domingo, 19 de maio de 2013

18º passo - Verdade

Os próximos 4 passos, verdade, coragem, paciência e perseverança são passos da decisão firme de querer viver e conviver de forma mais positiva ou, como diz a filosofia Budista, são passos que fazem parte da decisão de renunciar verdadeiramente aos medos do sofrimento, da miséria, da morte etc. A VERDADE sobre todos os pontos anteriores. Esta é a abordagem mais sofisticada do Buda. É preciso meditar sobre isto para manter vivos estes princípios. É a culminância dos itens anteriores que contemplamos com todo o cuidado. É como as coisas verdadeiramente são, é o que precisamos ter em mente quando andamos no mundo. É nossa prática, aquilo que vamos fazer no mundo. O poder da verdade significa que não estamos presos, que temos uma Natureza Livre, além de vida e de morte, e que as prisões se constroem de forma artificial. Temos isso vivo dentro de nós.( Lama Padma Samten) No final dos encontros, nos estudos sobre a filosofia budista, tradicionalmente é feita a DEDICAÇÃO para que os méritos surgidos sejam expandidos e aproveitados por todos em todas as direções e não se percam; isto surge a idéia que tudo que é conquistado e não compartilhado, se perde. Uma das preces recitadas é :” PELO PODER DA VERDADE, PAZ E ALEGRIA, AGORA E SEMPRE !!!!” Como diz Bel Cezar, mãe de Lama Michel: “ a verdade organiza”. A verdade pode ser o caminho mais difícil, mas é o único caminho que tem a capacidade de conquistar lucidez; no engano, na “mentira bondosa”, o esforço utilizado é inútil porque o alvo é falso. É aquele dito popular: podemos enganar alguns durante um tempo, mas não podemos enganar todos o tempo todo. Tentar enganar, fugir da verdade, é tentar confundir o outro para nos proteger ou proteger algo nosso. Mentimos para nos proteger do medo da perda do afeto daquela pessoa ( ou do grupo), da importância que aquele ser tem na nossa vida; talvez até seja uma falsa importância, mas...com certeza, é uma sensação de proximidade que, acreditamos, nos fará falta – por isso, mentimos, omitimos, disfarçamos....enganamos enquanto... nos auto-enganamos. Então nesse caminho de reflexão, a pessoa (ou situação) onde colocamos importância nos “obriga” a mentir; assim também na via inversa, as pessoas tentam nos confundir porque fazemos com que se sintam ameaçadas. Mas ...sustentar histórias falsas ou meio falsas(???) rouba a liberdade. Que preço alto a carência nos faz pagar!!!!! Mas e...quando somos nós os enganados; quem, ou o que, está nos confundindo? _nossa ignorância. A ignorância nos faz mentir; a ignorância é a base que sustenta a crença na existência real dos fenômenos como os percebemos. As coisas não são exatamente como as percebemos, sua existência real vai além. Quantas coisas eu acreditava que eram como eu percebia ( tinha até certezas) e com o tempo descobri que eram muito diferentes; do tipo, existe uma tribo de índios no norte do Amazonas que nunca teve contato com nossa civilização e que ao ver aproximar o avião da reportagem, aterrorizada, atirava com seus arcos e flechas para abater a “ave de aço”.... “Quando percebermos que os estágios ignorantes da mente são enganosos e distorcidos, estaremos aptos a nos libertarmos da ignorância, o que possibilitará o alcance do estado de cessação do sofrimento”diz SS Dalai Lama A ignorância de não conseguir ver além das aparências, de não conseguir ver a perfeição por trás da imperfeição. A ignorância de acreditar na percepção dos sentidos, na percepção das funções cerebrais, acreditar nos pensamentos e emoções “barulhentos” e suas distorções – os chamados obscurecimentos mentais- as limitações do conhecimento. O que estamos percebendo é apenas o que estamos conseguindo perceber, provavelmente a verdade seja bem mais ampla. Muitas vezes nossos enganos são resultado da interpretação pessoal que fazemos dos fatos. Somos traídos, na busca pela verdade, por nossos preconceitos pessoais e/ou culturais, visíveis e os invisíveis. Exatamente por isso é bom não levar as coisas com tanto drama, é melhor reconhecer que estamos reconhecendo apenas uma parte da verdade e ceder lugar espaço pra novas descobertas. Certezas são irmãs da ignorância, primas das armadilhas e mães da auto-sabotagem. Como ensina Lama Lhundrub em seu texto “ O Fio Vermelho” inspirado em “Precioso Ornamento de Libertação” do Mestre Gampopa. Estudar o Dharma é estudar a descoberta da verdade em nós. Um dos 10 definições da palavra Dharma em sânscrito é “verdade”. Quando reconhecemos a verdade El se torna um bem nosso para sempre. Cada situação é uma oportunidade de entrar em contato com o Dharma, com a verdade. A realização da verdade é um processo permanente À medida que descobrimos a compreensão do funcionamento da mente, de nossas emoções, relações inter-humanase, paralelamente, do caminho para a liberação. Quando a compreensão cresce, a confiança na base, o objetivo e o caminho se amplificam. Os 21 passos do caminho são uma tentativa de nos conduzir, pela “aquietação” da mente, à percepção da verdadeira natureza das coisas, a luminosidade onde tudo se cria.

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