para demonstrar o interesse real. Quando estamos perdidos, perguntamos a saída ou o caminho. As preces são muitas vezes de gratidão. Outras vezes são para pedir proteção. Mas na sua maioria as preces são pedidos de respostas a algo que não conseguimos encontrar a solução sozinhos. Orar é um sinal de inteligência e, principalmente, de humildade. Existem varias formas de preces, a vários tipos de seres superiores. Mas todas vão na mesma direção; na direção da Energia Universal onde tudo é criado, essa Energia misteriosa para nossa mente comum. Somos todos (e tudo) filhos dessa Energia; e é a ela, a Energia Mãe, que nos dirigimos, quando rezamos. Como um filho perdido procurando por sua mãe. Nos ensinamentos é dito que ao morrer, quando conseguimos seguir com confiança a luminosidade, é o momento quando se fundem as luminosidades mãe e filho. Encontrei nesse texto abaixo de Elizabeth-MattisNamgyel, um bom tema de meditação e quero compartilhar com você: Nós suplicamos porque, na vida, geralmente não sabemos o que fazer. Rezar pode ser um jeito de nos entregar para o mistério e o movimento da vida. Expressa uma aceitação de que não sabemos de nada e nunca saberemos – que apenas enxergamos uma pequena parcela das coisas. Não enxergamos a teia infinita do relacionamento interconectado do qual fazemos parte. Ainda assim, por outro lado, temos nosso papel para desempenhar no todo, e tudo o que fazemos na vida é importante. Esse é um paradoxo interessante, não é? É preciso uma mente ampla para viver no coração desse paradoxo – estar alerta e receptivo, e ao mesmo tempo, aceitar a natureza indeterminada das coisas, os fatos que não sabemos. Esse é o espírito da oração. Podemos rezar por qualquer coisa. Mas para o que rezamos influencia na direção em que vamos e na natureza transformativa da prática. Rezar para a felicidade e para nos livrar do sofrimento nos mantém dentro dos limites da mente comum. As orações não têm a mesma agudeza e liberação quando estamos tentando evitar a vida e deixar de sentir o mundo em nossa volta. Se nos distanciamos do nosso desejo individual de sermos livres do sofrimento dentro do todo, onde reconhecemos que o sofrimento é parte da vida nesse corpo e nesse mundo, temos a experiência da profundidade da oração. Aceitar a beleza e a dor do nosso mundo é a fundação do caminho do Buda. Então o que significa rezar sem as limitações de nossas preferências individuais? Significa que estamos rezando para um despertar profundo e incondicional não baseado nas preferências do ego. Só em pedir nós experienciamos uma mente poderosa e humilde. Permitimos que a vida nos toque, e sentimos o desejo de seguir em frente com compaixão e amor. Quando rezamos, pode ser para uma imagem do Buda ou de nosso professor. Ou você pode rezar para a natureza de sua própria mente, como sendo inseparável da natureza da deidade. Às vezes você pode até não saber a quem direcionar suas orações, mas o pedido por si só tem seu próprio poder. De fato, se você pensar sobre isso, você realmente tem que saber de tudo? Você tem a capacidade de saber? A natureza do Buda, do professor, ou de qualquer coisa no mundo é insondável, misteriosa, e não se presta a ser conhecida de uma forma conclusiva. E é particularmente importante refletir sobre isso, porque no mundo moderno, rezar para um objeto pode parecer artificial. Podemos até querer acreditar em uma deidade ou no Buda, mas parece afetado. Um dos aspectos mais importantes e únicos dessa tradição é a compreensão de que nada possui uma existência intrínseca. Muitas vezes presumimos que nós – quem somos realmente – estamos rezamos para uma deidade imaginária. Mas na verdade, mesmo o que chamamos de “eu” surge de um complexo infinito de relacionamentos que ficam surgindo e caindo a cada momento. Tudo é imaginário, e nisso há a resistência à definição, tudo é dinâmico e aberto à interpretação – ou, em termos budistas, tudo é vazio. A oração é um meio que nos ajuda a seguir em frente com alguma sanidade – uma prática que nos ajuda a utilizar o mundo para despertar. Podemos rezar para nosso professor ou para o Buda como uma maneira de seguir em frente no nosso caminho. Não temos necessariamente que ver esse dualismo como um problema. Na verdade, enxergar o dualismo como um problema é dualista. O que chamamos de caminho é uma forma de navegar pelo dualismo utilizando positivamente nossa vida e experiências. Texto escrito por Elizabeth-MattisNamgyel, originalmente publicado na revista Buddhadharma Magazine edição de outono de 2014 e reproduzido no site da autora. Tradução de Rafaela Batista. Elizabeth Namgyel é uma das muitas mestras budistas norte-americanas contemporâneas (leia “A Face Feminina de Buda”), estuda e pratica o budismo por 30 anos sob a orientação de seu professor e marido, DzigarKöngtrulRinpoche.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Amar é oferecer a oportunidade da liberdade

E tantas coisas roubam a liberdade... Uma das coisas que mais roubam essa tal liberdade é a necessidade (mania) de consumir . Numa das palestras ouvi de uma participante, professora de matemática, que durante uma fase de desemprego, sua época de maior “dureza” financeira, para não se sentir tão pobre, ela entrava nas lojas de 1,99 e comprava rolha de garrafa. O se sentir pobre significava sem capacidade de consumir; então valia até uma inutilidade!!! Triste...grave... A medida do próprio valor, de sua felicidade, pela sua capacidade de comprar ou não. As coisas são tão atraentes, divertidas e nos caçam de tal maneira que é preciso atenção para não cair em armadilhas. Escrevo isto nas vésperas do Black Friday, bombardeada por cartazes e comentários na TV. Sei que nos EUA é uma loucura – loucura mesmo; uma competição de quem consome mais, chegam a se estapear e dormir nas filas. Parece um manicômio, ou não? Com tantos milhões sem comida, sem medicamentos, sem um teto onde se abrigar... É a máquina selvagem do lucro a qualquer preço. Liberdade é um direito de todos. E a liberdade começa por poder ter acesso ao básico. E como diz Lama Michel: falar de espiritualidade, tempo para praticar e estudar... só depois ter comida, um teto e trabalho. Ou o consumo se humaniza ou nos tornaremos cada vez mais escravos desse sistema. Se cada um mudar seu pensamento e seu olhar para o que é realmente necessário e o que é supérfluo, a humanidade mudará por oferecer oportunidade a todos. E aí sim... será como o Dalai Lama fala: dar a quem amamos asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar. "Give the ones you love wings to fly, roots to come back and reasons to stay." Long live Gyalwang Tenzin Gyatso...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Sobre a depressão

Para muitas pessoas o resultado da insatisfação, das frustrações é a depressão. Nada parece fazer a energia se movimentar, a vida perde o sentido, o brilho do olhar não retorna. Palpites aparecem de todos os lados...porque conviver com alguém deprimido incomoda. Mas se a generosidade aparecer.....o que fazer para ajudar quem está nessa situação ou como se ajudar a escapar dessa armadilha? A saída para escapar de emoções perturbadoras é compreender sua origem. Sem compreender a verdadeira natureza, a verdadeira origem da depressão não é possível escapar. A origem está na família da raiva reprimida ou externada erroneamente: frustração, decepção, ressentimentos, agressividade, vingança, falta de esperança, desilusão, tristeza, magoa, se esconder etc. A origem está na crença da incapacidade de lidar com essas sensações; a fuga é deprimir e a inércia. Deprimir para anestesiar. Anestesiar e deixar a mente opaca. Junto com essa depressão seguem os vícios, as dependências: comer demais, remédio demais, bebidas, internet demais, exagero de medicamentos, cigarro, sexo, gastos...riscos de todos os tipos. E esses comportamentos são respostas para fugir das experiências difíceis e alteram a química do corpo. Mas nada disso anestesia. Só aumenta a tristeza. Sugestões da mestre budista PemaChodran para quando vem a pergunta: sou uma boa pessoa, por que isso está acontecendo comigo? 1-Não somos o centro do mundo; frustrações, descontentamentos, dificuldades, desapontamentos acontecem para todos os seres: não somos diferente de ninguém!!!!!! 2-Qual expectativa havia e foi frustrada? Expectativa elimina a possibilidade de se alegrar com a realidade do dia-a-dia. 3-Uma decisão: parar de se condenar e condenar outras pessoas. 4- A depressão é uma prisão. Caminhar sem ter que conversar com outras pessoas é uma opção para dar espaço, se sentir livre e poder observar as frustrações sem censura. Entre os 5 elementos , terra, água, fogo, ar e éter,o elemento éter (espaço) é responsável pela luminosidade da mente. 5- Acolher-se, acolher as tristezas. Fazer amizade consigo mesmo, fazer amizade até com seu Ego....sem drama. 6- Voltar ao presente: estamos onde deveríamos estar, temos tudo o que precisamos agora, viva a experiência genuína do presente. 7-Somos todos basicamente bons; as tristezas são nuvens num céu azul. Calma...O sol já vai brilhar!

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estamos num áquario

Algum tempo atrás ouvi de um dos personagens do filme “Magia ao Luar”a frase: “ o peixe nem imagina quem muda a água do aquárioem que vive”. Nem nós do nosso “aquário”. O que sabemos é que somos todos e tudo feitos do mesmo pó de que as estrelas foram feitas. Da mesma forma que a formiga que está ajudando a construir seu formigueiro no jardim do prédio onde moro, nunca poderá imaginar que está molhando o terreno a sua volta. É por isso que observo com grandes duvidas os chamados fenômenos mediúnicos. Isso aconteceu quando passei por pesquisas no Instituto Mens Sana– não seriam os resultados, os "efeitos especiais", apenas operações neurológicas? Com nossas limitações cerebrais como poderíamos conhecer as realidades além da vida, da morte e do multiverso, se mal conseguimos descobrir como controlar os impulsos automáticos da mente? Acredito que a maioria dos fenômenos mediúnicos sejam uma forma de confortar nossas angustias, conflitos, duvidas e solidões; e, como são emoções perturbadoras, podemos estar deformando gravemente as percepções. Ou....nos deixando ser manipulados por oportunistas.... Será que esses enganos que muitas vezes trazem alívio às dores humanas são apenas inocentes mentiras piedosas? Será bom nos deixar envolver por essas ilusões? O que me parece certo é que existe algo, leis universais, inteligências transformadoras, sabedorias universais, energias que criam e transformam nosso mundo desde tempos sem início. A esses movimentos damos ou queremos dar formas humanas conhecidas para poder interagir a partir das nossas limitações. Nossa fragilidade nos consola com os autoenganos; queremos acreditar que as vacas podem voar, queremos acreditar em milagres para diminuir a solidão da ignorância. Prefiro me sentir conectada com a inteligência de grandes Mestres com quem convivi e de quem recebi ensinamentos que compartilharam caminhos claros para que as relações sejam mais alegres e solidarias. No Budismo o que é chamado de sobrenatural é tratado de uma forma não misteriosa, é algo que faz parte de uma energia contínua da qual somos uma das expressões. Reverencio e tomo refugio na linhagem de Budas e Bodisatvas que conheço, desejando lucidez e bondade para que eu me torne fonte de alívio e um ser útil a muitos seres. Acredito que assim eu esteja me enganando menos.....

