domingo, 10 de março de 2013

Ser budista no sec. 21 - Dalai Lama

Dharamshala: O líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, 77 anos, encorajou seus seguidores a serem budistas do século 21, e disse que prefere construir centros de aprendizagem do que monastérios e templos. O laureado com o Prêmio Nobel da Paz ressaltou que a prática budista consiste em usar nossa inteligência ao máximo e transformar nossas emoções. Disse também que o Budismo está crescendo na medida em que mais e mais cientistas estão focando no manejo das emoções pela mente. “O espírito tibetano vem do Budismo, uma tradição de mais de 2500 anos, pela qual o interesse está crescendo. O comunismo chinês baseia-se em idéias que surgiram há apenas 200 anos e cuja influência está em declínio”, disse o Dalai Lama, interagindo com um grupo de cerca de 102 vietnamitas em sua sede no exílio em McLeodganj, na quarta-feira. O Dalai Lama disse que o budismo não se refere a uma alma, mas reconhece a existência de um eu que é designado com base na continuidade da mente. “Mais e mais cientistas estão mostrando interesse pela mente, no manejo das emoções. Por meio dessa conexão, o interesse pelo que o budismo tem a dizer está crescendo. O Budismo descreve os diferentes níveis da mente, a consciência sensorial que depende do cérebro, mas também um nível mais sutil de consciência mental “, explicou. O líder espiritual acrescentou que a investigação científica deste fenômeno já começou. “Precisamos ser budistas do século 21. A prática budista consiste em usar nossa inteligência ao máximo para transformar as nossas emoções. Para isso, o conhecimento é muito importante. Os estudiosos ocidentais muitas vezes sugerem que o budismo não é propriamente uma religião, mas sim uma ciência da mente. A noção de vacuidade de existência intrínseca também é importante. Ao investigar a realidade, não conseguimos encontrar algo independente e intrinsecamente existente. A ignorância, nossa compreensão equivocada sobre a realidade, é a base de nossas emoções destrutivas. O contra-ponto é a razão, tomando uma abordagem científica para corrigir a nossa visão “, disse o Dalai Lama. Quando questionado sobre as tensões atuais entre Vietnã e China com relação às ilhas Paracel e Spratly, o Dalai Lama respondeu que a raiva não iria ajudar, a raiva não afetaria a mente chinesa. Seria muito melhor tentar influenciá-los de forma amigável “o que não quer dizer que isso não possa ser feito com uma postura de resistência”. Ele reconheceu que, em 1979, quando a China procurou dar uma lição ao Vietnã, foi confrontada por um resistente e aguerrido exército vietnamita. “Eu não sou especialmente a favor da construção de monastérios ou templos; ao invés disso, prefiro ver um centro acadêmico de aprendizagem, e algum local que pudesse ser um centro para o estudo da filosofia budista, taoísmo e ética secular. Recentemente disse às pessoas em Ladakh que deveriam procurar fazer de seus monastérios centros de aprendizagem “, disse ele.

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