sexta-feira, 10 de junho de 2016

A Sabedoria de dar ou não dar.

Chega a mensagem no whatsapp: “quando tiver tempo me ligue.” Você já sabe que aí vem problema: pedidos. “O dinheiro deste mês acabou;estou sem pagar a luz e o condomínio. Será que você tem R$ 1000,00 para me emprestar, nem consegui comprar os remédios;te devolvo no mês que vem.” Você sabe que esse dinheiro não vai voltar . Quando a gente não tem, já está resolvido. E quando você tem sobras poupadas? Aí fica a duvida, se dou, alimento a desorganização do outro; se não dou, o que faço com minha culpa na hora que testemunho a dificuldade e a confusão do outro? Poderia ser assim: *tentar não deixar abalar pelo pedido, nem pela raiva, nem pela culpa, nem pela dó. * emprestar só se você puder dar e não for fazer falta, sem expectativa de receber de volta. * qual a origem dessa falta de dinheiro? Um vício, uma situação inesperada, desorganização, oportunismo, hábitos caros, carência...mais o que? Entrar no mundo do outro faz brotar a compaixão. * na verdade, muita compaixão por esse ser, porque depender de outra pessoa para sua sobrevivência é sofrimento. Talvez ouvir as explicações como um espelho. * acolher a duvida, deixar o pedinte ficar no sofrimento ou aliviar? *Se for possível, alivie. Tentando não julgar: hoje é ele, amanhã pode ser você. Ele pede dinheiro, e incomoda mais do que se fosse comida, afeto, carona, roupa etc Porque quando se dá dinheiro , não se controla o prazer que o outro vai ter... Todos nós fazemos o melhor que sabemos, movidos por nossos condicionamentos mentais; cabe a cada um unicamente, encontrar suas soluções ou suas anestesias. Todos nós já sabemos quanto a falta de dinheiro escraviza e o quanto conseguir pagar a vida proporciona liberdade... Ninguém ensina, é a pessoa que aprende a viver melhor se quiser, quando quiser , como quiser e com quem quiser...no tempo dela. Prepotência acreditar que ensinamos dando lição de moral; no máximo deixamos exemplos. Uma vez... estávamos na sala de praticas, no Gompa, em São Paulo, era noite, sentados no chão, portas abertas e entrou um mendigo. Aproveitando uma pausa nos ensinamentos de Lama Caroline, largou sua sacola maltratada no chão e, numa voz chorosa, começou seu discurso sobre sua miséria, suas necessidades e pedidos. Lama Caroline manteve a calma, sem nenhum sinal de julgamento, abriu sua bolsa retirou um dinheiro e, com voz serena, olhou para nós e apenas disse: “se você tiver o que dar, dê, senão tudo bem.” E no mesmo momento, como se nada tivesse acontecido, Lama Caroline continuou seus ensinamentos calmamente. O mendigo, recolheu os dinheiros das mãos estendidas, pegou sua sacola e saiu silenciosamente. “Dar por dar, é uma arte”...sem esperar resultado. "A iluminação, na tradição budista, é o poder de ajudar todo aquele que nos vir, ouvir, tocar ou se lembrar de nós. Tal benefício é espontâneo, incessante e desimpedido." — Chagdud Tulku Rinpoche

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