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Mãe, a gente se vê na Terra Pura

Depois desta longa agonia, que alguns chamam de purificação e na verdade é um mistério, um grande mistério, a que a gente se curva com humildade, humildade que nossa ignorância invoca, este último ato de minha mãe Glorinha terminou. Perco neste momento minha maior Mestre de treinamento, minha mãe; foi bastante difícil esse treinamento mas por ele aprendi muitos caminhos de sabedoria. Mãe, você se libertou e a você dedico os méritos das preces destes próximos 2 meses para que ao despertar da inconsciência você reconheça rapidamente a Clara Luz e possa se aproximar valentemente de suas mandalas multi-coloridas e aí, continuar teu aprendizado. Que esta tua nova estrada seja enfeitada pelas sensações das lindas musicas que você tocava ao piano. Mas... se não for possível essa “aventura” nas Terras Puras, que você possa renascer perto de Mestres como os que tive a felicidade de encontrar nesta vida e que teus atos tragam bem- estar a muitos seres. Fecham-se as cortinas de mais esta peça, aplausos, flores e silêncio. FIM

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Nosso casamento, o 4º movimento do Concerto da Vida

Depois de ensaiarmos durante 8 anos, depois de nos entretermos e entreter quem assistia e acompanhava nossos “episódios”, vamos entrar no 4º movimento do Concerto. Um Concerto comumente tem, como nossas histórias, 4 movimentos: O primeiro, um “allegro”, é uma apresentação entusiasmada, curiosa pelos próximos eventos, meio marota, com olhares maliciosos e muitas vezes com um suspense de duvidas originadas em antigos sustos. O segundo movimento, um “andante” é lento; às vezes até triste, os “adágios”. Quando passadas as novidades, as projeções se dissolvem e enxergamos os fatos como eles são – enxergamos nossas humanidades, simplesmente humanos imperfeitos em busca da felicidade, em busca de aliviar as solidões e os medos escancarados ou disfarçados. Brigas, separações, retomadas, novos scripts, mais tentativas. E a vida passando, o relógio rodando. O terceiro movimento, é mais um “alegro”, desta vez mais adulto, retorna a esperança; surge a coragem de superar as diferenças, desatar nós ( pelo menos afrouxar), surge a tolerância calma. E...aprendemos a viver , conviver , compartilhar e comemorar as coisas boas; e...principalmente aprender a transformar as coisas ruins em vantagens e.... sorrir. Sorrir muiiiito para as dificuldades, porque tudo muda a cada instante. Tudo e todos nós merecemos uma nova chance porque despertamos pela manhã sempre novos. O 4º movimento é o “gran finale”, uma grande dança, ou a comemoração de uma vitória; algo generoso, que quer compartilhar os sucessos dos esforços pela caminhada, a chegada, o final do projeto. Só que o final é ao mesmo tempo o início de um novo tempo, de uma nova história. Aprendemos o que tínhamos que aprender sozinhos, terminado o aprendizado, agora é tempo de novos aprendizados a dois. E o casamento não é a fase “game over”; é uma oportunidade de dividir a vida, a cama, as contas, os perigos, as aventuras , um bom lugar para treinar entender e atender o outro no mundo dele, descobrir suas qualidades e promessas, ajudar a dissolver ou acolher seus limites com calma, cuidar um do outros, encontrar vantagens até nas negatividades, nutrir o interesse pelos interesses do outro, aprendendo a ouvi-lo, muitas vezes silenciosamente e.... descobrir juntos a transcendência: reconhecer O QUE não se move enquanto tudo se move. É por isso que resolvemos selar publica, oficial e carinhosamente nosso compromisso de sermos companheiros leais nesta quarta e última parte de nossas vidas, que é a velhice. Que esta satisfação que estamos sentindo se espalhe e, todas as direções, e toquem todos que se lembrarem de nós. Maria Helena e Rolando participam seu casamento à realizar-se no dia 8 de Novembro de 2014, 8 anos depois de terem se cruzado num café, e oferecem sua residência à beira-mar para outras conversas.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Vem chegando nova visita

A visita deve chegar em de 2015. Na verdade nem sei bem a data; nem ainda sabemos se virá só ou acompanhada. Neste momento ainda está se preparando para encarar a aterrissagem dessa viagem, se instrumentando para dar conta do desafio de viver e fazer suas descobertas. Estou contando sobre a visita de mais um neto ou neta que virá por meu filho e sua Paula. Uma das experiências que acredito mais interessante é conhecer pessoas, tentar entende-las e compartilhar suas experiências. Fico muito entusiasmada de descobrir a cada encontro quem é meu neto Thiago que já está com quase 8 anos ...a cada vez que o encontro ele tem novas descobertas e respostas divertidas e até intrigantes. Sei que isso também acontecerá com esta criança que está se formando. Minha curiosidade já começa a brilhar! Aprender a ler os pequeninos e descobrir como apoiar suas histórias é um belo desafio. Descobrir seu olhar, a janela da sua alma, que vai ficando claro e se mostrando. Esse olhar que até o final da vida será o mesmo e por onde nos reconhecemos uns aos outros. E...esperar por seus primeiros sorrisos ... que alegria!!!!! Você já prestou atenção no olhar dos primos quando éramos pequenos e agora, possivelmente, na terceira idade? É o mesmo olhar. O olhar toca nossos corações. A experiência de ser avó está sendo bem interessante; poder curtir um filho (a) de um filho ou de uma filha tão proximamente sem pressa e sem tanta responsabilidade é uma sensação deliciosa, leve e bastante alegre. Um amor incondicional e divertido. Sou avó-drasta dos 2 enteados, Camila e Henrique, de minha filha mais velha que hoje já são adultos. Sinto uma admiração incrível pelos dois, incrível mesmo, porque me projeto acompanhando, com a mesma leveza e curiosidade, suas vivências corajosas e artísticas...me projeto naquilo que eu quis muito viver e não pude. Até brinco que foi bom não terem nascido tão próximos a mim porque seria uma “loucura” !!!! Sinto que essa luminosidade que surge em mim com a experiência de ser avó, de passar meus exemplos e opiniões, é como se através deles eu pudesse deixar algo neste planetinha azul e continuasse em contato através de suas lembranças. Estou gostando muiiiito dessa história de ser avó!! Que mais outros possam chegar, serão muito bem vindos!!!! A alegria de ser avó é um treino para olhar todas as crianças, de todos os lugares, em todas as situações e de todos os tipos de pais, com essa mesma benevolência e interesse porque qualquer um poderia ser meu neto ou neta. Boa sorte aos pais!!!!! a todos os pais!!!!! pais de sangue e de coração!!!! Que todos os filhos possam encontrar o quentinho amoroso para viver, se refugiar e aprender!

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O controle é a essência do Samsara

“O controle é a essência do Samsara”, é a relembrança de um dos ensinamentos de Lama Padma Samten. Samsara é a roda da vida,é a experiência desta vida, com suas mudanças, com seus ciclos viciosos, onde a única coisa permanente é a impermanência. A incompreensão sobre as insatisfações que nos acompanham é o que o Budismo chama de sofrimento – duka; o sofrimento das mudanças e perdas, o sofrimento das dores físicas e o sofrimento das incoerências da própria vida – catástrofes, guerras, epidemias, injustiças e outras crises. Vivemos em bolhas de realidades prestes a estourar e surgirmos em outras; dentro dessas bolhas ainda existem as borbulhas. Todas as situações que vivemos, todos os papeis que vivemos e nossas relações são bolhas e...pulamos de uma para outra. A questão é que não simplesmente vivemos essas bolhas, criamos dramas tentando manipular essas experiências para ter felicidade. Felicidade que também será impermanente. Como sentimos que “vivemos por um triz”, tentamos nos controlar, controlar os outros, controlar as situações e as relações. É exatamente esse controle que cria os dramas; e o drama provoca os sofrimentos. Por isso é tão sábio aprender a separar desconforto e dificuldade de sofrimento. Uma doença pode provocar um grande desconforto ao corpo mas a verdadeira essência do ser continua intacta. As tentativas de controle aumentam o sofrimento, porque não há controle que consiga segurar o resultado para sempre. Desistir de controlar é uma vitória significativa. O controle é a essência do samsara porque é a essência dos apegos e dos desejos ilimitados. Assim: * nos medos, tentamos controlar o futuro para que os medos não se concretizam *nas invejas, tentamos controlar nossas incompetências * na vaidade, tentamos controlar os reflexos de nossa imagem e do dinheiro *no egoísmo, tentamos defender nossas identidades, nossos bens, nossos títulos e nossas fronteiras *nas neuroses e confusões, tentamos controlar nossas duvidas e ignorâncias *nas nossas raivas, tentamos controlar nossos inimigos. Veja bem: evitar ser escravo da neurose controladora é bem diferente de ser negligente!!!! Mesmo porque ser atento e cuidadoso é uma das Inteligências Budicas!!!! E todos esses controles obrigam a que vivamos armados, na defensiva. Somos condicionados desde pequenos a controlar o corpo, o comportamento, os impulsos etc Desistir desses condicionamentos, do controle manipulador, desistir de ser o centro das importâncias, nos desarma, abrimos nossa bondade essencial, abrimos nossa mente e nos conectamos com nossa verdadeira natureza – alegre, lúcida e LIVRE. O grave: para tentar controlar precisamos ser controlados; o controlador é quem é mais controlado – ciclo sem fim.... É difícil !!!! bastante difícil !!! Mas vale tentar !!!! o pouco que se consiga liberar a “ síndrome do controlador” já vai ser muito!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

O catador de tomates

Entre as 6 Paramitas da filosofia budista está prajna– paciência, generosidade, esforço constante, concentração, moralidade e prajna. Prajna é um termo tibetano que tem o sentido de sabedoria, conhecimento superior, discernimento. Sabedoria é a capacidade de lucidez; lucidez de superar nosso ponto-de-vista fixo e obter um entendimento amplo para lidar com as situações. “Prajna é a qualidade de olhar as situações sem fazer nenhuma projeção a respeito delas. É excluir o “eu” do problema para enxergar melhor a situação” LodroRinzler Sabedoria de dissolver o apego às nossas opiniões, às nossas crenças porque elas limitam a visão e são um obstáculo à verdadeira compreensão da natureza dos fenômenos e de como viver as relações pacificamente. Era uma vez... assim eu lembro que li num livro de Rinzler: Era uma vez de verdade...um centro de estudos que estava em um retiro com bastante gente; todos os funcionários na cozinha e na horta se agitavam para atender as necessidades dos muitos meditantes e isso trazia a exaustão deles. Num desses dias alguém trouxe um caixote de tomates e apoiou na bancada onde um cozinheiro trabalhava. Cansado, enfurecido e se sentindo desrespeitado o cozinheiro jogou a caixa no jardineiro e “voou” tomate para todos os lados assustando a quem presenciava a cena. Durante alguns minutos ficaram se entreolhando silenciosa e fixamente enquanto os espectadores davam suas opiniões criticando essa atitude durante um retiro para meditação, que eles deveriam ser retirados do recinto etc etc etc No meio da confusão um jovem, sem dizer uma só palavra e sem dar poder para seu ego pegou a caixa, começou a colocar um a um os tomates de volta e retirou o caixote da “cena do crime” para que tudo fosse resolvido depois da raiva passar. Não sei como a história terminou mas com certeza, alguém ter deixado de lado suas próprias opiniões e tomar uma atitude para resfriar os ânimos, “abriu” espaço para resolver a situação pacificamente. Numa disputa tornar-se um catador de tomates pode fazer toda a diferença para o final das “guerras do ego”.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Difícil cortar o cordão umbilical

Lembrando novamente a entrevista do neuro cirurgião Dr. Paulo Nyemeir Filho: Na primeira grave cirurgia que fez,pediu que o pai, grande cirurgião, estivesse presente na sala. Ao iniciar procedimento, se deparando com serias dificuldades como previa, perguntou ao pai o que fazer; ao que ele ouviu como resposta: “não sei , o paciente é seu!” Naquele momento, rompeu-se o cordão umbilical. E...como é difícil romper esses cordões; cordões umbilicais não só dos pais, de vários outros apoios: da casa em que se está habituado, dos caminhos seguros de costume, dos amores que nos cuidam, das crenças das “autoridades” que admiramos, enfim... de todos nossos “pais” e mães”. Por que? Porque precisamos contar conosco, com nossa experiência seja ela de que tamanho for. Mas só assim crescemos, porque só se cresce com autonomia e liberdade. Só assim fazemos nossa história. Enquanto estamos presos, estamos continuando a história da pessoa a que nos agarramos e repassamos nossas decisões e escolhas. Um dos “sustos” que levei no início dos estudos do Budismo foi quando ouvi que deveríamos nos preparar para, ao chegar do outro lado do rio, largar também a canoa do Budismo; depois da travessia ela não seria mais necessária”. Outro momento que tive a mesma sensação de susto foi quando ao participar do retiro de Kalachacra, no segundo dia após a iniciação, o Lama Rinpoche se despediu por motivos pessoais deixando os ensinamentos aos cuidados de outro Mestre. Ao nos ver surpresos e decepcionados, alertou para que não houvesse choro nem drama, mesmo porque chegaria o dia que ele não estaria mais entre nós e aí.....precisaríamos caminhar sem ele. São momentos muitas vezes doídos, mas necessários...ou queremos viver como parasitas???? Até quando?????

