terça-feira, 3 de julho de 2012

Vivendo no circo da vida

Você se lembra do equilibrista do circo que ficava girando os pratos em cima dos bambus e correndo, girando, correndo, girando, correndo e...ia aumentando os bambus e seus pratos e..... correndo, girando. correndo ....sempre por um triz. Então...operamos na vida como esses equilibristas...só que eles eram pagos para correr e equilibrar e divertir a platéia, enquanto nós...vivemos com urgências, prioridades, ansiedades e nós divertimos quem? Nossos bambus são os filhos, o trabalho, a saúde, aposentadoria, romances, crescimento pessoal, segurança, casa, dividas, desafio, inimigos, amigos, pais, família, consertos, lazer, separações, vizinhos, empréstimos,.... ...agora, continue você a fila com os teus bambus e pratos... Isso sem contar que não tem como, alguns pratos caem e quebram – aí recolocamos um novo ou substituímos por outro diferente. Mas...sabemos que, com o passar dos anos, não haverá alternativa – vamos precisar parar todos os pratos equilibrados – e como diz meu neto de 5 anos: não vamos ter opição. Veja esse texto abaixo , parte de transcrição feita por Isabel Poncio sobre uma palestra de Lama Padma Samten sobre esse tema: “…Estamos com nosso bambuzinho, como um garçom com a bandeja, pulando de um lado para o outro, e aquilo não cai. Milagrosamente não cai. Mas o software, o código-fonte por trás disso é o fato de que nós estamos sempre equilibrando alguma coisa. Isso é a roda da vida. Isso é o aspecto sutil da palavra apego. ................................................................... Eu elejo alguma coisa e tenho apego, mas esta eleição é uma eleição particular. Nas relações familiares isso é muito interessante. Nós nos vemos como indispensáveis aos filhos. É muito surpreendente quando vemos que os filhos passam bem, muito bem, melhor do que acharíamos razoável, sem a mamãe e sem o papai. Aliás, não só passam bem como passam melhor. Nós temos crenças, que tentamos colocar nos filhos, de que eles não poderiam sobreviver sem nós. O apego é isso, nós estamos sustentando aquele bambu e não queremos que o bambu seja levado e sustentado por outro, nem pelo próprio filho, que, aliás, é o bambu. Não queremos transferir para ele, então dizemos: Eu sei fazer isso! Outro dia, eu estava conversando com uma ex-esposa que tem um filho de quatro anos – não a minha, ela é ex-esposa de um outro ser. Ela dizia como dirige a vida do ex-marido. Impressionante! Aí agora o filho vai para lá e ela quer garantias de como ele vai lidar com o filho: “como é que você vai buscar ele?” e tudo o mais. Naturalmente, agora ela está perturbada porque descobriu que o ex-marido agora tem uma companhia doce e serena – esse é um grande problema, porque agora ele está independente. Até então, nesses quatro anos, ela tem feito esse grande sacrifício de sustentá-lo, mas agora ele descobriu que tem outras formas de andar. Então, é muito interessante ver como que o apego pode se transferir além do próprio casamento que terminou, aquilo se propaga. Então nós temos essas identidades, temos esses valores; somos equilibradores de bambus. Eu até convidaria vocês a relacionarem os bambus que vocês estão equilibrando; lembrar que vocês já viveram sem esses bambus, já tiveram outros bambus. Mas ninguém consegue viver sem um bambu – está certo que podemos viver sem essa ou aquela pessoa, mas sem um bambu não dá! A nossa crise é essa: a pessoa fica sozinha por um tempo até que encontre um bambu, seja o qual for; aquilo não é necessariamente um outro marido, uma outra esposa, aquilo pode ser uma coisa que tome a mente da pessoa e, se ela estiver completamente ocupada equilibrando alguma coisa, a vida dela vai ficar boa, ela vai ficar com o olho brilhando. Mas… regra no. 1: Todos os bambus caem; não há bambu que não caia; então, se preparem! Uma alegria vem junto com um sofrimento. Quando deixo de equilibrar o bambu, os infernos se ampliam. Por quê? Porque o inferno é quando o bambu cai. Nós ampliamos nossa identificação com aquele processo e nos tornamos progressivamente mais frágeis. O rato procurando uma saída é quando o bambu está condenado a cair e nós não queremos que aquilo caia. Ficamos tentando encontrar uma solução. Eu acho isso maravilhoso: vocês olhem o que vocês já viveram; aí quando as soluções não aparecerem, vocês digam “então tá; vou fazer outra coisa.” Aí o rato sai da ratoeira! Porque o rato tem corpo de arco-íris, grande mestre! Mas quando ele quer atravessar com o corpo comum – corpo comum é aquela identidade – ele não consegue sair, mas nós saímos! Por exemplo, o menino está jogando xadrez e tentando ganhar de qualquer jeito. Quando ele não ganha, como é que ele sai daquilo? Ele sai com corpo de arco-íris – ele não é aquele personagem! Aquele personagem não consegue sair vivo do jogo – ele foi derrotado. Mas, com corpo de arco-íris, ele vai se manifestar em outro lugar. Nossa característica é essa. Quando nós estamos em crise, nos esquecemos disso; quando nós somos lembrados disso no meio da crise, não queremos nem ouvir; queremos mesmo é ganhar. Precisamos ter essa perspectiva – só conseguimos lutar até o fim porque sabemos como sair. Algumas pessoas se protegem – elas não lutam até o fim porque elas têm medo da derrota. Para a pessoa poder namorar direito é preciso ter coragem; para ter coragem, a pessoa tem que se expor a ser derrotado. Quando somos derrotados, o que nos dá coragem? A capacidade de ter o corpo de arco-íris. A gente vai até aonde dá, se não der, nós nos levantamos e saímos pela parede, não precisamos de uma porta; nossa natureza é translúcida! O que dá solidez são os bambus que são a essência das identidades. Vocês contemplem isso, vocês se vejam se prendendo nas coisas mínimas: o sinal está verde e passa para vermelho e vocês têm frustrações! O carro que estava na frente passou e eu fiquei trancado! Relaxe, o outro passou na frente, não tem nada! Mas tem o bambu: de uma forma trágica, o bambu do sinal verde cai. Estamos cheios de frustrações… O tempo todo… isso é o samsara, a Roda da Vida. Isso são os múltiplos giros da Roda da Vida; sucessão de mortes e renascimentos. Cada vez que pegamos um bambu e ele cai, uma morte. Fazemos um bambu surgir de novo: renascimento. Nós somos especialistas em dar nascimentos e colher mortes. Nós pegamos as menores coisas: a temperatura do ar condicionado dentro do carro, se a janela do quarto, de noite, está aberta e a pessoa que está dormindo conosco quer a janela fechada – um problema – precisa de dois quartos! Nós nos fixamos nas várias coisas. Esse processo de fixação é o software, o código fonte da Roda da Vida; a multiplicidade é apenas o conjunto das aparências das fixações, não é outra coisa. Nós alteramos o nosso comportamento quando nós temos uma fixação grande e não estamos conseguindo mais manobrar de modo causal as condições daquilo e estamos obtendo derrotas, então vamos manifestando os sintomas – nossos ferimentos. o bambu mesmo é criado, alguma coisa que começamos a equilibrar: quando nós estamos equilibrando alguma coisa, alguém chega e diz: o que você está fazendo? E eu respondo: eu estou equilibrando isso. E se alguém perguntar o que você é, talvez você diga: eu sou o equilibrador disso. .......................................... Assim é que os pais se caracterizam; quando eles dizem – eu sou pai, eu sou mãe, significa que eles estão cuidando de uma criança, a criança é a prioridade para aquela pessoa; quando a pessoa diz: eu sou profissional de tal coisa, esse é o bambu que eu estou cuidando, isso é o que eu faço; só que quando essa identidade está presente, ela é só um aspecto do bambu; o outro aspecto do bambu é a paisagem, uma visão de mundo; ela tem aquele bambu se movendo dentro de um mundo. A mente da pessoa é que vai aconselhar sobre como manter o bambu equilibrado dentro daquele mundo; portanto, essa visão de mundo é crucial, pois ela é que vai determinar os pensamentos que vão ocorrer. A visão de mundo, os pensamentos e o bambu em conjunto, vão produzir também as energias que se manifestam numa pessoa. “ Agora: será que não estamos colecionando também bambus inúteis????? Tipo: opinião dos outros, explicações desnecessárias, culpas dilacerantes, invejas vingativas, mascaras sorridentes, fantasmas aterrorizantes, raivas que enfraquecem, magoas que deprimem?????? Bem....Espero te encontrar na próxima semana com menos bambus; eu já estou fazendo uma limpeza nos meus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário