sábado, 25 de janeiro de 2014
Lidando com a emoção da raiva
Seguindo com o cuidado das emoções aflitivas, as delusões que são venenos mentais, agora é a vez da raiva.
Comumente não sentimos raiva de uma determinada pessoa ou de uma situação; a raiva tem sempre um alvo - sentimos raiva de algo que ela nos fez , de uma determinada atitude ou acontecimento: tinha que ser do meu jeito. É pessoal.
Quando sentimos raiva estamos apegados às nossas crenças pessoais.
O tempo esquentou e sinto raiva porque estou sentindo muito calor; mas...para quem quer pegar uma cor na praia, é ótimo. Então ...não é a situação que está errada; simplesmente ela não concorda com a minha vontade!
São objetos de raiva que causam as contrariedades.
Se o medo nos joga para o futuro, a raiva nos leva para o passado: não temos medo do passado, temos medo que algo se repita no futuro; não sentimos raiva do futuro, temos raiva de não soltar algo do passado.
Existe a raiva quente – quando a colocamos para fora, no ataque.
Existe a raiva fria – quando engolimos, “levamos para casa”.
A questão não é não sentir raiva, é como expressa-la.
Descolar uma raiva é liberar-se do passado para aproveitar a energia no momento presente.
Ao sentir raiva, se aborrecer, contrariar-se colocamos poder no objeto de raiva e tiramos poder de nós.
Deixamos essa pessoa, essa situação, essa frustração roubar nosso poder pessoal.
É humano sentir raiva no momento; o que é desumano é carregar horas, dias, meses e talvez... anos. Além de carregar as raivas, compartilhamos as histórias e recontamos e relembramos e resofremos.
SS Dalai Lama, na sua última visita ao Brasil quando perguntado por um garoto se ele não sentia raiva quando seu irmão o contrariava, confirmou com firmeza e acrescentou: mas não deixava colar.
Por que às vezes, já acordamos irritados ????
De onde será que vêem essas sensações de irritação???? Onde, por que e para que nascem?????
Uma sugestão de Lama Michel Rinpoche: “ nunca diga a alguém que está com raiva para não sentir raiva – ela ficará possessa...
O mais adequado é aguardar que a serenidade retorne para conversar sobre o ocorrido.
Existe um passo-a-passo para dissolver a raiva sobre o que alguém nos fez, ou que nós mesmos fizemos ou sobre uma situação:
Pena – reconhecer que o outro(ou eu) não está bem para ter feito aquilo
Tolerância – aguardar um tempo
Paciência – aguardar sem hora marcada para terminar
Compaixão – compreensão sobre a origem do comportamento
Perdão – não é esquecer, é soltar a história
Amor incondicional – aceitação amorosa
A cada passo, as fronteiras se rompem até que sumam.
Como se fossemos passando a fases de um joginho.
Nos textos desta semana,”métodos anti-raivas” e “ sensação de irritação” há outras sugestões.
Para receber os textoa escreva para artesdecura@netguest.com
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Medo - a "mãe" das emoções aflitivas
O que me atraiu para estudar o Budismo foi, principalmente, na convivência com os Lamas e Rinpoches, como eles vivem desarmados em
seus medos e fragilidades na auto-confiança sem vaidade e na coragem sem orgulho.
O aspecto controlador da personalidade é exatamente a tentativa de se defender contra os medos.
Nascemos com 2 medos: o medo da queda e o medo do estrondo: nos 2 casos o bebê chora e para em seguida; chora de susto.
Os outros medos vão sendo aprendidos através das interações com as pessoas e com meio: são medos condicionados.
É possível também, na hipótese budista, que alguns medos sejam marcas mentais (carmicas) deixadas na mente sutil em experiências passadas.
Os medos surgem com os sustos: há o susto e depois... o medo de reviver a situação traumática vivida.
Os medos são aprendidos, portanto, podemos ser retreinados, fazer surgir a valentia para supera-los e para dissolver o medo
de sentir os medos que vivem em nós, aceitar e acolher para “trata-los”.
As ações racionalizadas ajudam a não ter medo de sentir medo.
A família do Medo é ampla.
O Medo é a “mãe” das aflições, das emoções aflitivas, das angustias, dos sofrimentos e das escolhas equivocadas.
Temos a falsa sensação que as estratégias de controle para lidar com os medos vão eliminar a fragilidade que sentimos da vida; mas....é um engano.
Basicamente o Medo é a origem das 5 principais emoções aflitivas, o alvo da psicologia budista: inveja, orgulho, raiva, desejo/apego, ignorância.
Dissolve-los, faz despertar as inteligências ( sabedorias) respectivas de: capacidade de agir, naturalidade generosa, compaixão lúcida, solidariedade, transcendência para a paz.
A família do Medo é grande e, só com a compreensão da origem de cada tipo de medo é possível tirar seu o poder.
Cada tipo de medo tem um “órgão e uma vícera de choque”, que “atrapalha” a produção dos hormônios nas glândulas comprometendo
as sinopses neurológicas e, consequentemente, descontrolando os comandos de atitudes.
Resumindo: para mudar atitudes é preciso, principalmente, mudar os pensamentos e as emoções.
Os diferentes as aspectos do medo estão interligados; é até difícil descobrir onde começam e como vão
se ligando aos outros.
Abaixo coloco uma tabela resumida, mas o “tratamento” muitas vezes requer um caminho mais profundo e ajuda para identificar
os lados escondidos e sombrios dos medos.
Os medos muitas vezes disfarçam sua origem – como se fossem “primarios ocultos”.
*Medo do futuro nos dá preocupações,ansiedade, ambição desmedida, paranóia, ganância, ambição desmedida, avareza, inveja ( sentir-se incompetente),comportamentos ameaçadores, desconfianças, etc ( tudo que nos lança para uma hipótese futura).
Provavelmente esse medo é um dos responsáveis pela pressão alta.
No caminho do meio, esse medo é transformado com a prudência calma, com ações, com a coragem, persistência e....
humildade para pedir ajuda quando necessário e MEDITAÇÃO SILENCIOSA, treino constante para evitar as respostas automáticas.
*Medo de perder nossas crenças, nossas certezas acabam nas raivas, intolerâncias, frustrações, decepções, agressividade “para fora”( raiva quente), agressividade “engolida” ( raiva fria), vinganças etc Esse medo sempre nos remete para fatos do passado.
Provavelmente esse é o medo que causa depressão, as doenças ligadas ao fígado e vesícula biliar.
No caminho do meio, esse medo é dissolvido com compreensão, paciência, depois com tolerância até chegar na aceitação.
Aceitar não significa concordar. E...MEDITAÇÃO SILENCIOSA, treino constante para evitar as respostas automáticas.
*Medo de perder a importância, o orgulho de não aparecer imperfeito, apego a si mesmo, à própria imagem, que gera culpas, vergonhas, vaidades, mentiras, tentativas de confundir a opinião do outro. Acontece que... a tentativa de confundir a opinião dos outros uma hora é descoberta e acabamos por atrair exatamente o que se queria evitar: ser uma pessoa não confiável.
Esse medo é aquele que cria disfarces, exageros, rótulos ( bonzinho, rebelde etc) e estratégias manipuladoras.
Provavelmente esse é o medo que causa os problemas gastrintestinais, aumento do abdômen etc.
No caminho do meio esse aspecto “ mentiroso” se dissolve com a humildade da naturalidade: somos apenas quem somos;a verdade pode ser o caminho mais difícil mas é o único que organiza.
e... MEDITAÇÃO SILENCIOSA, treino constante para evitar as respostas automáticas.
*Medo de ser livre, medo da autonomia, da perder a segurança, de se responsabilizar por nossos atos, visão estreita, medo das criticas etc; esse medo gera todos os tipos de submissão e preconceitos: dependência à pessoas, a grupos, a todos os tipos de vícios ( bengalas psicológicas que aparentemente aliviam a tensão e a frustração das mais simples como pequenos hábitos necessários consumistas até graves neuroses). Provavelmente esse é o medo que causa dos distúrbios psicológicos e doenças do coração.
Esse medo é aquele que nos sentirmos sob a proteção de alguém, ou algo,dá a falsa sensação de proteção.
No caminho do meio esse medo de soltar as “bengalas” é dissolvido pelo auto-conhecimento, pela auto-valorização e pela recuperação de seu próprio poder pessoal enquanto ser humano a ser respeitado.
Aprender a se respeitar e ouvir as “opiniões alheias” como apenas opiniões é libertador. Mais libertador ainda é aprender
a se equilibrar na insegurança, se apoiando nas próprias pernas.
e.... MEDITAÇÃO SILENCIOSA, treino constante para evitar as respostas automáticas.