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Agora é hora da culpa...

Já escrevi sobre ciúmes, inveja, raiva, complexos e outras emoções perturbadoras...agora é hora de falar sobre a culpa. Assistindo a entrevista realizada por Roberto D’Avila com o neurocirurgião Dr.Paulo Niemeyer chamou atenção uma de suas respostas. Perguntado sobre sua reação a resultados negativos nas cirurgias, comentou que esses episódios provocam a reflexão sobre o que poderia ter sido feito diferente e que, a culpa que sente é reflexo do seu comprometimento com sua profissão. Isso me fez pensar sobre esse fantasma que é a culpa, que persegue, que atormenta e que aparentemente é inútil. No entanto essa colocação do médico faz aparecer o lado positivo da culpa: o comprometimento com a seriedade das nossas escolhas e ações. Busquei no “arquivo vivo” de lembranças os inúmeros momentos em que senti e sinto culpa, o esforço por me livrar dessa emoção tão incomoda e, ao assistir ao programa, descobri exatamente como essa sensação pode ser vista também de forma positiva quando a percebo como reflexo de compromisso de vida. É verdade que varias vezes essas culpas assumem um tamanho doido e exagerado mas, ao retirar o “drama inútil”, são realmente reflexo do sentimento de comprometimento com as intenções solidarias que, como muitas outras pessoas, tento manter pela vida. O remorso e o arrependimento são também faces da culpa, mas parecem não ter esse peso tão forte como o compromisso com o bem estar dos seres. O lado sinistro da culpa é quando ela é reflexo da vaidade, do apego à própria imagem, da obsessão por agradar e ser valorizado e da necessidade de se sentir perdoado; nesses casos ao ser confrontado, ao invés de investigar o assunto mais profundamente, se sente atingido, invalidado, incompleto, incapaz e acaba atraindo um tipo de prisão porque....teoricamente, pra todo o culpado existe uma punição. Essas prisões podem ser: incapacidade de resolver dificuldades financeiras, de encontrar um par amoroso, de manter um trabalho, de se auto sabotar na saúde, escolhas equivocadas, bem...acredito que você conheça ainda varias outras formas de se sentir aprisionado. Aprendendo cada vez mais sobre os 2 lados das emoções perturbadoras , agradeço ao Dr. Paulo Niemeyer ter clareado o lado positivo da culpa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Somos filhos do desejo

Como lembra Lama Yeshe em seu livro “Introdução ao Tantra” somos seres de desejos, vivemos num mundo de desejos: “ Desde o momento em quem acordamos, até o momento em que adormecemos, e mesmo durante nossos sonhos, somos movidos pelo desejo. ........................... Nossos desejos não estão limitados por coisas que podemos ver, ouvir, cheirar, saborear e tocar. A nossa mente procura idéias com a mesma avidez com que nossa língua procura sabores. ............... Na verdade, o desejo é tão presente que é de se duvidar se existe alguma coisa que façamos que não seja motivada por ele. ................. Além de todos os nossos desejos está a vontade de sermos felizes. ................. Nenhum de nós quer o sofrimento nem menor desapontamento. Se observarmos bem, veremos que todas as nossas ações são motivadas ou pelo desejo de vivenciar coisas prazerosas, ou pelo desejo de evitar experiências desagradáveis.” São desejos de querer algo ou de evitar algo, querer alguém ou evitar alguém. Desejar faz parte da nossa humanidade, o que atrapalha é o apego que se segue ou transformar o desejo, a vontade de ser feliz em desejo ilimitado. Os apegos e os desejos ilimitados são fixações geradas pela ignorância; essas fixações estreitam a visão e se transformam em obstáculos. É ignorância tudo que rouba a liberdade, a nossa e a dos outros; seja a visão pobre da realidade, seja preconceito, ou preguiça, ou inveja, ou agressividade, ou oportunismo.... egoísmos em suas varias fantasias. Pior...quanto maior o desejo, mais irreal é a imagem que fazemos do objeto de desejo; porque o desejo ilimitado deforma a percepção e cada vez mais longe da realidade, o resultado será uma forte decepção quando a projeção se dissolver. Se o desejo faz parte do nosso ser humano, como torná-lo uma vantagem? _Escolhendo qual o objeto do nosso desejo. Pode ser por exemplo o desejo ao bem estar de outro ser através por da pratica de uma ou mais das 4 generosidades: *dar apoio material *dar proteção *ensinar o que sabe *dar aceitação Ou • Dar apoio material, sem te fazer falta; por isso não se empresta, se dá. • Dar proteção para aliviar os medos. • Ensinar o que sabe de sua própria experiência e não se omitir. • Aceitar sem julgar, sem precisar concordar. E...a maior generosidade de todas: ajudar a pessoa se sentir livre. “A quantidade de felicidade que você tem depende da quantidade de liberdade que você tem no seu coração” ThichNhatHanh

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Quando o complexo de inferioridade aparece...

“A compreensão da ausência de liberdade do outro quando se mostra agressivo vai nos impedir de rejeitá-lo. Ao contrário, teremos por ele muito mais compaixão e desejaremos, caso não possamos ajudá-lo neste momento, poder fazê-lo no futuro.” Bokar Rinpoche Ouvindo a queixa de uma conhecida sobre como resolver a vigilância permanente do marido recorri às lembranças dos ensinamentos... O complexo de inferioridade costuma ser o responsável principal pela necessidade de submeter outros aos nossos caprichos: é a sensação de sentir-se menos, buscar se defender para escapar de emoção perturbadora. Nessa busca as pessoas se transformam em ciumentos neuróticos. As desconfianças do vigilante neurótico é sintoma de que está havendo um vazio na vida que precisa ser preenchido, a falta de um projeto pessoal significativo; pode ser também o sintoma de que uma das áreas de sua vida perdeu dramaticamente o poder. O complexo de inferioridade pode ser explícito mas comumente vem disfarçado com outras mascaras conhecidas: a postura de superioridade, o desconfiado, o bonzinho, o presenteador, o mega generoso, o perfeccionista, o autoritário, o misterioso, o justiceiro, o criador de armadilhas, o popular etc etc etc Fora que quem é portador desse ciúme doentio, deforma o que vê e o que ouve; perigoso!!! Porque a vida fica povoada por fantasmas. Busque algum exemplo que conhece (ou em que você se encaixa) e observe se compreende como o complexo de inferioridade criou esse personagem. A questão depois de compreender esse jogo de controlador e controlado é descobrir como desmontar esse teatro com COMPAIXÃO através das Inteligências ( Sabedorias); um caminho é : 1- Compreender o complexo (neurótico) do outro e o que está despertando isso nele SILENCIOSAMENTE. 2- Entender o outro no mundo dele e reconhecer seus valores. 3- Perder o medo de quem está vigiando, não se deixar ameaçar pelas dificuldades, continuar na positividade e na moralidade. 4- Tomar consciência do medo de ser abandonado, da perda ( um dia todos se separarão e saberão sobreviver por sua conta) 5- Em que momento e para que foi permitido que esse jogo fosse instalado? 6- Honrar-se, valorizar-se: as pessoas só invadem nossa vida quando abrimos a porta.Mas...as pessoas podem tentar invadir nossa vida mas não precisamos nos sentir invadidos...basta manter-se estável como se fossemos uma montanha. 7- Nossa vida é preciosa, defenda-a!!!! Mas quem vigia é quem se torna auto-vigiado....quem controla tem que se controlar......e muiiiito! Ruim para quem é controlado, pior para quem controla...piedade para todos!!!!! A liberdade é um Bem precioso e direito de todos os seres. Na verdade a questão é : somos todos filhos do desejo; desejo de ter algo ou ALGUÉM e desejos de evitar algo ou ALGUÉM..... Mas isto é uma “história” para um outro dia.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Compaixão pelos suicidas

E por outras mortes inesperadas... A gente vê as pessoas vivendo ( ou tentando viver) e não imagina o que vai no coração e na história delas, no seu isolamento. Com certeza a origem forte que leva ao suicídio é a solidão. Mas essa sensação de solidão é que precisa ser investigada;me parece, no caso de pessoas que pude acompanhar seu sofrimento mais de perto, que a insatisfação crônica era uma constante companhia. Existe um outro componente é a crença que o suicídio é uma marca de família...então as escolhas que os suicidas fazem serão para validar essa crença. Mas em todos os casos o componente de vingança está presente evidente ou disfarçado; vingança pela frustração da própria incompetência em lidar com as altas expectativas somada à magoa que culpa a família por não ter sido a família que se esperava – a família que teria que prover suas expectativas emocionais e materiais.. principalmente quando deixam as cartas e recados para serem achados após sua morte. Mas, como disse Buda: vingança é uma pedra incandescente que antes de atingir o inimigo queima nossa mão. Existe também os casos em que uma perda inesperada provoca a perda da lucidez e a confusão mental. Claro que existem encenações para impressionar; mas mesmo nesses casos o ser está em sofrimento porque quem está razoavelmente bem não quer causar sofrimento e muito menos, impressionar para resgatar sua importância. Há uma regra da vida e da ética a ser respeitada e que às vezes esquecemos: o mais forte cuida do mais fraco. Assim o caminhão tem que cuidar dos automóveis, das motos e das bicicletas. Os adultos cuidam de suas crias e das crias dos outros. O mais rico cuida do mais pobre. O saudável cuida do doente. Quem está mais forte cuida do mais fraco. Quem você cuida? Ou...por quem é cuidado? Essa regra de ouro auxilia que a vida e as relações sejam mais coerentes e compassivas. Como diz SS Dalai Lama, tanto quanto nos for possível; porque infelizmente não conseguimos resolver todas dificuldades que testemunhamos, poucas vezes somos capazes de arrancar nossos amados seres irmãos de seu sofrimento. Mas...sempre podemos esticar as mãos e ficar juntos.... Mas...se o fato se consumar e a morte for inesperada, dediquemos nossas vibrações compassivas e amorosas em forma de luzes para que acalmem e iluminem esse ser e sua passagem.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Por falar em raiva

Ciúme e inveja são filhotes da raiva e raiva embutida é..........bem esse é um assunto para um outro dia. Assim como prometido, vamos falar da raiva ou...das raivas. As sensações da família da raiva vão desde tristeza até ódio, passando pela mágoa, revolta, amargura, vingança, frustração, decepção, rancor, agressividade, vingança e ódio. Essa família está voltada para o passado; não é possível sentir raiva do futuro, do que ainda não aconteceu. Mesmo o que está acontecendo ao mesmo tempo já é passado. A raiva não é exatamente contra alguém; é contra algo que esse alguém fez, ou de uma situação específica criada. Então...alguém teve uma atitude e eu me sinto atingida porque contrariou meus interesses, minha crenças. Por isso ciúme e inveja são filhotes da raiva: contrariam nossos interesses. A raiva é sempre uma resposta do apego às nossas crenças; a gente queria que tivesse sido do nosso jeito. Sentir raiva é humano, enlouquecer de raiva é animal. A questão não é não sentir raiva. A questão está em como responder às raivas....como nos “defender” do que nos sentimos agredidos. Muito insano: o outro faz e eu que me sinto agredido – como construir uma distância ? Existem respostas externas: responder, desabafar, disfarçar, chorar, devolver a agressão, armar uma vingança, ironizar, usar o sarcasmo etc Existem respostas internas: engolir a raiva, deprimir, se isolar, adoecer e o pior, desorganizar a mente. As neuroses, obsessões, psicoses etc têm uma grave componente de raiva embutida. A raiva é uma loucura inútil. Até na justa indignação é preciso se manter estável na firmeza para incentivar mudanças. A saída é mais do que aceitar as incoerências, mais do que ter paciência, é desistir das crenças; é escolher se libertar das nossas razões. Abandone as certezas! Aproveite o tempo precioso que a vida está te dando; não desperdice energia, não vale à pena. Use a Energia e teu Tempo para algo mais interessante e útil. Porque... tudo está certo, mesmo que eu não entenda.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

É ciúme...é inveja...

A mãe diz que a filha tem ciúme do irmão...mas não é ciúme: é inveja da atenção que ela dá pra ele. O funcionário tem ciúme do colega com o patrão , não é ciúme: é inveja do cargo que o colega conseguiu.. Inveja e ciúmes são emoções bastante perturbadoras, é bastante sofrido conviver com elas. Ciúmes e inveja são emoções infantilizadas, mas...elas existem de verdade; que o diga quem já sentiu! A inveja se confunde com ciúme porque sentir inveja é uma emoção muito desqualificada pelas nossas tradições. Então a inveja é vivida na surdina, num lugar secreto ,mascarada. Tem aquela chamada inveja branca, nome errado para a admiração. Ciúmes e inveja são 2 emoções perturbadoras, venenos mentais ou delusões para a filosofia budista Fora que ciúmes e inveja nos deixam super frágeis!!!! Se é ciúme, a gente tenta amarrar o objeto de desejo, e vai enchendo a vida de nós; e as cordas vão ficando cada vez mais pesadas. Principalmente porque quando a gente carrega uma corda cheia de coisas e pessoas presas é preciso controlar para não perder. E...quem quer controlar, fica cada vez mais controlado. O ciúme vai desde o lápis preferido até o amor que deita na mesma cama e os filhos que demos ao mundo. Quando não conseguimos nos livrar do ciúmes, na maior parte das vezes é porque ele não é ciúmes é inveja. Se é inveja, é a incompetência pessoal para conquistar o que o outro conseguiu, ou a vida proporcionou para o outro. Porque quando a sensação é agradável, admiramos os sucessos dos outro sem dor. A inveja é uma bebida com sabor amargo, um complexo de inferioridade silencioso muitas vezes disfarçado em complexo de superioridade ou do personagem da vitima depressiva ou eufórica. Até a doença que dá ibope desperta a inveja,ex: alguém conta sobre sua dor de dente e ao invés de nos interessarmos por sua historia ,contamos sobre os nossos casos com dentes... Ou seja, tanto o ciúmes ou a inveja , refletem nossa preocupação de deixar de ser o foco das atenções, a necessidade neurótica de mostrar a nossas importância e o nosso suposto poder. Mas uma coisa é certa: o ciúmes e a inveja roubam a liberdade e a leveza do ser; maltratam bastante. Saber distinguir quando sentimos ciúme ou inveja ajuda a encontrar o antídoto certo: para o ciúmes é , aproveitar a companhia e aprender a ser livre , dar liberdade e desistir de controlar. Para a inveja é não ter medo de se alegrar pelas conquistas , sucessos e a sorte dos outros. Essas 2 emoções perturbadoras constroem os jogos de manipulação para tentar a sobrevivência mas são um terreno de areia movediça: quanto mais armamos o circo mais dependentes ficamos. Para as duas emoções venenosas o antídoto é prestar atenção no que está não no que falta (ou faltará) e desmoralizar as carências. Porque afinal morreremos sós e desprovidos... será o ciúmes e a inveja distrações para disfarçar o final das historias? Por que colocar tanto poder nas coisas e nas relações, a ponto que elas nos ameacem? Conseguir se sentir feliz por dar autonomia aos outros e aceitar as mudanças é libertador!!!! Encontrar em nós a generosidade de se alegrar pelos outros é libertador também!!!! Mesmo porque o que vemos no outro é o nosso reflexo!!!!! Ciúme e inveja são filhotes da raiva e raive embutida é..........bem esse é um assunto para um outro dia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Os 8 símbolos auspiciosos do Budismo

O Budismo tibetano pertence a uma cultura bastante colorida, qualidades antropomorfizadas ( os aspectos humanizados de deidades) e repleta de símbolos com a função de nos relembrar do potencial de uma verdadeira mente desperta (lúcida) e livre. Existe a realidade absoluta permanente, onde residem as sabedorias e a realidade relativa – a que vivemos, impermanente, repleta de mudanças, sustos e desafios. Os 8 símbolos auspiciosos abaixo inspiram e falam dos “meios hábeis” para conviver positivamente com a realidade relativa em que estamos imersos e descobrir aspectos positivos nas negatividades; através de uma postura mental estável, evitar que elas “roubem” nosso poder interno. Compartilho abaixo o interessante trabalho que conheci. POR LEONARDO OTA Quando fui ao templo do CEBB em Viamão/RS, fiquei muito curioso ao ver oito símbolos pintados e esculpidos por todo o templo e resolvi pesquisar o seu significado. A seguir você verá o significado de cada um deles. OS OITO SÍMBOLOS AUSPICIOSOS O Guarda-sol: O guarda-sol é o símbolo da dignidade real e proteção contra o calor do sol e representa proteção contra o sofrimento. Dois peixes dourados: Os dois peixes eram originalmente um símbolo do rio Ganges e Yamuna, mas passou a representar a boa sorte em geral, para os hindus, jainistas e budistas. Dentro do budismo também simboliza que os seres vivos que praticam o darma não têm medo de se afogar no oceano de sofrimento, e podem migrar livremente (escolher seu renascimento) como um peixe na água. A Concha: No budismo, uma concha branca representa o som do darma despertando os seres da ignorância. A Flor de Lótus: O lótus está enraizado na lama profunda e seu caule cresce através da água turva. Mas a flor se eleva acima da sujeira e se abre ao sol, linda e perfumada. No budismo, o lótus representa a verdadeira natureza dos seres, que se levantam através do Samsara para a beleza e clareza da iluminação. Veja o significado das cores: • Branco: Pureza mental e espiritual • Vermelho: O coração, compaixão e amor • Azul: Sabedoria e controle dos sentidos • Pink: O Buda histórico • Roxo: Misticismo A Bandeira da Vitória: O estandarte da vitória significa a vitória do Buda sobre o Demônio Mara e sobre o que Mara representa – a paixão, o medo da morte, o orgulho e a luxúria. O Vaso: O vaso do tesouro está cheio de coisas preciosas e sagradas e, não importa o quanto são retiradas, ficará sempre cheio. Ele simboliza vida longa e prosperidade. A Roda do Darma: A roda de Darma, também chamado de Dharma-chakra ou Dhamma Chakka, é um dos mais conhecidos símbolos do budismo. A roda tem oito raios e representando o Caminho Óctuplo. Segundo a tradição, a Roda do Darma foi girada pela primeira vez quando o Buda proferiu seu primeiro discurso após sua iluminação. O Nó Infinito: O nó infinito, com suas linhas fluídas e entrelaçados em um padrão fechado, representa a origem dependente e a inter-relação de todos os fenômenos. Significa também causa e efeito da união de compaixão e sabedoria. Referência: The Eight Auspicious Symbols of Buddhism POSTS ANTIGOS ________________________________________ AUTHOR LEONARDO OTA Sou instrutor de meditação, Lamtonpa (instrutor facilitador) da Linhagem Drukpa Brasil orientado pelo Lama Jigme Lhawang. Criador e editor do site Sobre Budismo. Estudante de caligrafia e língua tibetana. Meu principal interesse é como podemos criar bem estar e felicidade em nossas vidas através do cultivo de um bom coração.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Vivemos num mundo de sonho?

Ou seja, vivemos na ignorância do que está por trás as realidade por isso muitas coisas da vida nos parecem incoerentes. O principal objetivo da psicologia budista é nos ajudar a ver com clareza, despertando a lucidez. Quando estamos perdidos na ignorância é difícil perceber até mesmo as verdades mais óbvias; imagine as coisas mais complicadas? As atitudes mais loucas? Vivemos na superfície e tomamos as ilusões superficiais como realidade. Nos fixamos às impressões dos sentidos – mas isso é apenas a primeira camada enganosa sobre a verdadeira natureza das coisas. Podemos embarcar numa ilusão e viver por aí durante um longo tempo. Quando conhecemos os mecanismos da mente, seus jogos e superamos as ilusões aparentes, nossa vida se transforma; os medos se dissolvem, a valentia surge. Sempre que nos sentimos incomodados e perturbados por raivas, ansiedades, inveja, confusões, culpas e outros medos estamos mergulhados na ignorância: à medida que investigamos a origem dessas situações com calma elas vão perdendo a força. A ignorância é responsável pelos sofrimentos. A ignorância nos enfeitiça. Esse exercício de busca de lucidez é libertador. O primeiro passo é olhar atentamente o que nos perturba, com curiosidade, as situações que nos perturbam. Qual medo está gerando isso? A vida nos distrai cada vez mais, na correria, nas solicitações, nas ofertas, nos perigos imaginários e reais além de todas a dependências a que vamos nos submetendo. Enquanto não aprendemos a sentar, silenciar e repousar na nossa consciência livre, as situações externas vão gerenciando nossas escolhas. Essa possibilidade de silenciar, se libertar e ficar nesse espaço livre, cria a possibilidade da lucidez, devolve a autonomia. Silenciar, ficar livre dos “tem que”, das opiniões, das obrigações, descansar nesse espaço livre, na espacialidade sem tempo e sem medos é experimentar viver sem stress e ganhar espaço mental para despertar lucidez.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Nova Terra de um Lama Tibetano - o filme

