quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Coringa: uma carta que muda de valor
Coringa, curinga, joker, melé são a mesma figura; a carta que muda de função de acordo cm a necessidade do jogo. Mas na verdade, ela não é nada, ela tem o valor que querem que ela tenha.
Hesitei um pouco em escrever sobre essa figura; o filme está causando fortes impressões e vários tipos de reações e opiniões...até discussões políticas...
Tem aqueles que não querem nem ver...por medo ou falta de interesse....ou, os que acreditam em quase uma obrigação de assistir....????? ou aqueles que nem prestaram atenção ao que está acontecendo....
Por que será?
Porque de louco e palhaço todos temos um pouco.
O mundo às vezes, ou sempre, parece aquele ditado: se cobrir é um circo, se murar é um hospício.
Por vício de profissão, meu olhar é sempre para o sofrimento mental; não como uma desculpa para crimes, mas como a ausência de responsabilização familiar e social.
Somos ignorantes sobre a mente, a nossa e a dos outros.
Somos ignorantes sobre os limites das pessoas e sobre os nossos.
Não temos tempo de ouvir e ser ouvidos REALMENTE.
Sentir-se um curinga na vida, na família, no trabalho pode ser útil, mas também muito triste porque obriga usar sempre a mesma máscara do sorriso falso.
Sentir-se isolado, excluído, pressionado, . e humilhado é perigoso: pode levar ao suicídio ou à violência..... para ter um lugar na história.
Fazer alguém se sentir assim, ou deixa-lo se sentir assim é muito pior.
Se você conhece alguém nessa situação de vulnerabilidade sugira que procure ajuda já. Ou converse com a família.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Não consigo ajudar...
Quantas vezes pensei nisso...
Quantas vezes ouvi essa frase...
No Budismo o nome das ferramentas de ajuda é “meios hábeis”.
Na verdade, nem sempre é possível ajudar porque tudo começa
pela auto-transformação, das decisões e das escolhas.
Mas o primeiro passo é não ter pressa.
Cabe a cada um o esforço de tentar sair da dificuldade, mas é
possível ser um guia.
Como diz o Mestre Zen: “que o discípulo compreenda que por
mais que o Mestre deseje ajudá-lo, o discípulo terá de cuidar de si mesmo.
Nenhum de nós poderá salvar a consciência de outra pessoa, cada qual só é capaz
de salvar a sua. O mais que o Mestre poderá fazer é representar o papel de um
guia das montanhas.”
Apenas para relembrar o trajeto segue assim passo-a-passo:
Dó, pena, tolerância, paciência, compaixão, solidariedade,
empatia, amor incondicional.
O valor do dó e da pena é perceber a presença do outro de
longe. Mas ainda é uma visão de ego.
Tolerância é bom, mas ainda tem expectativa do resultado.
Paciência é melhor, aguardar o tempo do tempo.
Compaixão é pensar numa forma de
encontrar uma saída para oferecer.
Solidariedade é uma das faces da
simpatia, do estar junto.
Empatia é entrar realmente na
história do outro e olhar a situação através dele.
Amor incondicional é ausência de
julgamento e total acolhimento sem pressa, sem tempo, sem dualidade.
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
São tantas dúvidas...
Aos poucos a gente vai desistindo das certezas e aprendendo a
viver e conviver com as incertezas, descobertas, decepções e mais dúvidas.
Ouvi Fernanda Montenegro comentar sobre sua inquietude frente
a morte: o que será que vem depois? Vou para um lugar que não sei onde é ou se
existe...
De onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida, qual
o sentido do sofrimento, o porquê do que parece injusto, para que, por quês,
qual a saída, qual a escolha etc etc etc
Claro que existe uma ordem no Universo mas nosso cérebro não
tem ferramentas suficientes para entender, ler e decifrar.
Só resta sorrir e continuar a caminhada...cada um à sua
maneira.
No livro de Waldon Volpic Alves “Einstein: verdades e
mentiras”, um texto para pensar.
Segundo o livro Einstein comentou:
“A questão (se Deus existe) é a questão mais
difícil do mundo. Não é uma pergunta que posso responder com sim ou não.
O problema envolvido é demasiado vasto para nossas
mentes limitadas. Posso responder com uma parábola? A mente humana, não importa
quão altamente treinada, não pode compreender o universo.
Estamos na posição de uma criança pequena,
entrando numa enorme biblioteca cujas paredes estão cobertas até o teto com
livros em muitas línguas diferentes. A criança sabe que alguém deve ter escrito
aqueles livros. Ela não sabe quem ou como. Ela não compreende as línguas em que
estão escritos.
A criança observa um plano definido no arranjo dos
livros, uma ordem misteriosa, que ela não compreende, mas apenas vagamente
suspeita.
Isso, me parece, é uma atitude da mente humana,
até a maior e mais culta, em direção (ao que chamamos) Deus.
Vemos um universo maravilhosamente organizado,
obedecendo a certas leis, mas compreendemos as leis somente vagamente.
Nossas mentes limitadas não conseguem entender a
força misteriosa que balança as constelações.”
...................................
Somos uma luz que habita um corpo limitado.
O brilho dessa luz é ilimitado e infinito, apenas ainda não a
percebemos.
Um dia vamos encontrar a calma dessa luz....num momento de
insight ou talvez depois da morte.
