quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Com quem posso contar?

Em algum tempo passado conversamos sobre ter o cuidado sobre para quem contar nossas intimidades. Da mesma forma penso ( porque experimentei) que quando a gente passa por algum problema de saúde, ou se alguém perto de nós está com problemas, ou se nossos filhos estão em dificuldades etc, é interessante procurar interlocutores que tenham passado e superado situações semelhantes. Só quem tem a experiência real sabe das dificuldades dos labirintos da vida, sabe como é sentir o desespero, as dores, os sustos, os medos, as armadilhas e pode sugerir saídas: A gente lamenta a morte dos pais com quem já os perdeu. Fala da doença do filho para pais que já viveram essa agonia. Fala da perda do emprego para quem já ficou sem trabalho e dependendo dos outros. Fala da dificuldade financeira para que já teve que “ comer pipoca de jantar” e hoje já sorri. Fala dos medos para que já brinca com os seus. Senão...é melhor conversar com o travesseiro; porque de drama já chegam os que nos acompanham. Em varias situações que vivi, escolhi pessoas “erradas”, ingênuas, que me puseram em mais confusão e insegurança além de todas as emoções perturbadoras que estava vivendo. Mesmo porque as diferentes falências que vão nos assombrando na vida nos relembram da falência final que é a morte. Lembro disso depois de ter lido na revista Época o artigo de Guilherme Filetti sobre a superação do câncer que viveu. Comenta ele: “O que mais ouvia era: já deu certo,já passou, não vai ser nada, não só para acalmar, mas para que o papo terminasse aí. Não é maldade. Nem todo mundo consegue lidar com a própria mortalidade,que a gente reconhece mas costuma ignorar. Quando precisar falar sobre o câncer, procure ex-pacientes. Como já consideram essa possibilidade da morte, as conversas são brutalmente honestas, sem espaço para o drama. O tom muda do “já passou” para o “você aguenta””

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