*Medo de sentir-se só gera o ciúmes, o desejo ilimitado, insatisfação, os apegos a pessoas e essa possessividade deforma nossa visão da realidade,
criando fantasmas de todos os tipos e criando as armadilhas do auto-engano, da preguiça e dos mimos. Esse aspecto é, provavelmente, a causa das disfunções alimentares, tipo obesidade, anorexia, diabetes, dificuldades de comunicação, da fala, na área da garganta etc
Esse é o medo que cria fronteiras, que julga melhor ou pior, os meus e os teus etc. meu/ minha.
É também o medo que não nos deixa sentir à vontade nos lugares.
No caminho do meio esse medo se cura com gratidão e generosidade e.... deixar de olhar para seu umbigo e prestar atenção às necessidades dos outros = ser útil.
e.... MEDITAÇÃO SILENCIOSA, treino constante para evitar as respostas automáticas.
SORRIR PARA OS MEDOS É UM BOM CAMINHO PARA COMEÇAR A TRATA-LOS.
Ou seja, aprender a “ desmoraliza-los” já que os medos ilusórios são ridículos e nos ridicularizam.
Todos sentem medo, é humano; faz parte da nossa fragilidade e da realidade de que a morte existe, que tudo se modifica e termina.
Por isso, numa situação difícil, se perguntar “estou com medo do que?” pode indicar a saída.
Para tratar medos buscamos refúgios, lugares ou pessoas de proteção: às vezes caímos no auto-engano e acreditamos que compras, nas dividas,vícios, mestres falsos, magias, ações mecânicas, praticas propiciatórias transformarão essas sensações. Tudo isso alivia apenas temporariamente porque a responsabilidade de mudar o comportamento ainda não despertou.
Escolher um refugio verdadeiro nem sempre é fácil; uma forma é escolher ensinamentos de Mestres que admiramos o comportamento, suas escolhas, seus resultados e , principalmente, que tenham conseguido vencer a vaidade e a ganância por riquezas e fama = humildade e simplicidade.
O texto desta semana aborda o medo camuflado nas dúvidas e desconfianças – que são situações de bardo, situações de confusão mental comuns na vida,
onde o velho não serve mais e o novo ainda não chegou.
Acresentando.....um dos temas de observação no Budismo são as “ 8 preocupações mundanas ” – um resumo simples de nossos medos:
Gostar de ser elogiado
Não gostar de ser criticado
Gostar de ganhar
Não gostar de perder
Gostar de ser feliz
Não gostar de ser infeliz
Gostar de ser famoso
Não gostar de ser ignorado
Ainda: observe que através desse tema é possível decifrar os sonhos.
Sonhos são uma forma do subconsciente comunicar sobre os medos com o consciente.
Os pesadelos são sonhos ligados ao tema das mortes, pequenas e grandes, que fugiram ao controle.
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Os créditos do texto em anexo “O que é o medo” vão para Bel Cezar, mãe de Lama Michel e coordenadora dos trabalhos no espaço Vida de Clara Luz.Para recebe-lo escreva para artesdecura@netguest.com
sábado, 11 de janeiro de 2014
Os sentidos podem enganar: você tem certezas?
Seguindo o roteiro o passo seguinte é cuidar das emoções, principalmente das que afligem.
Na ordem, os sentidos são as janelas através das quais vemos o mundo – vemos algumas, outras nem notamos, vai do interesse de cada um.
Daí, gostamos, não gostamos ou não nos interessamos.
Daí, queremos, não queremos, ou tanto faz.
Quando há uma ameaça de perder ou a própria perda da imaginaria posse do que pegamos pra nós do mundo, surgem as emoções aflitivas: os vários medos.....
Interagimos com o mundo através da percepção dos 5 orgãos dos sentidos e suas respectivas consciências , ouvidos - audição, pele - tato, olhos - visão, língua - paladar, nariz - olfato.
Além desses 5 sentidos temos um 6º, que poderíamos dar o nome de “espiritual” que tem 3 niveis de funcionamento: pensamentos/imaginação, sentimentos/emoções e compreensão. As sensações dos sentidos.
As sensações permitem as percepções; percebemos a realidade que nos cerca através desses 6 sentidos.
