quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Difícil cortar o cordão umbilical

Lembrando novamente a entrevista do neuro cirurgião Dr. Paulo Nyemeir Filho: Na primeira grave cirurgia que fez,pediu que o pai, grande cirurgião, estivesse presente na sala. Ao iniciar procedimento, se deparando com serias dificuldades como previa, perguntou ao pai o que fazer; ao que ele ouviu como resposta: “não sei , o paciente é seu!” Naquele momento, rompeu-se o cordão umbilical. E...como é difícil romper esses cordões; cordões umbilicais não só dos pais, de vários outros apoios: da casa em que se está habituado, dos caminhos seguros de costume, dos amores que nos cuidam, das crenças das “autoridades” que admiramos, enfim... de todos nossos “pais” e mães”. Por que? Porque precisamos contar conosco, com nossa experiência seja ela de que tamanho for. Mas só assim crescemos, porque só se cresce com autonomia e liberdade. Só assim fazemos nossa história. Enquanto estamos presos, estamos continuando a história da pessoa a que nos agarramos e repassamos nossas decisões e escolhas. Um dos “sustos” que levei no início dos estudos do Budismo foi quando ouvi que deveríamos nos preparar para, ao chegar do outro lado do rio, largar também a canoa do Budismo; depois da travessia ela não seria mais necessária”. Outro momento que tive a mesma sensação de susto foi quando ao participar do retiro de Kalachacra, no segundo dia após a iniciação, o Lama Rinpoche se despediu por motivos pessoais deixando os ensinamentos aos cuidados de outro Mestre. Ao nos ver surpresos e decepcionados, alertou para que não houvesse choro nem drama, mesmo porque chegaria o dia que ele não estaria mais entre nós e aí.....precisaríamos caminhar sem ele. São momentos muitas vezes doídos, mas necessários...ou queremos viver como parasitas???? Até quando?????

Nenhum comentário:

Postar um comentário