sábado, 13 de julho de 2013
Quando a coceira incomoda
Às vezes até dá uma preguiça de tentar se transformar....
Parece que o tema “ deixa a vida me levar” parece tão mais fácil....
Mas...quando não fazemos escolhas e mudanças, alguém ( ou a própria natureza) faz por nós.
A sensação é que o caminho do prazer prece tão mais interessante:
Dizer o que vem na cabeça
Comprar o que der vontade
Evitar os medos
Tomar todas, comer tudo
Fazer parte do grupo preguiçosos.com
Etc etc
Como dizia uma amiga: se o Ibama aparecer em casa minha família vai ser presa por manter um bicho preguiça em extinção ( eu) em casa...
Crescer, transformar-se dá trabalho, parece tão complicado !
Mas também ser escravo dos desejos tem conseqüências tão desastrosas !!!!
É uma situação, tanto de uma lado como de outro atormentadora.
O projeto de auto-reconstrução, auto-regeneração começa por exercícios de auto-controle.
Ou seja, de comando e controle em cima do Ego dominador.
Sabe.. aquela historinha do anjo bom e do anjo mal?
O desejo ilimitado escraviza porque dá trabalho realizá-lo, mais trabalho ainda mante-lo e aumentá-lo ( na tentativa de garanti-lo)torna-se uma obstinação.
Como o poder: difícil chegar lá, mais difícil ,ainda é mante-lo e para garanti-lo ...quantas concessões é preciso fazer????
Prazer de conquistar não é felicidade; felicidade é serenidade.
Isso é vida????
O Lama Mathieu Richard dá um bom exemplo sobre a perda da liberdade produzida pelos desejos ilimitados:
Um exemplo clássico é a coceira. Queremos instintivamente aliviá-la, coçando-nos. Esse coçar é certamente agradável no instante em que o fazemos, mas a coceira não tarda a voltar. Mais irresistível do que nunca, e acabamos por voltar a nos coçar – até sangrar. Confundimos coçar com curar. Quando decidimos não nos coçar mais, apesar do forte anseio que persiste, não é porque a vontade não esteja presente, mas porque aprendemos com a experiência que isso leva à dor e que se deixarmos acalmar o fogo da coceira, o tormento logo passará. Não se trata de uma repressão doentia, nem de uma questão moral ou de princípios, mas de uma ação inteligente em que preferimos um bem-estar durável à alternância entre alívio e dor. Trata-se de uma medida prática, baseada na análise e o bom senso. O filósofo indiano do sec. II Nagarjuna, resume esse processo: “é bom coçar-se quando vem a coceira, mas é melhor quando ela não vem. É bom satisfazermos nosso desejos, mas é melhor quando nos livramos deles”. O principal obstáculo a essa liberdade é nossa resistência a toda forma de mudança interior que acarrete esforço. Preferimos declarar corajosamente: “ Quanto a mim, escolhi me coçar.”
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