sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Acolhendo a inveja

Na nossa cultura inveja é a emoção perturbadora mais difícil de ser reconhecida publicamente e acolhida. Sentir inveja é uma emoção triste, muito triste, até deprimente. É a tristeza pela felicidade do outro. Dá até vergonha.... Como se responde à inveja? Com uma fofoca, com a desvalorização do objeto invejado, ou da situação invejada ou ignorando essa emoção. Sentir inveja é triste porque aponta para uma sensação de incompetência de quem inveja; porque quando não existe a sensação de incompetência, a gente admira, elogia e se alegra pela conquista do outro. E quando a gente se acredita invejado por outros? Será que é isso tudo mesmo? Ou é uma forma de se auto-valorizar, ou se defender? Inveja pega; será que pega mesmo? Ou a gente se torna vulnerável, inseguro e/ou não merecedor das conquistas e se deixa abater? Inveja é perniciosa porque envolve comparação, concorrência, insatisfação. Tipo assim: no dia de natal, sair para brincar com os presentes que ganhou e ver outras crianças que ganharam coisas que você queria mas teu papai Noel não pode trazer. Ou ver outras crianças olhando tristes para teu lindo presente. Aí crescemos e vamos pela vida repetindo essa tristeza. Adultos-crianças, lutando para ter tudo, para provar sua competência. A inveja é uma das filhas malucas da insatisfação, de olhar o que falta ao invés do que já se tem. O melhor mesmo é refletir em que situações sinto ou senti inveja; observar de fora dessa bolha da inveja, se estudar e, principalmente, se acolher, sorrir para essa resposta infantil, deixar passar e se divertir com o possível. Os aspectos difíceis que nos acompanham são o melhor momento pra treinarmos nos liberar, a inveja pode ser também uma Mestre. Quando tudo vai bem nosso esforço é menos. E sempre é bom lembrar: ninguém é invejoso, as pessoas “estão invejosas” – dê uma chance para a mudança. Nada é fixo, as situações apenas estão, tudo muda. "É mais fácil sermos aprisionados pelo sucesso que pela dor. É quando ganhamos os jogos que temos problemas. Quando tudo vai bem, fixamo-nos naquelas condições. Parece que encontramos algo." — Lama Padma Samten

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