quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Cuidado com as decepções
Aprendemos a ter expectativas desde cedo; elas são um perigo....
Expectativas sobre as pessoas, sobre as promessas, sobre sonhos e desejos.
Um dia descobrimos que a vida é uma linha contínua e impermanente... vai mudando, mudando, mudando e seguindo rumos inesperados muitas vezes.
Lembro de um Mestre carismático, lembro de um romance promissor, lembro de uma carreira colorida, lembro de uma visita muito esperada, lembro de uma mudança que seria muito divertida e enriquecedora, lembro de muros, lembro de paredes grossas, lembro de ferias ensolaradas libertadoras, lembro da herança prometida, lembro do trapézio seguro... que simplesmente viraram...pó de lembranças amargas.
A culpa? Das minhas expectativas; das nossas expectativas.
E o que fazemos com as decepções que chegam junto? o que fazemos com essas raivas?
Raivas quentes – chorar, reclamar, quebrar, agredir.
Raivas frias – engolir, calar, vingar, separar, disfarçar, sumir.
Melhor acolher; entender que a vida é cheia de surpresas, que muitas vezes esses “desastres” estão nos ensinando e nos protegendo.
Expectativas fazem parte de nossa humanidade; mas faz parte também, aprender a se despedir dos nossos doces sonhos.
Recuperar a liberdade e autonomia que chega quando as raivas são dissolvidas.
Libertar os “culpados” para o caminho ficar mais leve e divertido.
E.... nos preparar para os próximos sonhos, novos amores, próximos projetos que só chegarão quando estivermos prontos para novas decepções....se chegarem.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Hora de desistir
Minha mãe foi uma pessoa, na minha visão, que levou a vida de forma bastante rígida.
Anos antes de sua morte comentei que eu via varias mudanças em suas atitudes e palavras, respondendo de forma mais leve às situações.
Ela abaixou a cabeça, silenciou alguns instantes e respondeu:”não mudei, eu desisti.”.....
Essa palavra, desistir, causou uma marca forte no meu coração.
Talvez seja inteligente desistir da rigidez mais cedo, tornar a vida menos confusa.
Daí refletindo dá para alargar um pouco essa ideia:
• Desistir de tentar controlar a vida e os outros
• Desistir de ter sempre razão
• Desistir de precisar da aprovação dos outros
• Desistir de querer “aparecer sempre bem na fita”
• Desistir de defender nossas propriedades e limites
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Sangha - amigos praticantes
Sangha é um “grupo de apoio” onde nos refugiamos para mergulhar em nós mesmos e tentar compreender as complexidades da vida e das confusões que nos rodeiam.
Por isso ela é uma das 3 preciosidades; as outras são a busca pela compreensão (Darma) e Buda como figura de inspiração.
Ensinamentos de 2 grandes Mestres: Thich Nhat Hanh e Lama Yeshe
“A Sangha não é um lugar para se esconder de forma a se evitar responsabilidades. A Sangha é um lugar para praticar, para a transformação e a cura do ego e da sociedade. Quando você é forte, pode estar presente de forma a ajudar a sociedade.
Tomar refúgio na Sangha ajuda restabelecer sua força, seu entendimento, sua compaixão, sua confiança.
De forma a conseguirmos desenvolver algumas raízes, precisamos de um tipo de ambiente que nos ajude a nos tornar enraizados.
Quando praticamos respiração consciente, sorrindo, descansando, andando ou trabalhando, nos tornamos um elemento positivo na sociedade e inspiraremos confiança em todos ao nosso redor. Este é o caminho para evitar deixar o desespero nos derrotar.
Estar em uma Sangha e ser apoiado por um grupo de amigos que estão motivados pelo mesmo ideal e prática, ajuda ir mais longe.
Ter uma Sangha que nos dê suporte, ajuda nutrir nossa bodhicitta (o desejo forte de cultivar amor e entendimento em nós mesmos).
A Sangha é o solo e somos a semente. Não importa o quanto seja bonita e vigorosa nossa semente, se o solo não nos provê vitalidade, nossa semente morrerá.
Se ficamos muito tempo longe da Sanga, o ambiente com suas muitas distrações, nos leva para “longe” de nós mesmos e dos outros.
Porque a atenção plena correta para alguém que apenas começou na prática é ainda fraca. Como a maioria das pessoas ao nosso redor é levada pelos cinco desejos, é este ambiente que nos arrasta e nos impede de praticar a atenção plena correta.
