quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Budismo não é terapia

Muitos procuram os treinamentos budistas orientados por profissionais da área da psicologia. Os treinamentos da meditação budista não substituem o trabalho da terapia; embora ambos tenham como objetivo promover o encontro com a natureza livre da mente e a dissolução das neuroses e dos efeitos dos traumas. O treinamento budista tem como base fundamental a meditação. Terapia pode ser facilitada pela meditação; meditação pode se beneficiar da terapia. Há 2 momentos na meditação: concentração ( atenção) e conscientização ((perceber-se). Na concentração aprendo a focar, numa imagem, numa flor, numa pedra, na ruga do lençol, na mancha do tapete etc Na conscientização o foco é no reconhecer o que estou sentindo, nomear e localizar no corpo essas sensações. Temos um cérebro que pensa, raciocina, planeja, lê, escreve, memoriza etc = mente grosseira Temos uma mente sutil que sente. Temos uma mente muito sutil (secreta) que está além dos sofrimentos, uma mente já livre e luminosa, essência da vida, que quer se expressar sem fronteiras. Aprendo a estabilizar no silêncio a mente grosseira, os pensamentos e onde quero colocar o foco – domestico o cérebro. Depois, treino conscientizar no silêncio o que o corpo sente através da atenção na respiração, as sensações que surgem. Com estes 2 exercícios surgem insights das fixações, das aflições, das marcas mentais e dos obscurecimentos mentais - temas sobre o que trabalhar em terapia e no autoconhecimento. Na dissolução desses véus vou despertando minha verdadeira natureza livre e a mente muito sutil se expressa na alegria para o beneficio de todos os seres.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Nas tempestades da vida

“No meio da tempestade da vida, encontre refúgio em si mesmo” Thich Nhat Hanh A morte é uma realidade que tira a estabilidade; principalmente quando ela é repentina. Quando ela é uma escolha. Um susto. Nessa hora é preciso encontrar um refugio e o lugar mais seguro deveria ser dentro de si mesmo.Deveria... A vida é como um oceano e vez por outra, o mar fica turbulento, ondas se levantam; as águas mudam de cor. Mas depois, vai se acalmar novamente. Encontrar esse lugar seguro muitas vezes é difícil porque a dor turva a vista e fica difícil encontrar a porta; nessa hora o caminho da espiritualidade é o melhor aliado, como disse a amiga Leia abraçada a mim enquanto eu chorava: que bom ter um caminho espiritual para se apoiar. Isto não estava nos planos; aliás...a morte “prematura”, nos nossos planos ( mesmo na terceira idade) nunca está nos planos. Na verdade eu chorava o choro que estava segurando há dias ou... anos; chorava pela falta de dialogo, pelos desencontros, pelos mistérios, pelo que não foi possível. Penso que chorava de cansaço de uma estrada que tinha tido vários buracos inesperados, encontros e desencontros. Uma estrada que finalmente tinha chegado ao seu final inesperadamente. Mas chorava também de gratidão pelas descobertas e experiências importantes que um casamento sempre oferece. Quinze dias já passaram; apoiada por varias sessões de Reiki , mantras e pelas “poções mágicas de Sabedoria ( Sophia)” , a serenidade está voltando, o susto se acomodando , silenciosamente, já me faço boa companhia e vou “voltando para casa”. Não há mais explicações para esperar, nada a reclamar e nada a desculpar. Realmente, o melhor refúgio é dentro da casa que construo e reconstruo a cada episódio em mim mesma. Como disse o neto Thiago: vida que segue! Tudo é um fluxo constante.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Nada é sempre igual

Durante nosso encontro semanal a amiga Silvia comentou que nestas quase 2 décadas que mora perto do mar, a praia é diferente todos os dias. Realmente. Nem a praia nem nenhum dia, nem nenhuma ida a padaria comprar pão, nem nenhuma revisita ao dentista, nenhuma manhã, nenhum entardecer, nenhuma viagem de elevador, nenhum sonho noturno, nem eu nem você. A vida é mudança continua. Tudo é novo a cada momento. Acordamos todos os dias já diferentes. Os outros acordam todos os dias diferentes. O que precisa permanecer é a curiosidade em descobrir o que mudou. Um olhar de interesse.Dar uma chance para o novo. O budismo fala: dar espaço para o novo. Não tentar fixar as coisas, nem as pessoas, nem nós mesmos nas mesmas bolhas. Vivemos e a vida vive, em bolhas de histórias; todas vão estourar, umas demoram mais porque revestimos suas paredes com material de sonhos mais rígidos, mas elas com certeza, mais cedo ou mais tarde vão estourar. Bolhas estouram, outras surgem, sempre surgem, novinhas repletas de novidades para descobrir, viver e largar. A brincadeira é essa, esperar pela próxima enquanto vamos tentando descobrir a verdadeira natureza de todas as coisas, a natureza livre de tudo e de todos. Como diz na sadana que usamos para fazer a dedicação final durante os encontros: Possa eu claramente perceber todas as experiências como sendo tão insubstanciais quanto o tecido do sonho durante a noite e imediatamente despertar para perceber a manifestação de sabedoria pura no surgir de cada fenômeno.