Por enquanto humildade, simplicidade, lucidez e bondade.
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Causas e condições do destino
Se você quiser saber sobre teu passado, veja o que está
acontecendo hoje.
Se quiser saber sobre teu futuro, veja o que está acontecendo
hoje.
Assim disse Sidarta Gautama, o Buda, quando perguntado sobre o
Carma.
As escolhas que fazemos são simultâneas aos resultados.
Escolhas determinam resultados.
Na verdade, o que determina o resultado é a motivação
através da qual fazemos as escolhas.
Os resultados chegam quando as condições propiciam as causas.
Por isso é que o Budismo afirma: tudo depende de causas e
condições.
Somos responsáveis pelos resultados, nós e as condições que
vamos escolhendo e encontrando.
Ninguém escolhe por nós.
Não existe alguém
fazendo nosso futuro, até se delegamos nossos caminhos a alguém foi porque
permitimos isso, por comodismo; mas..... a conta é individual e chega sempre.
A construção da nossa história funciona como aqueles
aplicativos tipo, WASE, GPS:
*na hora da escolha reconhecemos nossas limitações.
*”ouvimos” nossas motivações e escolhemos onde ir.
*ao colocar o destino, ele vai perguntar: de ônibus, a pé ou
carro.
* no aplicativo, ele vai oferecer várias rotas e para cada uma
o tempo que vai levar até chegar ao destino, você escolhe.
*se no caminho acontecerem desvios, o aplicativo oferecerá alternativas,
mas o destino continuará o mesmo.
*durante o percurso o aplicativo dará avisos: ligue os faróis,
buraco à frente, carro parado no acostamento, acidente à frente etc.
*educadamente perguntará: podemos ir agora?
Importante é observar que, como no aplicativo, o futuro é
resultado de muitas escolhas que seguem o mesmo itinerário: motivação, escolha,
decisão, início, rota, desvios e destino acontecem ao mesmo tempo.
O futuro está nas nossas mãos.
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Um guia para viagem
Uma viagem que se aproveita bem o tempo disponível é aquela
que compramos um bom guia atualizado das atividades que estão acontecendo
naquele momento na cidade a ser visitada, alertas sobre cuidados, telefones de
emergência, onde comer, local de conveniências, hábitos locais, farmácias e
atendimentos médicos, endereços e principais atrações. É uma forma de otimizar
o tempo e investir bem o dinheiro gasto.
Outra forma é contratar um guia experiente com referências.
No caminho espiritual, um guia vai ser muito útil; com sua
experiência e pela empatia que sentirmos por ele vai oferecer as mesmas
condições que descrevi.
Por isso não é tão fácil encontrar um guia espiritual; mas
guias também podem ser temporários, tudo bem.
Encontro pessoas que dizem que querem autonomia que não
precisam de um guia para dizer o que fazer....orgulho, total orgulho.
Precisamos de professores para aprender de forma mais adequada. Ele ensina;
ouvimos, refletimos e escolhemos agir ou não ou adiar.
O guia nunca pode ser uma ameaça.
O guia nos inspira com alegria, senão não é o nosso guia.
“Os guias espirituais são como um guia quando viajamos por
região desconhecida, uma escolta aos atravessarmos lugares perigosos e um
barqueiro na cruzada de um grande rio.”
Gampopa, filósofo tibetano do século XI.
Citação encontrada no livro “Tibet, no coração do Himalaia” de
Claudia Proushan
Você já encontrou teu guia, ou guias?
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Para que meditar?
Há vários motivos para meditar: relaxar, diminuir o stress,
aumentar o foco, diminuir a ansiedade, encontrar serenidade, render mais, até
aumentar a possibilidade de alcançar objetivos. Tudo isso é possível com o que
hoje tem o nome de mindfulness
Tudo bem, tá valendo.
No entanto na visão mais ampla, o propósito da meditação é
despertar em nós a natureza da mente ampla como o céu e nos introduzir ao que
realmente somos: consciência imutável além de vida e morte.
Gosto muito da inspiração que sinto quando ouço Lama Padma
Samten citar que os ensinamentos levam a encontrar a natureza que não muda
enquanto tudo muda.
Na calma e no silêncio da meditação é possível vislumbrar e
retornar a natureza interior profunda perdida há tanto tempo por causa das
confusões e distrações da mente atarefada.
Somos escravos do tempo e das mudanças. Nada é garantido
totalmente. Tudo é incerto.
É essa insegurança que nos “mata e cansaço”.
Mas existe uma forma de escapar. Sente-se em quietude, em
silêncio e na confiança da amplidão.
Calma de tudo resolvido.
O silêncio dos intervalos da fala e dos pensamentos.
A amplidão da queda dos muros.
E finalmente....o encontro com o lugar que não muda enquanto
tudo muda.
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Nas quedas da vida
“Todas as perdas e decepções da vida ensinam sobre
impermanência, elas nos levam mais perto da verdade.
Quando você cai de uma altura grande, há apenas um lugar para
aterrissar: o solo – o solo da verdade.
Se você tiver o entendimento que chega com a prática
espiritual, a queda não é mais um desastre, é a descoberta do REFÚGIO INTERNO.”
Glimpse after Glimpse, ensinamento de 30 de
agosto.
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