Dzongsar Rinpoche oferece instruções práticas sobre como se preparar
para a morte e atingir a liberação
Os budistas vêem a morte como uma tremenda
oportunidade espiritual. Mas por quê?
Sem precisarmos
fazer absolutamente nada, o processo pelo qual nós naturalmente passamos vai
nos colocar cara a cara com a base da liberação. O grande Chögyam Trungpa
Rinpoche famosamente descreveu essa base como “a bondade básica do ser humano”.
No momento da morte, a mente se separa do corpo e, por uma fração de segundo,
todos nós experienciamos a nudez da nossa natureza de buda, tathagatagarbha. Nessa fração de segundo, se a base da liberação for apontada e nós a
reconhecermos, seremos liberados.
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O ato de ter a base da liberação apontada para você
causa uma impressão poderosa no seu alaya. Assim, mesmo que você não se libere na
hora da morte, na sua próxima vida, quando ouvir palavras como “natureza de
buda”, “tathagatagarbha”, “bondade básica do ser humano” e “base da liberação”, elas soarão
familiares ou trarão uma sensação de déjà vu, — ambos são sinais de que você é um bom
recipiente para a prática de Mahasandhi.
Neste exato instante, sua natureza de buda está envolta pelo casulo do
seu corpo físico, dos rótulos e nomes que você atribui a todos os fenômenos,
das distinções que você faz, e dos seus hábitos, cultura, valores e emoções. O
propósito inteiro do Darma do Buda é nos libertar desse casulo. Mas, para que
possamos entender plenamente essa libertação, precisamos primeiro conhecer a
base da liberação.
O que é a “base da liberação”?
É mais ou menos assim: imagine que você está sentado num sofá, numa
sala muito pequena. De repente, tudo o que você quer é dançar. Então, você move
o sofá para a sala de jantar. Você consegue mover o sofá porque, não importa o
quão pesado e volumoso ele seja, ele é móvel, e o espaço para onde você o leva
é intrinsecamente disponível.
Explicando de outra forma, a base da liberação — também chamada de
“base do despertar” — é algo como um estado de sonho acordado. Quando temos um
pesadelo, por mais aterrorizante que seja a experiência, nada acontece de fato
porque, no momento em que acordamos, o pesadelo se dissolve sem deixar nenhum
traço. O fato de que nada acontece é “a base da liberação”, a “natureza de
buda”.
Assim, se não há nenhuma aranha na sua cama antes de você deitar,
enquanto você dorme e quando você acorda, por maiores e mais cabeludas que as
aranhas do seu pesadelo sejam, não há nem nunca houve uma aranha na sua cama.
Em outras palavras: você não é o seu sonho. Ninguém experiencia sonhos de forma
constante, apenas ocasionalmente. E porque você não é o seu sonho, você pode
acordar. Se você o fosse, nunca seria capaz de despertar.
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Breves sugestões
para refletir:
Corte todos os emaranhados mundanos
Confesse
Lembre-se do que está para acontecer
Tome refúgio e gere bodicita
Foque na sua prática espiritual
Distribua seus bens mundanos
Acostume-se à ideia de que a morte é iminente
*estes trechos foram extraídos do livro Living is Dying: How
to Prepare for Dying, Death and Beyond (2018), escrito por Dzongsar Khyentse
Rinpoche e disponível na íntegra para download gratuito no site da
Siddhartha’s Intent.
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