Rodando pelo youtube atrás de ensinamentos de Mestres Tibetanos encontrei um lindo filme com Chagdu Rinpoche, Lama Tibetano, (Mestre de Lama Padma Santem) sobre sua vida e sua chegada para fixar residência no Brasil em 1995 na cidade de Três Coroas no Rio Grande do Sul depois de 17 anos ensinando na Califórnia. Meu primeiro contato real com o Budismo Tibetano foi durante uma palestra de Chagdu no Memorial da América Latina no início da década de 90; depois encontrei o Reiki, arte de cura budista e outros caminhos que me levaram de volta aos estudos budistas tibetanos incentivada pelo meu genro Beto em 2000 de onde não me afastei mais. Felizmente hoje é possível com mais facilidade encontrar inúmeros livros, filmes, ensinamentos curtos e longos no Youtube além de visitar Mestres , Centros de Dharma e terras onde se pratica o Dharma de Buda. Há varias definições sobre felicidade, parece que até uma para cada pessoa; na filosofia budista felicidade é lucidez, o objetivo principal é conhecer a verdadeira natureza da mente. Da lucidez brota naturalmente a compaixão por todos os seres, nas nossas e nas suas “confusões” de sofrimento, da insatisfação, resultados da ignorância sobre a verdadeira natureza livre da mente. A compaixão é a natureza desperta ( lúcida) da mente. Nessas andanças pela internet encontrei esse filme inspirador de meia hora , A Nova Terra de um Lama Tibetano. É desse filme que tirei as palavras Chagdu Rinpoche para compartilhar com você: “Olhando nossa própria vida percebemos as mudanças o tempo todo; nós agora temos um corpo precioso e cada dia deveríamos nos regozijar com isso. Do nascimento à morte nada é permanente; portanto devemos usar esse corpo de maneira grandiosa, interrompendo ações negativas e procurando ajudar os outros. Essa é a fonte de felicidade futura. A natureza de todas as experiências que nós vivenciamos é ilusória, é como um sonho; por isso podemos aceitar tudo que surge. O propósito de nossa vida é revelar nossa verdadeira natureza que é imutável, podendo assim ir para além do sofrimento. Pensemos sobre isso muitas e muitas vezes; e rezemos para alcançar esse estado de revelação de nossa verdadeira natureza. Dediquemos todas as ações positivas realizadas para o benefício de todos os seres.” Como sugerem os Mestres, não importa qual for sua fé visualize um ser que seja para você objeto de devoção, um santo, uma santa, Jesus, Buda, uma Deidade...um Ser totalmente compassivo e sábio por quem você se sente acolhido e que possibilite manter a motivação de compreender , beneficiar os seres, evitar prejudica-los e ajuda-los a encontrar suas respostas. Que esse Ser derrame sobre você suas bênçãos em forma de luzes muito brilhantes para que você nunca se esqueça de seu compromisso solidário. E, como lembra Chagdu Rinpoche em “Portões da pratica Budista”: que todas as pessoas que te virem, te ouvirem, te tocarem ou se lembrarem de você possam ser beneficiadas através por essas luzes também. Sinta-se grato por você ter tido a oportunidade de encontrar respostas, inspirações e caminhos de serenidade enquanto tantos seres estão aflitos e mergulhados em duvidas e enganos.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A magia da purificação

É um tema que atrai; por que será? Acreditamos que somos errados, que somos impuros...qual a real motivação para origina a vontade de participar de rituais de limpeza? Seria o medo de ser castigado pelos enganos? ...estar ameaçado pela fragilidade humana? ...seriam nossas imperfeições “os pecados” que tornam os inimigos invisíveis? ...seríamos tão coitados que nos deixamos seduzir rapidamente pelas purificações....? ...será que os rituais propiciatórios - purificar para garantir sucessos – crenças mágicas? Mas...mágica e milagres são apenas os nomes que damos para resultados que não compreendemos. Bem...Purificação na filosofia Budista é o processo ( meditação) que desenvolvendo a concentração – sem conotação religiosa ou moral – resulta num processo de relaxamento do corpo e da mente diferente do que entende a psicologia ocidental. Como explica o mestre budista Jack Kornfield em seu livro “Psicologia do amor”: “a purificação significa a libertação da tensão, conflitos, distração, tristeza e ansiedade. A maneira mais fácil de entender isso é tentar manter firma a concentração por apenas 10 minutos;...dirigir a atenção para se concentrar na respiração ou numa imagem inspiradora. ...quando tentamos nos concentrar na meditação, nossos pensamentos, conflitos, planos e questões emocionais pendentes irão interferir. A purificação vem da libertação deliberada de cada uma dessas distrações até que a mente se estabilize e se acalme, satisfeita e firme.” O processo de reconhecimento das distrações, pode não ser imediato mas à medida que treinamos esse tipo de meditação nos sentimos libertos de seus domínios – purificados, ou seja, mais imperturbáveis. Nesse processo de estabilização “sentimos” uma luz interna libertadora que devolve a estabilidade e a desobstrução dos caminhos e de uma melhor compreensão dos mistérios da vida em estados profundos de silêncio, uma serenidade imperturbável. Completa Jack Kornfield: “A concentração é um passo poderoso na jornada, um modo importante de aquietar a mente, abrir o coração e descobrir a liberdade.” Diz Chagdu Tulku Rinpoche em seu importante livro “Portões da Pratica Budista”:”purificar o carma por meio de prática espiritual não exige que deixemos para trás nossa vida mundana. Antes, ao integrar a prática de nossas atividades do cotidiano, repousando na verdadeira natureza da mente, podemos purificar todo nosso carma acumulado, em uma só vida”.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Saudade de quê?

Saudade é uma palavra que sugere um montão de lembranças, na maioria das vezes ( não me lembro de nenhuma vez que foi diferente) melancólicas. Penso sobre isso porque ouvi o violonista Yamandú Costa definir: saudade é uma dor que se acomoda. Decidi fazer uma lista das minhas saudades para entendê-las porque uma dor que se acomoda está prontinha para ser despertada....perigo à vista. Bem...sinto saudades de coisas boas , como se fossem lembranças emolduradas. Porque se forem saudades de coisas tristes não são saudades, são remorsos, contrariedades, carências, insatisfações etc. Na minha lista foram aparecendo: Saudades da luz e da paz de Campos do Jordão Saudades da comida da minha avó espanhola Saudades da inteligência curiosa da minha avó portuguesa Saudades das travessuras que fazia com meu avô Saudades do silêncio do claustro do colégio em que me criei Saudades da consideração que recebi de Mestres queridos ................ Agora, Você continua a tua lista! Ops...veja e observe se concorda comigo: parece que todas essas saudades foram situações com pessoas, lugares e descobertas em que a nossa verdadeira natureza livre, pacífica e alegre se manifestava. Então, saudade não precisa ser dolorida; ao contrario ela é o sinal de como, onde e com que tipo de pessoa nossa verdadeira natureza se manifesta. Revisitar saudades pode se transformar num exercício divertido para revisitar os lugares onde nossa luz brilhou e ser uma dica de como reacende-la quando se apagar: transformar a dor no peito que prende a alegria numa ausência serena e inspiradora. Porque afinal....nossa preciosa vida é agora.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Dificil se defender

No susto com o final do sonho (????) do hexa brasileiro me lembrei das vezes que eu também cai em “roubadas”. Foi por ignorância? Com certeza! Foi por ingenuidade? Com certeza também. Sabe porque lembrei dessas “escorregadas”? Foi porque não tive a capacidade me defender, na prepotência de acreditar que iria mudar a situação, da falta de visão, da falta de humildade de reconhecer que o “inimigo” era mais forte...enfrentei e me danei. Só não me machuquei mais porque acredito que fui “protegida” pelas energias universais que se apiedaram da minha ingenuidade, ou foi por sorte mesmo. Porque.... ingenuidade é burrice, é falta de lucidez, é infantilidade. Quando a França levou o primeiro gol da Alemanha, ela percebeu seu tamanho e o que estava por vir, se trancou e evitou a humilhação de mais outros tantos gols. Brasil levou o primeiro, o segundo e... resolveu vencer o inimigo....total “sem noção do perigo”. O dia que reconheci na minha história a menina, a adolescente, a jovem e a mulher desprotegidas que fui... correndo riscos, viajando na solidão dos sonhos de felicidade, das promessas ilusórias...num exercício de auto-bondade consegui trocar as culpas por uma profunda compaixão. E é com essa compaixão que hoje olho para quem também está nessa “viagem” iludida. Essa capacidade de se defender para evitar o pior não é uma visão pessimista, é uma visão amadurecida e realista. Chega de romantismo ! chega de acreditar que as vacas podem voar! Aprender a se defender e como se defender com inteligência e autorrespeito é uma arte. Se o inimigo é mais forte, reconheça, recue e pense numa nova rota, numa nova abordagem ou aprenda a entregar o troféu para o inimigo; ....às vezes é preciso.... Jogos são apenas jogos, sem drama!!!! Mas nossa integridade moral e física faz parte de construir e manter nossa vida preciosa!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mudanças....tapetes desfeitos

Chegou o momento de desfazer o apartamento de minha mãe...uma parte para cá, outra para lá, descobertas, duvidas, caixas e caixas, leilões....divisões....doações....prazos terminando. Fico olhando o tapete da sala, e retornam as memórias afetivas, algumas nem tanto... Tapete tão pisado nas comemorações, nos encontros e desencontros, chegadas e partidas, expectativas e sustos – ainda bem que não fala; bem...pelo menos... não escuto nada. Agora apenas um tapete solitário que será comprado por outra pessoa que se afeiçoará por ele da mesma forma que um dia seduziu minha mãe e será pisado em outra casa. Um grande tapete florido rosa de seda que uma família, no longínquo oriente, teceu durante meses ...fio por fio, nó por nó. Fico olhando o tapete da sala e pensando que as memórias guardadas em milhares de fios também se dissolverão da mesma forma que, se os fios começassem a se soltar, seria apenas um amontoado de linhas coloridas e não guardaria nem de longe a memória da beleza deste tapete. Fico olhando o tapete sendo enrolado...os moveis vão sendo levados e a impressão que dá é a mesma do tapete sendo desfeito; não é apenas uma mudança, é um lar que está se dissolvendo, que cumpriu sua história. Agora essa casa será palco de outras histórias. Esses moveis servirão outros amores , outras crianças, outros avós e outras festas. Assim sou eu, assim é você, assim é tudo e todos: partes juntas que se forem separadas não são o todo. Todos e tudo surgem, fazem história, se desfazem na leveza do tempo e aparecem de outro jeito – a cada dia, a cada ano a cada vida – apenas não percebemos de forma tão nítida. É a beleza da possibilidade da mudança, que só a impermanência pode nos presentear: a possibilidade da renovação. O lugar onde todos esses movimentos, positivos, indiferente ou negativos, acontecem e são acolhidos é o ESPAÇO: o único lugar permanente, o ETERNO ABSOLUTO, o Silencioso Campo Primordial – ou se for mais fácil para compreender....DEUS.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Um truque para serenidade

“ a liberação vem pelo riso”, diz o Lama. Mas como será que isso ocorre? Pela filosofia budista a origem das perturbações, das aflições, das confusões são as fixações (apegos). Qualquer apego torna-se neurótico quando ele é um desejo ilimitado. Na insegurança, nas ansiedades o apego, o desejo ilimitado, a fixação é ao controle. Quando sorrimos, a insegurança perde a força. Experimente sorrir com os olhos brilhantes e sentir medo...ao mesmo tempo. Nas raivas, nas frustrações, o apego, o desejo ilimitado, a fixação á às próprias crenças ( tinha que ser do meu jeito). Quando sorrimos sem ironia não há raiva que resista. Experimente sorrir com olhos brilhantes e sentir raiva....ao mesmo tempo. Nas dependências, o apego, o desejo ilimitado, a fixação é algo(vicios) ou alguém(submissão) externos. Quando sorrimos, a autonomia desperta e as dependências, as forças externas perdem o poder. Experimente sorrir com olhos brilhantes e ficar invejoso...ao mesmo tempo. Nas culpas, na vaidade, nas mentiras, no orgulho, o apego, o desejo ilimitado, a fixação é à própria imagem, para nos defender. Quando sorrimos mostramos a nossa naturalidade e as mascaras caem. Experimente sorrir com os olhos brilhantes e sentir culpa e vergonha...ao mesmo tempo. Na solidão dos julgamentos, das separações, o apego, o desejo ilimitado, a fixação é aos nossas fronteiras. Quando sorrimos os muros caem e os amigos se aproximam. Experimente sorrir com olhos brilhantes e reclamar...ao mesmo tempo. impossível sorrir e manter as emoções perturbadoras ao mesmo tempo. Então...já que “ a liberação vem pelo riso”, Sorria e faça sorrir!!!!!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Naikan, uma terapia budista

Naikan é uma terapia budista que coloca a gratidão como uma forma de curar tensões, ansiedade, depressão e outras neuroses. O exercício é rever vagarosamente as diversas etapas da vida e oferecer gratidão a tudo que nos foi dado. A abundância, a prosperidade estão ligadas ao senso de gratidão. Sra. Takata, Mestre de Reiki que trouxe essa “arte de cura” para o ocidente, a cada vez que alguém chegava com alguma queixa, ela pedia que primeiramente a pessoa escrevesse uma lista com 10 coisas que tinha para ser grata na vida. A questão é que a gratidão está diretamente ligada a generosidade. E generosidade está diretamente ligada à diminuição do desejo ilimitado. O desejo ilimitado está diretamente ligado à avareza. A avareza é um dos obstáculos mais graves na manutenção da abundância e da prosperidade; porque... na avareza existe a crença que as coisas nos escaparão, a sensação da pobreza iminente. Surge a pergunta: onde nasce o medo de ser pobre? Com quem ou onde esse medo foi aprendido? a pobreza parece uma maldição... O medo da pobreza faz brotar a sensação de incompetência para recomeçar – seríamos assim tão incompetentes?ou...isso faz parte de armação consumista? Quando a mente se liberta dos desejos ilimitados nas atitudes de gratidão ela aprende a sentir a abundância – é uma postura próspera: os medos se dissolvem e é mais fácil de fazer escolhas prosperas e positivas. A gratidão, é um tipo de generosidade que também pode ser compartilhada num sorriso, numa escuta silenciosa, num toque caloroso. Gratidão é um dos antídotos dos medos; experimente! E a roda gira !!!!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Meditação...pra que?

