terça-feira, 20 de março de 2012

De quem é a culpa?

Lembro com saudade(????) os tempos em que eu pensava que a culpa era dos outros....era mais fácil, mas....acontecia uma coisa estranha, as situações nunca se resolviam, muitas vezes até iam piorando e ficava aquela confusão.

Até que um dia descobri através de mãos sábias e muita coragem que eu tenho sempre grande parte de responsabilidade em tudo aquilo que me acontece.

Mas ops...descobri também que assim fica mais fácil, porque se depende de mim cabe a mim escolher a saída, ops....que libertação: as soluções não dependem dos outros!!!!!

Mais incrível ainda é quando a culpa recai na vida.

Existem crenças que autorizam essa postura:
“dei o sangue pela minha família”
“a vida é muito difícil”
“a vida é uma batalha”
E uma bastante grave,
“na vida a gente tem que engolir sapos para ter sucesso”
Com certeza você conhece varias outras afirmações dolorosas .

A questão é que se alimentamos essas crenças, se acreditamos nessas crenças,
nossas escolhas precisarão comprovar essas teses.
E ainda mais sério, quando essas crenças foram herdadas da família e amigos com quem fomos criados, fica bastante complicado fazer mudanças nas crenças porque vamos “desautorizar nossa sagrada casa de infância”....que pecado(????).!!!!!

Mas o que dizer das pessoas que estão razoalvemente satisfeitas e não concordam com essas idéias sobre a culpa própria da vida.

Se essas idéias fossem realmente verdadeiras serviriam para qualquer pessoa, em qualquer época, em qualquer situação.
Será que Jesus pensava assim?será que ele morreria por seu ideal de amor ao próximo?
E Buda? Teria ele se acomodado com as leis do reino de seu pai, engolido as contradições e deixado de ir procurar novas soluções para a nossa vida?
E Gandhi? O que teria sido da Índia se ele acreditasse que fosse natural engolir os sapos que a Inglaterra jogava neles....?
E Madre Tereza de Calcutá? será que ela abandonaria seus doentes para agradar aos poderosos?
E Dom Helder Câmara? teria ele calado suas verdades, esvaziado seus bolsos para ganhar mais importância?

A sabedoria talvez seja descobrir qual a fronteira entre a autonomia com colaboração e a submissão.
Pra mim percebo que chego na fronteira quando começo a perder a alegria, quando meus olhos começam a perder o brilho.

A questão é como encaramos as situações difíceis:
Elas podem ser obstáculos em que nos apoiamos para encontrar novas soluções.
Podem ser espelhos em que refletimos nossas atitudes.
Podem ser, também, apenas mais uma seta para mudar o rumo.

Quando não colocamos poder na situação - boa ou desagradável -e descolorimos o drama, elas não tomam nosso poder, elas aparecem apenas como mais um episódio.

Como sempre o lugar onde tudo reside é dentro de nós, a mudança é por dentro de nós, não fora.

Sobre colocar o poder fora, inclusive a culpa li uma pequena história divertida do Mestre Ajahn Chah :

Um homem estava com uma coceira no traseiro.
Ele coçou a cabeça.
A coceira nunca passou
.

Colocar desculpas antigas,culpar os outros ou a vida é como ter uma coceira no bum-bum e coçar a cabeça.....

Um comentário:

  1. Obrigada. Sempre que estou meio triste venho no seu blog, e sempre encontro conforto. Obrigada por dispor de seu tempo para escrever essas lições.

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