Para praticar a atenção plena correta precisamos de um ambiente correto e este é a nossa Sangha. Sem uma Sangha, somos fracos. Em uma sociedade onde todos estão correndo, todos estão sendo levados pelas suas energias de hábito, a prática é muito difícil. É por isso que a Sangha é a nossa salvação. Uma Sangha onde todos estão praticando a caminhada atenta, fala atenciosa, alimentação consciente parece ser a única chance para termos sucesso para terminar o círculo vicioso.
Seja quando for que nos encontremos em uma situação difícil, dois ou três amigos na Sangha estão lá para nós, entendendo e nos ajudando e nos farão superar tudo. Mesmo na nossa prática silenciosa, ajudamos uns aos outros.
Na minha tradição dizemos que quando um tigre deixa a montanha e vai ao vale, será capturado por humanos e morto. Quando um praticante deixa sua Sangha, abandona sua prática depois de alguns meses..”
(Traduzido do livro “Friends on the path” – Thich Nhat Hanh)
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“Estar junto com outros praticantes e concentrar nossa mente no mesmo espaço nos dá uma grande inspiração.
É muito melhor fazer pratica junto (puja) do que sozinho no nosso quarto.
No meu colégio se comparava um grupo de puja a uma vassoura de palha. Você não pode varrer muito chão com apenas um fiapo de palha, mas com vários amarrados para formar uma vassoura, você pode rapidamente limpar a sala da assembleia inteira.
Embora vários praticantes solitários como Milarepa tenha tido sucesso sós, nós ainda não estamos prontos.
É melhor que estejamos juntos para desenvolver o foco da mente. A mente de cem pessoas reunidas num mesmo lugar é muito poderosa.”
Lama Yeshe
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
14 conselhos par se tornar um Iogue do Cotidiano
Buda disse que o Budismo é como uma canoa que usamos para cruzar o rio da existência: de um a lado estamos na margem do Samsara – o mundo da das fixações, do outro o Nirvana – a liberação da mente.
Ao chegar na outra margem, saltamos, soltamos a canoa e seguimos.
Um dos conselhos é evitar fazer como o macaco que pula de galho em galho, pensando que está aproveitando e conhecendo mas está apenas se distraindo....aflito....
O tempo é curto.
Melhor escolher um caminho e seguir até não mais aprender, serenar e tornar-se um Iogue do cotidiano.
Inspirada pelos retiros em que Lama Padma Samten repasso seus conselhos e de outros Mestres Budistas resumidos assim:
1 – tomar refugio em lugar seguro: na verdade, num ensinamento sagrado e na mente iluminada =minha verdadeira natureza budica
2- gratidão e devoção aos Mestres que encontro no caminho
3-evitar me abalar pelas situações negativas= reconhecer o aspecto cíclico da existência
4-Metabavana= curar as relações com outros e comigo
5- Compreender o outro no mundo dele
6- Cultivar olhar de Tchenrezig= como ser útil para tirar o outro da situações de insatisfação.
7-Cultivar a atitude de Vajrasatava= transformar negatividades em vantagens
8-Simplificar as necessidades materiais
9- Cuidar da saúde para ensinar a cuidar da saúde
10- Cultivar uma pratica espiritual regular
11-Reconhecer e transformar ar fixações, padrões mentais condicionados de: raiva, vaidade, inveja, apego ilimitado, e visão preconceituosa
12-Evitar transmigrar, mudar, mudar, mudar.
13-Manter o sorriso, a liberação pelo sorrir
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
O silêncio dos suicidas
Setembro é tido agora como o mês amarelo numa sugestão de tirar o silêncio sobre o tema do suicídio.
Suicídio é a morte pelas próprias mãos e isso assusta.
Assusta porque essa situação lembra, ou parece lembrar, o fracasso da família e dos amigos.
Tive essa história na família além de ter testemunhado de perto algumas outras histórias de suicídio e tentativas mal sucedidas; que tristeza....não conseguir ter sido útil para dar um significado para a vida dessas pessoas.
Uma dessas experiências foi saber do suicídio de um praticante budista na altura das festas de final de ano.
No Budismo se acredita que o caminho que a consciência – o continuum mental - segue depois da morte é a continuidade das sensações com que se morre.
Na hipótese dessa ideia ser verdadeira, a solução do suicídio não seria a melhor solução, bem ao contrario.
Perplexa, perguntei a Lama Michel a explicação do que leva um praticante da filosofia budista próximo aos Rinpoches cometer tal ato. Na sua resposta explicou que esse praticante embora parecesse praticar o Budismo não havia realmente corporificado a filosofia.
Um dos treinamentos do Budismo é despertar a bodichita, a alegria por beneficiar outros seres.
Suicidas estão sofrendo tanto trancados em suas bolhas de aflição que não conseguem fazer despertar essa alegria, olhar para outros seres e fazer a diferença onde vivem.