Sentamos, imobilizamos, atenção...e...nada acontece.... A questão é que a meditação não é um fim nela mesmo; a meditação é uma parte do caminho. Vamos para o início: Vivemos seduzidos, indiferentes ou com aversão às situações, às relações etc; esses objetos vão conseguindo poder sobre nossas escolhas e orientações. Ouvimos criticas e nos aborrecemos: alguém fala e nos sentimos atingidos – mas é apenas uma boca falando, se tivesse falado numa língua estranha nada aconteceria dentro de nós... As coisas surgem na nossa mente, interpretamos e damos vida a elas. Vida e poder;mas... esse poder é ilusório. Nossa energia anda de acordo com esses impulsos automáticos; esse automatismo que rouba nossa liberdade. Não queria comer e...comi, não queria ir...e fui, não queria desejar...mas cai na armadilha da carência, não queria sentir raiva...mas fiquei a revolta tomou conta de mim, queria calar...mas falei, queria sorrir...mas a insatisfação me afundou...queria aceitar as incoerências...mas as duvidas me tiraram a segurança ...enfim ... sem estabilidade, aprisionados. São nossas respostas automáticas, os impulsos automáticos, a responsividade. São eles os responsáveis pela falta de lucidez. São impulsos automáticos gerados pelos obscurecimentos mentais (ignorância), fixações (desejo/apego), emoções perturbadoras e marcas mentais dos condicionamentos. Quero minha liberdade de volta!!!!! Pra isso meditamos; imobilizando, com atenção à respiração, apenas observando os ruídos, sentindo o peso do corpo, o relaxamento, o calor e ao mesmo tempo mantendo a vivacidade pela oportunidade desse momento SILENCIOSO. Nesse exercício de meditação no SILÊNCIO, na imobilidade de ações, de respostas, de pensamentos treinamos criar espaço entre as situações e nossas reações automáticas. Nesse espaço criado será possível colocar as inteligências,as Sabedorias para se relacionar com as pessoas e com o mundo e.. nos tornarmos verdadeiramente agentes de nosso próprio caminho na vida para conseguir conviver com as contradições do Samsara. Nesse espaço silencioso, livre existe um princípio ativo inteligente. Sabedorias para lidar com a vida: acolher as pessoas no seu mundo (sabedoria do espelho), nos alegrarmos pelas realizações dos outros (sabedoria da igualdade), capacidade de transformar o negativo em positivo (sabedoria da causalidade), compaixão com lucidez (sabedoria discriminativa)e a liberação (sabedoria de darmata).

sábado, 7 de junho de 2014

Filhos especiais...que dificil.....

Os bebes nascem; corremos para o berçário descobri-los. Meu pai logo contava os dedinhos dos filhos e dos netos recém- nascidos além de observar se os olhinhos seguiam os objetos. Mas... às vezes as coisas não correm da forma esperada e chegam filhos especiais. Especiais porque o corpo teve alguma “traição” biológica ou especiais porque alguma parte do cérebro está adormecida por algum tipo de marca mental. Eles podem ser notificados ainda pequenos, às vezes só aos 18 anos ou aos 30. Primeiro os sustos, depois as hipóteses, as intermináveis visitas aos médicos, os comentários, os olhares estranhos, a negação ...a escola que alerta para as diferenças, os atrasos, o estranhamento, o distanciamento etc. O que fazer? Como tratar? Qual caminho eleger? e....como será o futuro desse ser? Quem irá ampara-lo? Quem passa de perto por uma situação assim entende e sente realmente o que estou dizendo. Penso também que os pais de filhos que se perdem nos caminhos da vida também carregam esses sofrimentos sem voz. O primeiro passo com certeza é acolher a dor e o susto com compaixão por si próprio, pedir ajuda e informação nos grupos especializados de apoio onde é possível encontrar outras famílias buscando soluções e oferecendo sugestões. Poder frequentar um grupo que tem como objetivo o beneficio desses seres dependentes é imprescindível para amenizar a solidão dessas descobertas. E nesse convívio poder ser útil a outras mães e pais. A vida continua e é importante não se abandonar ( até buscar terapia) e não abandonar os projetos pessoais, tanto quanto possível... Lembro quando minha prima há mais de 60 anos descobriu o filho com um grave problema neurológico e como não achasse um instituto para cuidar dele aqui no país, fundou com outros pais e mães a APAE do Brasil. Carlos Eduardo morreu há alguns anos, seu processo era degenerativo, mas durante algum bom tempo ele pode usufruir desses serviços – no entanto outras milhares de crianças especiais estão tendo uma vida digna. Outras instituições para outros quadros também foram criadas nessa motivação. Por que essas coisas acontecem???? Quem foi o responsável? Buscar essas respostas talvez seja a perda de um tempo precioso. Talvez uma pergunta melhor seja: “para que essa criança veio nos visitar?” “As pessoas em qualquer situação estarão sempre com o aspecto secreto, que é condição natural da mente, intacto. Nenhum dos seis bardos afeta a condição primordial e portanto não condicionada da mente. Assim, o aspecto mais profundo dos seres está sempre intacto. Com respeito ao aspecto grosseiro, que é funcionamento da mente acionado pelos sentidos físicos e memórias neurais, isso pode estar parcialmente ou totalmente prejudicado. No aspecto sutil, que são os condicionantes que atuam internamente segundo os quais a mente cármica atua, esses seguem vivos e atuantes em qualquer dos bardos, em qualquer situação.”( parte da orientação recebida do Lama para o acompanhamento de minha mãe que serve par todos os seres) Na filosofia budista existe a pratica de tomar votos, ou seja, manter o compromisso de beneficiar os seres. Esses votos são tomados diariamente, nas praticas, nos casamentos....na vida. São votos leigos para manter um bom coração e conseguir dar alívio aos seres e fundamentais nos cuidados de um filho especial. Nas palavras de Lama Padma Samten: *entender o outro no mundo dele. *se alegrar pelo que acontece com o outro. *evitar se perturbar com as coisas negativas que venham a acontecer e compreender o aspecto cíclico da realidade. *manter-se fortalecido e produzindo ações positivas. *manter o refúgio na natureza primordial onde não há diferenças entre os seres. *manter o olhar de Vajrasatva – no sentido de qualquer coisa que acontecer temos o poder de transformar numa vantagem, numa coisa positiva. *manter a visão de Tchenrezig que é a alegria de beneficiar os seres, olhar de compaixão e se colocar no lugar onde o outro está. *manter a visão do Buda da Medicina, tentando manter nossa vida preciosa e viver de forma saudável. *não tentar mudar o outro; a gente o acolhe no lugar onde ele está e vi usando a inteligência que brota no nível sutil e vai ensinando pelo exemplo, testando vários modelos. *vai compreendendo a inteligência do outro e se enriquecendo através de sua inteligência. *as situações difíceis são um bom momento para treinar as 6 perfeições: paciência, generosidade, esforço constante, respeito, concentração ( meditação no silêncio é super importante)e a noção de interdependência. *não esperar que o outro seja responsável pela organização da nossa energia *fazer brotar a Energia ( entusiasmo e alegria) de forma autônoma *passeios junto à natureza são super nutritivos e organizadores.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sobre o perdão

"Ninguém e nada pode libertá-lo, apenas o seu próprio entendimento." Ajahn Chah Outro dia alguém perguntou qual a definição do Budismo para perdão; então vamos refletir juntos... Parto do princípio de que todo o sofrimento surge do apego ao eu (ego), da importância dada a uma identidade. Olho para a finalidade principal do caminho budista : a felicidade gerada pela liberação das fixações, dos apegos, dos desejos ilimitados e o despertar do olhar solidário. Qual seria o lucro do perdão? Se livrar de um peso, se libertar e seguir em frente. Então.... não perdoar e/ ou não se sentir perdoado é manter a escravidão, não permitir a felicidade nem de um nem de outro. – uma grande vingança!!! Existem 2 lados na atitude que é chamada de perdão, o lado de quem perdoa e o lado de quem quer ser perdoado. Do lado de quem perdoa parece existir uma atitude de superioridade do Ego que concede o perdão, como se fosse proprietário da liberdade do outro, ou dos outros, dono de um poder imaginário de ofendido, se sentindo um ser especial que não poderia ter sido magoado. Do outro lado está o ofensor, o coitado se desculpando, a vitima esmolando um perdão, colocando um poder imaginário em quem ofendeu... para conseguir seguir em frente, como se fosse mágico... Sem contar no ”perdoar-se” recoberto por uma grossa camada de culpa. Um dos conceitos mais difíceis para SS Dalai Lama entender quando começou seu contato com o ocidente foi o de culpa; comentava ele: “como é possível alguém não gostar de si mesmo????” Se nos enganamos é porque anda não aprendemos ou não conseguimos fazer, então por que se castigar com culpas e penalidades? Ainda mais... se pensamos que muitos valores e regras são culturais....e relativos a uma determinada época... Que jogo de manipulação!!!!! Culpados e inocentes. Não existem culpados e inocentes...todos somos responsáveis pelo que nos acontece e pelo que fazemos. Esse jogo de perdoador e perdoado parece um capítulo romântico de pais e filhos, patrão e empregado, senhor e escravo, superiores e inferiores. Melhor seria uma postura adulta responsável de assumir os efeitos das ações e resolver as tensões nas relações que possam acontecer voluntaria ou involuntariamente. Como lembra Lama Padma Samten: “uma possibilidade certamente perdedora é esperar que o outro vá fazer as coisas para que nossa Energia( impulso) se arrume;...o ponto central do nível sutil (movimento emocional) é fazer brotar a Energia lúcida e positiva de forma autônoma, gerar essa energia e irradia-la.” Num olhar budista em direção à pacificação das relações melhor seria a substituição da ideia do perdão pela atitude de arrependimento ao perceber que causamos algum prejuízo - uma ação, uma mudança real nas intenções e na motivação para beneficiar os seres: *reconhecer a ação desvirtuosa (“matar” a vida, roubar, agredir fisicamente, mentir, separar, agredir,fofocar, enganar, invejar e ser avarento) – ações que fazemos e imaginamos proteger nossa própria vida e interesses mesmo que machuquem outros seres. * perceber qual medo gerou a atitude egoísta e se arrepender por ter gerado sofrimento – SEM DRAMAS. * usar as Inteligências (Sabedorias) do nível sutil (compaixão = empatia +igualdade +capacidade de agir +lucidez +capacidade de liberar) para tentar não repetir o engano, procurar descobrir um comportamento mais sereno para o futuro. Tudo com delicadeza...porque a vida tem momentos difíceis para todos. E ...se não der, tentar outra vez...tanto quanto for possível, dentro dos limites de cada um.

domingo, 25 de maio de 2014

Onde você se refugia?