A percepção é efetuada, escolhida e avaliada através desses sentidos, de nossas marcas mentais e do meio ambiente que nos formamos ( os condicionamentos).
Essas percepções causam sensações agradáveis, desagradáveis ou indiferentes.
Aí...colocamos os rótulos, as identidades.
Esse o entendimento do tema 5 Skandas ( 5 agregados) que formam o Ego:
Corpo físico ( forma), sensações ( sentidos), percepções ( sentimentos e emoções), formações mentais ( condicionamentos) e consciência ( identidade)
A consciência armazena essa sensação e elabora a percepção.
Tentando encontrar a verdadeira essência passamos pelas ilusorias impressões das emoções; damos às percepções uma solidez que é ilusória – porque tudo muda o tempo todo.
Essa solidez, tanto dos dramas, quanto das sucessos e das indiferenças são a origem de nossas confusões. Porque tudo é apenas um bolha prestes a estourar.
Daí também a necessidade de cuidar da vida, cuidar de cada momento através das 10 Virtudes ( o oposto das 10 ações não virtuosas), porque tudo passa e porque o momento presente é a semente do amanhã.
10 Ações Virtuosas ( observe num sentido concreto pequeno e num sentido amplo):
De corpo: cuidar da vidas, ser leal, não roubar
De fala: evitar confundir o outro , reunir, elogiar, evitar fofocas inúteis
De mente: admirar as realizações dos outros, ter motivações solidárias e não acreditar em crenças mágicas.
O objeto examinado, o órgão do sentido,a percepção e a sensação são fenômenos diferentes e podem enganar fazendo parecer real uma impressão.; ou transformando uma sensação em percepção e causando emoções aflitivas:
Ex.:Perceber como uma ameaça arrepiante uma cobra num quarto sombrio, quando na verdade é um pedaço de corda deixado no chão.
Interpretar fatos a partir apenas de sensações, os “achometros” pode tornar grave uma situação que é simples – nossos enganos.
Os Sutras anexos dão o sentido dessas “ armadilhas”;compreender como essas armadilhas são construídas e desmonta-las faz parte dos ensinamentos.
Tente fazer o mesmo exercício com os outros 4 sentidos além das visões enganosas.
O que você ouve é exatamente o que o outro está querendo dizer?
O sabor que está sentindo é tão salgado quanto o é para o outro; ou o que é gostoso para você é para todos?
Como você gostar de ser tocado(a) é como todos gostam?
O perfume ou incenso que você prefere, é a mesma escolha de quem convive com você?
A tua compreensão da vida é igual a dos teus pais?
Fica a pergunta para o que percebemos sugerida pelo Mestre Budista Tchi Nhat Ham :
“ Como será na verdade?” “ Você tem certeza?”
para receber os textos escreva para artesdecura@netguest.com
sábado, 21 de dezembro de 2013
Budismo e relacionamentos
Das varias relações em que estamos mergulhados as mais difíceis costumam ser as relações familiares; ao mesmo tempo elas se tornam um campo rico para os treinamentos.
Como o caminho é para despertar a lucidez, compreender e experimentar viver e conviver em paz, as diferentes relações são fundamentais no caminho para o Nirvana.
Nirvana e Samsara são posições da mente, formas de olhar as realidades; são formas das paisagens em que nos inserimos, janelas que abrimos para a vida. Da paisagem escolhida, surgem pensamentos. Esses pensamentos criam energias ( formas de comunicação). Essas energias constroem as ações.
Assim, quando mudamos de paisagem mudamos nossa realidade.
Coemergência é outro nome para o conceito de interdependência, nâo existe separação entre o observador e o objeto observado. O que enxergamos é reflexo de como estamos no momento. Ilusão é exatamente acreditar que existe separações.
Coemergimos olhando para as realidades através de nossos obscurecimentos mentais, nossas fixações, aflições e marcas mentais e/ou carmicas.
Perceber que o Samsara é uma forma de olhar o mundo permite o reconhecimento da Terra Pura em que já estamos e não conseguimos acessar.
Como foi visto no texto de semanas anteriores, os ensinamentos pode ser realizados em 3 formas–“TRIPITAKA” = Vinaya, Sutras e Abidarma.
O Abidarma seria o equivalente à psicologia e usa a Roda da Vida como um mapa mental.
A Roda da Vida, figura no anexo, estudada por todas as escolas, demonstra como nos construímos e como construímos a vida e renascimento e
dá referências para compreender como fazemos as escolhas.