O tabu do suicídio é “irmão” do tabu da morte; mas é preciso conversar sobre isso corajosamente.
Não estamos treinados, nem os médicos estão, a dar importância aos sinais que apontam esse caminho.
Antonio Geraldo da Silva, psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria, comenta que 70% dos suicidas procuraram um profissional de saúde para tratar de alguma “doença” mas a doença da sua alma não foi diagnosticada – foram procurar ajuda, “avisaram” mas não foram ouvidas.
Por que será que essas pessoas acreditam que só a morte será a melhor forma de escapar da dor da solidão, das decepções e auto-cobranças ?
Onde será que a esperança morreu para elas?
O que faz suas bolhas de aflições ser tão solidas que ele não consegue estoura-las?
Claro que existem os transtornos de humor, os vícios, os estados mentais confusos que roubam a lucidez. Para isso existem medicamentos e acompanhamentos terapeuticos.
Então ...esse mês é um alerta para conversar e perder o medo de falar sobre esse assunto.
Aprender a ouvir as tendências suicidas, o quanto de auto-centramento existe nessa postura, o quanto de vingança talvez o suicídio carregue.
OUVIR sem julgar é uma prática espiritual.
Suicídio é também se tratar mal; observe como está cuidando da tua preciosa vida humana.
Você está precisando conversar?
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
A maior negociação é com você mesmo
Wiliam Ury é um negociador, mediador de conflitos, com vários sucessos mundiais em varias questões graves – com as FARCS, nas disputas de governo de Hugo Chaves, nas questões dos grupos ligados ao empresário Abílio Diniz,acordos entre Síria e Turquia, dilemas da Guerra Fria entre EUA e URSS, na luta incessante nos tratamentos pela saúde de sua filha etc
Agora ele fala sobre como ser o próprio mediador com nossos conflitos e duvidas e dizer SIM a nós mesmos.
Termino de ler seu último livro “ Como chegar ao SIM com você mesmo”.
Encontro vários pontos comuns de suas 6 lições de negociação com as propostas no treinamento de alguns ensinamentos budistas. Ou seja,
*encontrar o equilíbrio entre:
nosso lado esquerdo do cérebro “masculino” - linguagem, lógica, tempo, julgamento, certo/errado, detalhes, fronteiras, diferenças/separações.
E
nosso lado direito de cérebro “feminino” – senso de conexão com a vida e com os outros, semelhanças, momento presente, panorama mais amplo, compaixão, abertura, solidariedade.
* o que buscamos com o nome de felicidade é proteção para se sentir seguro porque a vida é insegura e sentir conexão/ amor suficientes.
*reconhecer como a felicidade que esperamos é dependente da liberdade que buscamos. Essa mesma busca pela liberdade quando realizada por caminhos não generosos provoca as confusões.
*o medo de escassez é um padrão muito forte no ser humano; dar e receber, generosidade, resolve vários conflitos .A generosidade é o melhor caminho par a felicidade.
*gratidão, ter um olhar apreciativo para a vida, amplia a visão do caminho.
* chegar na natureza, ouvir uma boa musica, observar movimentos das artes, proporcionam senso de conexão com a vida; são como ir ao “topo da montanha interior”, e ajudam a descobrir nossas necessidade fundamentais.
*passo importante: abandonar o jogo da culpa e assumir a responsabilidade de cuidar das próprias necessidades.
* “as pessoas se prendem mais a seus fardos do que seus fardos se prendem a elas” Bernard Shaw
* “ nada pode me ferir ( ferir a minha essência de vida), não importa o que aconteça” Wittgenstein
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
Conselhos simples para meditar
Conselhos simples e eficazes do Mestre Sogyal Rinpoche, experimente:
“Se sentir que a meditação não acontece com facilidade na sua sala, seja criativo e vá para a natureza.
Natureza é sempre uma infalível fonte de inspiração.
Para acalmar sua mente, saia para uma caminhada no parque ao amanhecer ou observe o orvalho numa rosa do jardim.
Deite-se no chão e olhe fixo para o céu e deixe sua mente expandir no espaço. Deixe o céu externo despertar o céu interno de sua mente.
Fique em pé ao lado de um riacho e misture sua mente com seu correr; torne-se um com seu som incessante.
Sente-se ao lado de uma cascata e deixe seu “riso” curativo purificar seu espírito.
Caminhe na praia e tome em cheio na sua face o doce vento do mar.
Celebre e use a beleza do luar para equilibrar sua mente. Sente-se na beira de um lago ou num jardim, respire com calma, deixe sua mente cair no silêncio à medida que a lua surge majestosa e lentamente na noite sem nuvens.”
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