Último capítulo Este é o 36º e último passo, dos 14 capítulos, que encerra o Ciclo de Estudos da filosofia budista em 2013/4. Este passo inclui o importante tema de Tomar refúgio e um “resumo da história” com a montagem de uma tabela prática nos anexos. Aproveito aqui para pedir desculpas por possíveis enganos, agradecer sua companhia, a oportunidade que tive durante os estudos para aprofundar os ensinamentos e dedicar a todas as direções, principalmente, nos lugares de conflitos, a energia positiva gerada por este trabalho de buscar atitudes de não violência e lucidez que fizemos durante 9 meses. Onde buscar refúgio As praticas budistas basicamente se compões de 4 etapas: *Refúgio *Concentração ( meditações) *Purificação (reconhecimento do engano, arrependimento, reorientação de compromisso pela reconexão com divino solidário) e gratidão. *Dedicação ( em todas as direções do esforço realizado através das ações de corpo, palavra e mente para que energia positiva não se perca) Vicktor Frankel ´, escritor e psicoterapeuta, é sobrevivente dos campos de concentração; ele conta que, pela sua observação, nos campos de concentração a maioria dos que escaparam da morte foram os que tinham uma razão de vida para eles e para outros. Nós também somos sobreviventes em meio a varias questões e desafios que vida nos coloca e ter uma razão pela qual viver nos apóia, impulsiona e, principalmente, orienta. Na psicologia budista esse procedimento tem o nome de “tomar refúgio”. “O Refúgio nos sustenta durante as alegrias e tristezas, perdas e ganhos; no refúgio reafirmamos nossa conexão com o sagrado do mundo”, diz o estudioso budista Kornifield é dele também, a explicação abaixo. O Refúgio orienta porque auxilia nas escolhas que apóiam as intenções e as causas. Existem pessoas que tomam Refúgio em propostas mais oportunistas, como um carro, a celebridade, a casa, os títulos, endereços, times, falsas crenças e que, com certeza, trarão profundas decepções. Tudo é uma escolha. Buda ensinava que o estudo começa por tomar Refúgio em: Buda ( modelo de liberação), no Dharma ( ensinamentos) e na Sangha ( a comunidade que busca junto) existem 3 níveis do Refúgio Budista, exterior, interior e secreto. Exterior: Buscar Refúgio na Buda Histórico, Sidarta Gautama, uma pessoa como nós que encontrou um caminho que o levou à compreensão dos fenômenos e à liberação. No Dharma, os ensinamentos sobre a compaixão, o esforço alegre, a paciência, a concentração, a sabedoria, a generosidade e a ética ( o bem comum). Na Sangha, a comunidade dos seres que despertaram ou buscam despertar seus potenciais, em busca da “iluminação”, da lucidez, da profunda compreensão. Interior: Buscar refúgio na natureza búdica (o potencial de se iluminar, de despertar) que existe em todos os seres, na verdadeira natureza de todas as coisas ( a interdepedência), no espaço vasto. com o refúgio interior passamos da comunidade budista para todos os outros seres que se consagram, dedicam-se ao despertar ( iluminação). Secreto: O mais íntimo, Tomar refúgio na consciência e na liberdade a temporais; Buda é atemporal, não nascido, não associado a um corpo. Buda é o fundamento de todos os seres é a realização da verdade espiritual imutável. Buda é nossa verdadeira moradia, nosso lugar eterno. O Dharma secreto é o refúgio silencioso que nos conecta à liberdade eterna onde reside a origem luminosa de tudo. Nossa verdadeira natureza nunca nos abandona, apenas adormece. Tomar refúgio na Sangha secreta, mais interna, reconhecemos as conexões inseparáveis de todas nossas vidas. O Ritual de Tomada de Refúgio pode transformar nossa consciência. “Em Buda, no Dahrma e na Sangha, tomo refúgio até a iluminação. Com a pratica da generosidade e das outras perfeições*, possa eu atingir o estado de Buda para o benefício de todos os seres” *generosidade, paciência, esforço constante, moralidade, concentração, sabedoria, compaixão, bondade amorosa, equanimidade, e alegria.

domingo, 18 de maio de 2014

Impermanência

O texto desta última etapa," Morrer em paz" é mais do que um inteligente capítulo de Bel Cesar, é um “tratado” sobre a essência das nossas mudanças e das despedidas que somos obrigados a fazer – o que chamamos mortes. Algumas ideias importantes do texto anexo: • A morte faz parte de um ciclo infindável de mudanças. • O Budismo nos ensina a viver positivamente a vida e assim, nos prepara para a morte. • Uma mente luminosa é a que tem ausência de medo e dúvida. • O futuro é menos assustador quando sentimos a segurança no presente. • Não estamos familiarizados a contar só com nossa capacidade interna, por isso tememos a morte. • Quem sou eu, além do corpo? • Espiritualidade não é pensar em Deus ( o eterno absoluto), é sentir Deus interconectando todos os seres. • Pessoas espiritualizadas, nos momentos finais, são gratas à vida que levaram. • A gratidão é um antídoto poderoso contra a dor do apego. • Ser grato pela vida é uma forma de aceitar emocionalmente a morte. • A importância de dar uma direção à vida: o que quero? • Morremos como vivemos. • Somos pobres sentados em cima de barras de ouro, dizem os Lamas. • O medo da morte está baseado no nosso medo da solidão. • Não existem separações, apenas um modo diferente de viver cada momento. Para receber este texto escreva para artesdecura@netguest.com

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Formação dos seres

Neste mundo os fenômenos, seres de todas as espécies, contêm 5 elementos que se aglomeram e lhes dão surgimento. No caso dos seres humanos, a visão do budismo ou a hipótese budista: Vivemos em: * um corpo físico com heranças genéticas de mãe e pai biológicos compostos (resumidamente) por 5 sentidos mais o sentido das formações mentais e que abriga, além disso, varias partes liquidas e sólidas, *um cérebro , mente grosseira,que pensa memoriza e reage a partir de experiências ali gravadas desde sua concepção, * um sistema emocional, mente sutil, com condicionamentos e *uma mente muito sutil “secreta”, a consciência mais ampla ou natureza silenciosa e livre,um continuum mental, A sequencia do agrupamento dos elementos, que pela sua frequência também são identificados por cores: Num determinado espaço a energia masculina-pai e a feminina-mãe estão em atração formando um campo a energia. Através desse espaço, o movimento da atração - elemento vento verde, conduz a consciência, que está no elemento espaço azul, em direção ao ovo que foi fecundado – quando na penetração do espermatozóide no óvulo, o elemento fogo vermelho foi produzido pelo atrito. Pelo calor do elemento fogo, do vapor surge o elemento água branca, que na solidificação produz o elemento – terra amarelo. Após a fecundação, com os 5 elementos presentes, o ovo fecundado, inicia sua múltiplas divisões,e logo é possível notar o desenho da coluna vertebral,a formação do sistema nervoso e 21 dias depois acontece a primeira batida do coração quando uma consciência, no elemento espaço azul, sente-se atraída pelo campo energético existente entre um casal e se “acopla” ao embrião. Atraída = suas características ou tendências possuem semelhanças às do casal. Bem....então, no embrião estão presentes: A consciência com sua bagagem de experiências passadas e “assuntos” a serem resolvidos e os lungs O elemento terra – partes duras, como os ossos, músculos, glândulas, veias...espelhará a solidez O elemento água – partes liquidas como sangue, o suor, urina ...espelhará a flexibilidade O elemento fogo – as varias temperaturas internas e externas...espelhará a capacidade de transformar O elemento vento – os movimentos, os sons...espelhará a capacidade de expandir O elemento espaço – capacidade de acolher, simplesmente acolher como um espelho. Além disso, 3 canais sutis, envolveram a coluna vertebral durante a fecundação: Pelo lado direito o canal vermelho da energia mãe- energia bile, pelo lado esquerdo o canal masculino branco da energia pai – energia ar e pelo centro um canal branco luminoso ligeiramente azulado – energia fleuma por onde “passa a consciência” no momento do surgimento e da dissolução do corpo. Esses 3 ventos, estão presentes em todos os seres, e observando qual é mais forte fica possível identificar aproximadamente o temperamento e a forma de estabilizar e compensar o comportamento de cada um: Vento bile – pessoas mais agressivas, criticas, julgadoras e desconfiadas. Vento ar – pessoas mais apegadas, ligadas ao conforto, curiosas e generosas Vento fleuma – pessoas mais distraídas, impessoais, auto-centradas e materialistas. Esses 3 ventos são impulsionados pelas motivações de aversão, atração ou indiferença e se entrelaçam ao longo da coluna vertebral e os locais por onde se cruzam são os pontos do corpo onde estão as glândulas produtoras dos hormônios ( os chacras) A produção mais ou menos estabilizada dos hormônios será um dos responsaveis pelo campo onde acontecem as sinapses neurológicas no cérebro. As sinapses determinarão basicamente o comportamento, humores, impulsos, isto é as respostas às diferentes situações na vida. Ou...numa outra visão, as marcas mentais serão responsáveis pela característica das produções hormonais. Ou.... ambas respostas interagem. Assim: a motivação dita a qualidade de circulação dos 3 tipos de ventos – glândulas – hormônios – sinapses – comportamentos. A consciência fica guardada numa gota rosa indestrutível – tigle- na altura do coração durante a vida. Assim no momento da concepção os elementos, que também serão responsáveis pela formação dos sentidos, seguem a ordem: Elemento espaço - audição Elemento vento - tato Elemento fogo - visão Elemento água - paladar Elemento terra – olfato No momento da morte os elementos se dissolvem na ordem inversa, os sentidos são dissolvidos nessa ordem inversa, os canais se separam e o tigle -a consciência - se libera novamente no espaço através de um corredor escuro, período do bardo, em direção a uma forte luminosidade ou retorna para uma nova experiência de vida. No “Livro Tibetano do viver e do morrer” do Mestre Sogyal Rinpoche, existe a explicação detalhada desse processo. O “Eu Budista”, ou o falso eu, é formado pelos 5 agregados, skandas: o corpo, as sensações, as emoções, as formações mentais e a consciência em expansão com sementes de sabedorias e negatividades. O “Verdadeiro Eu”, é a essência luminosa, búdica, de bondade e lucidez presente em todos os seres sencientes. O caminho da expansão da consciência seria criar cada vez mais a dimensão da interdependência e a vida na vacuidade, ou seja, a percepção da não existência independente dos fenômenos, a não solidez de um Eu separado – nada existe por si só, tudo faz parte de um imenso corpo único, circular, eterno que respira – na expansão e contração - manifestando-se em ciclos. O texto anexo ( se quiser receber escreva para artesdecura@netguest.com) trata da medicina tibetana organizada sobre essas idéias preliminares.

sábado, 3 de maio de 2014

Fora da Roda da Vida

A busca pela serenidade continuará a ser um desafio – buscar soluções para alcançar a paz, as curas do corpo, da mente e das relações continuará a nos impulsionar e empurrar nas tentativas. Sucessos e fracassos fazem parte da caminhada neste momento e mundo tão competitivos e de tantos apegos: somos seres fruto de apegos. Mas será que tem que ser assim? Será que existe outro modo de lidar com a vida? O texto de hoje oferece uma pista: 5 sabedorias, que são 5 inteligências capazes de despertar a solidariedade inerente à interdependência em que vivemos e construir uma vida de mais harmonia e alegria. Então: Frente aos acontecimentos que nos assustam entramos em meditação (Shamata) para “relembrar”: 1) poder de estabilizar 2) poder de pacificar 3) poder de incrementar, aprender ou ensinar 4) poder irado para transformar e como? Através das 5 sabedorias: Sabedoria semelhante a um espelho = compreender os outros a partir do seu mundo e poder de estabilizar – simplesmente acolher como um espelho. Sabedoria da igualdade ( equanimidade) = reconhecer as qualidades e incrementar a vida dos outros Sabedoria discriminativa = lucidez além das aparências Sabedoria da causalidade, que tudo realiza = valentia para agir e descobrir como transformar o negativo em positivo Sabedoria da transcendência (Dharmata) = pacificar e liberar. SHANTIDEVA, ANTIGO SÁBIO, DIZIA: O SOFRIMENTO VEM DE EU QUERER MINHA PRÓPRIA FELICIDADE. A ALEGRIA VEM DE QUERER A FELICIDADE DE TODOS. Obs.:A referência no texto anexo – “Aliança dos Humanos” a Guru Rinpoche é à pessoa Padmasambaba, o Mestre e Sábio budista que introduziu o Budismo no Tibet no século VIII.Para receber o texto escreva para artesdecura@netguest.com