Roda da Vida é um desenho de 4 circulos que interagem entre si:
No centro, os 3 animais –o javali ou porco - as identidades, nossos rotulos,
o galo – funções, as atividades (como nos fixamos, os apegos, como justificamos cada rotulo)
a cobra como defendemos nossas identidades- como nos armamos
a seguir outro circulo estreito, metade branco ( ações solidárias) e metade negro ( ações egositas)
a seguir 6 divisões: os 6 reinos – 6 estados mentais, 6 formas de viver
no último circulo 12 elos interdependentes que engessam os outros círculos internos e nos prendem ao samsara – o ciclo viciado do nascer, envelhecer, morrer e renascer.
Esse desenho está abraçado por Maharaja o “Deus da morte” , representado os grandes sustos, com espelho nas mãos, que ( pra mim) significa nossos medos que criam os apegos:
Apego ao controle = preocupações e ansiedades
Apego às crenças pessoais = intolerâncias e raivas
Apego às nossas “muletas” = vícios e dependências
Apego à nossa imagem = culpas, vergonhas e mentiras
Apego às nossas fronteiras = preconceitos, julgamentos
No alto do desenho um Buda aponta para uma lua representando um caminho de escape através do uso de 6 inteligências chamadas de
6 sabedorias (coloridas) disponíveis o tempo todo para todos os seres, como a luz do sol e da lua.
Todo esse ensinamento será visto nos e-mails das próximas semanas
Na internet é possível encontrar varias outras imagens da Roda da Vida
O texto desta semana explora este tema da Roda da Vida pelas palavras de Lama Padma Samten.
sábado, 14 de dezembro de 2013
5 Delusões - desejar sim, apegar-se jamais
As 5 delusões são as emoções aflitivas que desestabilizam a mente: raivas - frias ( engolidas) ou quentes ( extravasadas), inveja, orgulho, insatisfação ( desejo ilimitado) e confusão mental ( ignorância)
Para o Budismo vajrayana ( ou tântrico na sua forma real)que estudamos, segundo o texto anexo, “a compreensão da natureza essencial das emoções é um ponto central de investigação sobre a causa do sofrimento”.
Existem 3 principais escolas no Budismo:
Therava ( hinayana)- caminho solitário como praticada em Miamar
Mahayana – caminho para o beneficio de muitos,como praticada no Japão
Vajrayana ( trantayana) – caminho “secreto rápido”, que aproveita qualquer e toda situação para encontrar e despertar a luminosidade, como praticada no Tibet
E, dessas escolas surgem varias tradições.
As causas desse sofrimento são os 3 principais venenos mentais: ignorância (não saber ou saber equivocado)
apego (medo de perder ou não ter)
raiva ( as aversões a pessoas ou situações)
Essas 3 causas se entrelaçam; são causas e efeitos umas das outras.
O desejo move as ações no mundo, quando se transforma em um desejo ilimitado ou apego ( sensação de posse), torna-se um veneno.
Para esses venenos Buda oferece antídotos.
Os próximos textos vão cuidar das delusões ( emoções aflitivas); mas antes o cuidado vai para os apegos que são os trampolins para as emoções negativas.
Para explicar os apegos os ensinamentos usam o último circulo da Roda da Vida ( desenho anexo), os 12 elos interdependentes:
Resumo dos 12 elos da originação dependente
“Quem tem ignorância termina tendo marcas mentais, quem tem marcas mentais tem um embrião de identidade, quem tem um embrião de identidade tem aspirações, que tem aspirações termina gerando um corpo, quem tem um corpo gera contato com o mundo a partir do corpo, o contato com o mundo a partir do corpo leva à experiência de gostar e não gostar, gostar e não gostar leva ao apego e ao desejo, desejo e apego levam a sucessos parciais, esses sucessos parciais levam à noção de nascimento, o nascimento leva à ação no mundo, ação do mundo leva à morte.” –Lama Padma Samten.
para receber os textos citados escreva para artesdecura@netguest.com
sábado, 7 de dezembro de 2013
Cultivo da mente lúcida - a mente de bodicita
A mente possui véus que dificultam a percepção da realidade; véus que produzem as desilusões.
As desilusões acabam por nos libertar porque mostram nossos enganos, nos tiram da ignorância.
É sobre a dissolução desses véus que trata a filosofia budista.
