segunda-feira, 28 de maio de 2012

No colinho da mamãe

Um dos padrões fortes de neurose é a necessidade angustiante que empurra para procurar situações que forneçam segurança. A pressa que até nos tira o fôlego é o corredor escorregadio por onde buscamos essa segurança. Independente da idade nos sentimos crianças indefesas frente às situações ameaçadoras e frente às evidências que o final das novelas de nossas vidas não será exatamente um final do tipo felizes para sempre. Tentamos encontrar essa garantia em outras pessoas, em emprego, nos amores, no dinheiro, clubes, um grupo e até em um mestre. É aquela lembrança quando na hora do susto ou das dores, nos aconchegávamos no colo dos pais e eles decidiam por nós; a gente nem precisava se responsabilizar.... Em criança esse aconchego tudo bem, mas depois de adultos é ligeiramente ridículo nutrir esse padrão mimado e carente; essa história de colocar no outro a responsabilidade pela nossa segurança não vai dar certo.... Olhar para “fora” e encontrar aí a fonte das inquietações é viver no auto-engano;como também é alienação se acreditar merecedor de atenções, portadores de felicidades infinitas, donos injustiçados de inteligências luminosas não reconhecidas....etc Insatisfação constante e as recordações frustrantes são também sintomas que estamos vivendo auto-engano. Então...essa necessidade regredida de buscar situações que nos ofereçam segurança e cuidem da gente com dedicação incondicional é praticamente uma maluquice: tudo e todos mudam a cada instante, tudo se transforma o tempo todo; como algo ou alguém pode dar garantias????? Porto seguro??? Não existe; a impermanência é uma verdade. Aprender a viver em insegurança é uma inteligência. Aprender a nos equilibrar nas nossas próprias forças e confiar na nossa capacidade de encontrar soluções é uma Arte. Não cabemos mais no colinho da mamãe. O pior que pode acontecer é cair mas, não estando dependurados em ninguém, o negócio vai ser sacudir a poeira, dar a volta por cima, dar um tempo e recomeçar. Abaixo o auto-engano da covardia. Viva a lucidez da coragem. No início o rio era um rio. O tempo passando e o rio se tornou um mistério a ser desvendado: muito mais do que apenas água correndo. E...algum tempo mais tarde a revelação: o rio....o rio é apenas um rio.

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