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Modelos Sociais no olhar da Roda da Vida

Fechando a Roda da Vida: Encerrando o estudo da Roda da Vida, levamos o entendimento do encadeamento das ações para outros campos, sendo causa e efeito tanto do sofrimento através do apego ao Falso Eu, como se ele existisse sozinho, tivesse a concretude que “sentimos” quando nos sentimos ameaçados, tanto da serenidade quando as ações são de não violência e solidariedade pensando em termo de NÓS. O texto anexo transporta a visão da Roda da Vida para a visão dos sistemas sociais e suas implicações futuras. A prosperidade é o desejo de todos: bem estar quanto saúde, educação, moradia, apoio na velhice e aos portadores de necessidades especiais. Além de uma morte digna e pacífica. A riqueza de alguns só seria justificada quando todos tivessem o básico garantido e as oportunidades de maior crescimento fossem socializadas. Na revísta Bodísatva por HENRIQUE LEMES Batalhas, fronteiras, discriminação, dominação. Palavras que se repetem nos livros de história da humanidade estudados no Oci¬dente. Verdade? Mentira? Mais que isso: as consequências deste ponto de vista são, a exemplo dos modelos sociais até então criados, fracassadas, para não dizer avassaladoras. Muitos já tentaram apontar caminhos para a construção de uma vida social digna de ser denominada "humana". Socialistas, anarquistas e - acreditamos - até mesmo os liberais, tinham em mente a solução, ao invés da complicação. E por que até hoje estes modelos de convívio social não deram certo? Onde está o "furo"? * Henrique Lemes é estudante de Ciências Sociais - bolsista CNPQ do Departamento de Antropologia - UFRGS. Este artigo teve a colaboração da -historiadora Raquel Rech . Nesta semana o texto “ Modelos Sociais” faz um espelhamento das nossas relações e pincela como dar nascimento a uma sociedade de paz.para recebe-lo escreva para artesdecura@netguest.com

sábado, 19 de abril de 2014

Roda da Vida, elos interdependentes ( continuação final )

Seguindo o entendimento ( baseado nos ensinamentos do Mestre Tich Nhat Hanh) dos 12 Elos interdependentes: 9 - Upana– Apego , ligação que acontece quando as sensações são agradáveis e nos tornamos escravos do objeto; representado por uma pessoa colhendo frutos. Eu me deixo levar (Sagitário) ª10- Bhava – vir-a-ser como desejamos algo fortemente, atraímos; é representado por um encontro, homem/ mulher, adulto/ criança (pela 2ª vez, como no 6ºelo) Eu me determino (Capricornio) 11- Jati- nascimento, desejamos com apego, atraímos e realizamos;é representado pelo nascimento do ser do projeto, do desejo Eu compartilho (Aquario) 12- jaramarana – velhice, morte, finais; representado por um defunto sendo carregado decadências. Eu transcendo (Peixes) Na correspondência com as casas astrológicas: 1ª ignorância– áries 2ª condicionamentos – touro 3ª consciência – gêmeos 4ª mente e corpo – câncer 5ª percepções dos sentido – leão 6ª contato – virgem 7ª sensação – libra 8ª desejo - escorpião 9ª apego – sagitário 10ª- planejamento- capricornio 11ª- compartilhar – aquário 12ª- transcender – peixes Rodando a roda da vida, dos condicionamentos: “A ignorância condiciona ações intencionais ( impulsos).As ações intencionais(impulsos)condicionam a consciência.A consciência condiciona mente e corpo.e assim por diante. Tão logo a ignorância se faz presente, todos os outros elos, já estão presentes também.cada elo contém todos os outros elos.como há ignorância existe ações intencionais( impulsos).Como há ações intencionais há mente/corpo; e assim por diante.”Thich Nhat Hanh A Roda da Vida mostra como o sofrimento nasce a partir da ignorância, ou seja do pensamento egoísta, separado autocentrado. No entanto, se for possível criar intenções positivas e conquistar a lucidez que substituam a ignorância,e seguir nas criações a Roda da Vida também será um caminho da construção de sabedoria, paz e transformações pacíficas. Se somos seres de apego, que sejamos apegados a impulsos solidários e amigos. O objetivo do estudo da Roda da Vida é tomar consciência das nossas escolhas, para fazer o futuro, seja uma vida, seja um projeto: escolhas que privilegiam o eu e o meu - a chamada ignorância- são sementes egoístas, impulsos de resultados conflituosos, porque negam a verdadeira natureza de todos os fenômenos que é a interdependência, que nada, nem ninguém existe separadamente. Escolhas que privilegiam o nós e o nosso, nutrem a natureza primordial dos fenômenos e pela interdependência e apóiam a prosperidade, o conforto e os benefícios de todos os seres, inclusive o nosso. A entendimento do encadeamento dos elos Roda da Vida nos liberta do apego ao eu e devolve autonomia porque nos desperta para o poder da ignorância do egoísmo de nossas ações de corpo, palavra e mente. Para receber textos complementares de “Mestres exemplares” para o entendimento da Roda da Vida escreva para artesdecura@netuest.com

sábado, 12 de abril de 2014

Roda da Vida, elos interdependentes ( continuação)

Seguindo o entendimento ( baseado nos ensinamentos do Mestre Tich Nhat Hanh) dos 12 Elos interdependentes e seus respectivos aspectos nos signos: 5 - São os 6 Ayatanas = 6 orgãos dos sentidos - representado por uma casa com 6 janelas - ( olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente) acompanhados de seus objetos de contato ( respectivamente:formas, sons, odores, gostos, objetos táteis e objetos da mente). Estes 6 ayatanas não existem fora de mente/ corpo, que é 4º elo anterior, mas são listados separadamente para enxerga-los com mais clareza. Quando um dos órgãos dos sentidos entra em contato (que é o 6º elo) com seu objeto, o faz através de sua consciência sensorial ( que foi o 3º Elo) – isso mostra como os Elos são interdependentes e como cada um contém em si os outros. Eu apareço ( Leão) 6 – Sparsha - Contato entre os órgãos dos sentidos, representado por um casal se abraçando ( seus objetos e a consciência sensorial). Quando olhos e imagem, ouvidos e som, nariz e odores, língua e gosto, corpo e tato, mente e objeto entram em contato surge a consciência sensorial , respectivamente: visão, audição, olfato, paladar, tato e formações mentais. O contato é a base das sensações, que está em todas as formações mentais. Eu controlo ( Virgem) 7- Vedana- Sensações geradas pelo contato , representado por um homem sendo flechado no olho; as sensações podem ser agradáveis, desagradáveis ou indiferentes ( misturadas), pela 2ª vez a cegueira (ignorância) aparece na roda porque neste momento das experiências a sensação de posse é reforçada. Eu me relaciono (Libra) 8- Trishna – Ânsia ou desejo. Representado por um homem segurando um copo de vinho - compulsões - o desejo será seguido pelo apego, pelo desejo ilimitado não controlado. Eu quero ( Escorpião) Na correspondência com as casas astrológicas: 1ª ignorância– áries 2ª condicionamentos – touro 3ª consciência – gêmeos 4ª mente e corpo – câncer 5ª percepções dos sentido – leão 6ª contato – virgem 7ª sensação – libra 8ª desejo - escorpião

sábado, 5 de abril de 2014

Roda da Vida - 12 Elos interdependentes(1,2,3,4)

– Elos Interdependentes (1,2,3 e 4 nidanas) Quando nos tornamos capazes de ver as causas que estão presentes nos efeitos e os efeitos nas causas, começamos a compreender a origem interdependente,e essa é a Compreensão Correta: tudo tem causas e condições e tudo gera efeitos formando um incrível rede. Como diz Mestre Thich Nhat Hanh, hoje poderíamos até usar no lugar de interdependência, inter-existir ou inter-penetrar. Os ensinamentos abaixo sobre a interdependência dos Elos são baseados no seu livro “A Essência dos ensinamentos de Buda” Os Mestres Sábios vivem em busca das causas dos sofrimentos para curar na origem; como no caso das enfermidades, eles tentam encontrar qual foi o susto que antecedeu os sintomas. A Roda da Vida é o mapa da origem das adversidades da vida.À medida que entendemos as inter-relações, aprendemos a lidar e transformar nossas atitudes para escapar da teia das felicidades ilusórias. Todos os ensinamentos do Budismo são baseados na origem interdependente dos fenômenos. Buda disse que há 12 elos na “corrente” da origem interdependente. Na minha visão pessoal, consigo ver as os Elos semelhantes às casas astrológicas – parecem ter as mesmas características, s mesmas fixações, o que faz crescer o entendimento desse exercício. Esses 12 elos ou casas são aspectos interdependentes tanto nas paisagens ou reinos que vivemos , nas situações ou nos aspectos da nossa psique. No final de cada explicação a “palavra chave” de cada signo será colocada em cor diferente. Obs. curiosa: no Budismo comemora-se o primeiro ano de vida do bebê 3 meses depois do nascimento, ou 1 ano desde; naquele momento, o casal vivia sob uma determinada na influência planetária. Essa consciência estaria retornando para uma vida nesse campo de energia; como se o signo de concepção mostrasse a missão dessa alma. O primeiro é Avidya = ignorância. Vidya significa luz, compreender, enxergar ou estar na luz. Avidya , significa escuridão, não enxergar, não compreender, escuridão, cegueira. De Avidya ( ignorância) surgem todos os sofrimentos. Esse elo é simbolizado por uma pessoa cega com uma bengala. A ignorância é como vemos as coisas, fatos, seres e todos os outros fenômenos separados de nós; como se nós e tudo o que vemos tivesse uma existência independente. Até conseguimos pensar na hipótese da nossa união com coisas prazeirosas, mas com as desgraças......fica mais difícil; no entanto... somos um Corpo Único, tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá está interligado. Quem eu sou (Áries) O segundo é Samskara= ação intencional representado por um homem oleiro fazendo um vaso de barro.O barro exsite para todos mas cada um constrói o vaso segundo suas preferências e tendências são as formações mentais, condicionamentos, marcas carmicas, apegos à existência, motivações que trazemos das experiências anteriores, marcas genéticas da família pela qual nos atraímos.Quando a ignorância não deixa compreender essas causas aparecem raiva, irritação e ódio. Eu tenho (Touro) O terceiro é Vijnana=consciência a consciência individual e a coletiva, tendências, impulsos representado por um macaco que pula de árvore em árvore, de galho em galho seguindo suas atrações que quando são produzidas pelas visões errôneas provocam as escolhas enganosas. Eu escolho (Gemeos) O quarto é nama-ripa=nome e forma mente e corpo, representado por seres num barco sendo guiados por um timoneiro.Nama é o elemento mental e ripa o elemento físico do nosso ser condicionados pela nossa consciência – são objetos produzidos pela consciência tanto quanto as emoções aflitivas.Quando a ignorância escolhe o timoneiro fraudulento ou fraco estamos numa “má viagem” = “bad trip”. Eu cuido (Cancer) para receber o texto dos primeiros quatro elos do Grupo Shunya escreva pra artesdecura@netguest.com