Nas 4 Nobres Verdades:
Sofrimento ( frustrações, nossas confusões) fazem parte da vida
Esses sofrimentos tem causas
É possível dissolver essas causas
E para isso existem métodos – ajustes da mente
As causas desses sofrimentos são os 4 véus:obscurecimentos mentais, fixações, emoções aflitivas e marcas mentais
*Obscurecimento mental ( não conseguir ver com clareza)
*Isto causa fixações (desejo de posse, desejos ilimitados se sentir preso a dificuldades, dramas ou euforias e prazeres.
*Essas fixações causam angustias, emoções aflitivas (angustias)
*Esses sofrimentos produzem marcas mentais, carmicas ( condicionamentos)
Uma vez dissolvidos os véus, a mente lúcida reaparece, desperta.
Essa mente é uma inteligência bondosa, que quer ser de beneficio aos seres por uma forma lúcida, inteligente – saber ajudar e como ajudar.
Ninguém é mal, ninguém é ignorante – todos nós estamos presos na ignorância, todos sofremos por isso nos enganamos, por isso prejudicamos.
Pessoas felizes fazem o Bem, são alegres, generosas, atenciosas, interessadas
Por isso uma das praticas no Budismo é recitar repetidamente a prece Metabavana, para nossos desafetos, para nossos amigos, para mortos, para vivos e até para nós mesmos.
“Que ...encontre a felicidade
Que...supere os sofrimentos
Que...encontre as causas da felicidade
Que...supere as causas dos sofrimentos
Que seu obscurecimento mental, suas fixações, suas aflições e marcas mentais sejam dissolvidas e
surja em ....uma lucidez completa e instantânea para tudo e para todos
Que... traga vasto benefício a todos os seres e encontre nisso a fonte de sua alegria”
O texto desta semana é sobre essa mente inteligente e bondosa – a Mente de Bodicita; você pode pedi-lo através de artesdecura@netguest.com
domingo, 1 de dezembro de 2013
Relações amorosas como treinamento
A proposta budista é um convite para superar as fixações em nossas identidades, no nosso mundo, nossas fronteiras e auto-centramento. Esse é o caminho que leva à liberação e à possibilidade de conviver e construir a Cultura de Paz.
Amar é desejar e facilitar que o outro seja feliz......focar as qualidades positivas do outro, faz surgir a energia para cuidar, proteger, beneficiar e promover sua vida; essa atitude faz surgir o amor incondicional.
Na língua tibetana para o termo AMOR existe Bondade Amorosa...mais perto das nossas possibilidades.
Para uma cultura de paz as relações precisam ser abraçadas pela Bondade Amorosa.
A atitude da Bondade amorosa faz parte do tema do treinamento nas “4 qualidades incomensuráveis” ou “meditações ilimitadas”:
*bondade amorosa – superar o auto-interesse e focar nas qualidades positivas dos outros
*compaixão – inteligência lúcida que busca os meios hábeis para ser de benefício aos outros
(a energia compassiva manifesta-se quer as pessoas sejam boas ou estejam repletas de negatividades, pois queremos que todos, sem exceção, ultrapassem suas aflições e visões negativas – Lama Samten)
*equanimidade – relações de igualdade e generosidade
*alegria – satisfação realizações dos outros, por seu alívio e felicidade
As relações que vivemos na nossa vida durante as diversas experiências, são ótimas situações para fazer esse treinamento; e diz Lama Padma Samten, com muito humor.... nas dificuldades das relações pessoais o treinamento fica ainda melhor, mais eficiente......
Encontrar outra forma de olhar as dificuldades, encontrar uma nova forma de operar a mente com mais luminosidade é o caminho do treinamento.
“ os tempos degenerados são exatamente os tempos em que a compaixão, a igualdade e a bondade são esquecidos”( Lama Padma Samten)
Assim também nas nossas relações: elas se tornam difíceis quando esquecemos de praticar na convivência:
a compaixão (inteligência lúcida),
a bondade ( delicadeza) e
a equanimidade ( respeito, igualdade e generosidade).
Não é fácil...mas a cada conquista....que alegria!!!!
Abandonar as posturas de auto-interesse e trazer benefícios aos outros nos conecta com uma dimensão maior.
O texto desta semana é exatamente sobre Amar; se quiser recebe-lo envie e-mail para artesdecura@netguest.com
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